NTR Convida #53 – Troublemaker

Os convidados desta sexta-feira são os paulistanos da Troublemaker, banda de rock grunge e sujo formada por Gui Maia (vocal e guitarra), Lucas Andrade (bacteria), Vitor Cunha (baixo e vocal) e Fabio Frank (guitarra e vocal). Eles acabaram de lançar seu primeiro EP, chamado “Sheep”, que traz cinco canções inéditas (Pulse, Drive Me Crazy, Suspicious, Guess Who e Stone Cold). O EP foi produzido pelo Gui Maia, da própria banda, que também é dono do Dinamite Studios, localizado na zona sul de São Paulo.

10466884_4409076281771_1213300717_n“Foi meio tenso. Na verdade acho até que foi legal, mas como eu estava emocionalmente envolvido no processo não sabia se estava julgando certo. No meio do caminho até cheguei a pensar em pegar o que já tinha gravado e ir no Costella (estúdio de Chuck Hipolitho) terminar o EP por lá, para ter uma pessoa de fora da banda atuando na produção. Mas no fim acabei desistindo, pois só faltavam as guitarras e vocais. Eu também produzi no Dinamite o álbum de estréia do Sleeping Sapiens e um EP do Veronica Kills (que se chama justamente Dinamite Days). Não gosto muito de produzir bandas que eu não curta o som, tenho que curtir pra caralho o trampo pra dar aquele tesão na hora que você ouve pronto, sabe? A gente grava bastante coisa no Dinamite que eu não assino como produtor, porque temos que pagar as contas! Mas quando eu curto, eu gravo de graça ou ‘quase de graça’ e assino!”, conta Gui. Além do Estúdio Dinamite, ele também é dono do selo Dinamite Records, criado para lançar suas bandas junto com o Adriano, do grupo Little Drop Joe.

10421170_250206301854525_3771280076238877379_nOs grupos Sleeping Sapiens e Veronica Kills são parceiros do Dinamite e alguns de seus integrantes, que também são designers, acabaram desenhando artes gráficas para a Troublemaker. Johann Vernizzi (vocalista e guitarrarista das duas primeiras bandas citadas) criou a capa do EP do Troublemaker, enquanto o baterista Giuliano Di Martino (da Veronica Kills) desenhou a camiseta da banda do Gui. Os caras também são amigos de longa data. “Conheço o Johann há séculos. Desde os 17 anos temos bandas horríveis que tocam juntas (risos)! Sempre curti o trampo dele como designer, quando ele tinha uma banda chamada Bulletproof ele fazia uns quadrinhos do grupo e eu achava os desenhos demais! Sabia que se alguém fosse fazer a capa do nosso EP, tinha que ser ele!”, conta Guilherme.

As influências da Troublemaker são muito diversas. Cada integrante gosta de um tipo de som, então a playlist que eles escolheram para o NTR ficou bem interessante – apesar de todas as musicas escolhidas puxarem para o lado do rock e da distorção pesada que eles tanto gostam. Guilherme explica: “Cada um ouve uma coisa completamente diferente do outro! O Lucas curte uma setentera, MC5! O Fabio curte Rainbow pra caralho e ouve umas paradas mais heavy metal. O Vitor é fã de Muse e QOTSA e eu sou da sujeira, ouço bastante Mudhoney, Stooges, Nirvana e derivados! O engraçado é que a unica coisa em comum que todo mundo pira é groove, que não tem nada a ver com o som que a gente faz; e o Black Sabbath, que é unânime!

Confira a seleção da banda abaixo (para ouvir as canções na sequência, aperte play no video do topo do post):

1) Queens Of The Stone Age – Go With The Flow (Vitor)
“Sujo, chute na cara e dois pés no peito. Boa música para fazer problemas enquanto se ouve. se”)! E não tenha vergonha nem medo das gravações garageiras! Grava suas paradas e só, vai.”

