Cool Covers: I believe in a thing called love

Este não é mais um cover no qual o intérprete pega uma música consagrada e apenas traduz para qualquer outro estilo alternativo.

Então vamos por partes.

The Branches é um quarteto americano baseado na Califórnia – os membros sequer moram na mesma cidade, espalhados entre Los Angeles e São Francisco – que conseguiu alguma relevância com seus mais de 1 milhão de visualizações distribuídos em alguns covers muito interessantes. Este é, de longe, o melhor deles. Ok?

I believe in a thing called love é o maior e primeiro hit da banda britânica The Darkness, o único a ganhar destaque global, embora o grupo seja muito conhecido em toda a Europa e Estados Unidos. O The Darkness faz uma mistura de hard e glam-rock de boa qualidade, com vocais agudos e muitos solos. Deu pra ter uma ideia?

Pois bem. Aí aparece o The Branches, com seu indie-folk-fock muito característico, vocais leves e camadas e mais camadas de instrumento. O trunfo é ir além de simplesmente colocar banjo na música, mas construir a canção com uma levada nova a princípio e encorpá-la ao longo do caminho até o final. Misturou tudo. Ficou muito bom.

Cool Covers: Roses

“Roses” é uma música lenta, mas intensa, um pedido pra que se dê uma chance para o amor. Produzida pelo duo de DJs americanos chamado The Chainsmokers, conta com participação da cantora Rozes, também americana, e alcançou grande sucesso ao redor do globo. Nas Filipinas, a jovem Meg Fernandez gostou do que ouviu e fez um cover interessante, mudando a levada da música e deixando-a mais rápida.

O ambiente criado pela letra mostram um amor daqueles em que o mundo deixa de importar e só o casal basta. Rozes mostra como o casal pode ser lindo e como podem aproveitar juntos. E faz apenas um pedido: “diga que você nunca vai me deixar partir”. Há até uma referência a Kanye West no verso “Get drunk on the good life” – “Good Life” é parte do álbum Graduation (2007), no qual o rapper canta justamente sobre como aproveitar a vida como um bon-vivant.

Apesar do excelente cover, Meg Fernandez continua uma youtuber modestamente conhecida. Não costuma lançar vídeos regularmente, mas ultimamente adotou produção menos amadora, sendo este vídeo mesmo um dos que perdeu a estética caseira. Seu maior sucesso foi vencer uma promoção do sorvete Cornetto, sendo selecionada para se apresentar antes de um show da Taylor Swift. Potencial não falta, baseado nesse Cool Cover.

Veja a versão original

Cool Covers: Can’t Take My Eyes Off Of You

É possível fazer um paralelo entre Lauryn Hill, nos Estados Unidos, e Black Alien, no Brasil: incrivelmente talentosos, se destacaram primeiro com suas bandas e, uma vez em carreira solo, lançaram um álbum, muito aclamado pela crítica… e só (Black Alien está produzindo um novo trabalho, mas ainda aguardamos a continuação de Babylon By Gus Vol. I, que já completou dez anos). No caso de Hill, ela brilhou depois de deixar o The Fugees com o álbum The Miseducation of Lauryn Hill (1998), que inclui esse cover de Can’t Take My Eyes Off Of You.

Lauryn Hill dá uma dinâmica diferente ao clássico de Frankie Valli, lançado em 1967 e interpretado centenas de vezes ao longo dos anos. Do beat-box às vocalizações, cria uma versão original pra uma música já muito explorada no ano de sua gravação. Não foi novidade para ela gravar um cover: no último disco com o Fugees, The Score (1996), Hill canta Killing Me Softly, que ficou famosa na voz de Roberta Flack nos anos 70, com arranjo muito parecido com o escolhido para a versão de Can’t Take My Eyes Off Of You.

O cover é uma parte divertida do excelente disco de Lauryn Hill, que mostra senso crítico nas músicas e rima pra valer, além de se aproveitar da sua exuberante voz e do alcance dela. The Miseducation of Lauryn Hill foi sucesso também de vendas e, em 1999, foi indicado a dez categorias do Grammy, conquistando cinco delas – incluindo Álbum do Ano e Revelação. A rapper foi capa de revistas no mundo todo e, nos últimos anos, acumulou polêmicas e apresentações esporádicas. Uma pena.

A versão original de Can’t Take My Eyes Off Of You

E a versão do Fugees para Killing Me Softly

Cool Covers: For Once In My Life

É bem difícil estabelecer o que é um cover de For Once In My Life. A música foi composta por Orlando Murden e Ron Miller, gravada inicialmente em 1966 pela Motown Records, histórica gravadora que marcou a Soul Music. Depois, passou a ser interpretada por gigantes como Diana Ross, The Temptations e Tony Bennett, o responsável por popularizá-la, em 1967. Sua primeira versão era extremamente lenta, uma baladinha reconfortante.

