Dave Grohl: Talento ou Carisma?

Não houve ninguém no mundo do rock que tenha sido mais badalado nos últimos anos do que Dave Grohl. Com o Foo Fighters, Dave foi headliner de todos os festivais possíveis após o lançamento de Wasting Light (2011). Todo esse hype se extendeu e foi além dos palcos, com lançamentos de biografias, documentários e uma super exposição em toda mídia. Mas resolvemos cutucar esse vespeiro de caras, bocas, riffs e berros para fazer a seguinte pergunta: Dave Grohl, talento ou simplesmente carisma?

Para a discussão, contamos com a participação do ilustríssimo jornalista Bruno Guerra, que escreve o blog O musicólogo e fará o contraponto ao êne-tê–érrer Danilo Vital. Cada um ficou com a responsabilidade de defender o seu ponto de vista e ambos não tiveram contato com o texto do outro.

NTR Convida #37 Fernando e Bruno (Brazilian Nude Girls)

Toda sexta-feira (toda MESMO, dessa vez é sério) o NTR traz a seção “NTR Convida”, onde músicos convidados vão ditar o som para você começar o final de semana na pegada.

Se você buscar pelo nome da banda, o Sr. Google provavelmente vai te chamar de pervertido e para todo o sempre você estará fadado a ver propaganda de sexshop em todo site que entrar. Tudo bem, vou lhe poupar a fadiga e colocar lá embaixo os links da banda.

Quem escolheu os sons de hoje foram Fernando Timossi e Bruno Silva, vocal/guitarra e baixo na banda, respectivamente, e que, junto do baterista Razem Abraao, apresentam na Brazilian Nude Girls uma inegável pegada de Red Hot Chili Peppers, com um tanto de Incubus e um pouco da nossa boa e velha bossa nova (eu, pensando neste jogo de palavras). Conheci os caras pelo clipe de “Own Nature”, mas o trio surgiu por volta de 2011, em Los Angeles, e seu primeiro EP “Bossadelic Porn” pode ser baixado na faixa no site.

 

Vamos à playlist:

1) Pearl Jam – Do The Evolution
“Um video animal feito pelo McFarlane e a música é um tapa na cara do modo de vida do ser humano.”

2) The White Stripes – Seven Nation Army
“Mais uma razão para você perceber que é castrado e dá os seus melhores anos e energia para o seu patrão enriquecer e sorrir, pois tem um iPhone e porcelana Schimidt, no maior pão e circo. Mas os nervos dentro de você não mentem.”

3) Elis Regina & Tom Jobim – Águas de Março
“Continuando o tema “vou empalar o meu patrão, o papa e o presidente na segunda-feira”, só que de com classe.”

4) Stan Getz feat. João Gilberto – Desafinado
“Literalmente uma das melhores coisas que a música pode oferecer.”

5) Brazilian Nude Girls – Own Nature
“Caso você tenha achado o mundo muito fofo depois da última, aqui vai uma nossa mesmo, pra você não esquecer de matar seu patrão, o presidente e o papa na segunda-feira.”

 

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Mais BNG:

Site
SoundCloud
Facebook

 

Cool Covers: Kátia Pereira, a gatinha carioca

Imagine se a Katy Perry tivesse nascido no Brasil. Ela ia se chamar Kátia Pereira. E se fosse do Rio de Janeiro moraria na Barra da Tijuca, viajaria para o exterior nas férias e seria a musa de Maximiliano Lewis, o Max, menino de 12 anos que ficou famoso e até apareceu no Fantástico depois de gravar covers de sucessos da cantora americana.

Agora Max é o novo Menino do Rio (também apontado como o novo Nissim Ourfali) e Katy Perry é a nova garota de Ipanema – ops, quer dizer, da Barra. O primeiro hit de Max foi “Carioca Girls”, uma paródia de “California Girls”. Aceita:

 “Eu já fui pra Londres. Eu te falo,
rapaz, são brancas demais!”

