NTR Convida #55 – Tess Parks
Nossa convidada de hoje é a cantora, guitarrista e compositora canadense Tess Parks. Ela tem apenas 24 anos, mas já gravou um álbum e dois EPs, participou de uma coletânea brasileira em homenagem ao Oasis, fez shows em vários países e parcerias com Alan Mcgee – músico inglês que descobriu o Oasis e empresariou bandas como Primal Scream, My Bloody Valentine, Teenage Fanclub e Libertines – e Anton Newcombe, líder do Brian Jonestown Massacre, com quem gravou em Berlim no final de 2014. Na semana que vem, ela vai abrir um show da lendária banda The Jesus And Mary Chain em Birmingham, na Inglaterra. Nada mal, hein?
Tess nasceu em Toronto, começou a tocar piano com apenas 6 anos e, aos 17, foi morar em Londres com o intuito de desenvolver sua carreira na música e na fotografia. Ela tem um estilo bastante particular, que é quase um “dark folk”. São canções mais arrastadas, cheias de sentimento, falsamente calmas. Muita gente compara Tess a Patti Smith. Ela mesma cita como influências Oasis (sua banda preferida), a própria Brian Jonestown Massacre, Spacemen 3, Jesus & Mary Chain, Bob Dylan, Nirvana, Beatles, Rolling Stones. Tess tem uma pegada forte de blues e uma voz muito rouca e grave. As músicas são hipnotizantes e viajandonas. Foi no centro da capital inglesa que eu a conheci, no ano passado. Ela tocou sozinha acompanhada apenas por sua guitarra e, depois do show, montou uma banquinha para vender CDs e fotos em preto e branco de sua autoria. Se no palco Tess tem uma postura mais sombria e introspectiva, fora dele ela é a simpatia em pessoa, falante, alegre e animada.
Vale a pena conhecer seu disco de estreia, que se chama “Blood Hot” e foi lançado em novembro de 2013. Desse disco, Tess lançou um videoclipe bem bacana, para a canção “Somedays”:
Também vale conferir a coletânea brasileira “Live Forever”, feita em 2014 para homenagear os 20 anos do disco de estreia do Oasis – “Definitely Maybe”. Além de Tess, participam 16 artistas, incluindo Chuck Hipolitho, Cachorro Grande, Single Parents e Veronica Kills.
Tess escolheu uma playlist que é a cara dela e também deu uma entrevista especial para o NTR:
PLAYLIST
Clique no vídeo no topo do post para assistir na sequência as músicas de 1 a 4. Clique em cima da música 5 para ouvi-la.
1) Skullgroover – Black Market Karma
Uma das minhas bandas preferidas! Nós fizemos uma turnê juntos no ano passado e a parceria meio que foi continuando…provavelmente vai ser uma turnê infinita. Essa música deles é basicamente uma das minhas canções preferidas de todos os tempos.
2) The Holy Mountain – The Auras
Uma das minhas bandas preferidas de Toronto, de um ótimo selo local chamado Optical Sounds.
3) Sky Sounds – Magic Castles
Acho que estes caras são meus novos colegas de selo! Eu amo essa música, é muito bonita. Soa nostálgica.
Tess faz parte do selo 359, de Alan McGee.
4) Lucid Dreams – The Underground Youth
Banda incrível de Manchester. Eu já amava os caras desde que morava em Toronto e acabei ficando amiga dos integrantes Craig e Olya Dyer. Eles são tão talentosos e fazem uma música tão incrível. Tive a honra de tocar com eles em agosto de 2014.
5) Octo City – Velvet Morning
Me apaixonei por essa banda quando vi eles tocarem ao vivo. Nunca tinha ouvido falar deles antes. Eles são incríveis! Eles fazem música trance hipnótica como ninguém. Estou obcecada com isso.
ENTREVISTA
1) Você é de Toronto, mas morou em Londres por um bom tempo. Você acha que a cidade inspira sua música?
Há pouco tempo me mudei de volta de Toronto para a Inglaterra. Hoje, moro em Dartford (cidade vizinha de Londres) com meu lindo namorado. Todo lugar que eu vou me inspira e “desinspira”, na verdade. Eu gosto de me movimentar e de viajar o máximo possível para me manter sempre inspirada.
2) Você tem um álbum e dois EPs gravados. Fale um pouco mais sobre estes trabalhos.
