Ah, que saudades do Los Hermanos. HARDCORE

A capa tinha um palhaço daqueles que fazem as pessoas terem medo de palhaço. Ele sorria, mas com um olhar triste – bem parecido com o conteúdo tom e do disco de 1999, recheado de letras  melancólicas sobre mulheres, relacionamentos mal-terminados e a esperança do amor. E mesmo assim era hardcore.

Três músicas têm nome de mulher: a excelente Aline, a famosíssima Anna Júlia e  a cruel Bárbara. Outras seis têm nomes sugestivos: Azedume, Lágrimas Sofridas, Outro Alguém, Sem Ter Você, Tenha Dó e Vai Embora. Os membros do Los Hermanos nem eram tão barbados – Marcelo Camelo tinha um cavanhaque bem aparado, tocava com camisa florida e era hardcore.

Rodrigo Amarante nem sempre tocava guitarra. Em muitas das músicas tocava um tamborim, que em alguns shows sequer era amplificado. Ele corria pelo palco batendo no instrumento com vigor, mesmo sem ninguém ouvir nada, talvez pelo peso da bateria e das guitarras. O instrumento foi apelidado pela banda de “o primeiro tamborim hardcore”. Hardcore.

A banda já se apresentava com instrumentos de sopro, imprescindíveis na definição das melodias. Eles se encaixavam especialmente bem nas partes de levada ska, que por sinal influenciaria o harcore já a partir dos anos 70.  O Los Hermanos misturava os estilos de forma muito consistente. Patrick Laplan era o baixista. Ele deixaria a banda em 2001 para tocar com o Rodox, de Rodolfo Abrantes, ex-Raimundos. O som era hardcore.

O baterista Rodrigo Barba nunca deixou a banda, mas em pelo menos dois momentos excursionou com a banda carioca Jason, que toca harcore. O último deles aconteceu em 2007, durante o hiato do Los Hermanos. Barba também sabe tocar marchinhas, e com ajuda de suas baquetas – e especialmente da música Pierrot – o Los Hermanos chegou a passar uma imagem carnavalesca. Isso sem deixar de ser hardcore.

Mas o Carnaval acabou, e o harcore também. Em 2001, a banda lançou “Bloco do Eu Sozinho”, álbum que é aberto por Todo Carnaval tem seu Fim.  Em entrevista à revista Scream & Yell, Marcelo Camelo explicou de forma simples a mudança: “depois de tanto tempo de convívio, tocando juntos, é natural que essa fórmula hardcore, ska, reggae, esteja cansativa”.

E também falou o seguinte: “no início da banda a idéia era misturar letras de amor com hardcore. O peso da melodia e a leveza das letras. Foi o mote inicial, por isso o primeiro disco tem essa cara. Mas à medida que começamos a viajar juntos, trocar discos, conversar mais sobre música, isso foi se dissipando. É inevitável que o som mude”. Mudou bastante mesmo, embora o capricho nos arranjos e a temática tenha permanecido.

Rodrigo Amarante também falou sobre a passagem do álbum de estreia homônimo para o Bloco do Eu Sozinho: “quando uma banda faz sucesso no primeiro disco, todo mundo espera que ela repita a fórmula no segundo. A gente simplesmente não tem esse compromisso”. Vendo por esse lado, talvez o Los Hermanos não fosse assim tão hardcore.

Quem faz hardcore normalmente tem compromisso com o estilo. Mas que dá saudade, ah dá.

 

Top 7,5: Aberturas de seriados

Não é “tóptêin” nem “tópfaive”, optamos pelo meio termo justo. Sete “tops” e mais um bônus, o nosso 1/2. O tema sempre varia, o número nunca muda. Bem-vindo.

 
Na descrição do autor, lá embaixo, estão escritas as palavras “música” e “seriados”, seguidas da frase “nem sempre nessa ordem”. Bom, esta é uma ocasião em que a ordem não importa nem um pouco. Adoro as aberturas e dedico tanta atenção para a trilha sonora de tudo que assisto quanto para o seriado em si. Curtam aí (ou não) meus preferidos no gênero “aberturas de seriados“.