“Eu já fui pra Disney. Mas praia
não tem, são gordinhas também.”

 

f1ba7557c5e6439e95131a16227063cd (1)Com um sotaque puxadíssimo, Max exalta a beleza das garotas e da natureza cariocas, da praia, do sol, do biquíni – e mostra a superioridade das tchutchucas do Leblon e da Barra da Tijuca frente às londrinas e frequentadoras da Disneylândia. Tudo isso usando como pano de fundo paisagens luxuosas do Rio, uma generosa franja à la Justin Bieber (as mina da 5ª série piram) e roupas de marca. Sensacional!

O vídeo foi publicado em junho. Na entrevista para o Fantástico, o menino contou que o cover era originalmente um projeto para a escola, cuja tarefa consistia em criar versões de músicas, inventando as letras. A ideia de expor o resultado no Youtube teria sido incentivada pelo pai, Quentin (cara, de onde vêm os nomes dessa família? Eles são gringos?!).

Mas o melhor de tudo é que agora Max tem um novo hit, cover de Hot’n’Cold:

O cover de “Hot and Cold” é puxado no auto tune e tem Max de topete em um vídeo mais produzido, com uma modelo contratada (que o pessoal comentarista do Youtube insiste em dizer que é a irmã do cara quebrando um galho).

O menino continua cantando em paisagens bonitas do Rio, mas também passeia com a namoradinha (que parece ser pelo menos uns 5 anos mais velha do que ele) e até aparece no carro com a mãe dirigindo e a menina  no banco de trás.

Dessa vez, ao invés de falar da beleza da garota, o pobre Max canta sobre as dores de um pé na bunda. Mas aprende a lição: “Eu mergulhei lá no mar sem chorar. E eu vi lá no céu que o amor é cruel”.

Nasce uma “web celebridade”. Só não ganha do Lídio Mateus. Ainda.

NTR Convida #36 Liege Milk (Medialunas, Hangovers etc.)

Toda sexta-feira (toda MESMO, dessa vez é sério) o NTR traz a seção “NTR Convida”, onde músicos convidados vão ditar o som para você começar o final de semana na pegada.

 

A convidada dessa semana é praticamente a mulher maravilha da música independente brasileira. Ou uma das personagens de X-man. Porque o tanto de coisa que ela faz vai te deixar cansado só de ler. Tão hiperativa e workaholic como Dave Grohl e Josh Homme, Liege Milk toca mais de um instrumento e integra mais de uma banda, além de realizar trabalhos voluntários voltados à música, ter um emprego ligado às artes visuais e gostar de cozinhar. Acho que ela não dorme muito.

Loomer
A catarinense passou a maior parte da vida morando no Rio Grande do Sul e, de lá, saiu tocando pelo Brasil com as bandas Loomer, Hangovers e Medialunas. Cada uma com um estilo diferente, mas coerentes entre si. A Loomer é total anos 90, shoegaze e grunge, aliando momentos mais agressivos com a distorção no talo a melodias mais doces e vocais casados. My Bloody valentine é uma das referências mais marcantes. Liege tocava baixo e cantava no grupo até maio deste ano.

“Terminei de gravar meus baixos e vocais no disco que está para sair – e que está muito bonito. A Loomer é uma baita banda. Eu sou fã. Os guris são músicos incríveis. Mas é aquela coisa…banda é que nem casamento; e casamento cê sabe bem como é: tem que ter muita paciência, tolerância, respeito, carinho, dedicação, amor. Amor de verdade. Eu já não estava mais tendo tanta dedicação, tanto carinho…acho que esse disco, bem como um filho, pra mim, é o fruto do amor que dediquei à banda nestes 5 anos. Penso que agora a banda merece alguém que possa se dedicar muito mais do que eu e renovar as energias, dando AQUELE GÁS que a banda merece, que eu já não sou mais capaz de dar”, explica ela.