Então veio Stevie Wonder, que mudou o andamento, transformou a música em algo pra cima, alegre, assim como a letra sugere. For Once In My Life é o relato de alguém realizado por ter finalmente encontrado um amor que vale a pena. Virou sucesso mundial, um clássico. Não é preciso dizer que foi reproduzida inúmeras vezes. Entre elas, encontramos alguns Cool Covers.

Acima, você vê a versão de Anthony Strong, um inglês que, além de exímio pianista, é também compositor, com estilo mais voltado ao jazz. Ele novamente diminui o andamento da música, mas dá mais swingue a ela, deixa-a mais insinuante. O solo de piano é algo que – acredite – vale conferir também.

Outra versão interessante é a da americana Dara Maclean, uma texana cristã que se apresenta desde os 13 anos e evita contradizer sua fé nas canções que escolhe. Na voz da cantora, dá pra sentir o regozijo que a letra da música sugere: “FINALMENTE encontrei alguém!“. Mais interessante ainda do que ela é o backing vocal, chamado Jason Eskridge, dono de uma linda voz muito parecida com a de Stevie Wonder. Ele, que tem carreira solo, arrebenta no segundo verso.

Para efeitos de comparação, aqui está a versão de Stevie Wonder.

E aqui, como ela primeiro fez sucesso, na voz (e classe) de Tony Bennett

Cool Covers: Gorilla (Bruno Mars)

Gorilla é uma música sobre sexo – muito sexo. Extremamente sensual, é a promessa de uma noite insana cantada por Bruno Mars no álbum Unorthodox Jukebox (2012), o terceiro do músico havaiano. Ela virou single e ganhou muitos covers pelo youtube. Joselyn Rivera, só com voz e violão, consegue fazer talvez o mais interessante deles, mantendo o peso dessa música tão sensual.

Nem todo mundo sabe disso, no entanto. O vídeo tem pouco mais de 33 mil visualizações, enquanto que o canal da cantora americana tem apenas 5 mil inscritos. Joselyn é um prodígio que ainda não embalou. Aos 14 anos, assinou contrato para trabalhar com Emilio Stefan, produtor com 19 Grammys no currículo e marido da cantora cubana Gloria Stefan. Não rendeu.

Aos 17, integrou o time de Adam Levigne, do Maroon 5, no reality show The Voice, mas caiu na primeira semana de apresentações ao vivo. Como era menor de idade, precisou ser acompanhada pela mãe, que largou tudo em Pembroke Pines, na Califórnia, para acompanhá-la em Los Angeles. Terminaram cheias de dívidas e precisaram vender a casa em que moravam.

Dá pra acreditar?

E agora ela tem esse incrível cover, acompanhada pelo DJ e produtor Steven Spence. É uma versão nada ortodoxa, com alguns elementos que a tornam interessantíssima.

1) O timbre bizarro do violão de Spence e, principalmente, a forma despojada como toca a música, às vezes marcando as notas com uma corda só, às vezes usando power chords, e com muitos harmônicos.

2) Reverb, muito reverb. No som do violão, na voz de Jocelyn e, principalmente, nos backing vocals de Spence.

3) A interpretação de Jocelyn, apesar dos trejeitos típicos do The Voice, com dedinhos levantados. Ela faz poucas firulas – menos até do que o próprio Bruno Mars -, mas usa a potente voz pra ressaltar os pontos fortes da música. Repare na expressão e no sorrisinho que ela deixa escapar ao cantar I got your body trembling like it should (2min30 no vídeo).

4) O ambiente “insalubre” onde o vídeo foi gravado. Parece ser um estúdio, mas há um sofá atrás da dupla, Jocelyn canta sentada numa cadeira de computador e Spence, sabe se lá no que, está escuro pra caramba. Pela roupa dele, parece estar calor. Pela dela, não. Quem sabe? É como se eles simplesmente tivesse apertado o play e mandado ver para a câmera.

5) A imitação de Gorilla feita por Spence no final do vídeo. Até ele perceber que o som era mais parecido com o de macacos.

Aqui, a versão original.

Cool Covers: We Can’t Stop

Palmas para o Bastille, banda inglesa que, em apresentação à BBC Radio, conseguiu transformar a música We Can’t Stop, da Miley Cirus, em um legítimo MINDFUCK.