7. Smallville

A última posição da lista (apesar de aparecer primeiro, rá!) é um seriado que na minha opinião sempre foi desnecessário, uma versão super-poderosa de Malhação, talvez. Confesso, assisti uma ou duas temporadas de Smallville quando passava na TV aberta – SBT, se não me engano – e era uma forçada de amizade atrás da outra, qualquer um que aprecie o Homem de Aço não suporta por muito tempo. A música tema “Save Me” é bem legal, da banda Remy Zero, uma daquelas bandas-de-uma-música-só por aqui.

Ganha alguns pontos pelo vocalista ser tão a cara do Lex Luthor.

 

6. Married With Children

Married With Children deixou de ser exibida em 1997 e teve, durante suas 10 temporadas, como tema a música “Love and Marriage”, do mestre Yoda do garbo e da elegância, Frank Sinatra. A série é a grande precursora de toda e qualquer sitcom familiar – ou achava que “Modern Family” veio assim, do nada? – e até hoje é exibida em reprises. É tipo o Chaves dos EUA.

Meu pai fazia a mesma cara antes de me dar algum QUALQUER dinheiro.

 

5. The Big Bang Theory

O tema de The Big Bang Theory, escrito e gravado pela banda Barenaked Ladies (numa tradução tosca: Senhoritas Nuas em Pêlo), canta a evolução da vida na Terra desde a grande explosão. Não costumo gostar de músicas com os temas explícitos assim para seriados, mas essa casou bem. Duvido que alguém aqui não conheça a série, que hoje está em sua quinta temporada, mas caso eu esteja enganado podem imaginar Friends numa versão estrelada por NERDS. É bem por aí.

O vídeo da direita é uma chamada com a versão integral da música tema, “desenharam” pra gente entender.

 

4. The Office UK

Um clássico dos anos 60 é usado na abertura da série original criada pelo humorista Ricky Gervais – um dos meus preferidos de todos os tempos. A música Handbags & Gladrags ficou famosa no início dos anos 70 na voz de Rod Stewart. O seriado foi, pelo que sei, um dos primeiros do gênero “todos sabem que estão filmando” e apesar do tema deste bendito blog ser a música, não tem trilha sonora nenhuma. Mas ele nem precisa.

Esta versão garantiu Stereophonics nas minhas playlists por bastante tempo.

 

3. True Blood

True Blood não está na minha lista de séries favoritas, nem das que eu me importo em ver se estiver passando na TV e eu estiver de bobeira, mas tem uma das aberturas mais legais que eu já vi. A música tema é do cantor country Jace Everett, chamada “Bad Things“, e dá um climão muito legal e promissor, buuut… música boa e abertura bem feita não fazem seriado.

Para ajudar você, o pessoal de Family Guy tem opinião formada a respeido da série: aqui, aqui e aqui.

 

2. Dexter

Dexter é um serial killer, (aparentemente) sem emoções e sentimentos por ninguém, que trabalha como analista de sangue no departamento de polícia e mata bandidos nas horas vagas. Como transportar esse complicado personagem para a abertura do seriado? Em um café da manhã nutritivo e cheio de duplo sentido, com um belo arranjo instrumental, claro! A música é perfeita.

Cover instrumental absurdo, tem mais no canal do cidadão.

 

1. Seinfeld

Seinfeld é foda. Seinfeld é MUITO foda.
A série criada e escrita pelo humorista Jerry Seinfeld (ele fica logo acima do Ricky Gervais, no topo da minha lista de preferidos), foi o primeiro show a autodefinir-se como sendo “sobre nada”. Durante as 9 sensacionais temporadas, a linha de baixo utilizada como tema principal e nas transições de cenas é reutilizada, reestilizada e adaptada, sempre de maneira impecável. Por exemplo, no episódio “The Betrayal”, que se passa na Índia, pode-se ouvir o tema tocado em uma cítara. Não consigo imaginar Seinfeld sem o baixo, nem o baixo sem o Seinfeld.

