Vale sonhar com o Blink-182 no Brasil?
Se você não é daqueles grandes sonhadores esperançosos, ver o Blink-182 ao vivo no Brasil já deixou de ser algo plausível. Em quase 25 anos de carreira, a banda nunca veio à América do Sul. Tivemos a volta dos grandes festivais, tivemos o dólar a 1 por 1 com o real, “booms” econômicos – e mesmo assim, nunca ocorreu de o grupo californiano se aventurar por essas terras. É difícil prever, mas pode-se dizer que, mesmo nessa nova fase, é improvável vê-los por aqui por alguns motivos.
Trauma de avião
O principal deles é o baterista Travis Baker, que em 2008 sofreu um grave acidente de avião que vitimou quatro pessoas e o deixou severamente machucado. Travis precisou de múltiplas cirurgias e transfusão de sangue após a tragédia nos Estados Unidos. O episódio acabou por reunir o Blink, que havia entrado em hiato em 2005. A banda retomou as atividades em 2009, mas Baker não viajou mais de avião, o que inviabilizou (ou, no mínimo, complicou) shows em locais mais distantes.
Para tocar na Europa, por exemplo, o baterista chegou a viajar de navio. Em 2013, ele recusou participar de uma turnê na Austrália, para onde o itinerário de navios não casava com as datas marcadas. Barker deu sua bênção para a banda levar outro baterista, e assim Brooks Wackerman, ex-Bad Religion e atualmente no Avenged Sevenfold, assumiu o posto. E essa não seria uma possibilidade? Fazer o mesmo para levar o Blink ao Brasil?
Tom DeLonge
Não. Basicamente porque o Blink demitiu o guitarrista Tom DeLonge após entrar publicamente em atrito em 2015. DeLonge sugeriu que o baixista Mark Hoppus chegou a discutir a saída de Travis Barker em 2014, o que foi prontamente negado. Isso, por si só, é um motivo para não excluir Barker de qualquer performance que seja. Além disso, a banda já está “remendada”, com a entrada de Matt Skiba, do Alkaline Trio, embora muito elogiada. O Blink-182 é um power trio. Não dá para “abrir mão” de um segundo integrante.
Tour americana. E só.
Em abril deste ano, a banda concedeu entrevista à rádio americana KROQ na qual Mark Hoppus anunciou turnê mundial passando “por países onde a banda nunca esteve”. O fansite Action182 repercutiu e anunciou que shows no Brasil em 2017 seriam muito prováveis. Porém, até agora, nada foi confirmado. O Blink atualmente faz uma extensa turnê norte-americana, com muitos dos shows com ingressos esgotados. O último deles está marcado para 7 de outubro. Depois disso, quem sabe. Eu não esperaria de pé.


Ah, que sentimento maravilhoso. Melancolia e profunda tristeza travestidos de sorrisos breves diante de tantas lembranças. Aquela capa de CD, aquele show na grade, aquele ingresso guardado, versos, refrões e solos. Tudo daquela época em que a banda era tão boa. Pode parecer ruim, mas manter esse sentimento vivo é como manter viva também a banda à qual você tanto se apegou. É uma espécie de legado. O ciclo dela terminou, mas foi bom enquanto durou. Acontece. Só não dá pra chafurdar nesse tipo de situação. Chega de drama.
Ok, sua banda não acabou, mas não é mais a mesma. Por que, então, não ter um pouco de paciência? Ouvir melhor aquele último álbum e tentar entender o novo conceito, as ideias por trás das mudanças. Ficar atento a entrevistas que possam dar uma luz sobre o que diabos aconteceu com eles. Dar um tempo àquele novo membro para que se adapte à banda e ver se ele consegue se encaixar. Tudo toma tempo.
Sem ressentimentos. Se você prefere o Forfun adolescente, o Iron Maiden com os vocais de Paul Di’Anno ou o Foo Fighters pré-Taylor Hawkins, não é obrigado a acompanhar as fases mais recentes depois das mudanças. Muita gente não conhece o trabalho do Raimundos pós-Rodolfo. Muita gente não reconhece o Queen com Adam Lambert nos vocais. E aí, a relação é cortada – podemos até voltar para o item 1, se isso acontecer.
Se Tom DeLonge sair mesmo do Blink 182, não vai ser a relação com os fãs, com a história musical ou mesmo financeira que vai fazê-lo mudar de ideia. Alguns fãs vão chorar as mágoas e dizer: “pra mim, o Blink acabou”. Outros, provavelmente aqueles que aceitaram a transição punk veloz e direto para músicas mais melódicas e baladinhas, vão seguir acompanhando, vão ver no que vai dar.

