Cool Covers: I believe in a thing called love

Este não é mais um cover no qual o intérprete pega uma música consagrada e apenas traduz para qualquer outro estilo alternativo.

Então vamos por partes.

The Branches é um quarteto americano baseado na Califórnia – os membros sequer moram na mesma cidade, espalhados entre Los Angeles e São Francisco – que conseguiu alguma relevância com seus mais de 1 milhão de visualizações distribuídos em alguns covers muito interessantes. Este é, de longe, o melhor deles. Ok?

I believe in a thing called love é o maior e primeiro hit da banda britânica The Darkness, o único a ganhar destaque global, embora o grupo seja muito conhecido em toda a Europa e Estados Unidos. O The Darkness faz uma mistura de hard e glam-rock de boa qualidade, com vocais agudos e muitos solos. Deu pra ter uma ideia?

Pois bem. Aí aparece o The Branches, com seu indie-folk-fock muito característico, vocais leves e camadas e mais camadas de instrumento. O trunfo é ir além de simplesmente colocar banjo na música, mas construir a canção com uma levada nova a princípio e encorpá-la ao longo do caminho até o final. Misturou tudo. Ficou muito bom.

Cool Covers: Gorilla (Bruno Mars)

Gorilla é uma música sobre sexo – muito sexo. Extremamente sensual, é a promessa de uma noite insana cantada por Bruno Mars no álbum Unorthodox Jukebox (2012), o terceiro do músico havaiano. Ela virou single e ganhou muitos covers pelo youtube. Joselyn Rivera, só com voz e violão, consegue fazer talvez o mais interessante deles, mantendo o peso dessa música tão sensual.

Nem todo mundo sabe disso, no entanto. O vídeo tem pouco mais de 33 mil visualizações, enquanto que o canal da cantora americana tem apenas 5 mil inscritos. Joselyn é um prodígio que ainda não embalou. Aos 14 anos, assinou contrato para trabalhar com Emilio Stefan, produtor com 19 Grammys no currículo e marido da cantora cubana Gloria Stefan. Não rendeu.

Aos 17, integrou o time de Adam Levigne, do Maroon 5, no reality show The Voice, mas caiu na primeira semana de apresentações ao vivo. Como era menor de idade, precisou ser acompanhada pela mãe, que largou tudo em Pembroke Pines, na Califórnia, para acompanhá-la em Los Angeles. Terminaram cheias de dívidas e precisaram vender a casa em que moravam.

Dá pra acreditar?

E agora ela tem esse incrível cover, acompanhada pelo DJ e produtor Steven Spence. É uma versão nada ortodoxa, com alguns elementos que a tornam interessantíssima.

1) O timbre bizarro do violão de Spence e, principalmente, a forma despojada como toca a música, às vezes marcando as notas com uma corda só, às vezes usando power chords, e com muitos harmônicos.

2) Reverb, muito reverb. No som do violão, na voz de Jocelyn e, principalmente, nos backing vocals de Spence.

3) A interpretação de Jocelyn, apesar dos trejeitos típicos do The Voice, com dedinhos levantados. Ela faz poucas firulas – menos até do que o próprio Bruno Mars -, mas usa a potente voz pra ressaltar os pontos fortes da música. Repare na expressão e no sorrisinho que ela deixa escapar ao cantar I got your body trembling like it should (2min30 no vídeo).

4) O ambiente “insalubre” onde o vídeo foi gravado. Parece ser um estúdio, mas há um sofá atrás da dupla, Jocelyn canta sentada numa cadeira de computador e Spence, sabe se lá no que, está escuro pra caramba. Pela roupa dele, parece estar calor. Pela dela, não. Quem sabe? É como se eles simplesmente tivesse apertado o play e mandado ver para a câmera.

5) A imitação de Gorilla feita por Spence no final do vídeo. Até ele perceber que o som era mais parecido com o de macacos.

Aqui, a versão original.

Cool Covers: clássicos da Disney

Mais legal do que o gingado que o Exaltasamba coloca nesse clássico da Disney é o fato de o cover feito pelo grupo de pagode ter Thiaguinho, com sua ousadia e alegria, no papel de Simba, justo em uma música em que ele inocentemente sonha com poder – se vocês viram o filme, sabem que pouco depois ele estaria “rindo do perigo”. Zazu, o conselheiro real, é encarnado por Péricles. Então é claro que a versão do Exaltasamba para “O que eu quero mais é ser Rei” é divertidíssima. Mas não é de graça, claro.

A música faz parte de uma coletânea lançada pela Disney em 2010 chamada “Disney Adventures in Samba”, que reúne os maiores nomes do samba brasileiro para recriar as músicas temas dos maiores filmes da empresa. E essa não é a única ação feita nesse sentido: há também Disney Adventures in Bluegrass, Jazz, Country, Reaggae e Bossa Nova – essa, com mais vários outros brasileiros. São muitos Cool Covers, alguns deles muito interessantes. O Não Toco Raul separa para vocês os melhores.

Cool Covers: We Can’t Stop

Palmas para o Bastille, banda inglesa que, em apresentação à BBC Radio, conseguiu transformar a música We Can’t Stop, da Miley Cirus, em um legítimo MINDFUCK.

