Fuck you (Forget you), a origem

Fuck You (Forget you) é o primeiro single do terceiro álbum de estúdio de Cee Lo Green, The Lady Killer (2010). Foi lançado em 19 de agosto de 2010 e se tornou um hit instantâneo, apesar dos palavrões (é claro que há uma versão tosca suprimindo as palavras fuck, shit nigga). Aparentemente, é uma música de lamento sarrista do ponto de vista de um sujeito que foi trocado pela namorada por outro bem abastado. Ok, mas não é só isso. A origem dela está em Bruno Mars, no início de sua carreira e na admiração por Cee Lo. Vamos ao background da questão.

Bruno Mars lutou muito para vingar como músico, a ponto de cogitar voltar ao Havaí, onde nasceu, por dificuldades financeiras. Ele então vivia em Los Angeles exclusivamente em busca desse sonho e insistia em conseguir alguma faixa em parceria com outros produtores, algo que o fizesse estourar. Antes, chegou a ser contratado pela grandiosa Motown Records, companhia que fechou as portas em 2005 e que, no passado, foi casa de grandes nomes como Jackson 5, Steve Wonder, Marvin Gaye e The Temptations, entre outros. Acontece que a Motown não soube o que fazer com Bruno Mars. A questão era a seguinte: qual é o seu público alvo?

Mars foi dispensado da gravadora Motown

Mars foi dispensado da gravadora Motown

Analisando pelas músicas de Mars hoje em dia, dá pra notar a dúvida da gravadora: ele produziu baladinhas românticas (Just the way you are), reggaes (The lazy song), hip hops (Nothin’ on you), tem uma pegada oitentista (Treasure) e até músicas com batida mais pesada, densa (Granade). Para uma gravadora que está prestes a apostar em um desconhecido e investir tempo e dinheiro, essas questões parecem justas. Mars foi deixado de lado. Isso ocorreu em 2004. Dois anos depois, o Gnarls Barkley, com Cee Lo Green à frente, estourou com Crazy em seu álbum de debute, St. Elsewhere.

“Quando o Gnarls Barkley apareceu usando todos esses estilos diferentes de música e quando Crazy foi lançada, essa é uma música que eu gostaria de ter escrito“, disse Bruno Mars, durante uma feira promovida pela ASCAP, a associação americana de compositores, autores e publishers. De repente, o projeto de Mars recusado pela Motown estourou com o Gnarls Barkley. Enquanto isso, sua carreira começava finalmente a andar, mas com trabalho para outros. Ao lado de Philip Lawrence e Ari Levine, grupo de produção chamado The Smeezingtoons, começou a chamar a atenção com sucessos como o feito para o rapper B.o.B., com Billionaire.

Foi assim que surgiu o convite de Cee Lo Green para uma parceria com os Smeezintoons. Ele queria uma música, Mars criou uma a partir do verso: “I see you driving ’round town with the girl I love and I’m like fuck you”. Não é difícil perceber que trata-se de um desabafo bem humorado feito para Cee Lo Green. A história está bem explicada na divertida participação de Mars e seus companheiros de Smeezingtoons no evento da ASCAP. A parte abordada por esse texto começa aos 4min20s. Philip Lawrence, sentado à direita, é como o beatmaker do trio. Já Ari Levine, à esquerda, faz as vezes de letrista.

A partir do primeiro verso, os quatro criaram o riff de piano que marca a introdução e desenvolveram a letra. “Quanto mais trabalhávamos nela, menos brincadeira a letra se transformava”, disse Lawrence. Foi ideia de Cee Lo Green, por exemplo, dizer “fuck you” também para a garota na música, e assim o diálogo é travado com ele – o novo namorado – e ela – a ex-namorada – durante toda a canção. Cee Lo já disse, em entrevistas, que não teve ajuda para escrever a letra. Sabemos que isso é mentira. E se alguém não acredita, segue uma mensagem dos Smeezingtoons: “fuck you”.

