Primeiro single solo de Daniel Johns não decepciona e surpreende
Não vou falar nada, só dê o play, feche os olhos e curta a balada.
Não vou falar nada, só dê o play, feche os olhos e curta a balada.
Há um ano, escrevi neste blog um texto mostrando como o Carnaval é business, partindo de seu maior hino: We Are Carnaval, música composta pelo publicitário Nizan Guanaes. Em 2015, a indústria carnavalesca (especialmente na Bahia) vai lucrar muito – mais uma vez. O axé, estilo que simboliza a folia no nordeste, completa 30 anos de sua criação formal. Foi uma invenção mercadológica na mesma linha apresentada no outro texto, mas que vai um pouco além: o axé ainda luta para se definir entre suas origens tão diversas e suas manifestações mais arraigadas na cultura local.
O ano de criação do axé é 1985 porque é quando foi lançada Fricote, de Luiz Caldas e Paulinho Camafeu, aquela da “nega do cabelo duro que não gosta de pentear“. Uma mistura de estilo muito influenciada por ritmos caribenhos, a música estourou no Brasil todo e começou a chamar a atenção com essa tendência que já era expressada no nordeste por muitos artistas. Por deboche, o jornalista Hagamenon Brito – que chamava Luiz Caldas de “Michael Jackson Tupiniquim” – começou a se referir à tal de “axé music”. E o termo pegou.
Então, o que é axé? Originalmente, simboliza “força” nas rodas de capoeira, os assentamentos de orixás distribuídos nas cerimônias do candomblé ou, na forma mais popularesca, um sentimento bom. É tipicamente baiano; e esse é o único aspecto que mantém no mesmo balaio todos os artistas identificados com esse estilo. Quando essa denominação pegou, o axé virou fenômeno e se espalhou pelo Brasil de forma permanente. Virou business, claro. E, 30 anos depois, continua dando muito retorno, especialmente nessa época de Carnaval.
“É uma necessidade mercadológica. As empresas precisam rotular pra vender em grande quantidade. Se for fragmentar isso fica difícil pra o consumidor comprar”, explicou Luiz Caldas ao site Lelynho.com, especializado, inclusive, em negociar pacotes para folias carnavalescas por todo o Brasil. “O axé music é só mesmo um nome que se dá a um caldeirão onde cabe tudo. Nós, baianos, sabemos quando um cara toca alguma coisa ‘ah, isso é um samba-duro’. Aí daqui a pouco o cara toca alguma coisa e aí você diz ‘isso é um Ijexá’. Mas para o turista é axé music. Então pra mim é melhor ainda, que venham todos”, complementou.
Axé é samba-duro, Ijexá, Deboche, Merengue, Galope, Samba-Reggae, uma infinidade de gêneros semelhantes – de origem africana e influência caribenha – que já eram tocados e dançados pelas ruas de Salvador e dali saíram para os blocos. As dancinhas coreografadas também são uma característica importante em todos os casos. É a verdadeira folia, que mudou de vez a forma como o Carnaval era brincado na Bahia, com trios-elétricos e blocos de música instrumental, com fantasias ainda chamadas “mortalha”.
Se analisarmos o estilo, as letras e a temática, vai ser difícil dizer que Olodum e Ivete Sangalo estão debaixo do mesmo guarda-chuva musical. O mesmo para Araketu e É o Tchan, Luiz Caldas e Parangolé. As vertentes são tantas e com tantas especificidades. Mas o axé, como estilo único, ganhou força. “Nem a bossa-nova nem qualquer outra coisa, nem a Tropicália, tudo isso, ninguém nunca vendeu tanto disco quanto a gente vende e fez tanta alegria quanto a gente faz”, afirmou Caldas. Funcionou – e funciona – como business, principalmente.
E isso não quer dizer que o axé não seja legítimo. Percebem a ironia? Como produto, o axé se destaca e se sustenta, mas também se generaliza. Mas na sua individualidade, é a expressão do samba, do rock, do reggae baiano, um estilo transformado e aperfeiçoado, que pode ser extremamente rebuscado na sua forma de tocar ou extremamente eficiente, mesmo quando simples. O axé é realmente uma coisa muito louca, difícil de entender. Mas faz sucesso e respeita as próprias origens.
Salve Raulzeiros! O primeiro episódio do ano do Não Pod Raul, traz um mix de pós grunge, adolescência e um tiquinho-assim-destamainho-assim-ó… de carimbó: Silverchair. O Power Trio liderado por Daniel Johns, que está em um “hiato indefinido” desde 2011, possui 5 discos de estúdio e um ao vivo. O Silverchair passou por uma grande transformação ao longo dos anos e as composições, apesar da evolução, deixaram os australianos mais distantes do grande público. Sorte dos verdadeiros fãs, que puderam ouvir a banda de uma forma mais crua e sem nenhum grande apelo pop.