Por partes, o Não Toco Raul explica:

1) We Can’t Stop é o primeiro single do álbum Bangerz (2013). Fez grande sucesso e chegou ao 2˚ lugar das paradas americanas. A música defende o estilo porra-louca da cantora, que chocou o mundo ao ligar o foda-se em suas atitudes e canções – principalmente porque ela era, antes, a queridinha da América, estrela da Disney e ídolo adolescente.
2) A versão do Bastille é cheia de referências, e todas elas fazem sentido. Eles não dão ponto sem nó. A primeira, bem explícita, é a introdução com o riff the Lose Yourself, do rapper Eminem. Lose Yourself pode ser traduzido como “entregue-se” ou “perca a si mesmo”. Interessante…

3) O Bastille usa a introdução de I Just Can’t Wait To Be King (em português, O Que Eu Quero Mais É Ser Rei) no trecho entre o final do refrão e os versos restantes. A música é trilha do filme Rei Leão – da Disney, assim como Miley no começo da carreira – e mostra a pretensão descabida e a ousadia juvenil de Simba. Hmmm…

4) Na segunda estrofe, o Bastille substitui a palavra GOD (Deus) por DAD (Pai) no verso “only God can judge us” (apenas Deus pode nos julgar). Essa foi uma sacada cruel e perspicaz…

5) Depois do segundo refrão, o Bastille inclui um trecho de Achy Breaky Heart, grande sucesso de Billy Ray Cyrus, o pai de Miley. A música, de autoria de Don Von Tress, virou sucesso mundial em 1992. A banda inglesa, no entanto, muda a letra original. Em vez de “Don’t tell my heart, my achy breaky heart“, canta “Don’t break his heart, his achy breaky heart” (“não parta o coração dele, seu dolorido e quebradiço coração”). Quase não dá para conter a ironia. Sabe-se que Miley e seu pai, grande ícone da música country, tiveram desentendimentos por conta da forma como a cantora leva sua carreira – ou seja, ele não gosta dessa porra-louquice toda. Billy chegou a contracenar com Miley em Hannah Montana, programa da Disney que fez dela um ícone infantil.

6) Pra fechar com chave de ouro, o Bastille muda o sujeito do último refrão, do pronome we (nós) para she (ela). Fica assim: “but she can’t stop and she won’t stop” (“mas ela consegue parar e ela não vai parar”). Aparentemente, Miley está incontrolável…

Está aí uma bela versão: tem mashup com três outras músicas, e a banda alterou o formato e o sentido. MINDBLOWING.

Achou mais alguma referência? Avise a gente nos comentários!

NTR Convida #43 Full Lighters

Nossos convidados de hoje são os quatro integrantes do Full Lighters, uma banda cover de Foo Fighters. Por isso, a playlist de hoje é especial e só tem músicas da banda de Dave Grohl e cia.

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Os amigos Marco Fenili (bateria), Arthur Lange (vocal e guitarra), Augusto Maschi (guitarra) e Leandro Guaglianone (vocal e baixo) já se conheciam há bastante tempo quando decidiram montar o grupo, depois de tocarem apenas por diversão em uma festa.

“Foi em 2012. Era um churrasco em um sítio que teria várias atrações musicais, então deram o nome de Lollapaloosers pra festa. A banda de rock que ia tocar no dia furou, então nós os substituímos, porque já nos conhecíamos e às vezes tocávamos covers de várias bandas juntos. Mas, como era uma paródia do Lollapalooza e naquele ano a principal atração do festival foram os Foo Fighters, resolvemos tocar só músicas deles”, conta Marco.

O show “de brincadeira” animou a galera da festa e, com o sucesso, os quatro decidiram montar a banda oficialmente. Desde então, já tocaram em vários bares de São Paulo e lotaram uma festa da faculdade ESPM em parceria com a Red Bull. O bar onde os meninos mais “batem cartão” é o Mahôe, em Moema (que fica na Avenida Cotovia, 385. E sim, o nome é por causa do Sílvio Santos). Costumam tocar lá em quase todas as noites de sexta-feira. A banda tem dado certo e, a cada show, conquista mais fãs.

“Tocar Foo Fighters é sensacional, porque é uma banda com um grande número de fãs. Desde aqueles que só conhecem os hits até os que são completos adoradores. Quando você chega em algum lugar para tocar, é certeza que vai ter um pessoal ansioso para ver o seu show. Tem o lado bom de grande parte do lugar já curtir sua banda antes mesmo de ouvir; mas também tem a parte ruim, onde qualquer deslize vai ser notado pelos fãs mais fiéis de FF – e aí sua credibilidade vai por água abaixo”, diz Leandro.