2) Grand Funk Railroad – Inside Looking Out (Lucas)
A minha escolha pro rock não poderia ser outra. O Grand Funk é Blues, Soul e Funk! É foda, uma marretada de maravilha na sua cuca, fora que as ideias deles eram só estuprar o amplificador de alguma forma genial, coisa que se assemelha muito com as ideias imbecis “troublemakeanas”! E o motivo de eu escolher essa música? Primeiro, é uma perfeita tradução de feeling musical em minha concepção – obviamente que também eram músicos dotados de técnica musical, mas é que era muito feeling, cara – e como não sou tão dotado de técnica tenho que me apegar ao feeling e nisso os caras dão aula. Nessa música ao mesmo tempo eles espancam e massageiam; é uma maravilha musical, mas poderia citar toda a discografia do Grand Funk e mesmo assim achar impecável! Um fato engraçado é que toda vez que posto uma foto da banda no Facebook, o site marca o Gui automaticamente na cara do vocalist (risos).”

3) Black Sabbath – Symptom Of The Universe (Fabio)
“Porque tem um dos riffs mais malvados do mundo e o Iommi é rei. Porque os berros do Ozzy não tem nem o que justificar. E também porque a bateria desse som é cabulosa e o final dele é lindo e inusitado.

4) Mudhoney – Touch Me I’m Sick (Gui)
“Eu não poderia escolher outra música, pois essa é a faixa de abertura do disco que mudou a minha vida! Não é a abertura do Superfuzz Bigmuff original, mas o que chegou na minha mão foi uma versão da Trama Virtual que era o Superfuzz Bigmuff plus early singles. Quando eu tinha uns 15 anos eu curtia um metalzão: Metallica, Megadeth, essas paradas! E curto até hoje…mas um dia entrei numa loja de disco e vi a seção só com CDs em promoção. Paguei R$ 7,90 nesse CD do Mudhoney sem nem saber do que se tratava, comprei pela capa mesmo! E, cara, quando eu botei pra tocar minha vida mudou pra sempre, fiquei doente e não tinha mais cura. Depois veio o Nirvana, o Soundgarden, o Queens Of The Stone Age e todo o resto. Mas, se não fosse pelo Mudhoney, talvez eu nem ouvisse essas coisas! Fui em todos os shows dos caras que rolaram aqui no Brasil e parece que toda vez que o Mudhoney volta pra minha vida, acontece alguma coisa. Tipo um “breaking point”. Os caras são fodas demais! Nessa última passagem deles pelo Brasil eu tive a oportunidade de conversar com eles e fiquei sabendo que todos têm empregos normais e ralam do mesmo jeito que as bandas daqui ralam pra poder tocar! Achei isso simplesmente do caralho! O dia do show não foi um dos melhores dias da minha vida, mas teria sido pior se não tivesse o Mudhoney pra salvar!”

A história de como a banda foi formada é bem engraçada. Guilherme conhecia o Fabio há anos, e eles tiveram juntos uma banda chamada “Baby Dinamite” – que deu origem ao nome do estúdio e do selo dos caras, hoje sócios.  Um dia, Gui deu uma festa no estúdio para comemorar seu aniversário e aí Vitor e Lucas apareceram de penetras, sem terem sido convidados. Mas no final todos ficaram amigos e acabaram fazendo jams juntos, começaram a compor músicas e aí oficializaram a banda.

Gui conta que o interesse do grupo sempre foi fazer música autoral e que o processo de composição funciona com improvisação e jams no estúdio, de forma instintiva: “No ensaio alguém puxa um riff, aí todo mundo vai tocando em cima, vamos acertando as partes e o negócio vai tomando forma. É bem esponâaneo e acho que se não tivesse todo mundo lá não rolaria. Tem vários riffs desse novo EP que eu tentei tocar com outra galera e não saiu nada”.

10418201_250206028521219_5083449419740794197_nMais troublemaker:

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Soundcloud (ouça o EP “Sheep” na íntegra)

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Dinamite Records