Queria muito ser baixista das trilhas do Seinfeld.


 

1/2. Lost

O bônus da lista não é uma abertura, mas como é bônus tá valendo (a série mesmo quase não tinha abertura, mas era de arrepiar). A música é o clássico instantâneo da banda (fictícia) do baixista Charlie, de Lost. Com vocês, Drive Shaft!

A banda que o Oasis gostaria de ter sido =) You All Everybody!

 

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Todos menos eu: ASAP Rocky

Em “Todos menos eu eu” vamos falar daquele artista/banda que é hype e está em todos os blogs, na programação da MTV, Multishow e na Rolling Stone. Vamos fazer o trabalho sujo para você não ficar sem assunto com seus amigos hipsters.

 

A nova cara do rap novaiorquino prefere não se apegar à estilos regionais e faz uma viagem por várias vertentes do hip-hop norteamericano.

Rakim Mayers, ou A$AP Rocky, tem apenas 23 anos e parece estar ligado a tudo que aconteceu musicalmente desde o seu nascimento. Influenciado por vários ícones do gangsta rap dos anos 90 como Bone Thugs N`Harmony, Three 6 Mafia e Wu-Tang Clan, Rocky decidiu ainda jovem que seria rapper. Com 12 anos de idade, seu pai foi preso por envolvimento com drogas e, um ano depois, seu irmão foi assassinado. A vontade de rimar já existia e ele também já tinha assunto pra colocar nas letras.

Em agosto de 2011 foi lançado o primeiro single do cara. “Peso” se espalhou rapidamente pela internet e, em questão de semanas, já era um dos mais pedidos nas rádios de NY. Em menos de um ano garantiu um acordo milionário com a Sony (3 milhões de dólares). Em outubro do ano passado saiu a primeira mixtape “LiveLoveA$AP” e, como já se imaginava, muito bem recebida por público e crítica. Mesmo tendo começado em NY, Rocky exalta o rap de Houston e usa instrumentais totalmente inspirados no que é feito por lá.

As diferenças entre Rocky e os rappers de NY vão além das melodias. O conteúdo das letras do cara retratam a ostentação típica do rap feito no sul dos EUA, o que não é comum entre os conterrâneos de Rocky. Mesmo assim, ele apostou num estilo menos urbano e mais classudo, como no seu último vídeo “Wassup”.

Além de rapper, Rocky também é diretor de vídeoclipes. A frente do seu próprio negócio, o cara também dirigiu o vídeo de alguns parceiros que fazem parte da panela dele. A$AP significa Always Strive and Prosper. Todo esse burburinho em torno re Rocky já lhe rendeu participação na última mixtape de Lloyd Banks e uma aposta da BBC como o nome da música em 2012. Veremos!

 

Post escrito pela equipe da página Originais e Samples. O Originais e Samples é um canal aberto para o debate e conhecimento de alguns exemplos de samples e a influência que exercem no meio musical. Entre e sinta-se em casa!

 

 

 

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Maldita indústria cultural: Fresno

Indústria Cultural é um termo cunhado pelos filósofos alemães Adorno e Horkheimer para definir padrões que se repetem afim de criar uma consciência coletiva voltada ao consumismo. Foi um baita desafio tentar sintetizar em poucos caracteres uma definição sobre esse termo, que é muito profundo e extenso.
Pegamos o termo emprestado para dar o nome a seção que vai te apresentar de verdade a artistas que são injustiçados e sofrem algum tipo de preconceito.

 

“Uma música” é tocada em ré e tem mesmo um começo agudo, fácil para o vocalista da Fresno, Lucas Silveira, mas complicado para fãs como o rapaz do vídeo, que de forma afetada tenta cantar enquanto é atrapalhado pelo irmão mais novo aos gritos de “fresco, boiola”. A filmagem tem mais de 500 mil visualizações no Youtube, e o protagonista é chamado de tudo quanto é nome nos comentários, de forma quase sempre ligada à sua suposta viadagem. É esse mesmo rótulo que ainda parece pesar sobre o Fresno, apesar de seus integrantes não usarem mais franjas de lado e terem abandonado definitivamente o emocore. Obra da maldita indústria cultural.