Hangovers

Mas Liege continua a tocar no Hangovers desde a sua formação, em 2009. Até este ano o grupo era um power trio do capeta com bateria, duas guitarras e nenhum baixo, tocando apenas canções instrumentais pesadíssimas, com muitas  referências do grunge, mas também com muito mais peso e sujeira – e influências de Helmet, Sepultura e outras bandas mais pauleira. É propositalmente tosco, estupidamente alto e agressivo. E genial. Um de seus EPs se chama “Academia Brasileira de Tretas” e o trio batizou seu som de “grunge universitário”. Andrio Maquenzi, que era vocalista do Superguidis, entrou para a Hangovers em 2013, transformando a banda em um quarteto com três caras na guitarra (sim!) e a Liege descendo a mão na bateria para conseguir equilibrar essa barulheira toda. Eles estão gravando um novo EP, o terceiro do grupo, que terá quatro músicas, deve ser lançado ainda este ano e, prometem, soará “mais pesado que o céu” – em uma clara referência a Kurt Cobain. “Deixamos de ser um power trio, nos formamos na Academia de Tretas e deixamos de ser grunges universitários. Creio que estamos entrando pra turma dos veteranos… doutorados em tretas. Daqui pra frente é só passar o conhecimento adiante”, brinca Liege.


Medialunas

Ela e Andrio, aliás, são namorados, moram juntos e vivem praticamente como se fossem casados. Eles também começaram a compor e a tocar juntos e criaram o duo Medialunas – minha banda preferida da Liege. Os dois cantam, ela toca bateria e Andrio toca guitarra. E, por mais piegas que soe, preciso escrever isso aqui: a música deles é simplesmente apaixonante. Talvez porque tenha nascido justamente do amor dos dois, que são um dos casais mais bacanas e talentosos que já conheci. O som é mais “limpo” do que o das outras bandas de Liege, com vocais harmônicos e algumas melodias mais tranquilas, mas sem deixar de lado a guitarra distorcida e a bateria marcada – e às vezes até os miados da gata Yoshimi, um dos bichinhos de estimação do casal. Depois de irem soltando músicas na internet que geraram muita repercussão, os dois lançaram um álbum cheio (e com uma capa linda sensacional, toda desenhada à mão) chamado “Intropologia” no ano passado. “Estamos em processo de composição do novo disco, com cerca de 5 músicas novas, que não estão no Intropologia. E seguimos viajando por aí, com tour programada para Rio de Janeiro e Nordeste ainda este ano. Mas sem pressa. Fazendo as coisas à medida em que podemos…sem atropelos”, diz ela.


Meninas na Batera

Além das bandas, Liege ainda faz trabalho voluntário ensinando bateria para meninas de 6 a 17 anos no Rio Grande do Sul. É o projeto “Meninas na Batera”.

“Tenho me dedicado muito ao meu trabalho artístico (desde 2008 me dedico quase exclusivamente à música e senti falta do mundo em que vivia antes: o das artes visuais) e ao projeto Meninas na Batera, que escrevi logo após minha experiência no fantástico Girls Rock Camp Brasil e tenho desenvolvido desde março deste ano aqui no RS, para a minha comunidade”, explica Liege, que foi uma das instrutoras de bateria da primeira edição brasileira do Girls Rock Camp, realizada em janeiro em Sorocaba (SP).

Além de uma oficina de musicalização, o projeto é uma iniciativa sócio-cultural que não exige prática ou conhecimento prévio das meninas, além de fortalecer. sua a auto-estima e empoderamento através da música, nesta fase de formação de caráter e auto-conhecimento, visando a formação de cidadãs mais conscientes, auto confiantes e sem medo de se expressar de forma alguma.

Quando convidei a Liege para participar do NTR Convida, ela disse que fazer listas não era nada fácil. Mas acabou escolhendo canções que marcaram sua adolescência e a influenciaram. “Nessa fase atual da vida ando ouvindo essas músicas de novo, de novo e de novo, como se ainda tivesse 18 anos”.


