AC/DC quatro por quatro
Há muito a dizer sobre a voz aguda e marcante de Brian Johnson, mais ainda sobre a personalidade com que toca guitarra Angus Young. Pode ser que haja algo a comentar sobre o peso coadjuvante de Malcolm Young fazendo base ao lado do baixista Cliff Williams. Sobre o baterista Phil Rudd, uma definição é a mais repetida e, provavelmente, mais certeira: “he doesn’t overplay“.
Direto e reto, Phil Rudd nunca se excede quando está tocando bateria. Não faz grandes viradas, não usa grandes recursos e são muito raros os solos que faz. O baterista do AC/DC é quem define a fórmula musical da banda: marcação de tempo quaternária – bumbo-chimbal-caixa-chimbal e, de vez em quando, um ataque nos pratos. Clique abaixo para entender como a magia acontece.
É muito, muito difícil ser tão direto e tão bom quanto Phil Rudd – passar compassos e compassos sem fazer uma virada, segurando a marcação para o resto da banda sem variar nem um pouco o ritmo. Outros falharam nesse quesito: em 1983, em meio a abuso de álcool e drogas, Rudd brigou com Malcolm e foi demitido da banda. Dois bateristas passaram sem pelo AC/DC sem agradar da mesma forma.
O primeiro deles foi Simon Wright, que saiu em 1988 para tocar com Dio, outro Deus do rock. Chris Slade entrou em seu lugar e ficou até 1994, quando Angus e Malcolm se aproximaram de Rudd e o convidaram para voltar à banda. A justificativa foi de que o antigo baterista daria um som mais adequado ao grupo. Não precisa dizer mais nada, né?
Phil Rudd também é conhecido pelo jeitão caricato, seco e longe dos holofotes. Brian Johnson o descreve como um cara de poucas palavras, mas extremamente divertido, e conta uma história que diz que, em certa turnê, ele andava tocando com um pedaço de papel à frente da bateria, como uma partitura. Quando foi ver o que era, Johson encontrou um grande par de peitos, “o maior par de tetas que você já viu”. “Inspiração”, se limitou a dizer Rudd.
Manter uma linha de bateria não é exclusividade do AC/DC, embora chame a atenção o fato de todas as músicas possuírem a mesma levada quatro por quatro. O trunfo da banda é a variedade de riffs e melodias – e uma ou outra quebrada, é verdade, como no refrão do “Black in Black”, maior sucesso. Está aí a fórmula musical. Quero ver quem consegue copiar com qualidade. Difícil, né?