Sobre Hangar 110 e “a cena”

Passaram-se 18 anos desde que o CPM 22 deu os primeiros acordes já ouvidos no palco do Hangar 110, templo do rock underground paulistano. Naquela noite, local e banda ainda não tinham o sucesso que alcançaram com a explosão do rock nacional nos anos 2000. Para o Hangar, a história chegará ao fim: Alemão e Cilmara, casal de donos do local, anunciaram 2017 como última temporada, o que tem gerado uma grande reflexão sobre o que se chama de “a cena”.

A justificativa dada para a decisão é simples: os tempos mudaram. Em comunicado postado na página do Hangar 110 no Facebook, os donos explicaram como a internet, apesar de aproximar as pessoas, acabou distanciando-as fisicamente. A consequência é acabar com o tipo de espírito que marcou o começo da casa. “Hoje, não conseguimos ver uma luz no fim do túnel em relação a isso, pois as bandas estão acabando, e poucas bandas novas seguem esse espírito rock’n roll”.

Alemão montou o Hangar depois de ir à loja de discos de um amigo e ver uma parede lotada de álbuns de bandas brasileiras, todas sem lugar para tocar. Com a chegada dos anos 2000, ficou mais fácil gravar, e as bandas independentes aumentaram consideravelmente. Quando elas começavam a alçar voo, o Hangar apareceu como o local para ajudar a projetá-las. Ou nem isso. Simplesmente o lugar para poder ver um show em companhia dos amigos.

“A relevância que o Hangar 110 tinha no ínicio para as bandas e público, já não existe mais. Há shows em inúmeros lugares e por incrível que pareça, esse também foi um complicador”, explicaram.

Oras, que diabos de “cena” é essa então, que acaba por derrubar o lugar onde ela se fortaleceu?

A cena somos nós. Nós indo ao Inferno, na Augusta, ou ao Carioca Club, em Pinheiros, assistir às bandas que, antigamente, não tocariam em lugar algum. Ou nós aproveitando o Rock na Praça, com shows de graça no centro, ou ainda eventos no Sesc mais próximo ou em casas menores. A cena são os shows pesados no Aquarius Bar, nos confins da Zona Leste, casa que foi inaugurada em 2011 onde, antigamente, não havia tanta opção.

Não é a cena que está morrendo, ela se fortaleceu. Pior para o Hangar, que já não atrai tanta gente ali pra perto do Metrô Armênia.

A cena é o Dead Fish abarrotando a Audio Club pra gravar DVD, é o Eminence vindo de BH para tocar com o Seasmile no Inferno ou o John Wayne e o Worst – dois exemplos de bandas novas – agitando o centrão. É o Sampa Music Fest, na Penha, colocando quatro bandas consagradas e outras 16 – muitas ainda em início de carreira – para tocar no mesmo dia, nos mesmos palcos, com o mesmo equipamento (basicamente).

E a cena, principalmente, somos nós saindo de casa para ir a todos esses lugares, inclusive ao Hangar 110 ao longo de todo 2017. Nós comprando merchandising de bandas que conhecemos no Youtube ou nas sugestões do Spotify. Nós participando ativamente. Isso sim é cena. Você faz parte?

 

A musicalidade de The Get Down

Duas semanas se passaram desde o lançamento dos seis episódios iniciais de The Get Down, nova série do Netflix, e a gente ainda não conseguiu entender muito bem: os fãs amam a produção de paixão, enquanto que a crítica pega pesadíssimo. Se há um mérito na produção mais cara já feita pelo serviço de streaming – cerca de US$ 120 milhões ou R$ 388 milhões – é o aspecto musical, a parte mais interessante, pelo menos para o Não Toco Raul.

Não se trata de uma série musical ao estilo Moulin Rouge!, filme de 2001 escrito, produzido e dirigido pelo australiano Baz Luhrmann, o mesmo responsável pela criação de The Get Down, ao lado do americano Stephen Adly Guirgis. Isso quer dizer que há músicas completas nos episódios, mas que funcionam como músicas em si, não como parte da trama, embora elas muitas vezes tenham papel complementar em relação ao que se passa na história. Ponto positivo.

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Mas sim, a trama é confusa a princípio, extremamente veloz e, pra ser sincero, um pouco tosca na ambientação, com personagens aparecendo diante de um óbvio chroma key, algo que você leva um tempo para se acostumar. Ela fica interessante de verdade quando os personagens estão devidamente apresentados e os protagonistas começam a entrar no ritmo da música – especialmente o núcleo que trata do hip-hop em si.

A descoberta de como os DJs trabalham, como os remixes funcionam e a criação de uma rotina reunindo os aspectos do hip-hop – os versos, os b-boys, as pick-ups com os scratches – dão um sabor especial à série, que começa a melhorar justamente nos últimos episódios divulgados até agora. Para ser verossímil, o elenco teve aulas de cultura hip-hop com lendas como Grandmaster Flash (retratado na série) e os rappers Kurtis Blow e Nas.