Fresno foi emo, tinha influência de bandas como Dashboard Confessional, Jimmy Eat World e Get Up Kids. Letras como “Alguém que te faz sorrir” e “Onde está” têm cunho emocional intenso, falam de sofrimento e de amor. Os fãs choravam, se vestiam de preto e pintavam o rosto, e deixavam as franjas de lado. Quando a banda chegou ao mainstream, isso tudo pesou sobre eles. E toda a fama de emo e o preconceito levantado com isso fez com que o Fresno se transformasse.

Em 2011, fui a um show no Citibank Hall que tinha a Fresno como headliner (V.O.W.E., Strike e Hevo 84 também tocaram). A banda estava encerrando a turnê do álbum Redenção (2008) e já preparando o lançamento de Revanche, que viria em junho daquele ano. Durante a apresentação, o vocalista Lucas Silveira fez um discurso pesado, que dizia que a banda havia passado por muita coisa até aquele momento. Citou que haviam ouvido “muita coisa ruim desses filhos da puta” e pediu para tudo ficar definitivamente no passado. E aí tocou a faixa título, pesada e agressiva. Ao que pareceu, Lucas se referia a esse preconceito, algo que o NX Zero deixou para trás e que sequer chegou a afetar bandas como o CPM 22, o ForFun ou o Hateen.

A música “A minha história não acaba aqui”, a 10ª de Revanche, mostra bem esse sentimento: “vão encontrar mil maneiras de te rotular/E em todo canto sempre tem alguém que quer roubar o seu lugar” e “vão te vender sem saber o que há por dentro/e por alguns trocados vão achar que podem te comprar”. O álbum todo é assim: um dos mais pesados da banda, mais pesado ainda do que na época do emocore, quando guitarras e riffs eram a base para o vocal meloso e harmonioso de Lucas.
A banda deu mais um passo nessa direção recentemente, quando rompeu com a Universal Music de Rick Bonadio e voltou à cena independente. Lucas explicou em entrevista à revista Rolling Stone que a disparidade de visões entre eles e o produtor chegou ao nível em que o que faziam já não servia a Bonadio. O limite entre o que era possível ceder para permanecer no mainstream foi atingido. “Vocês querem sair? Então podem sair”, disse o produtor. Meses depois, a Fresno lançou o EP Cemitério das Boas Intenções, com guitarras tão altas quanto vocais, teclados copiando os riffs de guitarra e baixo e letras sobre religião.

“Crocodilia” tem os versos “não, não, não acredito em inferno/é só uma ilusão, o sofrimento é eterno”, enquanto que “A gente morre sozinho” traz  “perguntaram para mim pra onde vou, de onde vim/eu respondi com um olhar pedindo ajuda sem encontrar”, “quando estamos sozinhos não existe bem ou mal” e até um “cadê seu Deus?”. Ao que me parece, a missão proposta com o lançamento de Revanche foi cumprida: mudou a cara da banda, ainda que o preço seja sumir das rádios e da televisão.

Fresno não é som de viado. Se “Uma música” tivesse sido gravada por bandas como o Skank, ninguém criaria polêmica com isso.

P.S.: Quer ouvir uma música de viado?

 

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Playlist: dia de fúria, p#rr@!

Já está claro qual é o tema escolhido para a primeira playlist do Não Toco Raul.  Para um dia de fúria, acho que bastaria ouvir o excelente Músicas para Beber e Brigar (2003), do Matanza. Mas essa playlist vem mais heterogênea, para todos os tipos de palavrão, brigas, irritações e crises.

Enfim, dez músicas para enfiar o pé na porta, porra!

