Cool Covers: PYT (Pretty Young Thing)

A primeira coisa a se dizer sobre esse cover de Michael Jackson é que, surpreendentemente, ele não foi feito muitas vezes. Quer dizer, é claro que foi, mas poucas pessoas tiveram sucesso em criar algo minimamente original para essa canção. O que se tem internet afora são versões de fórmulas batidas como a capella (alguém fazendo todos os instrumentos com a voz sem convencer de que não usou o auto-tune), bandas de um homem só (mais uma vez com recursos como stopmotion) ou o velho sistema banda cover, com uma cópia quase fiel da canção. Tori Kelly conseguiu fazer algo interessante.

PYT (Pretty Young Thing) foi o penúltimo single de Thriller (1982). Mesmo assim, foi a sexta música do álbum a atingir o Top 10 da Billboard nos Estados Unidos, um alto indicativo de sucesso nos anos 80. Há uma polêmica que indica que Michael Jackson nunca tocou-a ao vivo. PYT foi uma música feita por Michael em parceria com o tecladista Greg Phillinganes e que não passou pelo crivo de Quincy Jones, mas o produtor gostou do nome e, em parceria com James Ingram, escreveu uma nova versão. Talvez por isso seja colocada no lado menos genial de Thriller. Mas é uma baita música.

Uma das razões do sucesso de Tori Kelly é essa: ela ousou, fez algo que não seria necessariamente esperado. Americana de 20 anos, Tori é uma cantora que aos 11 venceu um programa de talentos infantis chamado America’s Most Talented Kids e aos 12 assinou contrato com a Geffen, mas não lançou uma só música. Aos 17, concorreu à 9ª temporada do American Idol, mas foi eliminada antes das fases finais, realizadas em Hollywood. Ela nunca desistiu. Atualmente, é uma das muitas celebridades do Youtube, fazendo covers e lançando singles esporádicos. Seu canal tem mais de 500 mil inscritos. O vídeo do cover de PYT soma 2,8 milhões de visualizações.

O fato de o cover de PYT ser interessante tem a ver com a forma como ela toca: com acordes com cordas soltas, usando toda a extensão do braço do violão de modo que, quando a melodia sobe, as notas também são mais agudas. O ritmo é ligeiramente mais lento, mas é swingado. Obviamente, Tori é uma excelente cantora. E nós do NTR, caro leitor, gostamos de música bem feita ao vivo. Por isso, fica também uma versão no palco, na qual ela tem ajuda para cantar os “nananas” do pós-refrão. Na gravação original, os backing vocals são feitos pelas irmãs de Michael, Janet e Latoya Jackson. Como Tori faz tudo na raça, não conta com esse recurso.

NTR Convida #35 Vitor Tritto (Fat Divers)

Toda sexta-feira (toda MESMO, dessa vez é sério) o NTR traz a seção “NTR Convida”, onde músicos convidados vão ditar o som para você começar o final de semana na pegada.

 

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O convidado da semana é Vitor Tritto, vocalista da banda paulista Fat Divers. A autodefinição que o quarteto apresenta aos fãs é extremamente fiel ao tipo de som: Fast & Dirty Boozer’s Rock n’ Roll.

Além de Vitor, que também toca guitarra, a banda é formada por Pedro Canário (guitarra), Rafael Machtura (baixo) e André Sender (bateria). Os quatro cursaram jornalismo, o que torna impossível não ligar o nome da banda (Mergulhadores Gordos, em inglês) ao conceito francês Faits Divers – em uma definição simplista até demais, quando fatos inexplicáveis ou grotescos são noticiados; um exemplo seria “homem morde cachorro”, quando o comum seria o cachorro morder o homem.

O conceito não faz jus ao som do Fat Divers, músicas e letras sem frescuras e fórmula. O primeiro álbum, “Fat Sounds vol. I”, foi lançado em maio de 2013, produzido por Bernardo Pacheco e gravado de forma não-tradicional – as músicas são tocadas ao vivo, em vez de serem registradas instrumento por instrumento, faixa por faixa. Assim, mostra bem como a banda se comporta ao vivo. São dez músicas – 28 minutos de sujeira, peso e velocidade -, com letras sobre bebidas, drogas e a merda do cotidiano.