Os seis episódios finais atraem boas expectativas e devem sair em 2017. Até lá, dá tempo de você se inteirar um pouco mais sobre a cultura que emergiu no Bronx, na década de 70. Se você usar o próprio Netflix, procure pelos filmes “Wild Style” e “Os Donos da Rua” ou o excelente documentário Rubble Kings. Entre os artistas modernos, a plataforma tem muitas opções sobre Notorius BIG, Tupac ou Snoop Dog.the_get_down_netflix_nao_toco_raul

Vale sonhar com o Blink-182 no Brasil?

Se você não é daqueles grandes sonhadores esperançosos, ver o Blink-182 ao vivo no Brasil já deixou de ser algo plausível. Em quase 25 anos de carreira, a banda nunca veio à América do Sul. Tivemos a volta dos grandes festivais, tivemos o dólar a 1 por 1 com o real, “booms” econômicos – e mesmo assim, nunca ocorreu de o grupo californiano se aventurar por essas terras. É difícil prever, mas pode-se dizer que, mesmo nessa nova fase, é improvável vê-los por aqui por alguns motivos.

Trauma de avião
O principal deles é o baterista Travis Baker, que em 2008 sofreu um grave acidente de avião que vitimou quatro pessoas e o deixou severamente machucado. Travis precisou de múltiplas cirurgias e transfusão de sangue após a tragédia nos Estados Unidos. O episódio acabou por reunir o Blink, que havia entrado em hiato em 2005. A banda retomou as atividades em 2009, mas Baker não viajou mais de avião, o que inviabilizou (ou, no mínimo, complicou) shows em locais mais distantes.

Para tocar na Europa, por exemplo, o baterista chegou a viajar de navio. Em 2013, ele recusou participar de uma turnê na Austrália, para onde o itinerário de navios não casava com as datas marcadas. Barker deu sua bênção para a banda levar outro baterista, e assim Brooks Wackerman, ex-Bad Religion e atualmente no Avenged Sevenfold, assumiu o posto. E essa não seria uma possibilidade? Fazer o mesmo para levar o Blink ao Brasil?

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Tom DeLonge
Não. Basicamente porque o Blink demitiu o guitarrista Tom DeLonge após entrar publicamente em atrito em 2015. DeLonge sugeriu que o baixista Mark Hoppus chegou a discutir a saída de Travis Barker em 2014, o que foi prontamente negado. Isso, por si só, é um motivo para não excluir Barker de qualquer performance que seja. Além disso, a banda já está “remendada”, com a entrada de Matt Skiba, do Alkaline Trio, embora muito elogiada. O Blink-182 é um power trio. Não dá para “abrir mão” de um segundo integrante.

Tour americana. E só.
Em abril deste ano, a banda concedeu entrevista à rádio americana KROQ na qual Mark Hoppus anunciou turnê mundial passando “por países onde a banda nunca esteve”. O fansite Action182 repercutiu e anunciou que shows no Brasil em 2017 seriam muito prováveis. Porém, até agora, nada foi confirmado. O Blink atualmente faz uma extensa turnê norte-americana, com muitos dos shows com ingressos esgotados. O último deles está marcado para 7 de outubro. Depois disso, quem sabe. Eu não esperaria de pé.

Especialista em love songs, mas não sabe amar

Você já gostou tanto, tanto de alguém que preferiria nem dormir para não correr o risco de perder um segundo ao lado da pessoa amada? Esse é o mote de I Don’t Wanna Miss a Thing, sucesso do Aerosmith escrito por Diane Warren. Californiana de 58 anos, ela encantou o mundo com a melodia e a letra da música-tema do filme Armageddon (1998). Ela mesmo nunca sentiu algo parecido com isso. Na verdade, Diane Warren não tem um namoro sério desde 1992 e jã ficou pelo menos cinco anos sem sair com alguém. Por que isso é impressionante? Porque Diane Warren é a maior compositora de love songs do mundo.

I Don´t Wanna Miss a Thing é apenas um exemplo. Warren foi indicada ao Oscar sete vezes por músicas que abrilhantaram filmes e mais filmes – Because You Loved Me, de Celine Dion, por exemplo. Por essa música, ela ganhou um Grammy em 1997, além de ter outras oito indicações à premiação. Além disso, foi indicada cinco vezes ao Golden Globe Awards (venceu uma, com You Haven´t Seen The Last Of Me, com interpreção da Cher, em 2011) e, em 2001, foi incluída no Songwritters Hall of Fame. Ela foi a primeira pessoa da história a ter 7 hits na lista da Billboard. Seus royalties rendem US$ 20 milhões por ano (R$ 62 milhões).

Nada do que compôs, no entanto, é baseado em experiências pessoais, verdadeiras, reais.
(dê o play nessa playlist com os maiores sucessos dela!)