Esse é o Não Pod Raul, o podcast semanal do blog Não Toco Raul. Nele, Eder, Tadeu e convidados farão uma playlist de um artista, banda ou tema, composta por 10 músicas. Simples, não?
A intenção é formar a playlist definitiva – daquele momento, de todos os tempos, da última semana – do artista, banda ou tema. Mande sua sugestão de tema pra nós, a sua playlist preferida e onde erramos e acertamos nas escolhas das músicas.
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É bem difícil estabelecer o que é um cover de For Once In My Life. A música foi composta por Orlando Murden e Ron Miller, gravada inicialmente em 1966 pela Motown Records, histórica gravadora que marcou a Soul Music. Depois, passou a ser interpretada por gigantes como Diana Ross, The Temptations e Tony Bennett, o responsável por popularizá-la, em 1967. Sua primeira versão era extremamente lenta, uma baladinha reconfortante.
Então veio Stevie Wonder, que mudou o andamento, transformou a música em algo pra cima, alegre, assim como a letra sugere. For Once In My Life é o relato de alguém realizado por ter finalmente encontrado um amor que vale a pena. Virou sucesso mundial, um clássico. Não é preciso dizer que foi reproduzida inúmeras vezes. Entre elas, encontramos alguns Cool Covers.
Acima, você vê a versão de Anthony Strong, um inglês que, além de exímio pianista, é também compositor, com estilo mais voltado ao jazz. Ele novamente diminui o andamento da música, mas dá mais swingue a ela, deixa-a mais insinuante. O solo de piano é algo que – acredite – vale conferir também.
Outra versão interessante é a da americana Dara Maclean, uma texana cristã que se apresenta desde os 13 anos e evita contradizer sua fé nas canções que escolhe. Na voz da cantora, dá pra sentir o regozijo que a letra da música sugere: “FINALMENTE encontrei alguém!“. Mais interessante ainda do que ela é o backing vocal, chamado Jason Eskridge, dono de uma linda voz muito parecida com a de Stevie Wonder. Ele, que tem carreira solo, arrebenta no segundo verso.
Para efeitos de comparação, aqui está a versão de Stevie Wonder.
E aqui, como ela primeiro fez sucesso, na voz (e classe) de Tony Bennett
Final de 1999, passagem para os anos 2000. Não é um reveillon qualquer, é o Terceiro Milênio começando. Entre previsões catastróficas e o medo de um bug mundial, Josh Homme encara três dias de festa no deserto californiano, regados a muitas drogas. Na volta, dirige seu carro ainda sob efeito, repetindo como um mantra tudo que havia usado nos dias anteriores. “nicotina, valium, vicodin, maconha, ecstasy e álcool. Cocaína“. Essa, basicamente, é a origem de Feel Good Hit Of The Summer, sucesso da banda Queens of the Stone Age.
A música foi lançada no álbum Rated R (2000), inicialmente composta como espécie de vinheta para entrar como última faixa num tom de brincadeira. Chamou tanto a atenção, no entanto, que a banda desenvolveu-a e passou-a para abrir o disco. São exatamente essas sete palavras: nicotine, valium, vicodin, marijuana, ecstasy and alcohol. A sétima e última delas tem uma entonação bem característica: “c-c-c-c-cocaine“. O nome, algo como hit do verão para se sentir bem, deixa-a ainda mais provocativa.
Feel Good Hit Of The Summer deixou o Queens of the Stone Age com uma aura ainda mais cool na cena americana e mundial. A banda expoente do Stoner Rock, gênero de difícil definição mas que tem essa porra-louquice como uma das marcas originais, acabou popularizada por essa noite de loucura de seu vocalista e principal compositor. Rádios se recusaram a tocá-la. Com seu ritmo intenso e fixo até a explosão do refrão, virou de fato um hit nos shows pelo mundo todo. Bandas como Placebo, Foo Fighters, Papa Roach e Machine Head incluíram-na como música incidental em seu setslists.
Obviamente, surgiu a polêmica. Em entrevistas, Josh Hommes declarou que “não há apologia” na letra, definiu-a como “um experimento social” e manteve-se ambíguo sobre a mensagem passada: “ela não diz sim nem não“. Cantada primordialmente por Homme, o refrão final tem participação de diversas vozes, incluindo a de Rob Halford, vocalista do Judas Priest, que estava trabalhando em um estúdio próximo em Los Angeles e aceitou o convite do QOTSA para colaborar.