Vitor Tritto é o principal letrista, e as inspirações estão listadas em sua playlist. Nos shows, é comum fazerem covers de Motörhead, por exemplo.


As músicas escolhidas pela Vitor estão no player acima. É só clicar para ouvir todas na sequência.

A playlist:

1) ACDC – It’s a long way to the top 
“Pega o carro, vai para a estrada e põe isso pra tocar. É por isso.”

2) Motörhead – Killed by Death
“Me recuso a defender porquê Motörhead é foda.”

3) Fat Divers – Down the Road
“Essa foi a primeira música que eu escrevi. São dois minutos de orgulho idiota.”

4) Lynyrd Skynyrd- Tuesday’s Gone
“Cara, é uma baita viadagem falar isso mas lembro de voltar pro interior ouvindo essa música por horas. Skynyrd sempre vai lembrar a roça.”

5) Nashville Pussy – Lazy White Boy
“Essa é a melhor banda de rock da última década. Não tem nada que esses filhosdaputa façam que não fique pesado, rápido e engraçado. Taí uma música sobre como é bom ficar em casa bêbado e doidão pra provar.”

fat-diversMais Fat Divers:
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Taí, a origem

 
Nascido em Uberaba em 6 de março de 1900, Joubert de Carvalho morou em São Paulo na adolescência, em busca de estudo melhor, e depois no Rio de Janeiro, onde chegou em 1919 para estudar medicina. Em 1925, ano em que se formou, já tinha carreira sólida no cenário musical, com composições gravadas por diversos intérpretes de destaque. Em janeiro de 1930, Joubert andava pela Rua Gonçalves Dias quando foi chamado por sr. Abreu, dono da loja A Melodia, que queria lhe mostrar uma nova cantora, promessa da música brasileira. Era Carmen Miranda.

Além de loja, A Melodia era um espaço cultural que reunia cantores e compositores, uma espécie de ponto de encontro para discutir música e conhecer as novidades. Abreu tocou o disco Triste Jandaia, gravado em dezembro de 1929 (na época, os discos reuniam duas músicas, uma em cada lado do vinil). Joubert gostou tanto que pediu para repeti-lo diversas vezes e, encantado, afirmou que gostaria de conhecer a Carmen Miranda. Abreu explicou que não seria difícil, já que ela estava sempre perambulando pela loja. Nesse momento, a própria Carmen entrou pela porta, toda elegante. “Taí a nova contora”, exclamou Abreu.

Foi assim que nasceu uma das maiores marchinhas de Carnaval da história, episódio há muito difundido e confirmado na biografia “Carmen”, de Ruy Castro. Diz-se que Joubert deixou a loja com a palavra “Taí” na cabeça e, menos de 24h depois, tocou a campainha da casa de Carmen Miranda, que havia dado seu endereço em caso de uma possível parceria futura. A casa de Carmen, pobre, não tinha piano, então o compositor cantou a marchinha “Pra você gostar de mim”, e Carmen gostou.

joubert de carvalho

Joubert de Carvalho

Taí!
Eu fiz tudo pra você gostar de mim
Oh meu bem não faz assim comigo não
você tem que me dar seu coração

Inicialmente, a música não era uma marchinha carnavalesca. Era triste, amargurada, verdadeiramente um lamento. Quando Joubert tentou ensinar a Carmen como cantar a canção, ela de pronto respondeu: “não precisa me ensinar, não, que, na hora da bossa, eu entro com a boçalidade”. O comentário surpreendeu o compositor, mas Carmen era assim: totalmente desinibida, dominava gírias e falava muitos palavrões; nos futuros shows, ficaria conhecida por se apresentar ao público com um “boa noite, macacada!”.

A marchinha foi sucesso absoluto no Carnaval e alcançou o feito inédito de 35 mil discos vendidos, em uma época em que a popularização do rádio dava à indústria fonográfica sua primeira crise. Ruy Castro exibe um panorama da magnitude da vendagem: na época, o Brasil tinha 40 milhões de habitantes, 70% dos quais vivendo na zona rural; mesmo nas cidades, o número de vitrolas era extremamente pequeno. A música ajudou a consolidar a carreira de Carmen, e essa era ainda a fase pré-baiana, com balangandãs e cestas de fruta na cabeça. Essa – o auge e a vida nos Estados Unidos – só aconteceria em 1940.