“Eu nunca me apaixonei como nas minhas músicas. Eu não sou como uma pessoa normal. Não sou boa em relacionamentos. Eu atraio drama – é a minha parte judia”, disse a compositora, em entrevista ao jornal The Guardian. Isso não significa, no entanto, que tudo seja falso. Warren se define como uma romântica desiludida, então escrever love songs, para ela, é uma forma de escape. “Eu tenho uma boa imaginação. Eu sei como é ter seu coração partido. Eu sei como é sentir algo por alguém. Eu só sou muito estranha para estar em um relacionamento”, explicou.

Ao compor o sucesso do Aerosmith, Diana começa com o verso: “I could stay awake just to hear you breathing”. “Se alguém ficasse me ouvindo respirar a noite toda, eu o jogaria pela janela. De preferência, de uma bem alta. Por que eu iria querer alguém ouvindo minha respiração?”, ironizou.

Diane Warren é a prova de que vivência não é primordial para fazer uma música. É questão de inspiração, mas também de trabalho duro, já que ela passa 12 horas por dia, de segunda a sábado, concentrada nas suas músicas. “Eu posso escrever a melhor música do mundo. No dia seguinte, estou de volta à estaca zero”, explicou. É uma workaholic, direto de seu escritório em Los Angeles, um lugar que, por superstição, nunca foi limpo e para o qual ela mantém restrição total a visitas: ninguém entra.

Mas como fazer essa mulher finalmente se apaixonar? Diane deu dicas, em entrevista ao site The Free Library. “Eu praticamente preciso de uma esposa. Eu não posso ser responsável por cuidar de alguém. Eu sou high mainteinence, não pelo fato de que preciso sempre de alguém comigo, mas porque eu nunca poderia cuidar de alguém. Se eu estivesse com alguém, ele teria que ser warkaholic, fazer suas próprias coisas e não me incomodar”, afirmou. Ok, Parece justo.

PS. Além de inúmeras Love Songs, Diane Warren nos brindou com essa clássico:

NTR Convida #56 – The Fingerprints

Os nossos convidados de hoje são os integrantes da banda The Fingerprints, de Santo André. A banda foi formada em maio de 2014 por May Dantas (vocal e guitarra), Felipe Gasnier (guitarra), Tales Lobo (baixo) e Daniel Cardoso (bateria). Eles tocam punk rock rápido, distorcido e sujo, com muita influência de grunge também. A própria banda define seu som como “guitarras bem sujas, vocal feminino rasgado e uma forte presença e energia no palco”.

Os integrantes se conhecem há anos e sempre tocaram juntos de brincadeira, até decidirem levar a sério, investir em músicas autorais e shows.

O nome da banda é inspirado em silk-screen, uma técnica artesanal de estampar camisetas. Em 2007, May, Tales e Daniel moraram no Canadá e trabalharam em uma estamparia. Algumas camisetas saíam manchadas com as digitais (fingerprints).

Os Fingerprints vem fazendo muitos shows e tocando músicas autorais. Eles já passaram por casas de show tradicionais de São Paulo, como o Hangar 110, casa de muitas bandas punk e alternativas; e o clássico Café Aurora, no Bixiga.

Eles têm bons vídeos tocando músicas próprias ao vivo no Aleluia Fest, em outubro do ano passado:

                 Obsession – a música que eles mais gostam, que deve ganhar um clipe em breve

 

                                                                                      Drama King

 

Confira a playlist e a entrevista dos Fingerprints para o Não Toco Raul:

 

PLAYLIST
Clique no vídeo no topo do post para ouvir as músicas na sequência)

“As músicas escolhidas são aquelas que estávamos com bastante vontade de tocar nos shows. Não sabemos ainda se iremos tocá-las, mas se anunciarmos um cover no show provavelmente será uma dessas. São músicas que nós quatro gostamos e que de certo modo influenciam no nosso som”, explicou Felipe.

1) The Pixies – Hey

2) Descendents – Suburban Home

3) L7 – Wargasm

 

ENTREVISTA

1) Ainda tem espaço pro punk rock no Brasil? Vocês sentem que tem onde tocar, que tem público?
Felipe: Espaço tem. E, se não tem, “faça você mesmo”! Tocando na rua, estacionamento, casa de amigos…o problema, ao meu ver, e que gerou uma extinção de bandas punks, foram os incentivos. São poucos que consomem, são poucos que não estão na lista VIP, que compram CDs e merch… Sabe, no Brasil ninguém foi educado a colaborar com arte, não importa se é música, quadros, zines, a galera não apoia e isso desmotiva geral. Não estou falando só de grana, não é essa a questão, mas para a engrenagem rodar é preciso algum tipo de estimulo. Às vezes os aplauso ou um papo pós showjá são motivo para o artista querer se superar na próxima apresentação. É assim que a arte funciona! Agora, se a banda XYZ do EUA vem tocar no Brasil com ingressos absurdamente caros, surgem roqueiros de todos os cantos para babar ovo. Vai entender…

2) Vocês já gravaram algumas músicas, certo? Dá pra ouvir na internet?
May: A banda tem relativamente pouco tempo de vida. Lançado mesmo a gente só tem um álbum ao vivo que rolou no Aleluia Fest, em outubro do ano passado. Dá pra ouvir na internet sim, no nosso Bandcamp. Também temos uns videos bem legais desse show, com a qualidade de áudio muito boa, no nosso canal do YouTube. A gente tá trabalhando no nosso primeiro EP, que vai contar com 5 músicas. Queremos lançar agora em março.