Para a playlist do NTR, os caras do Full Lighters escolheram suas músicas preferidas do Foo Fighters dentro de seu repertório de covers. Clique no vídeo no topo do post para ouvir todas na sequência.

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1) Long Road To Ruin

“Escolhi essa pela melodia calma, sem deixar de lado o rock and roll, com ótimos arranjos vocais e empolgante o suficiente pra fazer a galera dançar.” – Marco

 

 


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2) Best Of You

“Pela força da música e o otimismo que ela é capaz de despertar nas pessoas através da letra.” – Leandro

 

 

 

1000979_666815076661976_1273166203_n3) Times Like These
“Confesso que sempre fui fã do Dave Grohl como compositor, desde o Nirvana – as músicas que eu mais gosto e acredito terem as letras mais atemporais são de autoria ou co-autoria dele, como Polly, Scentless Aprendice, Smells Like Teen Spirit e Marigold. Na minha opinião, Times Like These é umas das musicas que mais traduzem o momento que a banda viveu, e que muita gente se identifica. Aquele momento em que você se via na pior e se reergueu aprendendo com os erros, em que você aprende que não é uma vez que você vai cair na vida; que a vida é cair e levantar uma, duas, três, mil vezes. Então sem duvida Times Like These é uma musica que me influenciou em todos os aspectos. Sem falar da melodia, que é um tapa na cara!” – Augusto

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4) The Pretender
“Na minha opinião, a melhor música que tocamos do Foo Fighters é The Pretender, pelo peso que a música possui, além de ter altos e baixos que fazem com que ela tenha uma forte personalidade, definindo assim o estilo de som da banda de forma bem consistente.” – Arthur

 

 

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Mais Full Lighters:

Contato para shows: (11) 9-8030-1693

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Cool Covers: Kátia Pereira, a gatinha carioca

Imagine se a Katy Perry tivesse nascido no Brasil. Ela ia se chamar Kátia Pereira. E se fosse do Rio de Janeiro moraria na Barra da Tijuca, viajaria para o exterior nas férias e seria a musa de Maximiliano Lewis, o Max, menino de 12 anos que ficou famoso e até apareceu no Fantástico depois de gravar covers de sucessos da cantora americana.

Agora Max é o novo Menino do Rio (também apontado como o novo Nissim Ourfali) e Katy Perry é a nova garota de Ipanema – ops, quer dizer, da Barra. O primeiro hit de Max foi “Carioca Girls”, uma paródia de “California Girls”. Aceita:

 “Eu já fui pra Londres. Eu te falo,
rapaz, são brancas demais!”

“Eu já fui pra Disney. Mas praia
não tem, são gordinhas também.”

 

f1ba7557c5e6439e95131a16227063cd (1)Com um sotaque puxadíssimo, Max exalta a beleza das garotas e da natureza cariocas, da praia, do sol, do biquíni – e mostra a superioridade das tchutchucas do Leblon e da Barra da Tijuca frente às londrinas e frequentadoras da Disneylândia. Tudo isso usando como pano de fundo paisagens luxuosas do Rio, uma generosa franja à la Justin Bieber (as mina da 5ª série piram) e roupas de marca. Sensacional!

O vídeo foi publicado em junho. Na entrevista para o Fantástico, o menino contou que o cover era originalmente um projeto para a escola, cuja tarefa consistia em criar versões de músicas, inventando as letras. A ideia de expor o resultado no Youtube teria sido incentivada pelo pai, Quentin (cara, de onde vêm os nomes dessa família? Eles são gringos?!).

Mas o melhor de tudo é que agora Max tem um novo hit, cover de Hot’n’Cold:

O cover de “Hot and Cold” é puxado no auto tune e tem Max de topete em um vídeo mais produzido, com uma modelo contratada (que o pessoal comentarista do Youtube insiste em dizer que é a irmã do cara quebrando um galho).

O menino continua cantando em paisagens bonitas do Rio, mas também passeia com a namoradinha (que parece ser pelo menos uns 5 anos mais velha do que ele) e até aparece no carro com a mãe dirigindo e a menina  no banco de trás.

Dessa vez, ao invés de falar da beleza da garota, o pobre Max canta sobre as dores de um pé na bunda. Mas aprende a lição: “Eu mergulhei lá no mar sem chorar. E eu vi lá no céu que o amor é cruel”.

Nasce uma “web celebridade”. Só não ganha do Lídio Mateus. Ainda.

Cool Covers: Prototype

 
Os australianos do Tame Impala participaram de um programa de rádio em sua terra natal e fizeram ao vivo um cover inusitado de… Outkast! Pra quem não sabe, a dupla americana formada por Andre 3000 e Big Boi fez muito mais do que “Hey Ya!” (de 2003), incluindo a música que ganhou uma versão mais acústica e roqueira com o Kevin Parker e sua turma – e bem psicodélica e viajandona, como é o jeito da banda.

