Up the Bracket completa 10 anos
Gente, tô me sentindo nostálgica! É que um dos álbuns que mais ouvi durante a minha adolescência inteira está completando uma década! Outubro é o mês de um dos mais significativos discos do rock inglês no século pois marca o 10º aniversário do “Up the Bracket”, álbum de debut da banda inglesa The Libertines. Formada em 1997 pelos guitarritas/vocalistas Carl Barât e Pete Doherty, a banda se projetou mundo afora após o lançamento de seu primeiro disco, em 2002. O grupo, que contava com John Hassall no baixo e Gary Powell na bateria, representava uma espécie de resposta inglesa ao sucesso do novo rock norte-americano, dominado por The Strokes e companhia.
Pouco inovador mas com uma energia incrível, os Libertines foram um espelho para a nova geração britânica e inspiração para as que viriam depois (vide Arctic Monkeys). Eles faziam um som sujo e direto, rock de garagem misturado com britpop, guitarras barulhentas, meio punk (não à toa foi produzido pelo ex-guitarrista do Clash, Mick Jones) que invadia a cena indie britânica. Além do som característico, os Libertines também traziam uma atitude auto-destrutiva de drogas, sexo e rock’n’roll. Barât e (principalmente) Doherty ajudaram a dar ânimo ao rock na primeira década do século XXI.
A banda ficou conhecida pela ligação intensa e explosiva de seus co-fundadores. A relação de amor (ambos tem a palavra “Libertine” tatuada em seus braços escrita na caligrafia um do outro) e ódio entre Pete e Carl proporcionava a química e o tom das apresentações viscerais da banda. É impressionante como os dois se complementam musicalmente – um fenômeno a la Lennon/McCartney -, enquanto Carl traz o ritmo sujo e a pegada mais rock’n’roll, Pete é responsável pelo lirismo e pelo lado mais poético contido nas letras. Basta acompanhar os trabalhos paralelos pós-Libertines de ambos (BabyShambles e Dirty Pretty Things) para comprovar essa dicotomia complementar.
O relacionamento tumultuado dos dois aliado ao vício de Pete em cocaína e heroína resultou em vários momentos de turbulência da banda. Houve até a ocasião em que Pete dorgado loucão assaltou a casa de Carl para comprar drogas enquanto esse excursionava sozinho com os outros Libertines, já que tinha se recusado a deixar Pete voltar à banda enquanto ele não se desintoxicasse. Nessa época, Pete também ficou conhecido por ser o namorado da supermodel Kate Moss, foi inclusive em sua companhia que a senhorita Moss saiu na capa dos tablóides cheirando cocaine.
“Up the Bracket” é lindo de uma maneira bem tosquinha crua e sincera, de tocar a alma de uma forma bem direta para falar sobre amor, amizade e as nossas tantas frustrações dessa vida. Com singles como “Up the Bracket”, “Time for Heroes“, “I Get Along” e “Boys in the Band”, o álbum marcou o início de um revival da cena do rock britânico. Em 2003 o disco foi relançado em uma edição especial contendo como extra a canção “What a Waster”. O título do álbum “Up the Bracket” faz alusão à frase usada pelo humorista britânico Tony Hancock (de quem Pete é assumidamente fã), em seu programa Hancock’s Half Hour, que significa soco na garganta. Além disso, “Up the Bracket” também é uma gíria para cheirar cocaína algo bem apropriado levando em conta o histórico da banda.
O vício de Pete acabou colocando o fim na banda em 2004. Esse vídeo mais recente é de quando os quatro membros dos Libertines juntaram-se para tocar uma série de shows, incluindo apresentações nos festivais de Reading (pega esse Gary destruindo na bateria):
Aproveitando essa onda de nostalgia, o Guardian publicou uma divertida entrevista com Pete e Carl logo depois que eles voltaram da excursão do “Up the Bracket”, 10 dias antes de o disco ser lançado. O jornalista inclusive trola cita que ao conversar com o duo bem de perto dá pra sacar que faz tempo que eles não tem um encontro com a pasta de dente e o desodorante. O semanário NME também está fazendo uma votação para escolher a melhor música de 2010 e os Libs estão lá com a faixa título do disco.
Em abril desse ano, o Carl Bârat fez shows aqui no Brasil. Sua apresentação, repleta de singles e várias canções dos Libs, serviu pra tapar um pouquinho a saudade de uma banda que terminou tão prematuramente no maior estilo live fast, die young.
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