Wilson Sideral: “groove e rock sempre andam juntos”

Continuando o papo iniciado no NTR Convida #31, Wilson Sideral falou um pouco sobre o novo disco. Confesso que, como fã, fiquei ainda mais na expectativa de seu lançamento após a conversa. Sideral sempre teve o feeling para balancear seus discos com hits românticos e pops sem esquecer do lado mais funk e mais rock, dançante e suingado.

Os últimos projetos já mostravam uma evolução nas composições e na variação das fórmulas, tanto de gravação quanto na distribuição e venda. Seu último trabalho, o Projeto #SINGLES, foi uma edição limitada lançada exclusivamente em pendrive. Com 5 músicas inéditas e mais um kit, com os respectivos videoclipes, bastidores das gravações, letras, cifras e fotos. Confira “Quase Um”, que foi o carro-chefe do projeto e, logo após, a entrevista.

sideral

NTR – Bem Sideral, “Foi preciso você”, esse é o primeiro single do seu novo álbum, certo?
Sideral –  Isso, o disco tem 15 faixas, e uma coisa bem legal sobre ele é que ele vai contar com 15 clipes, onde vou explorar várias técnicas de gravação, vai ficar muito bacana, vários amigos, cada um produzindo, dirigindo um dos clipes, tem muita gente boa nesse projeto.

NTR – Sobre o “Canções de Computador”, você já tem uma data de lançamento?
Sideral – Ainda não, a ideia inicial era lançar de forma independente, porém surgiu uma oportunidade e estamos negociando a distribuição. Ainda não posso dar muitos detalhes sobre.

NTR – Esse novo disco vai ter uma pegada mais Rock, ou algo mais dançante. E quanto as baladas?
Sideral – O disco vai ter um pouco de tudo. Pra mim, o Groove e o Rock sempre andam juntos. E vão ter sim algumas baladas. Não tem jeito rapaz, sempre quando você vai ver depois quais as mais pedidas, as mais tocadas e baixadas, são sempre as baladas, aconteceu assim com “Fugindo de mim” e “Maria”, bons exemplos disso.

NTR – Algo novo para o disco? Conta com participações?
Sideral – Nesse disco tem 2 pontos diferentes pra mim. Primeiro, é o “ousar mais”. Fiz como ainda não havia feito. Várias experimentações e faixas “malucas”. Segundo, a utilização de metais. Já havia utilizado metais na banda em outras oportunidades, mas agora eles estarão presentes em 6 faixas. Todas com arranjos maravilhosos dos maestros Otávio de Morais e Ed Costa. O disco também vai contar com participações do Rap n’ Hood, num rap/ska, do Max de Castro e do Galdino, que também é violinista do Teatro Mágico.

NTR – Bem, vamos aguardar o disco ansiosamente, eu principalmente, pelo uso dos metais. Muito Obrigado pelo tempo e atenção e boa sorte para o seu Galo Mineiro!
Sideral – (Risos), valeu! Agora todo o Brasil tem que estar junto com o Galo. O time está jogando muito, se não for campeão esse ano, não sei não! Um abraço forte para você e para a equipe do Não Toco Raul. Muita paz e muita música!

Fotos: Ricardo Muniz

Marcel Ziul: In a Minute

 
Marcel Ziul lançou no último domingo, 15 de julho, o álbum In a Minute, o terceiro de uma promissora carreira. Com nove músicas, muita influência de blues, um timbre de voz marcante e tratamento de mídia, o músico de Campinas dá um importante passo no processo de estabelecimento: primeiro como artista autoral, depois como aspirante ao grande público.

Em In a Minute, Ziul mantém a coerência em referência ao seu breve trabalho anterior: não se entrega à música pop com refrões grudentos, continua cantando em inglês e com a pegada blues totalmente exposta. Seu material de divulgação compara o estilo ao “rock de Jimi Hendrix e o Soul de Stevie Wonder”. A julgar pelo lançamento, é um pouco demais.

A música-título do álbum, “In a Minute”, a última da listagem, é tranquila e melodiosa assim como a marcante “Learn to Fall”, 6ª música. Já em “All the Time”, que abre o disco e é a primeira música de trabalho, Ziul aparece mais pop, com grande melodia – talento que também se traduz também em “Far Apart”,  a terceira.