Bônus: versão estilosa da Eliza Doolitle (com direito a dois dedinhos levantados pra dizer “fuck you”, estilo britânico)

Cool covers: Sara Bareilles

 
Sara Bareilles é uma cantora americana cuja história e carreira tem alguns pontos muito interessantes. Tem 33 anos e é natural de uma cidade chamada Eureka (!), no condado de Humboldt, na Califórnia, local conhecido por ser a meca da maconha (!!) no estado mais liberal dos Estados Unidos. Ela tem ascendência portuguesa, alemã, italiana e francesa (fala italiano fluentemente, inclusive) (!!!). Seu pai é corretor de seguros e a mãe trabalha em uma funerária – e isso, por si só, não é uma coincidência formidável (!!!!)?

Sara cantou em corais religiosos e depois se firmou como artista de bares, e essa é, provavelmente, a razão pela qual goste e não se importe em fazer tantos cool covers. Como toca piano e ukelele, na maioria deles transforma totalmente as músicas, usando muito bem suas características vocais. Esse post é dedicado às versões que fez, mas vale a pena conferir sua carreira solo de quatro álbuns, incluindo o primeiro e mais interessante, Carefull Confessions (2004), de onde saiu seu maior sucesso: “Love Song“. A música “Gravity” também é muito conhecida.

É uma boa compositora – não posso deixar de citar mais uma música, “Bottled it up -“, tanto quanto é intérprete. Foi citada pelo canal especializado VH1 como a 80ª na lista de maiores mulheres da história da música, e isso não é pouco. Além disso tudo, Sara é uma das envolvidas do assustador Indiana State Fair stage collapse: havia acabado de se apresentar no festival quando uma ventania derrubou o enorme palco sobre o público, matando sete pessoas e ferindo 84. De qualquer maneira, está cada vez mais popular no mundo inteiro. Isso sem deixar de tocar alguns Cool Covers.

“Fuck You” (Cee Lo Green)

“Yellow” (Coldplay)

“Single Ladies” (Beyoncé)

“Take On Me” (A-HA)

“Nice Dream” (Radiohead)

“Little Lion Man” (Mumford and Sons)

“I Still Haven’t Found What I’m Looking For” (U2)

 
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Top 7,5: Clipes ALLTYPE

O termo “Alltype” – comum na publicidade – define anúncios e peças que não possuem outros elementos visuais senão o texto. Pela definição parece simples, mas traduzir com sucesso uma ideia, sem utilizar fotos e ilustrações em um pequeno espaço, exige muita habilidade.

Quando essa ideia sai do papel e vai para o vídeo, as possibilidades se multiplicam, se tornando uma ferramenta muito útil para artistas, principalmente quando a edição do clipe oficial atrasa. Mais conhecida como Kinetic Typography (experimente uma busca no Youtube), vídeos que utilizam essa técnica sempre ganham milhares de visualizações, seja ou não um vídeo oficial. Vamos então aos melhores:

7.  Happy Pills – Norah Jones

Álbum: Little Broken Hearts (2012)

 

6. Tightrope – Janelle Monae

 Álbum: The ArchAndroid (2010)

 

5. Mad World – Gary Jules

Álbum: Donnie Darko Soundtrack (2001)


Versão do clássico do Tears for fears, gravada para a trilha do filme Donnie Darko.

 

4. Let The Drummer Kick – Citizen Cope

Álbum: Citizen Cope (2002)


Trilha do filme Coach Carter (Treinando para vida), com Samuel L. Jackson.

 

3. Ya no sé qué hacer conmigo – El cuarteto de nos

Álbum: Raro (2006)


Uruguaios também sabem fazer pop rock.

 

2. Fuck you – Cee lo Green

Álbum: The Lady Killer (2010)


Essa versão foi lançada oficialmente por Cee-lo dias antes do clipe oficial, que também é muito bom.

 

1. Online songs – Blink 182

Álbum: Take Off Your Pants and Jacket bucks (2001)


Falar o quê desse vídeo? Dá vontade de lotar o mp3 com todos os discos do Blink.

 

1/2. Samuel L. Jackson – Pulp Fiction

Além de videoclipes, é muito fácil achar cenas de grandes filmes nesse estilo. A mais famosa é a cena de Samuel L. Jackson em Pulp Fiction.