Pé na Porta e Soco na Cara – Matanza – Disco: Músicas para Beber e Brigar (2003)
“Na cara, reto que arrebenta o nariz”


The Great Southern Trendkill – Pantera – Disco: The Great Southern Trendkill (1996)
“It’s the Great (WHAT?) Southern Trendkill – That’s right”

Pantera – The Great southern trendkill

Testemunhas do Apocalipse – Ratos de Porão – Disco: Homem Inimigo do Homem (2006)
“Daqui pra pior”

Ratos de Porão-Testemunhas do apocalipse

Hot Dog – Limp Bizkit – Hot Dog Flavored Water and the Chocolate Starfish (2000)
“We’re all fucked up”

Limp Bizkit – Hot Dog

Your Little Suburbia is in Ruins – August Burns Red – Disco: Thrill Seeker (2005)
“Sometimes the best feelings may be the one that kills”

August Burns Red – Your Little Suburbia Is In Ruins

Stay Away – Nirvana – Disco: Nevermind (1991)
“I’d rather be dead than cool”

Nirvana – Stay Away 

Twist – Korn – Disco: Life is Peachy (1996)
“Why does it not exist in you?”

Truth – Korzus – Disco: Discipline of Hate (2010)
“Spend so much time in madness”

Senhor, seu troco – Dead Fish – Disco: Zero e Um (2004)
“Por seu sistema, seu racismo, sua cor”

Dead Fish – Senhor, Seu Troco – Por Sales

Cut-Throat – Sepultura – Disco: Roots (1996)
“No one cares if you’ll live or die”

Sepultura – Cut-Throat

Pra ouvir todas em sequência, só dar um play abaixo do Van-Damme

 

 

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Cool Covers: Fell in love with a girl/boy

 
“Fell in love with a boy” foi o primeiro single do disco de estreia de Joss Stone, o Soul Sessions (2004). Nessa época ela só tinha ouvidos e voz para o Soul. Bons tempos os anos 2000 viu.

A versão da Joss tem muita personalidade, nem conhecia a versão original quando a ouvi pela primeira vez. Fez parte da estratégia de lançamento do disco escolher como single  uma música que foi sucesso dos White Stripes a poucos anos atrás.

“Fell in love with a girl” (a versão original) fez do White blood cells (2001) o melhor disco do White Stripes. E o clipe também é um destaque a parte.

Legal mesmo seria o Jack White e a Joss Stone tocando juntos não? Ai sim.

 

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Umbabarauma, a origem

Para começar vamos falar de Umabarauma, do Jorge Ben Jor, que faz parte do disco África Brasil, de 1976.

01 Ponta de lança africano (Umbabarauma)

Até então, Jorge já era sucesso internacional, graças a “Mas que nada”, lançado em 1963. Mas foi o África Brasil que iniciou sua fase mais criativa, onde trouxe o funk, R&B e a percussão. Trocar o violão pela guitarra também foi um tapa na cara de todos na época.

Umbabarauma é a primeira música do álbum. Foi escrita quando Jorge estava na França com sua primeira banda, o Admiral Jorge V. Lá, ele relata que assistiu a uma partida onde havia um jogador negro, que vestia a camisa 10. O mais estranho, é que o nome do jogador era na verdade Babaraum.

Não se sabe se Babaraum era jogador de algum clube profissional, se jogava em alguma seleção, nem se era realmente africano. O que se pode imaginar é que numa suposta partida, Jorge ficou impressionado com a habilidade do jogador, que estava em um dia inspirado.

Deixando a imaginação de lado, o que podemos afirmar é que Jorge Ben é um brincalhão. Por que raios fazer uma música sobre um ponta de lança africano? Na época brilhavam jogadores brasileiros como Rivelino, Roberto Dinamite e Zico, todos eles enchiam os olhos dos torcedores. Talvez nenhum desses nomes daria a métrica exata necessária para o refrão. Talvez sua intenção fosse escrever uma música sobre futebol, sem parecer uma homenagem à um jogador. Talvez ele sequer tinha visto o tal Babaraum jogar e só achou o nome legal.

Independente do tenha – ou não – acontecido, ele a compôs e a gravou. Sobre uma letra simples, montou um groove ainda mais simples, colocou muita percussão e vocais femininos. Quer mais o quê?