O álbum fica mais agitado na excelente “Afraid of Loving You” (faixa 2), em “Don’t Walk Away” (faixa 7) e em “Too Blind To See” (faixa 8), nas quais ele põe para cima uma de suas principais características: a pegada. Ao vivo, Ziul toca muito forte, o que fica perceptível nessas músicas. Deve ser efeito de se apresentar em power trio, com a responsabilidade de ter de segurar o som acompanhado apenas de bateria e baixo. Isso ele faz com excelência.

Em In a Minute, as músicas contam com  trilhas de guitarra distintas em alguns momentos, embora o som ao vivo não fique comprometido. Em uma apresentação recente no Delta Blues Bar, em Campinas, Ziul tocou boa parte das músicas do novo álbum sem demonstrar nenhum prejuízo aos arranjos, sempre muito bem trabalhados – as frases entre os acordes, o swingue e a levada da mão direita e os acordes dissonantes seguem impressionando.

Apesar disso, nenhuma faixa do novo disco tem o peso de “Too Late”, música do álbum anterior, Live Studio Sessions (2009). Nele, Ziul reúne inéditas com composições do primogênito The MZ Trio: First Takes (2008). “Too Late” é uma excelente música, tal como “Hurt”, executada pela Rádio Transamérica SP. “Ain’t the Same” e “Confined” também são muito boas, expondo a habilidade de arranjador do músico.

Portanto, In a Minute não supera o álbum anterior, fruto de anos de trabalho. Mas põe Ziul numa rota promissora, com show sustentado principalmente por músicas autorais relevantes. Foi assim o primeiro bloco de sua recente apresentação no Delta Blues Bar. Também teve poucos, mas inspirados covers: “Isn’t she lovely”, de Stevie Wonder; “Couldn’t Stand the Weather”, de Stevie Ray Vaughan e “Purple Rain”, do Prince, estavam entre eles. Uma puta apresentação.

No palco, aliás, Ziul não muda. Continua se apresentando de olhos fechados na maior parte do tempo, mas se movimentando muito e fazendo caretas em meio a bends e solos.

Mantém uma simplicidade engraçada que o faz entoar “eu gosto de Jimi Hendrix” depois de uma versão arrebatadora de “Purple Haze”. De  vez em quando, faz até um scat singing. Principalmente depois de In a Minute, vale a pena ver Marcel Ziul.

 
 
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Luiz Beleza: Chegou a Hora

O estudante de engenharia Luiz Beleza, conhecido como Tupi entre os amigos, começou sua vida musical aos 14 anos, com sua banda de rock “Inércia 42”. Natural de Santos, morou em Manaus até os 18 anos e atualmente reside em Bauru, onde intercala aulas de eletromagnetismo com cervejadas e shows.

“Chegou a Hora”, lançado em 2011, foi produzido por Cesar Bottinha e contou com grandes nomes como por exemplo, o baixista Robinho Tavares, que já tocou com nomes como Ed Motta, Wilson Simoninha, Max de Castro, Simoninha e Jair Oliveira. No disco, nota-se grande influência de Tim Maia, Ed Motta, Djavan e Seu Jorge nas composições de Luiz, que também gravou alguns clássicos e músicas de autoria de amigos compositores.

Presente do próprio Luiz Beleza para o NTR, deixamos aqui o disco para você ouvir na íntegra.

Eu quero sol (faixa 1), tem pinta de tema de abertura de novela das oito. Faz lembrar àquelas cenas da mocinha correndo com o vestido esvoaçante contra o mar. A letra simples te faz cantar ao ouvir já pela primeira vez.

Mundo cruel (faixa 2), que não por acaso é a música de trabalho de Luiz Beleza, fala sobre dramas dos recém-chegados à vida adulta. O instrumental dessa música é simplesmente um chute nas partes baixas. Está tudo lá, em seu devido lugar: bateria, baixo, guitarra, teclados e os sopros – aaaah, os sopros! O refrão, que diz apenas “ÔÔÔÔ, mundo cruel”, não precisa de mais nada, graças aos sopros.