Em novembro de 2007, o Queens foi chamado para fazer um pocket-show de seis músicas em uma clínica de reabilitação para usuários de drogas em Los Angeles, uma apresentação intimista que serviria para alardear a causa e incentivar os internos (supostamente). A banda teve a coragem de abrir justamente com Feel Good Hit Of The Summer, o que criou grande tumulto: funcionários desligaram os equipamentos logo que a música começou, e eles tiveram de deixar o local sob escolta policial.
Por fim, a música ainda entra na discussão sobre a existência do Stoner Rock como estilo, algo que Homme, talvez por ser seu maior expoente, renega. Perguntando se ela seria o hit dessa vertente do rock, ele explicou: “talvez, ou talvez seja uma faca no pescoço do Stoner Rock. É difícil dizer, e eu acho que essa é a parte boa disso. Olhe, você vai ser sempre rotulado com algo. Stoner Rock é um rótulo tosco, e é por isso que eu não gravito ao redor dele”. É como se ele finalmente fizesse uma canção que representasse o estilo, e ela é assim: cheia de drogas e nada mais. É isso que é o Stoner Rock?
Em seu último show no Brasil, em 25 de setembro, o Queens of the Stone Age tocou Feel Good Hit of The Summer. Ela foi a 9ª música do setlist. Antes, tocaram canções de quatro álbuns, sucessos como No One Knows e candidatas a hinos do novo disco, como I Sat By The Ocean. Quando deu uma pausa, Josh Homme perguntou ao público: “Do you feel good tonight, São Paulo?”. Ouviu gritos positivos como resposta. Então, provocou com uma expressão zombeteira: “I mean… do you feel good?“. Começaram as palmas, os pulos, o mantra.
PS. Performance bem atual da música, no Reading Festival de 2014, na Inglaterra
Pink cantou Slut Like You ao vivo pela primeira vez em uma apresentação em Los Angeles, em setembro de 2012. Antes de executá-la, avisou: “essa é a minha forma nem um pouco sofisticada de, como feminista, tomar o poder. E acreditem, não é nem um pouco sofisticada“. Essa é a origem da música: um desejo feminista não de subjugar o sexo oposto (apesar dessa coisa de “tomar o poder”), mas de igualdade. Fosse no Brasil, viria acompanhada de qualquer hashtag do tipo #somostodosvadias. É um recado bem direto.
Isso fica bem claro pela forma como ela abre a música. “I’m not a slut, I just love love” (“não sou uma puta, eu apenas amo o amor”). Esse é o mote, e desde o princípio ela deixa bem claro que não tem muita paciência para quem não aceita essa postura. Pink descomplica totalmente o sexo casual: se ela quiser só uma transa, então vai ter uma transa apenas. É tão assim que ela faz pensar: puta sou eu, a mulher, ou você, espertão?
A cantora subverte essa lógica no segundo verso, quando diz que está sentada com as amigas escolhendo com quem vai transar – e os garotos estão loucos por isso. Faz isso principalmente quando diz, já a um rapaz, “you think you call the shots“, um verso ambíguo porque significa “você acha que é quem toma as decisões”, embora shots faça referência também a dose de bebida – por tradição, os homens pagam as bebidas das mulheres, mas não é isso que vai acontecer. Pink usa um tom tipo “bebe aí, sua carona já foi embora e a coisa vai ficar interessante…”
O verso “You’re just my little friend” que ela tanto repete na música é extremamente irônico: você é apenas meu amiguinho significa que nada, além do sexo, importa. Sem necessariamente sentimento. E quando ela canta isso, entra o refrão, com referências diretas a essa noite de sexo casual. Com berros e vocalizações onomatopéicas, ela “arranca um pedaço de você”, diz que só queria mesmo um “bobinho” para transar e ainda te conta um segredo: “eu sou uma puta como você”.
Na ponte depois do segundo refrão, ela reforça o tom feminista ao dizer “você não ganha um prêmio por esses olhos arregalados. Eu não sou pipoca com caramelo (“cracker jack, no original, uma marca de pipoca, um doce, algo manipulável). Você não pode entrar a menos que eu deixe”. E é de novo irônica, com a pergunta “qual é o seu nome mesmo?” e o aviso: “a conta, por favor“.
Slut Like You não soa como uma lição de moral chata porque a música é muito boa: tem um riff chamativo, é agitada e explode no refrão – dá até para relacionar com uma boa noite de sexo mesmo. É o lado da Pink que muita gente gosta: mais Get This Party Started e menos Just Give Me A Reason. Acima de tudo, é um recado. E a origem dele é essa.
