O que fazer quando sua banda favorita muda

Fomos surpreendidos, na última semana, com o anúncio da saída de Tom DeLonge do Blink 182. Mais interessado em outros assuntos – provavelmente o aplicativo Flo Share, lançado por ele recentemente; e a sua banda paralela Angels & Airwaves -, ele anunciou que não deseja fazer parte dos projetos futuros ao lado de Mark Hoppus e Travis Barker. O Blink mudou de vez, se é que isso já não havia ocorrido. O que fazer?

Para quem é fã de verdade, é sempre complicado ver sua banda sair daquele caminho que, em algum momento, te chamou a atenção e te conquistou. Obviamente que, de forma efetiva, você não pode fazer nada. Não acho que Tom DeLonge gostaria de te ver tocando a campainha da casa dele para uma conversa, também não aceitaria passar por uma intervenção e não seria influenciado por qualquer campanha dos fãs. Provavelmente. A pergunta certa aqui é: como lidar?

Esse texto não fala especificamente sobre o Blink 182 ou sobre o fim das bandas – o Blink provavelmente não acabará, vai até fazer um show em que DeLonge será substituído por Matt Skiba, do Alkaline Trio. Mas, além do término de bandas – ou “hiato por tempo indefinido” – troca de integrantes ou mesmo novos álbuns podem criar questões como essas. Sua banda favorita – de alguma forma – mudou. E agora?

O Não Toco Raul tem algumas sugestões.

1. Nostalgia

Ah, que sentimento maravilhoso. Melancolia e profunda tristeza travestidos de sorrisos breves diante de tantas lembranças. Aquela capa de CD, aquele show na grade, aquele ingresso guardado, versos, refrões e solos. Tudo daquela época em que a banda era tão boa. Pode parecer ruim, mas manter esse sentimento vivo é como manter viva também a banda à qual você tanto se apegou. É uma espécie de legado. O ciclo dela terminou, mas foi bom enquanto durou. Acontece. Só não dá pra chafurdar nesse tipo de situação. Chega de drama.

2. Paciência
Ok, sua banda não acabou, mas não é mais a mesma. Por que, então, não ter um pouco de paciência? Ouvir melhor aquele último álbum e tentar entender o novo conceito, as ideias por trás das mudanças. Ficar atento a entrevistas que possam dar uma luz sobre o que diabos aconteceu com eles. Dar um tempo àquele novo membro para que se adapte à banda e ver se ele consegue se encaixar. Tudo toma tempo.

Há inúmeros exemplos de bandas que mudaram integrantes, conceito, tipo de som e até instrumentos, tudo para melhor – embora essa seja uma avaliação pessoal, questão de gosto. Por exemplo, o Forfun adolescente comparado à banda madura e sólida que é hoje. O Iron Maiden pré-Bruce Dickinson e o salto de qualidade que teve depois que ele substituiu Paul Di’Anno. A entrada de Taylor Hawkins na bateria do Foo Fighters.

3. Relações cortadas
Sem ressentimentos. Se você prefere o Forfun adolescente, o Iron Maiden com os vocais de Paul Di’Anno ou o Foo Fighters pré-Taylor Hawkins, não é obrigado a acompanhar as fases mais recentes depois das mudanças. Muita gente não conhece o trabalho do Raimundos pós-Rodolfo. Muita gente não reconhece o Queen com Adam Lambert nos vocais. E aí, a relação é cortada – podemos até voltar para o item 1, se isso acontecer.

4. Prazer análogo
Enquanto não tínhamos mais o Rage Against the Machinne, podíamos, pelo menos, nos contentar com o Audioslave, essecialmente o RATM sem o Zach de la Rocha, com os vocais de Chris Cornell. Agora que não temos mais o Led Zeppelin, podemos pelo menos ver Robert Plant cantando. Muita gente se contenta há muito tempo em ouvir as músicas do Sepultura com a nova formação da banda, com o Soufly de Max Cavalera ou com a banda dele com seu irmão, Igor, o Cavalera Conspiracy. Não é o Sepultura clássico, mas o prazer de ouvir essas versões pode ser análogo.

O mesmo vale para projetos paralelos, embora eles constantemente não tenham relação musical com o trabalho que originalmente consagrou os artistas. Para ficar em um exemplo já citado: Chris Cornell, em carreira solo, toca músicas novas, do Audioslave e do Soundgarden.

Se Tom DeLonge sair mesmo do Blink 182, não vai ser a relação com os fãs, com a história musical ou mesmo financeira que vai fazê-lo mudar de ideia. Alguns fãs vão chorar as mágoas e dizer: “pra mim, o Blink acabou”. Outros, provavelmente aqueles que aceitaram a transição punk veloz e direto para músicas mais melódicas e baladinhas, vão seguir acompanhando, vão ver no que vai dar.

Se o Não Toco Raul puder dar um conselho diante dessa questão: não desista das bandas que você gosta. Nem dos integrantes delas.

PS. Fica o nosso conselho também para o Blink 182: Stay Togheter For The Kids.