Para fechar, em 2010 a música foi regravada, contando com a participação de Mano Brown, vocais de Anelis Assumpção, Céu e Thalma de Freitas. Desse encontro saiu também um documentário, patrocinado pela Nike, vale a pena assistir.

A versão ficou realmente animal, dê um play abaixo para curtir.

Todos menos eu: Bon Iver

Em “Todos menos eu eu” vamos falar daquele artista/banda que é hype e está em todos os blogs, na programação da MTV, Multishow e na Rolling Stone. Vamos fazer o trabalho sujo para você não ficar sem assunto com seus amigos hipsters.

 

Bon Iver é uma banda indie de música folk, tem dois discos, já teve músicas utilizadas em séries renomadas de TV e seu vocalista e líder é hoje reconhecido como compositor e músico de nível 999, mas você não conhece. Ok, vamos lá.
Este ano, os caras ganharam 2 Grammys das 4 indicações que receberam. Levaram para casa os prêmios de “Artista revelação” e “Disco de música alternativa“, pelo álbum Bon Iver.

Bon Iver Grammy

As outras duas indicações, para Música e Gravação do Ano, se dedicavam à canção “Holocene” que você confere abaixo.

O nome da banda é uma derivação da frase em Francês “bon hiver”, que significa “bom inverno” ou “tenha um bom inverno”.

[pullquote_right]Importante: não saia por aí dizendo Bon “AIVER”: vão rir, corrigir você, bater as cinzas do charuto na sua cara e continuar a conversa. Lê-se como se escreve mesmo =)[/pullquote_right]

Justin Vernon, líder da banda, é um músico extraordinário e compôs, gravou todos os instrumentos e produziu todas as músicas do primeiro álbum da banda “For Emma, Forever Ago“, de 2008. O disco foi muito aclamado pela crítica, em diversas publicações foi classificado com um dos melhores álbuns dos anos 2000 e teve faixas utilizadas em alguns seriados famosos, tais como House e Grey’s Anatomy, o que não é pouca coisa.

O álbum de 2011 chamou a atenção internacional para a banda, já com uma produção maior. Antes, formada por Justin mais três músicos, hoje conta com dez pessoas na lista.
Eu gosto mais do primeiro CD, que tem todo ele uma levada quase que completamente acústica. Os arranjos vocais impecáveis fazem parte de todas as músicas, tanto antigas como novas, e sem dúvida nenhuma são um dos pontos altos do grupo.

A música que eu mais gosto no momento, “Skinny Love”, do primeiro disco, num show quase particular:
A primeira pessoa a dizer que parece um bando de maconheiros de algum instituto de artes de universidade pública é mulher do Michel Teló =)

Os clipes que coloco abaixo são para conquistar de vez seu gosto pela banda, mas existem condições: você precisa assistir em tela cheia, com os fones de ouvido e o volume alto.
Qualquer música dos caras é uma bela viagem.

Atéapróxima.

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Maldita indústria cultural: Glee

Indústria Cultural é um termo cunhado pelos filósofos alemães Adorno e Horkheimer para definir padrões que se repetem afim de criar uma consciência coletiva voltada ao consumismo. Foi um baita desafio tentar sintetizar em poucos caracteres uma definição sobre esse termo, que é muito profundo e extenso.
Pegamos o termo emprestado para dar o nome a seção que vai te apresentar de verdade a artistas que são injustiçados e sofrem algum tipo de preconceito.

Fiquei super feliz em poder inaugurar essa seção aqui no Não Toco Raul, afinal, tem muita gente boa injustiçada e rotulada por aí e desmistificar o que falam desses caras, é nossa missão por aqui.

Para começar os trabalhos, vamos falar um pouco do seriado musical Glee. Hoje, os fãs do gênero podem se deliciar com a quantidade de programas de tv sobre o assunto (o próprio Glee e a nova sensação da NBC, Smash – que tem produção do Spielberg, por exemplo) e várias peças da Broadway que chegam em terras tupiniquins, como Hair, Violinista no Telhado e Família Addams, para citar alguns.