3) Quais são suas influências e inspirações pra fazer música?
May: Tem uma banda Americana que chama “Crime in Stereo” e, em uma de suas músicas, o vocalista diz: “Without a broken heart, we’ve got nothing to sing about” (“sem um coração partido, não teremos sobre o que cantar”). Eu mesma que escrevo as letras, sobre situações (ou frustrações) cotidianas, por isso algumas delas são bem pesadas, algumas até meio profundamente melancólicas. Quando lançarmos o EP, iremos também divulgar as letras. Depois que a letra é feita, a base e toda a harmonia da música é trabalhada pela banda inteira junta, dando assim um peso e uma certa agressividade num todo.

4) May, você já sofreu com machismo por ser musicista? Já rolou alguma situação em show?
May: Existe machismo sim, um tipo de interesse escroto. Pode ser alguma admiração estranha por ser uma mina na banda, mas eu quero mais é que se foda! Não vou deixar isso me limitar, por mais que encha o saco pra caralho. Acham que ser mulher é ser o sexo frágil; e quero muito poder provar o contrário. Quando eu falo para as pessoas que eu tenho banda, toco punk rock e tal, todo mundo tenta imaginar algo o mais doce possível – e eu adoro a cara de espanto de cada um quando já no primeiro acorde sai aquela sujeira podre, com um puta vocal rasgado.

5) Vocês têm vários shows marcados, estão tocando bastante. Quais são as aspirações da banda?
May: Como eu falei antes, agora a gente tá focando no nosso EP, que queremos lançar em março. Com ele lançado, vamos começar a gravar o clipe do nosso som favorito, chamado Obsession. E nesse meio tempo (claro, sempre tentando descolar mais e mais shows), de repente tocar em outros estados seria bem legal! Fazer contatos com selos, aquela correria pela qual toda banda independente acaba passando. Tocamos no Hangar no ano passsado e foi um puta show sensacional, acho que pra toda banda independente de São Paulo tocar lá é sempre uma honra. Queremos tocar de novo, obviamente, quem sabe seria até legal fazer um show de lançamento por lá ao lado de alguma outra banda consagrada pela casa. Ah, sim, vale constar que queremos ficar ultra famosos, com aquela mega pose de roqueiros doidões, pra depois (essa alias é toda a intenção da banda) nos voltarmos à igreja universal e mostrar pra todo mundo que reabilitação e servir a nosso senhor é possível sim, só necessita da ajuda de um bom, poderoso e todo bondoso pastor.

6) Aproveitem o espaço pra divulgar o que vocês quiserem!
Felipe: Monte uma banda, pinte quadro, escreva zines, abra seu próprio negócio! Faça você mesmo! Quem manda em você é SOMENTE você.
May: VEJAM NOSSO VÍDEO NOVO! E vão nos shows, tá da hora e sem escrúpulos.

 

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NTR Convida #55 – Tess Parks

Nossa convidada de hoje é a cantora, guitarrista e compositora canadense Tess Parks. Ela tem apenas 24 anos, mas já gravou um álbum e dois EPs, participou de uma coletânea brasileira em homenagem ao Oasis, fez shows em vários países e parcerias com Alan Mcgee – músico inglês que descobriu o Oasis e empresariou bandas como Primal Scream, My Bloody Valentine, Teenage Fanclub e Libertines – e Anton Newcombe, líder do Brian Jonestown Massacre, com quem gravou em Berlim no final de 2014. Na semana que vem, ela vai abrir um show da lendária banda The Jesus And Mary Chain em Birmingham, na Inglaterra. Nada mal, hein?

Tess nasceu em Toronto, começou a tocar piano com apenas 6 anos e, aos 17, foi morar em Londres com o intuito de desenvolver sua carreira na música e na fotografia. Ela tem um estilo bastante particular, que é quase um “dark folk”. São canções mais arrastadas, cheias de sentimento, falsamente calmas. Muita gente compara Tess a Patti Smith. Ela mesma cita como influências Oasis (sua banda preferida), a própria Brian Jonestown Massacre, Spacemen 3, Jesus & Mary Chain, Bob Dylan, Nirvana, Beatles, Rolling Stones. Tess tem uma pegada forte de blues e uma voz muito rouca e grave. As músicas são hipnotizantes e viajandonas. Foi no centro da capital inglesa que eu a conheci, no ano passado. Ela tocou sozinha acompanhada apenas por sua guitarra e, depois do show, montou uma banquinha para vender CDs e fotos em preto e branco de sua autoria. Se no palco Tess tem uma postura mais sombria e introspectiva, fora dele ela é a simpatia em pessoa, falante, alegre e animada.