 
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Promoção RIP Rock’ n’ Roll

PROMOÇÃO ENCERRADA

CONHEÇA OS VENCEDORES


Sim, caros leitores, hoje é O Dia Mundial do ROCK. Nós do Não Toco Raul achamos que deveria ser feriado. E não, para nós o rock não morreu e nem vai morrer (chupa, MTV!), mas em parceria com a loja virtual bacanérrima Canequeria organizamos uma promoção com os maiores  ídolos deste grande gênero musical – que, veja bem, infelizmente, estão todos…mortos. Pois é. Daí o nome “RIP Rock’n’Roll”, entende? </pelémodeon>

Então, para agradar nossos queridos leitores e celebrar esta data ilustre, vamos sortear 5 canecas especiais: cada uma ilustrada com um dos grandes ídolos do rock: Janis Joplin, Jim Morrison, Jimi Hendrix, Elvis Presley e John Lennon.

Participar da promoção é fácil: é só curtir as páginas do Não Toco Raul e da Canequeria no Facebook, escolher sua caneca preferida entre as 5, clicar na aba “Promo” e por fim em “Participe”. Tudo isso na fan page do NTR. O resultado será divulgado no dia 27 de julho (sábado). E aí? Tá esperando o quê? Hey, Ho, Let’s Go! VALENDOOO!!!

 
Se liga nas garbosidades que podem fazer a alegria de todos os seus bons drink:

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caneca-jimi-hendrix

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Confira o regulamento da promoção:

Regulamento

1. A Promoção “RIP Rock n’ Roll” é constituída de um sorteio promovido pelo site Não Toco Raul em parceria com a loja virtual Canequeria.
2. A  promoção compreende o período de 13/07/2013 até as 23h59 do dia 26/07/2013.
3. Os participantes serão captados através da ferramenta “The Fan Machine”; e serão sorteados através do site “random.org”.
4. Para participar, o usuário deve: (1) curtir as fan pages Não Toco Raul (https://www.facebook.com/naotocoraul) e Canequeria (https://www.facebook.com/Canequeria.loja) e (2) clicar em “Participe” na aba “Promo”, na fan page Não Toco Raul.
5. O Não Toco Raul se dá o direito de refazer o sorteio, caso seja identificado algum tipo de fraude ou um dos sorteados não tenha cumprido todas as etapas descritas acima.
6. Serão sorteadas 5 pessoas. Cada uma poderá escolher 1 (um) entre os 5 diferentes modelos de canecas utilizados na divulgação.
7. Os sorteados serão divulgados no dia 27/07/2013 e os resultados serão divulgados  no site Não Toco Raul e na Fan Page (https://www.facebook.com/naotocoraul).
8. Os sorteados terão até o dia 31/07/2013 para enviar, via mensagem do Facebook ou e-mail (contato@naotocoraul.com.br), seu endereço e o modelo de caneca escolhido – para envio do prêmio.
9. O prêmios serão enviados via PAC. Serão postados em até 7 dias após o recebimento dos dados de envio, e cada sorteado será infomado via inbox ou e-mail sobre a data aproximada de entrega.

 

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NTR Convida #34 Rita Oliva (Cabana Café e Champu)

Toda sexta-feira (toda MESMO, dessa vez é sério) o NTR traz a seção “NTR Convida”, onde músicos convidados vão ditar o som para você começar o final de semana na pegada.

 

1002285_564116783651507_1590869459_nA convidada desta semana é Rita Oliva, dona de olhos verdes matadores que faz parte das bandas Cabana Café e Champu.

O primeiro grupo é um quinteto de São Paulo formado por ela e mais quatro rapazes (Gustavo Athayde, Mário Gascó, Taian Cavalca e Zelino Lanfranchi). Eles acabaram de lançar seu primeiro álbum, “Panari”, que foi produzido por Guilherme Ribeiro e pode ser ouvido na íntegra no novo (e bonitão) site da banda. O disco saiu pelo selo Balaclava Records, que pertence a integrantes da banda amiga Single Parents; e já tem seu primeiro single e videoclipe, uma bela produção em slowmotion para a canção “Vermelha Anã”:

O Cabana Café também fez um making off registrando as gravações do disco, que foram feitas ao vivo no Na Cena Studio, na zona sul de São Paulo, em 2012. Veja aqui.