A playlist:

1) Mayonaise – Smashing Pumpkins
“É a All You Need Is Love dos anos 90. Nunca tive uma fase beatlemaníaca. Mas sou pumpkinmaníaca até hoje.”

2) Going Inside – John Frusciante
“É a melhor trilha pra gente se encontrar com a gente mesmo, limpar o brejinho interior e analisar com o coração o que realmente é um problema externo e o que é problema nosso, que, por muitas vezes, a gente acaba projetando nos outros. Olhar pra dentro é fundamental. A paz mora aqui dentro, cê só tem que organizar tudo bonitinho nas gavetinhas dentro de você.”

3) Silver Rocket – Sonic Youth
“Porque um pouquinho de caos e ‘despirocamento’ são necessários pra gente agir, reagir, se sentir vivo.”

4) Heart of Gold – Neil Young
“O véio sabe das coisas. E dispensa comentários.”

5) Right Through You – Alanis Morisette
“Para muitas meninas da minha idade e convivência próxima, a Alanis foi a primeira Riot Grrrl com quem se teve contato. Não sei se pela nossa faixa etária (27 anos), mas You Oughta Know foi a primeira bomba que escutei completamente carregada de raiva e, ao mesmo tempo, de uma sensibilidade única e transparente. Um bagulho duro e translúcido, que nem um diamante. Right Through You é a minha preferida do Jagged Little Pill – meu diamante, pequeno remedinho amargo que curou muitas e muitas dores de cotovelo, confusões mentais e existenciais na minha adolescência. Alanis pra mim foi um portal: depois tomei conhecimento e adoração à Kathleen Hanna, Kim Deal, Kim Gordon e tantas outras musas!”


Mais Liege:liege

Medialunas
Hangovers
Loomer
Meninas na Batera
Gilrs Rock Camp Brasil

 

Right Track #10 Santa Esmeralda vs. Breaking Bad

 

Nesta seção vamos disponibilizar wallpapers bacanudos de clássicos do cinema revisitados por clássicos da música. Sempre uma bela sacada (ou não). Veja o que preparamos, baixe, use e, se tiver uma bela ideia, não deixe de nos enviar!

 

Nesta edição: Don’t let me be misunderstood

O Right Track hoje quebra o protocolo, mas não por um motivo bobo. A Série Breaking Bad estreia a parte final de sua última temporada nesse fim de semana. Nós, como admiradores da série, resolvemos prestar uma homenagem para o “…the one who knocks”. A canção escolhida já esteve por aqui recentemente, e você pode conferir nesse Cool Cover sobre “Don’t let me be misunderstood”.

Mayer Hawthorne | Where Does This Door Go

 

Mayer Hawthorne | Where Does This Door Go

Republic Records / 16 de Julho 2013 / Soul, R&B

Mayer Hawthorne | Where does this door go

Faixas:
1. Problematization
2. Back Seat Lover
3. The Innocent
4. Allie Jones
5. The Only One
6. Wine Glass Woman
7. Her Favorite Song
8. Ay Bass Player
9. Crime
10. Reach Out Richard
11. Corsican Rosé
12. Where Does This Door Go
13. Robot Love
14. The Stars Are Ours
15. All Better

 

3,0/5

“”Where Does This Door Go” chega para ser o trabalho com o maior apelo pop de Mayer Hawthorne. Se em seu debut, com A Strange Arrangement (2009), ele encheu os olhos ouvidos de muita gente com um soul sem grandes rodeios, em seu novo disco, com produção de Pharrell Williams, ele mostra que percorreu o caminho natural de acrescentar cada vez mais elementos e participações, o que deixa muita gente com o nariz torcido. Em suma, a essência ainda está lá, com versos conquistadores, levadas dançantes e um apelo menos retrô.”

É pra quem gosta de:

Aloe Blacc – John Legend – Janelle Monáe

Tem que ouvir:

Back Seat Lover – Innocent  – Wine Glass Woman

Pode pular:

Allie Jones – Crime – Reach out Richard