Vale a pena conhecer seu disco de estreia, que se chama “Blood Hot” e foi lançado em novembro de 2013. Desse disco, Tess lançou um videoclipe bem bacana, para a canção “Somedays”:

Também vale conferir a coletânea brasileira “Live Forever”, feita em 2014 para homenagear os 20 anos do disco de estreia do Oasis – “Definitely Maybe”. Além de Tess, participam 16 artistas, incluindo Chuck Hipolitho, Cachorro Grande, Single Parents e Veronica Kills.

Tess escolheu uma playlist que é a cara dela e também deu uma entrevista especial para o NTR:

 

PLAYLIST
Clique no vídeo no topo do post para assistir na sequência as músicas de 1 a 4. Clique em cima da música 5 para ouvi-la.

1) Skullgroover – Black Market Karma
Uma das minhas bandas preferidas! Nós fizemos uma turnê juntos no ano passado e a parceria meio que foi continuando…provavelmente vai ser uma turnê infinita. Essa música deles é basicamente uma das minhas canções preferidas de todos os tempos.

2) The Holy Mountain – The Auras
Uma das minhas bandas preferidas de Toronto, de um ótimo selo local chamado Optical Sounds.

3) Sky Sounds – Magic Castles
Acho que estes caras são meus novos colegas de selo! Eu amo essa música, é muito bonita. Soa nostálgica.
Tess faz parte do selo 359, de Alan McGee.

4) Lucid Dreams – The Underground Youth
Banda incrível de Manchester. Eu já amava os caras desde que morava em Toronto e acabei ficando amiga dos integrantes Craig e Olya Dyer. Eles são tão talentosos e fazem uma música tão incrível. Tive a honra de tocar com eles em agosto de 2014.

5) Octo City – Velvet Morning
Me apaixonei por essa banda quando vi eles tocarem ao vivo. Nunca tinha ouvido falar deles antes. Eles são incríveis! Eles fazem música trance hipnótica como ninguém. Estou obcecada com isso.

 

ENTREVISTA

1) Você é de Toronto, mas morou em Londres por um bom tempo. Você acha que a cidade inspira sua música?
Há pouco tempo me mudei de volta de Toronto para a Inglaterra. Hoje, moro em Dartford (cidade vizinha de Londres) com meu lindo namorado. Todo lugar que eu vou me inspira e “desinspira”, na verdade. Eu gosto de me movimentar e de viajar o máximo possível para me manter sempre inspirada.

2) Você tem um álbum e dois EPs gravados. Fale um pouco mais sobre estes trabalhos.
As primeiras gravações que eu fiz foram no meu quarto, usando o Garage Band (programa de computador), sem microfone – direto no computador, mesmo.  Existem umas 300 ou 400 gravações dessas, mas decidi lançar apenas algumas delas no Bandcamp no começo de 2013 porque nunca tinha compartilhado propriamente nenhuma delas. Pelo menos não desde os tempos do Myspace, de qualquer forma. Aí eu gravei com alguns amigos em um loft onde costumávamos ensaiar e fazer jams – e acabou ficando uma coleção de gravações bem bonita, sonhadora. Eu gosto muito da sensação dessas gravações. Aí eu fui convidada para fazer um disco que seria lançado no novo selo do Alan McGee, o “359 music”, então gravei meu disco “Blood Hot” com meus melhores amigos, no porão do Thomas.  Foi um processo muito tranquilo, com muitas risadas. Sou muito grata por ter tanta gente maravilhosa na minha vida que topa tocar comigo.

3) Eu vi um show seu em Londres em que você tocava sozinha, apenas com uma guitarra. Você sempre se apresenta assim?
Normalmente eu toco acompanhada por uma banda. Mas no meio do ano passado comecei uma turnê tocando sozinha. Definitivamente, é uma vibe diferente. Eu prefiro tocar com uma banda.

4) Sua voz cantando é muito diferente da sua voz quando você conversa. Isso me impressionou quando te conheci. As pessoas costumam reparar nisso?
(Risos) Ah, sim, todo mundo repara. Acho que minha voz cantando vem de um lugar de dor. Vem bem do fundo do meu coração, visceral…eu não sei. Eu gosto de cantar. Mas não sei de onde vem essa voz. .

5) Você participou de uma coletânea brasileira em tributo ao Oasis. O que isso significou pra você?
O OASIS É A MELHOR BANDA DO MUNDO. MINHA MAIOR INFLUÊNCIA DE TODOS OS TEMPOS. Foi uma grande honra fazer parte dessa coletânea e todas as bandas fizeram um trabalho incrível com os covers.