Curiosamente, é com o baterista do Single Parents, Rafael Farah, que Rita forma sua segunda banda, a Champu – contando ainda com o músico e produtor Roger Paul Mason, de Nova Iorque; e mais alguns membros dos grupos Shed e A Caçamba De Dona Madalena. O nome da banda foi escolhido por Roger porque a palavra tem o mesmo significado e a mesma pronúncia em inglês e português.

Por enquanto, Rita segue na estrada. Está em turnê com o Cabana café pelo Brasil – eles começaram os shows no Sul e agora tocam no interior de São Paulo (este sábado, 13/07, em Gonçalves; e no dia 17 de agosto em São José dos Campos). E a viagem nçao acaba tão cedo: no fim de setembro, a moça embarca para os EUA, onde fará uma turnê com o Champu.


As músicas escolhidas pela Rita estão no player acima. É só clicar para ouvir todas na sequência.

A playlist:

1) Secos e Molhados – Primavera nos Dentes
“Sou fissurada nessa música. O instrumental cria o clima, a letra chega curta e super intensa. Me arrepia todas as vezes que eu ouço.”

2) Societés – Tão
“Clima bom, vocal gostoso. A banda é independente, de São Paulo; e está com um disco novo pra ser lançado, onde tive o prazer de gravar alguns vocais.”

3) Serge Gainsbourg – Cargo Culte
“Faz parte de um disco conceitual e fala do fim trágico da história de amor do Gainsbourg com uma lolita. Quando eu ouvi essa música pela primeira vez eu fiquei enfeitiçada. Alem da ser sexy, a guitarra tem pegada roqueira e um coro completamente épico. O tema da música e o contexto em que ela está inserida deixam tudo mais intenso.”

4) Joni Mitchell – The Dry Cleaner From Des Moines
“Sou fã absoluta do trabalho dela e amo o baixo grooveado do Jaco Pastorius nessa música.”

5) The Whitest Boy Alive – Gravity
“Adoro as melodias do vocal e os espaços do instrumental. É música pra ouvir correndo, no carro viajando, pra dançar. Acho que serve pra quase tudo (risos).”

Cabana Café - Panari
Mais Cabana Café:
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Youtube

 

champu

 

Mais Champu:
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NTR Convida #33 André Ache (Fire Department Club)

Toda sexta-feira (toda MESMO, dessa vez é sério) o NTR traz a seção “NTR Convida”, onde músicos convidados vão ditar o som para você começar o final de semana na pegada.

 

O convidado de hoje é André Ache, vocalista e baixista da banda gaúcha Fire Department Club. A banda foi formada em 2009 e seu som trás elementos disco, dance e indie rock com composições em inglês. O single Merry-Go-Round, recentemente lançado, mostra o grande potencial e a cara da banda: arranjos com riffs e levada marcantes, além ótimas melodias para bater o pezinho no chão na dancefloor.

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O primeiro trabalho da banda foi o EP “Colourise”, que culminou em uma parceria com o produtor Luc Silveira e a Soma Records. Merry-Go-Round será distribuído pela britânica Ditto Music, o que vai espalhar a música do FDC em 130 países, através de lojas virtuais como iTunes, Spotify, Amazon, Deezer e eMusic.

Junto com André Ache, no baixo e vocais, a banda conta com Gabriel Gottardo, na guitarra/synth, Meinel Waldow, também na guitarra, e Gui Schwertner, na bateria. As referências do Fire Department Club estão aí e todo mundo já pode sacar: The Strokes, Incubus, Two Door Cinema Club e Foals. Mas André foi muito além disso na playlist que mandou aqui pro NTR.

As músicas escolhidas pelo André estão no player acima. É só clicar para ouvir todas na sequência.

A playlist:

1) The Stills – Lola Stars and Stripes
“Foram esses canadenses que despertaram um outro lado musical meu, quando tinha uns 15 anos. Me apaixonei pelo primeiro disco, que abriu minha mente pra mais um monte de bandas ‘indie’ da época: Metric, Phantom Planet,The Thrills e We Are Scientists, por exemplo.”

2) Raconteurs – Many Shades Of Black
Jack White = Gênio. “Jack White + Brendan Benson? Meu deus! E nessa faixa é o Benson liderando, pena que perdi o show dele em São Paulo esse ano.”

