Não se sabia que Tiago Iorc, cantor que tem ganhado cada vez mais visibilidade depois de lançar o ótimo Troco Likes (2015) – e depois do clipe com Bruna Marquezine e da parceria com Sandy, claro – era também um descobridor de talentos. Anavitoria é a nossa primeira prova: um duo formado por Ana Clara Caetano e Vitória Falcão, meninas de Araguaína, no Tocantins. Elas enviaram um vídeo ao cantor e ganharam, na sequência, um EP e um álbum, homônimo e bem recebido.
Tudo isso todo mundo já sabia, menos eu, que descobri o duo nas sugestões do spotify e fiquei muito impressionado com a sensibilidade na hora de escrever as letras. A maioria delas é de Ana Clara, que toca violão e que, a princípio, convidou Vitória para gravar vídeos para o Youtube.
Elas pintam imagens nos versos, como quando cantam “Ei, você que se alojou nos meus olhos e na minha boca, por que não tá aqui?” em Nós. Ou então quando em Singular ela avisa: “mesmo se você brigar, eu te enlaço e não me permito soltar, pro nosso nós não deixar de ser assim: tão singular”.
Aí entra Tiago Iorc produtor, embora assine também algumas faixas no álbum e faça participação especial em Trevo (tu). Ele transformou as meninas, de um duo acústico desses como outros milhões no Youtube, em Pop Rural. A maior parte das músicas tem linha de viola caipira e banjo, e o fato de tocá-las com banda também as descola dessa imagem. Ainda melhor, porque as duas passam ao largo da estética de artistas como Colbie Caillat e Jason Mraz – talvez um pouco mais para Maria Gadú e Tiê, mas, ainda assim, bem original.
Resumindo, não é pop e não é sertanejo. É, de fato, interessantíssimo, ainda mais porque a cultura sertaneja é parte da vida das duas no Tocantins, enquanto que a cultura pop vem da internet, do Youtube e redes sociais. Pra complementar, as duas cantam muito bem e têm um carisma que é uma mescla de uma suposta ingenuidade juvenil e uma tranquilidade inabalável na hora de executar as músicas.
A funkeira Anitta sempre teve uma posição ~polêmica em relação ao seu suposto discurso feminista. Em “O show das poderosas” ela traz para os holofotes o empoderamento feminino, mas também reforça a rivalidade entre as mulheres quando fala DAZINIMIGAS. Ela trouxe o funk pro mainstream, mas está longe de ser porta voz da periferia e o que ela atualmente produz tá muito mais pra um funk “domesticado”, que pode ser provocativo, mas não ofende a moral da família brasileira (sdds Mama). Essa semana Anitta fez todas as mulheres shorarem sangue quando, no programa Altas Horas, defendeu um discurso machista e conservador sobre feminilidade e liberdade sexual dizendo que as mulheres de hoje provocam os homens a pensar mal delas entre outras falas lamentáveis. Assim não dá pra te defender amiga. Depois dessa fica difícil acreditar no discurso “feminista” da funkeira: o que tem de real e o que é assessoria de seus produtores pra usar o movimento como moeda de troca e vender mais discos? Pra combater o ~feminismo de boutique~ e mostrar que tem sim mulheres fazendo funk com uma postura bacana e dando a cara a tapa a gente montou uma lista mostrando porque a paranaense Mc Mayara vence essa disputa contra o patriarcado por flawless victory:
2) Ela é fora dos padrões funkeira-mulher-fruta-toda-trabalhada-no-whey-protein, mas arrasa na pixxxta porque sabe que é gostosa do seu jeitinho.
3) Ela é conhecida como “novinha do eletrofunk” e já teve que comprovar sua maioridade ao Ministério Público para continuar se apresentando publicamente como cantora.
4) Ela também já foi denunciada para o Conselho Tutelar por conta de suas letras de duplo sentido.
6) Mc Mayra se identifica com as ideias feministas e faz questão de apoiar o movimento.
7) Ela vai no SBT cantar “Teoria da Branca de Neve, porque eu vou ter um se eu posso ter sete?” acompanhada desses ~anões:
8) E no Programa da Eliana ela bate o pé quando o sertanejo Daniel é babaca e levanta a bandeira feminista em canal aberto: “TEMOS OS MESMOS DIREITOS QUE OS HOMENS, NÃO É MENINAS?”.
9) Ela tem “As Teorias da Mc Mayara”:
10) Ela homenageia as nossas eternas divas Spice Girls e ainda esculacha os boy que não deram bola pra ela no passado:
11) Ela defende a liberdade sexual da mulher sair com quantos caras ela quiser:
12) Ela é mãe da Manu e posta fotos fofinhas da filha na sua fanpage.
13) Aliás, ela causou ~polêmica quando, aos 18 anos, gravou o clipe “Ela sabe rebolar” gravidinha e mandou a real pros moralistas: “Gravidez não é doença”.
14) Ela vai lançar um novo clipe com referência a estética do filme Sin City, do quadrinista Frank Miller e dos cineastas Robert Rodriguez e Quentin Tarantino.
15) Detalhe pra sinopse: “Mc Mayara surge no papel de femme fatale, uma vilã sensual e perigosa que, com ajuda de suas capangas, sequestra os homens que ela quer para usar e abusar em seu esconderijo!”.
16) É Anitta… Hoje não deu pra você: Mc Mayra >>> Anitta.
O festival Primavera Sound será realizado em Barcelona na semana que vem; e conta com artistas brasileiros em sua programação – como os já super famosos Caetano Veloso e Rodrigo Amarante (Los Hermanos), além de quatro bandas que achamos bem mais interessantes de ver: Black Drawing Chalks e Boogarins de Goiânia, Móveis Coloniais de Acaju; de Brasília e Single Parents, de São Paulo.