Capitães da areia (faixa 3), uma balada baseada no romance de Jorge Amado, mostra o lado mais “tranquilo” de Luiz, assim como Andarilho das estrelas (faixa 8).

Em Segredo (faixa 4) ele retoma o groove e coloca um pouco de romantismo, nada exagerado. A fórmula é mantida em Hey menina (faixa 7), e aqui, com certeza, lembramos um pouco de Claudio Zoli, o que troca de biquini sem parar.
Diz que fui por ai (faixa 5), samba composto por Hortênsio Rocha  e Zé Keti, começa só com voz e a caixinha-de-fósforo. A música já foi gravada pelo xará Luiz Melodia, Nara Leão e também por Fernanda Takai. Nessa versão, assim como em Geraldinos e arquibaldos (faixa 10), de Gonzaguinha, Luiz não inventa, faz o feijão-com-arroz e aproveita para mostrar sua versatilidade. Fechando o disco, temos a festiva Direção (faixa 9) e o samba-rock Já rolou (faixa 11), que com certeza bota o pessoal pra dançar nos shows.

Chegou a hora nos apresenta um cantor com muita personalidade, boas referências e uma boa mão para compor. O time que participou do disco, desde as composições, passando pelos músicos e produção, é de primeira classe, e merece também os parabéns pelo excelente trabalho. O disco vai melhor quando corre pelo Pop, Samba e Soul do que quando cai para as baladas, o que nem de longe faz com que ele deixe de ser um ótimo disco de estreia.

Só pra reforçar a brincadeira sobre a novela das oito: (1) dê um play no vídeo abaixo, (2) pause, (3) tire o som do player do youtube e (4) Dê play em “Eu quero sol”, primeira faixa do disco e em sequência, o vídeo abaixo.

Está até sincronizado. Curioso, não?

Playlist: a influência de James Brown



 Essa playlist vai homenagear o “Godfather of Soul”, que hoje, dia 03/05 completaria 79 anos. James Brown faz parte de um seleto grupo de artistas que geraram imensa influência sobre todos os outros estilos. Aqui, selecionamos 10 músicas de diferentes artistas que ouviram, cantaram e dançaram muito I feel good, Sex machine e Super Bad.

 

Azwethinkweiz –  Incubus

01 – Azwethinkweiz – Incubus

 

Where Do We Go From Here – Jamiroquai


02 – Where Do We Go From Here – Jamiroquai

 

S.O.S – Funk como le gusta


03 – S.O.S – Funk como le gusta

 

Fallin’ – Alicia Keys

Um sample de It’s A Man’s Man’s Man’s World, Fallin’ foi o primeiro sucesso de Alicia Keys.

I miss you – Rolling Stone


05 – I miss you – Rolling Stone

 

Maria fumaça – Black Rio


06 – Maria – Black Rio

 

Tightrope (feat. Big Boi) – Janelle Monáe

If You Have To Ask – Red Hot Chili Peppers


08 – If You Have To Ask – Red Hot Chili Peppers

 

O Caminho Do Bem – Tim Maia

O Caminho Do Bem – Tim Maia

 

Blame it on the boogie – Jackson Five

Presença de palco e playback junto com os típicos croma key e efeitos de dar dor de cabeça dos anos 80.

 

Por fim, algumas lições de dança e todas as músicas para ouvir em sequência.

NTR Playlist #03 – Influenciados por James Brown by Naotocoraul on Mixcloud

 

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Todos Menos Eu: Mayer Hawthorne

Em “Todos menos eu eu” vamos falar daquele artista/banda que é hype e está em todos os blogs, na programação da MTV, Multishow e na Rolling Stone. Vamos fazer o trabalho sujo para você não ficar sem assunto com seus amigos hipsters.

 
“Bem, a noite chegou ao fim. Eu me diverti também, mas, isso não precisa terminar aqui. Eu sei que a gente acabou de se conhecer, que não conhecemos um ao outro muito bem ainda. Mas eu não consigo evitar a sensação de que existe algo especial entre nós. Eu realmente quero te conhecer melhor”.