Aqui, a versão ao vivo citada no começo do texto
Gorilla é uma música sobre sexo – muito sexo. Extremamente sensual, é a promessa de uma noite insana cantada por Bruno Mars no álbum Unorthodox Jukebox (2012), o terceiro do músico havaiano. Ela virou single e ganhou muitos covers pelo youtube. Joselyn Rivera, só com voz e violão, consegue fazer talvez o mais interessante deles, mantendo o peso dessa música tão sensual.
Nem todo mundo sabe disso, no entanto. O vídeo tem pouco mais de 33 mil visualizações, enquanto que o canal da cantora americana tem apenas 5 mil inscritos. Joselyn é um prodígio que ainda não embalou. Aos 14 anos, assinou contrato para trabalhar com Emilio Stefan, produtor com 19 Grammys no currículo e marido da cantora cubana Gloria Stefan. Não rendeu.
Aos 17, integrou o time de Adam Levigne, do Maroon 5, no reality show The Voice, mas caiu na primeira semana de apresentações ao vivo. Como era menor de idade, precisou ser acompanhada pela mãe, que largou tudo em Pembroke Pines, na Califórnia, para acompanhá-la em Los Angeles. Terminaram cheias de dívidas e precisaram vender a casa em que moravam.
Dá pra acreditar?
E agora ela tem esse incrível cover, acompanhada pelo DJ e produtor Steven Spence. É uma versão nada ortodoxa, com alguns elementos que a tornam interessantíssima.
1) O timbre bizarro do violão de Spence e, principalmente, a forma despojada como toca a música, às vezes marcando as notas com uma corda só, às vezes usando power chords, e com muitos harmônicos.
2) Reverb, muito reverb. No som do violão, na voz de Jocelyn e, principalmente, nos backing vocals de Spence.
3) A interpretação de Jocelyn, apesar dos trejeitos típicos do The Voice, com dedinhos levantados. Ela faz poucas firulas – menos até do que o próprio Bruno Mars -, mas usa a potente voz pra ressaltar os pontos fortes da música. Repare na expressão e no sorrisinho que ela deixa escapar ao cantar I got your body trembling like it should (2min30 no vídeo).
4) O ambiente “insalubre” onde o vídeo foi gravado. Parece ser um estúdio, mas há um sofá atrás da dupla, Jocelyn canta sentada numa cadeira de computador e Spence, sabe se lá no que, está escuro pra caramba. Pela roupa dele, parece estar calor. Pela dela, não. Quem sabe? É como se eles simplesmente tivesse apertado o play e mandado ver para a câmera.
5) A imitação de Gorilla feita por Spence no final do vídeo. Até ele perceber que o som era mais parecido com o de macacos.
Aqui, a versão original.
Salve Raulzeiros! O clima de Natal chegou ao Não Pod Raul e para fechar o ano com chave de ouro, decidimos também fazer uma homenagem ao R-E-I. Porém, escolhemos um Rei diferente, escolhemos o Rei do Pop. Então trate de esconder esse CD da Simone ou de Músicas Natalinas no Cavaquinho e coloque essa linda playlist que preparamos pra tocar no dia 25. 🙂
Esse é o terceiro episódio do Não Pod Raul, o podcast do blog Não Toco Raul. Nele, Eder, Tadeu e convidados farão semanalmente uma playlist de um artista, banda ou tema, composta por 10 músicas. Simples, não?
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Boas festas Raulzeiros! O Não Pod Raul volta só dia 14 de Janeiro!
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No decorrer de 10 anos, 550 artistas responderam a 1 pergunta: John Lennon ou Paul McCartney?
E você, quem escolhe?
Olá!
Essa semana o Não Pod Raul traz uma das bandas favoritas de todos os tempos dos últimos anos dos editores desse podcast: Rival Sons. Nossa paixão por esses mancebos começaram há pouco mais de 2 anos, depois de um fortuito clique em um player de youtube em um post no Update or Die. O Rival Sons possui um público muito fiel e mesmo longe do mainstream, pode pintar é nome certo aqui no Brasil no festival Monsters of Rock. Se você ainda não conhece, está aqui uma boa oportunidade de descobrir uma banda nova com essa playlist.
Esse é o segundo episódio do Não Pod Raul, o podcast do blog Não Toco Raul. Nele, Eder, Tadeu e convidados farão semanalmente uma playlist de um artista, banda ou tema, composta por 10 músicas. Simples, não?
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Até a próxima quarta-feira!
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@Leadmill HELLO! My girlfriend and I are dying to get tickets for @rivalsons on the 13th of December. Please help us! It’s our only date!
— Tadeu (@tmorari) 6 setembro 2014