Kevin deixa de lado o vocal “John Lennon” para fazer uma voz tão aguda que, por vezes, acaba desafinada. Mas o cover ficou muito bom mesmo assim – e ainda conta com os belos vocais de Nick Albrook (o baixista, que canta bem, apesar de não soltar a voz no Tame Impala; e tem uma outra banda chamada Pond, onde canta e toca guitarra com mais 2 caras do grupo “maior”). Bem legal:

O programa de rádio que aparece no vídeo se chama “Like A Version” e é veiculado pela estação de rádio australiana Triple J, que parece ser bem grande no país. Acho engraçado o locutor do programa se espantando com a escolha do cover e brincando com os caras da banda, dizendo que é “uma música para fazer bebês” – sim, amigos, é uma fuck music romântica.

A versão original de “Prototype” faz parte do famoso álbum duplo do Outkast, “Speakerboxxx/The Love Below”, que também tem o hit “Hey Ya!”.

“Prototype” está no disco 2, The Love Below, do Andre 3000. E tem esse clipe aí, “mó brisa”, com extraterrestres descobrindo o amor.

 

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Os meninos do One Direction são mais punks que você

Ou não.

Tudo começou quando tomei um susto ao assistir TV. Zapeando aleatoriamente, caí na MTV e ouvi uma música muito familiar, mas vi um clipe irreconhecível com uma boy band. WTF?

Acontece que o grupo inglês One Direction, mais comercial impossível, gravou um cover mesclando as excelentes canções “One Way Or Another”, do Blondie; e “Teenage Kicks”, do Undertones. E acontece que essas duas músicas são clássicos do rock do fim dos anos 70 e moldaram toda a estética do punk rock que surgiria na época. Coincidentemente, as duas canções originais foram lançadas em 1978.

E, acredite ou não, a versão do One Direction não ficou (tão) ruim.

Roqueiros, tremei:

O mais incrível e surpreendente dessa história toda é que os meninos do One Direction não fizeram o cover à toa. Muito pelo contrário. Como eles mesmos explicam no começo do clipe, a canção foi gravada como um single especial para arrecadar doações para a Comic Relief, instituição britânica muito popular que combate a pobreza beneficiando comunidades carentes na África e no Reino Unido (pois é, existem pessoas passando necessidade na Inglaterra também).

A Comic Relief nasceu em 1985 para combater a fome na África e foi fundada por comediantes (daí o nome) que procuravam uma maneira divertida e positiva de arrecadar doações e mobilizar a sociedade – sem apelar para dramas ou pena.

Todo o dinheiro arrecadado com a venda do single do One Direction será revertido para a Comic Relief, assim como o dinheiro poupado pela banda por não produzirem um clipe profissional para esta canção. Ao invés disso, eles fizeram um vídeo “caseiro” durante sua última turnê, com imagens deles na estrada, no palco, viajando por lugares como Londres, Nova Iorque, alguma cidade do Japão, hotéis e aeroportos.

one-direction-red-nose-dayEles também aparecem em uma comunidade africana e usam narizes de palhaço – uma marca da Comic Relief, que inclusive promove o “Red Nose Day”, ou “Dia do Nariz Vermelho”, espécie de Teleton ou Criança Esperança realizado a cada dois anos na TV britânica, sempre em março. A boy band participou intensamente da última edição do evento,  não apenas com o cover e o vídeo, como também com várias outras ações de marketing para aumentar o número de doações e o alcance da campanha.

Eu não suporto a música do One Direction, mas meu respeito por eles aumentou uns 800% depois disso. E não importa se você for muito cético e não acreditar que a boa ação foi ideia deles, ou se achar que foi uma estratégia apelativa só para aparecer e fazer média. Porque, veja bem, a base de fãs deles é tão gigantesca que uma campanha como essa pode levar conscientização a centenas de milhares de pessoas em todo o mundo, divulgar o trabalho da Comic Relief e beneficiar um monte de gente que realmente precisa de ajuda – sem contar a possibilidade de fazer menininhas de 12 anos aprenderem o que é Blondie, quem é a Debbie Harry, o que é rock’n’roll e punk rock (enfim, coisas muito importantes).

E pelo menos agora eles podem ficar conhecidos por regravarem boas canções e realizarem uma bela ação de responsabilidade social – e não apenas como “aquela boy band do X Factor” ou “aquele grupo do menino que namorou a Taylor Swift”.