O trecho inicial da música “Get to know you”, a primeira faixa do álbum How Do You Do (2011), mostra toda a lábia aplicada por Mayer Hawthorne em suas letras, que segundo ele mesmo, tem muita inspiração de um dos mestres da Arte do Gratino: Barry White.

Mayer Hawthorne é um dos novos ícone do soul – ou new soul, se preferir – que nos últimos anos teve suas atenções voltadas para Amy Winehouse. Ele faz parte  do time composto por Janele Monáe, Joss Stone, Duffy,  Aloe Blacc e John Legend and The Roots.

Andrew Cohen (esse é o seu verdadeiro nome), tem um pai que é um grande baixista e uma mãe que canta e toca piano. Aos 6 anos, ele já estava aprendendo a tocar esses instrumentos e durante o colegial tocou em várias bandas. Mais tarde, ele passou a investir no hip-hop, atuando como como produtor dos coletivos  Now On e Athletic Mic League, usando o nome de DJ Haircut.

Entre a gravação de um beat e outro, ele adotou o nome de Mayer Hawthorne afim de batizar seus experimentos caseiros onde tocava todos os instrumentos e fazia as gravações de forma totalmente analógica. Pouco tempo depois, seu EP com apenas 2 músicas já estava sendo deixado de lado em razão da gravação do seu primeiro disco.

Seu disco de estreia, Strange Arrangement (2009), conta com 14 faixas na qual relembra os clássicos da Motown, com letras e arranjos retrô somados a uma pegada contemporânea vinda de sua origem no hip-hop. Os destaques desse disco ficam para as ótimas  “Maybe so, maybe no” (faixa 4), “Your Easy Lovin’ Ain’t Pleasin’ Nothin” (faixa 5),” I Wish It Would Rain” (faixa 6) e “Just ain’t gonna work out” (faixa 3), que teve uma versão em LP em formato de coração, que gerou uma boa repercussão na época.
 
 

Em How Do You do (2011), além do convite já feito no início desse post, em “Get To Know You” (faixa 1), os destaques ficam para a festeira “Long Time” (faixa 2), “Can’t Stop” (faixa 3), que conta com a participação de Snoop Dogg, que canta de verdade (!),  e para o single “The Walk” (faixa 5), que que rendeu 2 clipes: uma versão “Sr. e Sr.a Smith” e uma versão com os Rizzle Kicks.

Um outro destaque do nerd-retrô-soulman-skatevibration-eu-vim-de-santos é a qualidade dos videoclipes. Sempre bem produzidos, eles costumam fugir do tradicional “banda tocando em algum lugar inóspito”. Mesmo quando ele se rende ao clichê, acaba fazendo com maestria.


Skatistas, Djs, Rappers e Hipsters, várias tribos de Mayer Hawthorne

 


“Your Easy Lovin’ Ain’t Pleasin’ Nothin”, filmado em plano sequência

Ao vivo, Hawthorne se mostra bem mais confiante em relação a sua voz hoje do que no início da carreira, onde recebeu críticas em função do seu pouco alcance. Em recente entrevista ao site Dcist , ele diz que chegou a aprender muito com Bruno Mars, com quem chegou fazer uma turnê inteira. Essa confiança já foi mostrada no Brasil em 2011 no Summer Soul Festival e também em fevereiro desse ano, no Rio de Janeiro e São Paulo. Sempre com sua banda impecável, nos instrumentos, vocais e vestimentas.

Hawthorne posta sempre em sua Fanpage uma foto de cada show. Sorte de quem fica na frente!

Mayer Hawthorne vem ganhando destaque a cada dia. Não é difícil encontrar uma matéria que crava “Esse é o artista que ocupará o lugar deixado por Amy Winehouse”, isso não vale só para ele, mas para todos os nomes do new soul. Por enquanto, ele passa longe disso, não pela sua qualidade, mas pelo seu bom-mocismo e discrição fora dos palcos, característica essa que muitas vezes é o ponto de ligação entre “Esse é o cara” e “Esse é só mais um cara”. Que continue bonzinho e prefira continuar levando seu Iphone ao palco do que uma garrafa de Whisky.

 

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