6)  Você gostaria de tocar no Brasil?
LÓGICO QUE SIM! Eu quero tocar em todos os lugares.

7) Você acha que a indústria musical é machista?
Acredito absolutamente que existe sim machismo nela. E a música mainstream intimida e sexualiza as mulheres, é claro. Mas pessoalmente eu não tive uma experiência com isso.

8)  Como foi graver o clipe de “Somedays”? Achei muito bem produzido!
Obrigada! Este video foi feito pelos meus amigos Mark Cira e Brittany Lucas em North Ontario, na linda e antiga casa de campo dos avós do Mark. O video teve muitos feedbacks positivos e sou muito grata a eles por terem me ajudado a fazer um grande clipe.

9) No que você está trabalhando no momento? Ouvi dizer que você gravou com o Brian Jonestown Massacre (BJM)?
Tenho feito muitos shows pela Europa. Tenho um disco que vai ser lançado em abril, que gravei com o Anton da BJM, sim. Estou super empolgada, não vejo a hora! Acho que é uma obra prima.

10)  Você vai abrir o show do Jesus and Mary Chain! O que acha de tocar com eles?
Vai ser uma honra! Estou super animada! Eu amo essa banda há muito tempo.

11)  Você fotografa. É um hobby? Ou você também trabalha como fotógrafa?
Já fiz fotografia profissional e já tive minhas obras expostas. Definitivamente começou como um hobby, mas tento aproveitar toda oportunidade que tenho de publicar ou mostrar esse trabalho, ou de fotografar uma banda ou qualquer outra coisa.

12) Você sempre foi uma artista solo?
Sempre toquei sozinha e escrevi minhas músicas, mas era tímida demais para fazer show. Montei uma banda com minha melhor amiga, Annie, no Ensino Médio. Não durou muito, mas a gente fez umas músicas  legais e ela me encorajou a me apresentar. Sempre serei grata a ela por isso. Aí eu toquei e me apresentei sozinha quando morei em Londres, durante quatro anos. Quando voltei pra Toronto, montei uma banda. Eu tinha 21 anos. Sempre quis montar uma banda enquanto morava em Londres, mas na época não tinha conhecido as pessoas certas. Quando eu voltei pra Toronto, juntei alguns dos meus melhores amigos para tocar comigo. Gosto de tocar e colaborar com o maior número de pessoas possível.

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NTR Convida #54 – Dryca Ryzzo

Hoje o NTR tem a honra de receber a maravilhosa Dryca Ryzzo, cantora e compositora paulistana que começou a cantar em bandas de reggae e logo passou a se apresentar com grupos de hip-hop como backing vocal, tendo cantado com grandes nomes do gênero, como Mano Brown, Negra Li e Conexão do Morro; e tendo sido integrante do Rosana Bronks – grupo onde teve mais destaque e um clipe incrível para a música “Frenesi” – assista aqui.

Em 2012, Dryca lançou seu primeiro trabalho solo: um disco homônimo muito dançante que manteve referências ao hip-hop, mas que tem uma pegada forte de R&B e muito suingue. “Dryca Ryzzo”foi produzido por Dehco Wanlu (Jigaboo) e masterizado no estúdio Sterling Sound, em Nova Iorque, por Jay Franco. Além da gravação finíssima, a arte do CD é muito bacana – imitando uma vitrola e cheia de fotos lindas.

Do seu primeiro disco, Dryca tem dois clipes muito bem produzidos: “Não Me Diga Bye Bye”, com participação especial do rapper Rinea BV; e “Flerte”, que é simplesmente lindo e mostra a história da música e da arte pelas últimas décadas. A direção de arte e figurino dos dois vídeos foi feita por Ligia Morris, estilista americana que já trabalhou com estrelas como Lady Gaga.

Atualmente, Dryca tem feito muitos shows e está terminando seu segundo disco – que ainda não tem nome divulgado. Ela falou com o Não Toco Raul sobre o novo trabalho e nos indicou uma playlist bacana para agitar o feriado. “Selecionei músicas que curto e que ando ouvindo. Pena que são apenas cinco. Vou lembrar de mais 500 depois, mas espero que curtam!”, disse ela. Confira!

PLAYLIST
Clique no vídeo no topo do post para assistir.

1) Aloe Blacc – Soldiers In The City
“Adoro o disco todo dele – aliás, tudo o que ele faz! Sou fã e escolhi essa música pois, apesar de muitos citarem esse som como plágio de Tim Maia em ‘O Caminho do Bem’, acredito que foi uma homenagem. Ele conseguiu fazer uma versão muito boa.”

2) Beyoncé – Flawless
“O disco novo dela está incrível! Gosto de todas!”

3) Isley Brothers – Don’t Say Goodnight
“Música pra namorar (risos).”

4) “Bob Marley – Turn YourLights Down Low
“Música linda, a versão com a Lauryn hill é demais!”

