Dando aquela passadinha pelo blog Petiscos, encontrei um cover que vale a pena dividir com vocês!
Conhecidos por repaginar música pop em versões em jazz, ragtime, vintage e “old Hollywood”, a banda Scott Bradlee & Postmodern Jukebox, craques em covers bacanas, lapidou uma das músicas do momento da rebelde da vez, Miley Cyrus, We Can’t Stop. O resultado é uma música bem feita, com bom arranjo e voz, provando que nem sempre torcer o nariz para o artista é torcer também para a música. Daquelas que sua avó colocaria na jukebox e dançaria quando mocinha.
Vale super a pena conferir outras versões da banda aqui, como “Get Lucky” em estilo vintage irlandês! Já gostei de tudo.
De acordo com a última contagem feita na Georgia, cerca de 28% da população do estado é composta por negros – a maioria, 62%, é de brancos. Há 225 anos, quando passou a fazer parte da união (2 de janeiro de 1788), se tornando o quarto estado norte-americano, a proporção era bem diferente. Na época, sua área era bem maior, contendo terras que hoje formam Mississipi e Alabama. A principal atividade econômica era o cultivo de algodão, o que motivou a chegada de escravos – e do racismo.
A Georgia estava entre os 11 estados agrários e sulistas que, em 1861, fundaram a Confederação, unidade política de oposição ao governo abolicionista de Abraham Lincoln e que mais tarde seria derrotada na Guerra Civil Americana. O sistema escravocrata cairia, mas não o racismo, muito embora boa parte dos negros tenha migrado para trabalhar nas indústrias do norte após o fim do conflito, enquanto brancos se mudavam de bairro nas cidades da Georgia (especialmente na capital Atlanta), isolando o restante dos negros.
Ray Charles é aplaudido ao ser homenageado na Assembleia Geral estadual
Foi nesse panorama, pobre e segregacionista, que cresceu Ray Charles, em Albany. As coisas não haviam mudado muito em 1961, quando ele criou polêmica ao se recusar a se apresentar para um público segregado. A cena é retratada no filme Ray, de 2004, com Jamie Foxx – usando de uma “licença dramática”, o episódio é supervalorizado. Ray Charles foi proibido de se apresentar no estado. A história – e o governo estadual – trataram de compensar o ocorrido.
“Georgia on my mind” teve sua melodia composta por Hoagy Carmichael e a letra por Stuart Gorrell, mas foi a versão de Ray Charles que ficou mundialmente famosa. Em 1979, 21 anos depois de ter sido “banido” de seu estado natal, ele apresentou a canção na Assembleia Geral estadual. Meses mais tarde, a própria Assembleia fez de “Georgia On My Mind” o hino estadual. Ray Charles, um negro que um dia se levantou contra o racismo, ficou eternizado em sua terra natal. E com uma velha e doce canção.