 3) Paul McCartney – Another Day
“Minha época favorita do Sir.”

4) Kaki King – Pull Me Out Alive
“Essa mulher é talento puro, suas canções me levam pra outro planeta. E ainda por cima esse clipe é demais.”

5) Miike Snow – Black & Blue
O Miike Snow é uma banda que mistura com magnitude os elementos de música eletrônica com uma pegada de rock clássico. É uma baita influência pro Fire Dept. Club.

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Mais Fire Department Club:

Site
Facebook
Twitter
Youtube

 
 

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Queens of the Stone Age | …Like Clockwork

Queens of the Stone Age | …Like Clockwork

Matador Records / 3 de junho de 2013 / Stoner Rock
Paramore | Paramore

Faixas:
1. Keep Your Eyes Pealed 
2. I Sat By The Ocean
3. The Vampyre Of Time And Memory
4. If I Had A Tail
5. My God Is The Sun
6. Kalopsia
7. Fairweather Friends
8. Smooth Sailing
9. I Appear Missing
10. Like Clockwork

 

Tentando escrever esse texto enquanto meu namorado escuta “…Like Clockwok”, involuntariamente, eu já disse pra ele três vezes “essa é a minha preferida do álbum” enquanto diferentes faixas tocavam. É mais forte que eu, não consigo segurar. Apesar de “…Like Clockwork” ser um disco muito bom, com certeza não é o meu favorito – na certa fica atrás do conceituado “Songs from the Deaf” e do recente “Era Vulgaris”. Nesse álbum os Queens Of The Stone Age vieram com uma veia pop atacada e deixaram os barulhos estranhos e solos viajantes um pouco de lado, mas mesmo assim mostrando que têm a capacidade de unir traços de música pop ao seu estilo pesado. Com certeza esse é o disco mais comercial da banda. De stoner rock à stoner pop. E eu realmente não vejo problema algum nisso.

Os QotSA vão dominar o mundo. Os QotSA querem dominar o mundo. Josh Homme deixou isso bem claro na sua última passagem por aqui no Lollapalooza – inclusive na qual ele apresentou em primeira mão a paulada My God is The Sun – quando disse que estava se apresentando no festival para criar público e futuramente voltar com um show solo da banda para promover o novo disco. Aliás eles acertaram em cheio nas estratégia de marketing do “…Like Clockwork”. Foram cinco vídeos teasers de animações sensacionais, sujas e toscas, podres e sangrentas que conseguiram captar visualmente o tom exato da banda – e que podem inclusive virar filme -, além das ações no site da banda que foi divulgando aos poucos trechos das músicas novas e, recentemente, a sua última tacada foi uma apresentação no programa David Letterman para milhões de americanos verem. Além disso eles também  tocaram ao vivo durante uma hora para a internet no “Live on Letterman”, direto do palco do teatro Ed Sullivan.  “…Like Clockwork”  na íntegra do começo ao fim (e com direito a fodástica Little Sister de bis). E os resultados apontam que a estratégia da banda tá dando certo: o álbum novo do QotSA foi parar no topo lista dos discos mais vendidos da prestigiosa revista  Billboard, desbancando o Daft Punk do topo. É a primeira vez que os caras do deserto chegaram ao topo da parada americana.

“…Like Clockwork” é o primeiro disco da banda desde 2007 e sexto álbum de estúdio. Foi gravado no deserto, como de costume, e conta com uma lista de convidados especiais fodões como Trent Reznor, Alex Turner, Dave Grohl, Mark Lanegan, Nick Oliver, Elton John e Brody Dalle. Participações super especiais que acabam passando desapercebidas perto da grandeza do QotSA. A banda de Josh Homme (membro fundador e único representante da formação inicial) tentou seguir discretamente já que o disco voltou a ser produzido por uma gravadora independente, a do próprio Homme, com distribuição da Matador Records.

Como o Bruno Guerra, d’O Musicólogo, muito bem observou neste disco os QotSA continuam a saga de tentar se encaixar em um formato e solidificar a sua identidade, tarefa na qual eles gloriosamente falham, e é aí que está o mérito da banda. Os caras continuam mandando um mar de inconstâncias, descompromissados com fórmulas. Nenhuma das canções soa ser propositalmente acessível e, ainda assim, apesar do experimentalismo, o disco é o mais facilmente digerível da banda. Transgressor a sua maneira.