5) Sabotage – Todas
“Qualquer som! Visionário e autêntico, à frente de seu tempo.”

dryca

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

ENTREVISTA

1) Seu primeiro disco é R&B e dançante, bem de pista. Mas o disco novo é voltado para uma coisa mais roots e orgânica, com influências de reggae. E você começou cantando em bandas de reggae, certo? Fale um pouco sobre as influências desse novo trabalho.
Quando comecei o disco pensei muito sobre qual caminho seguir. Poderia seguir um caminho dançante, mais pop, mais conceito, mas no fim resolvi seguir meu coração. Foi realmente um resgate do que sempre escutei e sempre me influenciou. Componho muito mais neste disco, as letras que não são minhas eu mudei algumas frases e refrões. Podemos dizer que esse novo disco é realmente um reflexo do que estou vivendo hoje, uma evolução também, pois mudei muito nesses três anos que se passaram desde o meu primeiro lançamento e fiz questão de transmitir isso no disco, de colocar minhas vivências, romances, reflexões. Não teria sentido pra mim lançar algo parecido com que eu já fiz. Mas mantenho a essência do disco anterior, no conceito de misturar ritmos para fazer algo com a minha cara, sem segmentar; e fazer chegar a um resultado novo meio que na contramão.

2) Como vai se chamar o disco novo? Quantas faixas terá? Quando vai ser lançado?
Ainda não escolhi o nome e ainda não fechei as faixas, comecei querendo de 5 a 6 musicas, mas já tenho 9 prontas. Estou decidindo como vou lançar, se uma parte ou todas, acredito que sai em breve. Falta só uma música para por voz e não vejo a hora! Só posso dizer por enquanto que o lançamento será em breve, ainda nesse semestre.

3) Todas as músicas foram escritas por você? Quem produziu? O que podemos destacar desse novo trabalho?
De 9 músicas meu parceiro de longa data Rinea BV escreveu 2 e outras 2 fizemos juntos. O produtor do disco, Rick Dub, realmente foi a cereja do bolo pois eu estou amando esse trabalho. Esse novo trabalho eu posso dizer que é diferente, meio que biográfico, na verdade não quero dizer muito, prefiro que quando sair vocês me falem o que acharam e suas impressões. Só posso dizer que usamos muita alma e amor.

4) Tem alguma participação especial no disco novo?
Sim! Fiquei muito contente de poder contar com pessoas talentosas para somar neste trabalho. Já temos gravadas três participações especiais – entre elas Dom Franco, Sistah Mo Respect e Fernandinho Beat Box. Talvez role mais uma participação, mas por enquanto não posso divulgar pois não está fechado.

5) Você vai fazer show em Portugal. Como surgiu essa oportunidade e o que você espera da viagem?
Essa oportunidade surgiu da minha parceria musical com o Fernandinho Beat Box. Faremos um show juntos lá. Além de cantar as músicas novas, cantamos juntos eu e ele improvisando com músicas conhecidas brasileiras e internacionais. Estou muito feliz, quando começamos a cantar não temos dimensão de onde a música pode nos levar; e saber que vão ouvir meu som em outro país é incrível! O show será em abril e não vejo a hora!

6) Fala um pouco do seu passado, você cantou com vários artistas importantes do rap. Quais parcerias mais marcaram sua carreira? Nos últimos anos você participou de shows do Dexter e do Marcelo D2 e já fez parte do Rosana Bronks.
Ah, teve várias pessoas que marcaram pra mim, pois a maioria deles eu era fã, escutava em casa enquanto sonhava com os palcos. Sou muito honrada e grata a todos por me darem oportunidade. Cantar no mesmo palco que Mano Brown pra mim foi um grande aprendizado, toda a familia Racionais, Rosana Bronks, Conexão do Morro me ensinaram muito, como me portar, como encarar um público grande etc. O show que fiz com o Dexter no SESC Belenzinho também marcou. Conhecer e poder cantar com o Fernandinho Beat Box me abriu muito a mente também, sobre como ter seu próprio estilo mas ser ousado em transitar por outros sem se descaracterizar, ser versátil, ele faz isso muito bem, consegue colocar o estilo dele somando com artistas de estilo distintos, de Marisa Monte a Badhi Assadi.

7) Você vai retomar a parceria com a Ligia Morris? Como é trabalhar com ela?
Sim, vou! Sou uma grande admiradora do trabalho dela e gosto que a arte esteja em tudo o que faço, tanto pra se ouvir quanto pra se ver. Amo fazer clipes, se pudesse faria um de cada som. Ela é muito talentosa e temos muita sintonia quando trabalhamos juntas. É uma grande honra poder trabalhar com ela.

