Maldita indústria cultural: Glee

Indústria Cultural é um termo cunhado pelos filósofos alemães Adorno e Horkheimer para definir padrões que se repetem afim de criar uma consciência coletiva voltada ao consumismo. Foi um baita desafio tentar sintetizar em poucos caracteres uma definição sobre esse termo, que é muito profundo e extenso.
Pegamos o termo emprestado para dar o nome a seção que vai te apresentar de verdade a artistas que são injustiçados e sofrem algum tipo de preconceito.

Fiquei super feliz em poder inaugurar essa seção aqui no Não Toco Raul, afinal, tem muita gente boa injustiçada e rotulada por aí e desmistificar o que falam desses caras, é nossa missão por aqui.

Para começar os trabalhos, vamos falar um pouco do seriado musical Glee. Hoje, os fãs do gênero podem se deliciar com a quantidade de programas de tv sobre o assunto (o próprio Glee e a nova sensação da NBC, Smash – que tem produção do Spielberg, por exemplo) e várias peças da Broadway que chegam em terras tupiniquins, como Hair, Violinista no Telhado e Família Addams, para citar alguns.

Glee é, em tradução livre e minha, um grupo que canta tudo junto, um clube de coral. O seriado começou em setembro de 2009, criado por Ryan Murphy e, logo na primeira semana, conquistou os primeiros lugares no iTunes com o cover do hit “Don’t stop believing”. De lá pra cá, a cantoria dos estudantes tomou uma proporção cada vez maior e ganhou espaço na indústria fonográfica – o que rendeu muitos fãs e dinheiro.


O seriado trata, basicamente, de aceitação. E há coisa mais universal que a paixão pela música? O autor, homossexual assumido, inclui, em cada episódio, questões importantes e cheias de atitude para quebrar paradigmas. Todas as referências pop estão lá, claro, como Madonna, que ganhou um especial com suas músicas, Lady Gaga e Michael Jackson, cujo sucesso Smooth Criminal recebeu uma nova roupagem com violoncelos. Mas, também, há de se destacar a coragem de Murphy ao incluir no setlist do seriado covers de Lionel Ritchie, Queen, The Doors, R.E.M e Beatles. Apresentar música boa à juventude, nem que seja no meio de muito drama escolar, já é uma iniciativa válida.


Além deles, o autor incluiu na receita uma pitada de Broadway, com a paixão de Rachel Berry por Barbra Streisand (uma atriz e cantora premiadíssima que, acredite, já existia antes daquela musiquinha da dupla Duck Sauce) e pitadas de canções conhecidas em musicais como Cats e Les Miserables. Além da iniciativa bacanérrima (e meio freak) de recriar “The Rocky Horror Picture Show” no Halloween e repaginar “Time Warp”.

Ok, eles cantam com playback? Sim. Fica muito mais sonoro e visualmente bonito para a câmera – fora que sabemos o trabalho logístico de filmar tudo isso sem ser dessa forma. Mas o mais importante em Glee é a capacidade de transitar em vários gêneros (rock, pop, musicais da Broadway, surf music, eletrônico etc) e mostrar que a música é para todos e que preconceito a gente revida cantando – ou acabando com ele, conhecendo o que não se conhece.


 

Até a próxima! 😉

 

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