Slut Like You, A Origem

Pink cantou Slut Like You ao vivo pela primeira vez em uma apresentação em Los Angeles, em setembro de 2012. Antes de executá-la, avisou: “essa é a minha forma nem um pouco sofisticada de, como feminista, tomar o poder. E acreditem, não é nem um pouco sofisticada“. Essa é a origem da música: um desejo feminista não de subjugar o sexo oposto (apesar dessa coisa de “tomar o poder”), mas de igualdade. Fosse no Brasil, viria acompanhada de qualquer hashtag do tipo #somostodosvadias. É um recado bem direto.

Isso fica bem claro pela forma como ela abre a música. “I’m not a slut, I just love love” (“não sou uma puta, eu apenas amo o amor”). Esse é o mote, e desde o princípio ela deixa bem claro que não tem muita paciência para quem não aceita essa postura. Pink descomplica totalmente o sexo casual: se ela quiser só uma transa, então vai ter uma transa apenas. É tão assim que ela faz pensar: puta sou eu, a mulher, ou você, espertão?

pinkA cantora subverte essa lógica no segundo verso, quando diz que está sentada com as amigas escolhendo com quem vai transar – e os garotos estão loucos por isso. Faz isso principalmente quando diz, já a um rapaz, “you think you call the shots“, um verso ambíguo porque significa “você acha que é quem toma as decisões”, embora shots faça referência também a dose de bebida – por tradição, os homens pagam as bebidas das mulheres, mas não é isso que vai acontecer. Pink usa um tom tipo “bebe aí, sua carona já foi embora e a coisa vai ficar interessante…”

O verso “You’re just my little friend” que ela tanto repete na música é extremamente irônico: você é apenas meu amiguinho significa que nada, além do sexo, importa. Sem necessariamente sentimento. E quando ela canta isso, entra o refrão, com referências diretas a essa noite de sexo casual. Com berros e vocalizações onomatopéicas, ela “arranca um pedaço de você”, diz que só queria mesmo um “bobinho” para transar e ainda te conta um segredo: “eu sou uma puta como você”.

Na ponte depois do segundo refrão, ela reforça o tom feminista ao dizer “você não ganha um prêmio por esses olhos arregalados. Eu não sou pipoca com caramelo (“cracker jack, no original, uma marca de pipoca, um doce, algo manipulável). Você não pode entrar a menos que eu deixe”. E é de novo irônica, com a pergunta “qual é o seu nome mesmo?” e o aviso: “a conta, por favor“.

Slut Like You não soa como uma lição de moral chata porque a música é muito boa: tem um riff chamativo, é agitada e explode no refrão – dá até para relacionar com uma boa noite de sexo mesmo. É o lado da Pink que muita gente gosta: mais Get This Party Started e menos Just Give Me A Reason. Acima de tudo, é um recado. E a origem dele é essa.

slut like you2

Aqui, a versão ao vivo citada no começo do texto

16 motivos porque a Mc Mayara é melhor que Anitta

A funkeira Anitta sempre teve uma posição ~polêmica em relação ao seu suposto discurso feminista. Em “O show das poderosas” ela traz para os holofotes o empoderamento feminino, mas também reforça a rivalidade entre as mulheres quando fala DAZINIMIGAS. Ela trouxe o funk pro mainstream, mas está longe de ser porta voz da periferia e o que ela atualmente produz tá muito mais pra um funk “domesticado”, que pode ser provocativo, mas não ofende a moral da família brasileira (sdds Mama). Essa semana Anitta fez todas as mulheres shorarem sangue quando, no programa Altas Horas, defendeu um discurso machista e conservador sobre feminilidade e liberdade sexual dizendo que as mulheres de hoje provocam os homens a pensar mal delas entre outras falas lamentáveis. Assim não dá pra te defender amiga. Depois dessa fica difícil acreditar no discurso “feminista” da funkeira: o que tem de real e o que é assessoria de seus produtores pra usar o movimento como moeda de troca e vender mais discos? Pra combater o ~feminismo de boutique~ e mostrar que tem sim mulheres fazendo funk com uma postura bacana e dando a cara a tapa a gente montou uma lista mostrando porque a paranaense Mc Mayara vence essa disputa contra o patriarcado por flawless victory:

1) Primeiramente porque a Mc Mayra segue sempre a máxima: “Ela não sofre, ela curte a vida, ela é feliz, ela é bandida”.

 

2) Ela é fora dos padrões funkeira-mulher-fruta-toda-trabalhada-no-whey-protein, mas arrasa na pixxxta porque sabe que é gostosa do seu jeitinho.

 

3) Ela é conhecida como “novinha do eletrofunk” e já teve que comprovar sua maioridade ao Ministério Público para continuar se apresentando publicamente como cantora.

4) Ela também já foi denunciada para o Conselho Tutelar por conta de suas letras de duplo sentido.

 

5) Ela vai contra a sociedade machista que acha errado mulher sair sem o namorado:

 

6) Mc Mayra se identifica com as ideias feministas e faz questão de apoiar o movimento.

 

7) Ela vai no SBT cantar “Teoria da Branca de Neve, porque eu vou ter um se eu posso ter sete?” acompanhada desses ~anões:

 

8) E no Programa da Eliana ela bate o pé quando o sertanejo Daniel é babaca e levanta a bandeira feminista em canal aberto: “TEMOS OS MESMOS DIREITOS QUE OS HOMENS, NÃO É MENINAS?”.

 

9) Ela tem “As Teorias da Mc Mayara”:

 

10) Ela homenageia as nossas eternas divas Spice Girls e ainda esculacha os boy que não deram bola pra ela no passado:

 

11) Ela defende a liberdade sexual da mulher sair com quantos caras ela quiser:

 

12) Ela é mãe da Manu e posta fotos fofinhas da filha na sua fanpage.

 

13) Aliás, ela causou ~polêmica quando, aos 18 anos, gravou o clipe “Ela sabe rebolar” gravidinha e mandou a real pros moralistas: “Gravidez não é doença”.

 

14) Ela vai lançar um novo clipe com referência a estética do filme Sin City, do quadrinista Frank Miller e dos cineastas Robert Rodriguez e Quentin Tarantino.

 

15) Detalhe pra sinopse: “Mc Mayara surge no papel de femme fatale, uma vilã sensual e perigosa que, com ajuda de suas capangas, sequestra os homens que ela quer para usar e abusar em seu esconderijo!”.

 

16) É Anitta… Hoje não deu pra você: Mc Mayra >>> Anitta.