Batalha de shows: Maroon 5 vs. Dream Theater

Começando os trabalhos na seção “Batalha de Shows” (calma, ninguém vai brigar aqui) do NTR, dois tipos de música, aparelhagem, público e banda muito – mas muito – diferentes: Dream Theater e Maroon 5.

Ambas se apresentaram no último domingo, 26, em São Paulo, e é sobre estes shows que iremos falar, fazendo leves comparações sobre alguns fatores. Fique ligado, tá tudo ali embaixo.

Maroon 5 + Keane

por Aline Akemi

Adam Levine

Acredito que não sejam necessárias introduções à banda, certo? Depois de um pequeno jejum, após uma passagem às pressas no Rock in Rio em 2011, o Maroon 5 voltou ao Brasil em grande estilo, com barba por fazer e um conjunto de calça jeans e camiseta preta vestindo um corpo que moves – a lot – like Jagger.

Eu bobeei, confesso. Deveria ter feito minha compra na Budzone, a pista premium, mas o lote já havia acabado. Apesar de o Anhembi não ser muito grande, a vista que tive em show passado lá no gargarejo foi demais e fiquei com aquela inveja branca de quem pode ver as performances de perto, como pude da outra vez. Bom, choramingos à parte, consegui um local bacaninha próximo à divisão com a Budzone e vou contar o que rolou por lá.

Primeiro, o show começou pontualmente. A primeira apresentação foi do Javier Colon, vencedor da primeira edição do reality The Voice. Como era treinado por Adam Levine, abocanhou essa chance de abrir a turnê. Depois de uma pequena aquecida, Keane.

Pontuais, como bons britânicos, a banda conquistou meu coração de vez. Ouvinte esporádica da banda, confesso que fiz uma setlist com a ajuda do meu namorado e aprendi mais algumas para não fazer feio. E, gente, ao vivo é mil vezes melhor! Foi um privilégio poder ver o Tom Chaplin emocionar e encantar a galera com You Are Young (que abriu o show), Everybody’s Changing e Somewhere Only We Know. Além de fazer o pessoal pular em Spiralling – sim, eles nos fizeram pular e cantar “uuh, uuh”! Ingresso que vale a pena, recomendadíssimo!

Bom, depois de um showzaço, só mesmo a atração principal pra fechar com chave de ouro e nos fazer esquecer da falta de água e dores nos joelhos. Com um repertório quase perfeito (é, faltou “Never Gonna Leave This Bed”, para tristeza geral), Adam apareceu ah, como Adam, né? Impecável. A primeira música já foi um chute na porta: Payphone. A galera pulou do começo ao fim, freneticamente, e cantou tudo. Depois, seguiram-se alguns outros hits que empolgaram, até chegar Misery, quando Adam apresentou a banda. Mas foi nos acordes de This Love que todo mundo fez um coro lindo. Depois disso, um Adam Levine, um banco e um violão fizeram de She Will Be Loved uma das performances mais emocionantes da noite – a mais forte foi Daylight, música preferida do vocalista neste novo CD, como ele disse.

No Encore, muito bacana o cover de Seven Nation Army (The White Stripes) interpretado pelo estranho-mas-que-eu-adoro-e-sigo-no-Facebook guitarrista James Valentine. A voz dele é bem legal e deu pra ouvir bem, já que o Adam estava na bateria e a histeria havia diminuído um pouco. Outras músicas que me fizeram cantar muito foram Stereo Hearts (aqui, um beijo para o Samuel Larsen, de Glee, que me fez decorar até a parte do rap) e o cover de Don’t You Want Me (The Human League), que só eu e mais meia dúzia cantamos, mas ok, né? Foi super anos 80.

O fim, claro, ficou com a super bombante Moves Like Jagger, que deixou sorriso no rosto de todo mundo.

Dream Theater

por Tadeu Morari

Ao contrário dos meninos da banda acima, creio que o Dream Theater precise de algumas introduções por aqui, infelizmente. Uma das bandas de rock progressivo mais bem sucedidas da história, em 2008, o Dream Theater – que tem em sua formação alguns dos melhores músicos do mundo em seus respectivos ofícios – já havia vendido mais de 10 milhões de álbuns em cerca de 20 anos de carreira (grande feito para o gênero).

O Dream Theater foi formado em 1985, pelos amigos John Petrucci (guitarra), John Myung (baixo) e Mike Portnoy (bateria), que viria a deixar a banda em setembro de 2010. A saída de Portnoy, após 25 anos no comando das baquetas – e de muito da personalidade da banda nos shows – foi um choque enorme para a banda e fãs e preocupou muita gente acerca do futuro da banda na época. Para tranquilizar a geral e mostrar que um fim não estava próximo, a banda convidou 7 dos melhores bateristas do mundo para audições em NY, a fim de escolherem o novo membro do DT e, entre eles, estava o brasileiro Aquiles Priester (ex-Angra), que passou um pouquinho de vergonha lá =/. Os testes de todos os bateristas, comentários da banda e a escolha do baterista Mike Mangini você pode conferir no documentário The Spirit Carries On, recomendo.

Era nesse ponto que eu queria chegar: Mike Mangini. Para mim, foi o nome do show. Substituir um dos maiores bateristas do mundo de todos os tempos, com um legado de 25 anos na banda e fãs fiéis não seria fácil, mas Mangini tem um carisma absurdo e surpreendeu. Pequeno atrás da bateria, Mike mostrou que já está totalmente entrosado com a banda e sabe exatamente o momento de exibir uma de suas engraçadas caretas para a platéia e outros membros da banda, e chega até a comer uma banana durante o seu esperado – e fenomenal – solo de bateria.

Mike Mangini

Na época do meu primeiro show do Dream Theater, em 2010 no mesmo Credicard Hall, eu ainda tinha a coluna inteira e ossos que prestavam para ficar em pé por horas a fio, então fui de pista premium e não me arrependi. O som da casa é bastante alto e nítido e me lembro de não ter tido problema com graves/agudos de mais ou de menos porque estava bem no centro do palco, o que não acontece se você estiver em alguma das extremidades. Mas, com a minha atual situação física de um senhor de 64 anos, desta vez resolvi ficar na platéia superior e não me decepcionei.

O show do Dream Theater tem, sim, alguns momentos de “se joga moçada”, onde é legal pular com a multidão e berrar os refrões, mas no geral é um show para se assistir de fato e ficar com o queixo no chão durante maior parte do tempo. É um espetáculo como poucos que se tem oportunidade de ver.

Este vídeo é de um show de fevereiro, em Londres, mas foi igualzinho aqui, juro.

O show de “apenas” 18 músicas quase bateu a marca das 3 horas, veja bem, grande parte das músicas chega a ter mais de 10 ou 12 minutos de duração. Haja fôlego para os quase cinquentões (55, no caso do pianista Jordan Rudess).

Coleta de dados:

Você pode conferir os setlists de cada show clicando no nome da banda: Maroon 5 e Dream Theater.


 

Bônus: Cool Cover Moves Like Jagger

(Dica via comentário de Guilherme Cassoli de Souza)

O pianista do Dream Theater, Jordan Rudess, participou de um cover colaborativo de Moves Like Jagger, tocado inteiramente em um aplicativo para iPad criado por ele próprio, o Geo Synthesizer. O resultado ficou nada menos do que fantástico, com direito a um feeling progressivo à música do Maroon 5.


 

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