Por partes, o Não Toco Raul explica:

1) We Can’t Stop é o primeiro single do álbum Bangerz (2013). Fez grande sucesso e chegou ao 2˚ lugar das paradas americanas. A música defende o estilo porra-louca da cantora, que chocou o mundo ao ligar o foda-se em suas atitudes e canções – principalmente porque ela era, antes, a queridinha da América, estrela da Disney e ídolo adolescente.
2) A versão do Bastille é cheia de referências, e todas elas fazem sentido. Eles não dão ponto sem nó. A primeira, bem explícita, é a introdução com o riff the Lose Yourself, do rapper Eminem. Lose Yourself pode ser traduzido como “entregue-se” ou “perca a si mesmo”. Interessante…

3) O Bastille usa a introdução de I Just Can’t Wait To Be King (em português, O Que Eu Quero Mais É Ser Rei) no trecho entre o final do refrão e os versos restantes. A música é trilha do filme Rei Leão – da Disney, assim como Miley no começo da carreira – e mostra a pretensão descabida e a ousadia juvenil de Simba. Hmmm…

4) Na segunda estrofe, o Bastille substitui a palavra GOD (Deus) por DAD (Pai) no verso “only God can judge us” (apenas Deus pode nos julgar). Essa foi uma sacada cruel e perspicaz…

5) Depois do segundo refrão, o Bastille inclui um trecho de Achy Breaky Heart, grande sucesso de Billy Ray Cyrus, o pai de Miley. A música, de autoria de Don Von Tress, virou sucesso mundial em 1992. A banda inglesa, no entanto, muda a letra original. Em vez de “Don’t tell my heart, my achy breaky heart“, canta “Don’t break his heart, his achy breaky heart” (“não parta o coração dele, seu dolorido e quebradiço coração”). Quase não dá para conter a ironia. Sabe-se que Miley e seu pai, grande ícone da música country, tiveram desentendimentos por conta da forma como a cantora leva sua carreira – ou seja, ele não gosta dessa porra-louquice toda. Billy chegou a contracenar com Miley em Hannah Montana, programa da Disney que fez dela um ícone infantil.

6) Pra fechar com chave de ouro, o Bastille muda o sujeito do último refrão, do pronome we (nós) para she (ela). Fica assim: “but she can’t stop and she won’t stop” (“mas ela consegue parar e ela não vai parar”). Aparentemente, Miley está incontrolável…

Está aí uma bela versão: tem mashup com três outras músicas, e a banda alterou o formato e o sentido. MINDBLOWING.

Achou mais alguma referência? Avise a gente nos comentários!

Cool Covers: Especial Marilyn Manson

Uma coisa que eu mais gosto do som do Marilyn Manson é como ele consegue criar uma atmosfera própria, um clima sombrio, dark e – por que não? – sexy típico dele e o qual você  reconhece já de cara. Ele sabe de seu poder e, por isso mesmo, a sua lista de covers é longa: o cantor já regravou cerca de 40 canções, entre versões acústica, ao vivo e estúdio, de artistas como David Bowie, Prince, Ramones… Ele inclusive conseguiu fazer versões tornarem-se mais famosas que as composições originais. Selecionei as versões mais legais que ele já fez pra vocês curtirem também:

6. You’re So Vain

A identidade do cara vaidoso-egocêntrico que aborreceu Carly Simon e até ganhou a canção/crítica You’re So Vain, de 1972, ainda permanece um mistério. Mas mesmo assim Marilyn Manson achou legal e decidiu chamar Johnny Depp pra assumir a guitarra e regravar a música para o seu disco Born Villain, de 2012.

5. I Put A Spell On You

A canção foi escrita em 1956 pelo músico Jay Hawkins, mas só foi alcançar sucesso na voz da diva Nina Simone em 1965. A música foi regravada por MM em 1995 para o álbum Smells Like Children.

4. Five To One

Five to one é uma canção dos Doors do álbum Waiting for the sun, de 1968. A música foi regravada por MM para o álbum Disposable Teens, de 2000. O cantor chegou inclusive a interpreta-la junto com o integrante oficial do Doors, Ray Manzarek, no Sunset Strip Music Festival de 2012.

3. Personal Jesus

A canção da banda Depeche Mode é o primeiro single do álbum Violator, de 1989, e alcançou o 23º lugar das paradas britânicas. De acordo com o autor da letra, Martin Core, a música foi inspirada no livro Elvis and Me, de Priscilla Presley, e é sobre ser um “Jesus” para alguém, ser alguém que dá esperanças e se preocupa com você. Segundo Core, era sobre como Elvis se mostrava como homem e mentor para Priscilla, um Deus, como frequentemente acontece nos relacionamentos, e como isso não é uma visão muito equilibrada de alguém. A versão cover feita por MM foi gravada especialmente para promover o álbum Lest We Forget: The Best Of, a sua primeira coletânea, em 2004.

2. Sweet Dreams (are made of this)

Sweet Dreams (Are Made of This) é uma música do grupo britânico Eurythmics, lançada como single em 1982. A música foi interpretada por Marilyn Manson em 1995, no álbum Smells Like Children. O álbum foi produzido por Trent Reznor e Marilyn Manson e representa uma era cheia de drogas, abusos, turnês e experimentações sonoras para a banda. Esse cover foi o primeiro hit da banda e os colocou nas paradas de sucesso.

1. Tainted Love

Nesse cover, MM mostra como é capaz de desconstruir uma música pop levinha e consegue deixá-la com uma carga bem mais pesada e sensual. Tainted Love é uma canção composta por Ed Cobb que foi originalmente gravada por Gloria Jones, em 1965, mas só alcançou fama mundial depois de ser registrada pelo Soft Cell em 1981, atingindo o número um no UK Singles Chart. Foi lançada por Marilyn Manson como um single da trilha sonora do filme Not Another Teen Movie, em 2001. Mais tarde, foi incluída como faixa bônus do álbum seguinte da banda, The Golden Age of Grotesque.