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Agenda:
06/03 – São Paulo – Fábrica de Cultura (Capão Redondo)
17/04 – Portugal
28/05 – São Paulo

O que fazer quando sua banda favorita muda

Fomos surpreendidos, na última semana, com o anúncio da saída de Tom DeLonge do Blink 182. Mais interessado em outros assuntos – provavelmente o aplicativo Flo Share, lançado por ele recentemente; e a sua banda paralela Angels & Airwaves -, ele anunciou que não deseja fazer parte dos projetos futuros ao lado de Mark Hoppus e Travis Barker. O Blink mudou de vez, se é que isso já não havia ocorrido. O que fazer?

Para quem é fã de verdade, é sempre complicado ver sua banda sair daquele caminho que, em algum momento, te chamou a atenção e te conquistou. Obviamente que, de forma efetiva, você não pode fazer nada. Não acho que Tom DeLonge gostaria de te ver tocando a campainha da casa dele para uma conversa, também não aceitaria passar por uma intervenção e não seria influenciado por qualquer campanha dos fãs. Provavelmente. A pergunta certa aqui é: como lidar?

Esse texto não fala especificamente sobre o Blink 182 ou sobre o fim das bandas – o Blink provavelmente não acabará, vai até fazer um show em que DeLonge será substituído por Matt Skiba, do Alkaline Trio. Mas, além do término de bandas – ou “hiato por tempo indefinido” – troca de integrantes ou mesmo novos álbuns podem criar questões como essas. Sua banda favorita – de alguma forma – mudou. E agora?

O Não Toco Raul tem algumas sugestões.

1. Nostalgia

Ah, que sentimento maravilhoso. Melancolia e profunda tristeza travestidos de sorrisos breves diante de tantas lembranças. Aquela capa de CD, aquele show na grade, aquele ingresso guardado, versos, refrões e solos. Tudo daquela época em que a banda era tão boa. Pode parecer ruim, mas manter esse sentimento vivo é como manter viva também a banda à qual você tanto se apegou. É uma espécie de legado. O ciclo dela terminou, mas foi bom enquanto durou. Acontece. Só não dá pra chafurdar nesse tipo de situação. Chega de drama.

2. Paciência
Ok, sua banda não acabou, mas não é mais a mesma. Por que, então, não ter um pouco de paciência? Ouvir melhor aquele último álbum e tentar entender o novo conceito, as ideias por trás das mudanças. Ficar atento a entrevistas que possam dar uma luz sobre o que diabos aconteceu com eles. Dar um tempo àquele novo membro para que se adapte à banda e ver se ele consegue se encaixar. Tudo toma tempo.

Há inúmeros exemplos de bandas que mudaram integrantes, conceito, tipo de som e até instrumentos, tudo para melhor – embora essa seja uma avaliação pessoal, questão de gosto. Por exemplo, o Forfun adolescente comparado à banda madura e sólida que é hoje. O Iron Maiden pré-Bruce Dickinson e o salto de qualidade que teve depois que ele substituiu Paul Di’Anno. A entrada de Taylor Hawkins na bateria do Foo Fighters.

3. Relações cortadas
Sem ressentimentos. Se você prefere o Forfun adolescente, o Iron Maiden com os vocais de Paul Di’Anno ou o Foo Fighters pré-Taylor Hawkins, não é obrigado a acompanhar as fases mais recentes depois das mudanças. Muita gente não conhece o trabalho do Raimundos pós-Rodolfo. Muita gente não reconhece o Queen com Adam Lambert nos vocais. E aí, a relação é cortada – podemos até voltar para o item 1, se isso acontecer.

4. Prazer análogo
Enquanto não tínhamos mais o Rage Against the Machinne, podíamos, pelo menos, nos contentar com o Audioslave, essecialmente o RATM sem o Zach de la Rocha, com os vocais de Chris Cornell. Agora que não temos mais o Led Zeppelin, podemos pelo menos ver Robert Plant cantando. Muita gente se contenta há muito tempo em ouvir as músicas do Sepultura com a nova formação da banda, com o Soufly de Max Cavalera ou com a banda dele com seu irmão, Igor, o Cavalera Conspiracy. Não é o Sepultura clássico, mas o prazer de ouvir essas versões pode ser análogo.

O mesmo vale para projetos paralelos, embora eles constantemente não tenham relação musical com o trabalho que originalmente consagrou os artistas. Para ficar em um exemplo já citado: Chris Cornell, em carreira solo, toca músicas novas, do Audioslave e do Soundgarden.

Se Tom DeLonge sair mesmo do Blink 182, não vai ser a relação com os fãs, com a história musical ou mesmo financeira que vai fazê-lo mudar de ideia. Alguns fãs vão chorar as mágoas e dizer: “pra mim, o Blink acabou”. Outros, provavelmente aqueles que aceitaram a transição punk veloz e direto para músicas mais melódicas e baladinhas, vão seguir acompanhando, vão ver no que vai dar.

Se o Não Toco Raul puder dar um conselho diante dessa questão: não desista das bandas que você gosta. Nem dos integrantes delas.

PS. Fica o nosso conselho também para o Blink 182: Stay Togheter For The Kids.