As primeiras gravações que eu fiz foram no meu quarto, usando o Garage Band (programa de computador), sem microfone – direto no computador, mesmo. Existem umas 300 ou 400 gravações dessas, mas decidi lançar apenas algumas delas no Bandcamp no começo de 2013 porque nunca tinha compartilhado propriamente nenhuma delas. Pelo menos não desde os tempos do Myspace, de qualquer forma. Aí eu gravei com alguns amigos em um loft onde costumávamos ensaiar e fazer jams – e acabou ficando uma coleção de gravações bem bonita, sonhadora. Eu gosto muito da sensação dessas gravações. Aí eu fui convidada para fazer um disco que seria lançado no novo selo do Alan McGee, o “359 music”, então gravei meu disco “Blood Hot” com meus melhores amigos, no porão do Thomas. Foi um processo muito tranquilo, com muitas risadas. Sou muito grata por ter tanta gente maravilhosa na minha vida que topa tocar comigo.
3) Eu vi um show seu em Londres em que você tocava sozinha, apenas com uma guitarra. Você sempre se apresenta assim?
Normalmente eu toco acompanhada por uma banda. Mas no meio do ano passado comecei uma turnê tocando sozinha. Definitivamente, é uma vibe diferente. Eu prefiro tocar com uma banda.
4) Sua voz cantando é muito diferente da sua voz quando você conversa. Isso me impressionou quando te conheci. As pessoas costumam reparar nisso?
(Risos) Ah, sim, todo mundo repara. Acho que minha voz cantando vem de um lugar de dor. Vem bem do fundo do meu coração, visceral…eu não sei. Eu gosto de cantar. Mas não sei de onde vem essa voz. .
5) Você participou de uma coletânea brasileira em tributo ao Oasis. O que isso significou pra você?
O OASIS É A MELHOR BANDA DO MUNDO. MINHA MAIOR INFLUÊNCIA DE TODOS OS TEMPOS. Foi uma grande honra fazer parte dessa coletânea e todas as bandas fizeram um trabalho incrível com os covers.
6) Você gostaria de tocar no Brasil?
LÓGICO QUE SIM! Eu quero tocar em todos os lugares.
7) Você acha que a indústria musical é machista?
Acredito absolutamente que existe sim machismo nela. E a música mainstream intimida e sexualiza as mulheres, é claro. Mas pessoalmente eu não tive uma experiência com isso.
8) Como foi graver o clipe de “Somedays”? Achei muito bem produzido!
Obrigada! Este video foi feito pelos meus amigos Mark Cira e Brittany Lucas em North Ontario, na linda e antiga casa de campo dos avós do Mark. O video teve muitos feedbacks positivos e sou muito grata a eles por terem me ajudado a fazer um grande clipe.
9) No que você está trabalhando no momento? Ouvi dizer que você gravou com o Brian Jonestown Massacre (BJM)?
Tenho feito muitos shows pela Europa. Tenho um disco que vai ser lançado em abril, que gravei com o Anton da BJM, sim. Estou super empolgada, não vejo a hora! Acho que é uma obra prima.
10) Você vai abrir o show do Jesus and Mary Chain! O que acha de tocar com eles?
Vai ser uma honra! Estou super animada! Eu amo essa banda há muito tempo.
11) Você fotografa. É um hobby? Ou você também trabalha como fotógrafa?
Já fiz fotografia profissional e já tive minhas obras expostas. Definitivamente começou como um hobby, mas tento aproveitar toda oportunidade que tenho de publicar ou mostrar esse trabalho, ou de fotografar uma banda ou qualquer outra coisa.
12) Você sempre foi uma artista solo?
Sempre toquei sozinha e escrevi minhas músicas, mas era tímida demais para fazer show. Montei uma banda com minha melhor amiga, Annie, no Ensino Médio. Não durou muito, mas a gente fez umas músicas legais e ela me encorajou a me apresentar. Sempre serei grata a ela por isso. Aí eu toquei e me apresentei sozinha quando morei em Londres, durante quatro anos. Quando voltei pra Toronto, montei uma banda. Eu tinha 21 anos. Sempre quis montar uma banda enquanto morava em Londres, mas na época não tinha conhecido as pessoas certas. Quando eu voltei pra Toronto, juntei alguns dos meus melhores amigos para tocar comigo. Gosto de tocar e colaborar com o maior número de pessoas possível.
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