Seria o Restart uma farsa?
O jornal carioca Extra divulgou nesta terça-feira a notícia “Restart tem ajuda de músicos escondidos nos shows da banda”. Em um parágrafo com 91 palavras e três fotos, a publicação coloca mais bala na agulha de quem abertamente odeia a banda por sua postura, seu suposto rock, a infantilidade das letras, as roupas coloridas e a ligação com o estilo emo. Mas qual é o problema em contar com músicos de apoio? Quem falou que isso é proibido?
Há alguns aspectos que temos que levar em conta para chegar a alguma conclusão entre Restart é uma farsa ou Restart não fez nada de mais; vejamos.
Hipótese 1: Músicos de apoio
A reportagem mostra duas fotos diferentes da mesma pessoa colocada atrás do palco supostamente tocando baixo, mas informa que há outro guitarrista também escondido. Eles são músicos de apoio? Se sim, qual é o problema? Inúmeras bandas usam músicos de apoio, desde bandas de pagode que hoje parecem mais orquestras ao Charlie Brown Jr., que chamou Tadeu Patola para tocar no Acústico MTV porque só com Marcão na guitarra a coisa não sairia tão bem.
O Nirvana fez o mesmo quando Kurt Cobain já não se garantia, e então chamou Pat Smear. O Green Day toca com pelo menos outro guitarrista no palco, bem ao fundo; ele nunca é focado, quase não aparece, não entra nos créditos nem nas filmagens de DVD. O Slipknot toca com um baixista escondido atrás do palco desde a morte de Daniel Baldi, e o Fresno usa as linhas gravadas desde que Tavares deixou a banda. O Padre Marcelo sequer canta as músicas, só chamas os versos e de vez em quando ajuda os backing vocals no refrão. Todo mundo faz isso.
Hipótese 2: Playback
Ah, aí a coisa muda. Pela imagem divulgada pelo jornal, o instrumento tocado pelo suposto músico escondido é claramente um baixo, o que me leva a pensar: por que qualquer banda – ainda mais o Restart – colocaria duas linhas de baixo em suas músicas – ainda mais as do restart – a ponto de precisar que as duas sejam tocadas ao vivo? Trata-se de um altíssimo indício de uma puta falta de sacanagem. Fazer playback em shows é uma das coisas mais abomináveis que pode existir.
Me vem à cabeça agora três casos em que o playback foi escancarado e ridículo: Aaron Carter e Britney Spears no Rock in Rio III, em 2001, e Bloc Party no VMB 2008, na MTV. Será que o sr. Pelanza não está dando conta de tocar e cantar as suas próprias músicas, por mais simples que sejam? Se for isso, está na hora de ser mais sincero, ou então assistir John Mayer e Dave Mathews dedilhando e tocando simultaneamente, uma verdadeira aula.
Hipótese 3: Roadies
Como eu disse, a reportagem é bem simplória ao denunciar os músicos escondidos atrás do palco do Restart. O local do show, por exemplo, é descrito de forma bastante vaga como “uma cidade do norte do Rio de Janeiro”. Quem fez a matéria não entrevistou os supostos guitarrista e baixista, nem mesmo entrou em contato com a banda para pegar uma explicação ou declaração. Ninguém falou com outros membros da equipe do Restart, nem com empresário, familiares, amigos. Só o que se sabe pode ser concluído por duas fotos da mesma pessoa.
Roadies são pessoas que ficam atrás do palco segurando instrumentos enquanto usam fones de ouvido para ajustar a afinação. E entre uma música e outra podem matar o tempo praticando, ou então tocar os instrumentos para esticar de vez as cordas – corda nova é fogo, desafina rápido se não for “amaciada”. Não seria uma hipótese palpável? Nem playback nem músicos de apoio, apenas roadies e seu desejo de fazer parte do show. Por que não?
Enfim, eu acho que até essa história se esclarecer vou dar uma segurada. Nada garante que sejam uma farsa. E o benefício da dúvida? Tenho certeza que eles não precisam de mais gente atirando pedras.
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