Glee é, em tradução livre e minha, um grupo que canta tudo junto, um clube de coral. O seriado começou em setembro de 2009, criado por Ryan Murphy e, logo na primeira semana, conquistou os primeiros lugares no iTunes com o cover do hit “Don’t stop believing”. De lá pra cá, a cantoria dos estudantes tomou uma proporção cada vez maior e ganhou espaço na indústria fonográfica – o que rendeu muitos fãs e dinheiro.


O seriado trata, basicamente, de aceitação. E há coisa mais universal que a paixão pela música? O autor, homossexual assumido, inclui, em cada episódio, questões importantes e cheias de atitude para quebrar paradigmas. Todas as referências pop estão lá, claro, como Madonna, que ganhou um especial com suas músicas, Lady Gaga e Michael Jackson, cujo sucesso Smooth Criminal recebeu uma nova roupagem com violoncelos. Mas, também, há de se destacar a coragem de Murphy ao incluir no setlist do seriado covers de Lionel Ritchie, Queen, The Doors, R.E.M e Beatles. Apresentar música boa à juventude, nem que seja no meio de muito drama escolar, já é uma iniciativa válida.


Além deles, o autor incluiu na receita uma pitada de Broadway, com a paixão de Rachel Berry por Barbra Streisand (uma atriz e cantora premiadíssima que, acredite, já existia antes daquela musiquinha da dupla Duck Sauce) e pitadas de canções conhecidas em musicais como Cats e Les Miserables. Além da iniciativa bacanérrima (e meio freak) de recriar “The Rocky Horror Picture Show” no Halloween e repaginar “Time Warp”.

Ok, eles cantam com playback? Sim. Fica muito mais sonoro e visualmente bonito para a câmera – fora que sabemos o trabalho logístico de filmar tudo isso sem ser dessa forma. Mas o mais importante em Glee é a capacidade de transitar em vários gêneros (rock, pop, musicais da Broadway, surf music, eletrônico etc) e mostrar que a música é para todos e que preconceito a gente revida cantando – ou acabando com ele, conhecendo o que não se conhece.


 

Até a próxima! 😉

 

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Loroza Records #1 Zooey Deschanel

No Google, a busca “Ator e Cantor” traz como primeiro link o site de Serjão Loroza. É ex-vocalista do Monobloco e hoje tem banda própria, mas você deve se lembrar dele em alguma novela ou minissérie da Rede Globo. Boa praça, carismático e talentoso, ele é o ícone a representar esta seção, onde vamos apresentar alguns atores, atrizes e celebs que também são músicos.

 

Como quero trazer boa sorte pra cá, vou começar com o sonho de consumo de milhões de marmanjos nerds e hipsters mundo afora: Zooey Deschanel.
She & Him
“She” é mais conhecida por aqui pelas comédias românticas 500 Dias Com Ela (500 Days of Summer) e Sim Senhor (Yes Man), onde atua ao lado de Joseph Gordon-Levitt e Jim Carrey, respectivamente. Seu papel clássico é de mulher-perfeita-que-eu-quero-pra-mim, mas ela é bem mais do que a bela atriz que eu gostaria de namorar.

O guitarrista e produtor M. Ward (“Him”) ouviu algumas demos de composições próprias da atriz e sugeriu que juntos eles gravassem a coisa de acordo e este foi, basicamente, o modo como nasceu a dupla de música indie/folk She & Him.

Se vocês são espertalhões como eu sei que são, deram play no vídeo acima e já estão familiarizados com o som da dupla. Essa é a principal atividade musical da atriz e eles tem até agora dois álbuns de inéditas, na maioria compostas pela Zooey e produzidas pelo Matt. Os álbuns se chamam Volume One (2008) e Volume Two (2010), simples assim, como deve ser.

Além da She & Him, a Zooey (ah… Zooey) já soltou o vozeirão em alguns filmes (procure por “Elf” e “O Assassinato de Jesse James blablabla…“) e também faz vídeos aleatórios desejando feliz ano novo com o amigo Joseph, que aliás é também um excelente músico. Assunto para um outro post.

Beijo, tchau.

 

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