NTR Convida #35 Vitor Tritto (Fat Divers)

Toda sexta-feira (toda MESMO, dessa vez é sério) o NTR traz a seção “NTR Convida”, onde músicos convidados vão ditar o som para você começar o final de semana na pegada.

 

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O convidado da semana é Vitor Tritto, vocalista da banda paulista Fat Divers. A autodefinição que o quarteto apresenta aos fãs é extremamente fiel ao tipo de som: Fast & Dirty Boozer’s Rock n’ Roll.

Além de Vitor, que também toca guitarra, a banda é formada por Pedro Canário (guitarra), Rafael Machtura (baixo) e André Sender (bateria). Os quatro cursaram jornalismo, o que torna impossível não ligar o nome da banda (Mergulhadores Gordos, em inglês) ao conceito francês Faits Divers – em uma definição simplista até demais, quando fatos inexplicáveis ou grotescos são noticiados; um exemplo seria “homem morde cachorro”, quando o comum seria o cachorro morder o homem.

O conceito não faz jus ao som do Fat Divers, músicas e letras sem frescuras e fórmula. O primeiro álbum, “Fat Sounds vol. I”, foi lançado em maio de 2013, produzido por Bernardo Pacheco e gravado de forma não-tradicional – as músicas são tocadas ao vivo, em vez de serem registradas instrumento por instrumento, faixa por faixa. Assim, mostra bem como a banda se comporta ao vivo. São dez músicas – 28 minutos de sujeira, peso e velocidade -, com letras sobre bebidas, drogas e a merda do cotidiano.

Vitor Tritto é o principal letrista, e as inspirações estão listadas em sua playlist. Nos shows, é comum fazerem covers de Motörhead, por exemplo.


As músicas escolhidas pela Vitor estão no player acima. É só clicar para ouvir todas na sequência.

A playlist:

1) ACDC – It’s a long way to the top 
“Pega o carro, vai para a estrada e põe isso pra tocar. É por isso.”

2) Motörhead – Killed by Death
“Me recuso a defender porquê Motörhead é foda.”

3) Fat Divers – Down the Road
“Essa foi a primeira música que eu escrevi. São dois minutos de orgulho idiota.”

4) Lynyrd Skynyrd- Tuesday’s Gone
“Cara, é uma baita viadagem falar isso mas lembro de voltar pro interior ouvindo essa música por horas. Skynyrd sempre vai lembrar a roça.”

5) Nashville Pussy – Lazy White Boy
“Essa é a melhor banda de rock da última década. Não tem nada que esses filhosdaputa façam que não fique pesado, rápido e engraçado. Taí uma música sobre como é bom ficar em casa bêbado e doidão pra provar.”

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AC/DC quatro por quatro

Há muito a dizer sobre a voz aguda e marcante de Brian Johnson, mais ainda sobre a personalidade com que toca guitarra Angus Young. Pode ser que haja algo a comentar sobre o peso coadjuvante de Malcolm Young fazendo base ao lado do baixista Cliff Williams. Sobre o baterista Phil Rudd, uma definição é a mais repetida e, provavelmente, mais certeira: “he doesn’t overplay“.

Direto e reto, Phil Rudd nunca se excede quando está tocando bateria. Não faz grandes viradas, não usa grandes recursos e são muito raros os solos que faz. O baterista do AC/DC é quem define a fórmula musical da banda: marcação de tempo quaternária – bumbo-chimbal-caixa-chimbal e, de vez em quando, um ataque nos pratos. Clique abaixo para entender como a magia acontece.

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É muito, muito difícil ser tão direto e tão bom quanto Phil Rudd – passar compassos e compassos sem fazer uma virada, segurando a marcação para o resto da banda sem variar nem um pouco o ritmo. Outros falharam nesse quesito: em 1983, em meio a abuso de álcool e drogas, Rudd brigou com Malcolm e foi demitido da banda. Dois bateristas passaram sem  pelo AC/DC sem agradar da mesma forma.

O primeiro deles foi Simon Wright, que saiu em 1988 para tocar com Dio, outro Deus do rock. Chris Slade entrou em seu lugar e ficou até 1994, quando Angus e Malcolm se aproximaram de Rudd e o convidaram para voltar à banda. A justificativa foi de que o antigo baterista daria um som mais adequado ao grupo. Não precisa dizer mais nada, né?

Phil Rudd também é conhecido pelo jeitão caricato, seco e longe dos holofotes. Brian Johnson o descreve como um cara de poucas palavras, mas extremamente divertido, e conta uma história que diz que, em certa turnê, ele andava tocando com um pedaço de papel à frente da bateria, como uma partitura. Quando foi ver o que era, Johson encontrou um grande par de peitos, “o maior par de tetas que você já viu”. “Inspiração”, se limitou a dizer Rudd.

Manter uma linha de bateria não é exclusividade do AC/DC, embora chame a atenção o fato de todas as músicas possuírem a mesma levada quatro por quatro. O trunfo da banda é a variedade de riffs e melodias – e uma ou outra quebrada, é verdade, como no refrão do “Black in Black”, maior sucesso. Está aí a fórmula musical. Quero ver quem consegue copiar com qualidade. Difícil, né?