Recentemente eles anunciaram que estão trabalhando em um álbum novo, e posso prever: vejo muita pedrada por aí. Nesse caso eles subvertem o ciclo natural, e depois da calmaria, com certeza vem tempestade. Tudo o que ficou contido no “…Like Clockwork” provavelmente será extravasado no próximo disco. Mal posso esperar.

É pra quem gosta de:

Black Drawing Chalks – Soundgarden – Black Rebel Motorcycle Club

Tem que ouvir:

I Sat by the Ocean – If I Had a Tail – Smooth Sailing

Pode pular:

Kalopsia

Bônus:

I Appear Missing ao vivo é mais linda ainda (tem uma jam no finalzinho diferente da versão de estúdio)

Nota: 4,o/5

Cool Covers: Especial Marilyn Manson

Uma coisa que eu mais gosto do som do Marilyn Manson é como ele consegue criar uma atmosfera própria, um clima sombrio, dark e – por que não? – sexy típico dele e o qual você  reconhece já de cara. Ele sabe de seu poder e, por isso mesmo, a sua lista de covers é longa: o cantor já regravou cerca de 40 canções, entre versões acústica, ao vivo e estúdio, de artistas como David Bowie, Prince, Ramones… Ele inclusive conseguiu fazer versões tornarem-se mais famosas que as composições originais. Selecionei as versões mais legais que ele já fez pra vocês curtirem também:

6. You’re So Vain

A identidade do cara vaidoso-egocêntrico que aborreceu Carly Simon e até ganhou a canção/crítica You’re So Vain, de 1972, ainda permanece um mistério. Mas mesmo assim Marilyn Manson achou legal e decidiu chamar Johnny Depp pra assumir a guitarra e regravar a música para o seu disco Born Villain, de 2012.

5. I Put A Spell On You

A canção foi escrita em 1956 pelo músico Jay Hawkins, mas só foi alcançar sucesso na voz da diva Nina Simone em 1965. A música foi regravada por MM em 1995 para o álbum Smells Like Children.

4. Five To One

Five to one é uma canção dos Doors do álbum Waiting for the sun, de 1968. A música foi regravada por MM para o álbum Disposable Teens, de 2000. O cantor chegou inclusive a interpreta-la junto com o integrante oficial do Doors, Ray Manzarek, no Sunset Strip Music Festival de 2012.

3. Personal Jesus

A canção da banda Depeche Mode é o primeiro single do álbum Violator, de 1989, e alcançou o 23º lugar das paradas britânicas. De acordo com o autor da letra, Martin Core, a música foi inspirada no livro Elvis and Me, de Priscilla Presley, e é sobre ser um “Jesus” para alguém, ser alguém que dá esperanças e se preocupa com você. Segundo Core, era sobre como Elvis se mostrava como homem e mentor para Priscilla, um Deus, como frequentemente acontece nos relacionamentos, e como isso não é uma visão muito equilibrada de alguém. A versão cover feita por MM foi gravada especialmente para promover o álbum Lest We Forget: The Best Of, a sua primeira coletânea, em 2004.

2. Sweet Dreams (are made of this)

Sweet Dreams (Are Made of This) é uma música do grupo britânico Eurythmics, lançada como single em 1982. A música foi interpretada por Marilyn Manson em 1995, no álbum Smells Like Children. O álbum foi produzido por Trent Reznor e Marilyn Manson e representa uma era cheia de drogas, abusos, turnês e experimentações sonoras para a banda. Esse cover foi o primeiro hit da banda e os colocou nas paradas de sucesso.

1. Tainted Love

Nesse cover, MM mostra como é capaz de desconstruir uma música pop levinha e consegue deixá-la com uma carga bem mais pesada e sensual. Tainted Love é uma canção composta por Ed Cobb que foi originalmente gravada por Gloria Jones, em 1965, mas só alcançou fama mundial depois de ser registrada pelo Soft Cell em 1981, atingindo o número um no UK Singles Chart. Foi lançada por Marilyn Manson como um single da trilha sonora do filme Not Another Teen Movie, em 2001. Mais tarde, foi incluída como faixa bônus do álbum seguinte da banda, The Golden Age of Grotesque.