O Primavera Sound é um dos maiores e melhores festivais do mundo, super reconhecido por público e crítica; e na edição de 2014 traz atrações como Arcade Fire, Queens of the Stone Age, Pixies, Nine Inch Nails e Kendrick Lamar. Para comemorar a participação no festival espanhol, que certamente será um dos shows mais importantes em suas carreiras, as bandas brasileiras organizaram shows em Brasília (hoje, na Arena Futebol Clube em frente à AABB) e em São Paulo – onde tocam amanhã, no Cine Joia. O mais bacana é que cada grupo tem um estilo diferente: o Black Drawing Chalks é rocão e stoner, o Boogarins lembra tropicália, jovem guarda e psicodelismo dos anos 60, o Móveis é uma mistureba de rock, soul, disco, MPB e ska bem dançante e animada; e o Single Parents é rock sujo bem anos 90, lo-fi e shoegaze. Resumindo: estaremos muito bem representados em Barcelona.
Worcaholics
A banda Single Parents é um baita exemplo de empreendedorismo: os caras são independentes, gravaram disco nos EUA, têm seu próprio selo (Balaclava Records) e acabaram de trazer para o Brasil o Mac DeMarco e o Sebadoh – com quem dividiram o palco, além de participarem do Primavera e fecharem outros shows na Espanha e em Portugal no que será sua primeira turnê europeia (tá, meu bem?!).
Falando em Sebadoh, eles participaram de uma coletânea de bandas brasileiras em tributo ao grupo americano, com uma versão para a canção “Skull”. Escute aqui: www.tributoh.com. Eles também acabaram de lançar uma música nova, a primeira dentro de seu próprio selo e com a nova formação da banda, que virou um quarteto com a chegada de Zeek Underwood (guitarra) e Martim Batista (baixo), além dos membros originais Fernando Dotta (guitarra e vocal) e Rafael Farah (bateria). A música inédita se chama “VHS” (ah, a paixão pelos anos 90, né) e é muito boa – presta atenção no solo de baixo (2min40seg)!
Em “Todos menos eu eu” vamos falar daquele artista/banda que é hype e está em todos os blogs, na programação da MTV, Multishow e na Rolling Stone. Vamos fazer o trabalho sujo para você não ficar sem assunto com seus amigos hipsters.
Foi de uma desilusão musico-amorosa que surgiu o Madrid. O timing do encontro entre Adriano Cintra (ex-Cansei de Ser Sexy) e Marina Vello (ex-Bonde do Rolê) foi certeiro. Ambos saíram de suas bandas badaladas no indie internacional de um jeito nada amigável, e o Madrid foi o “ombro amigo” que deu certo. Desse encontro, eles conseguiram criar uma sonoridade nada parecida ainda bem! com a de seus trabalhos anteriores. Toda a melancolia, obscuridade, solidão e tensão entre a dualidade de amor-e-ódio refletem bastante na sonoridade, clima e tom de seu trabalho de estreia.
A dupla, cujo título vem da junção dos dois nomes: MArina e ADRIano, abusa da tríade violão-piano-voz e apresenta um trabalho mais comprometido com a composição e a performance musical. Ambos parecem mais amadurecidos e mais focados na produção do primeiro álbum homônimo, gravado em julho desse ano no home studio do Cintra e também lançado pelo seu próprio selo.
Tive a oportunidade de conferir uma apresentação do duo no Planeta Terra deste ano e posso dizer que eles não ficaram devendo em nada. Adorei o tom intimista da performance, que seria ainda melhor aproveitada em um ambiente fechado. Gosto muito do clima de suas canções e de como usam o piano e sax para criar um som sexy e ao mesmo tempo sombrio.
Marina apareceu no palco toda maquiada em uma vibe Halloween e parecia uma diva ensanguentada saindo direto de um horror movie dos anos 40. Sua belíssima voz (que não tem nada a ver com o que ela fazia no Bonde do Rolê) continua bela ao vivo e, apesar do Adriano também dividir o vocal com a sua parceira em algumas canções, fica bem clara a superioridade da voz feminina predominando no duo. Adriano, por sua vez, que inclusive voltou a tocar piano para se apresentar com o Madrid, alia sua experiência e sensibilidade para dar o tom e nível da banda.
O duo acaba de lançar um novo clipe (acima) para a faixa “Bride Dress in a Frame”, presente no disco de estreia dos paulistanos. O vídeo, que conta com Heitor Dhalia na produção e Brenno Costa na direção, foi filmado na rua Augusta e aborda temas polêmicos como religião, violência e sexo na vida de um cobrador de ônibus. E tudo isso tendo como plano de fundo o reduto indie de SP, no qual o duo brinca com a ambivalência do ambiente, já que Adriano interpreta um pastor e Marina uma das putas mulheres da Augusta.
Neste post, resolvi ser democrática para ajudar alguém a escolher um sonzinho para o feriado. Sempre tem aquela galera animada, que vai para a praia, casa de campo com piscina, é bronzeada e que vai postar muitas fotos no Instagram sobre a viagem. Mas, também, tem aqueles que estão numa pegada de economia, ficar em casa, de curtir um livro na varanda com protetor solar fator 60 e um par de wayfarer da hora. Por isso, pensei: acho justo apresentar duas londrinas hype e que poderão estar no seu iPod desses dois perfis.
A primeira cantora que descobri chama-se Cher Lloyd, de 19 anos. Ela é uma típica receita de cantora pop: maquiagem à la Katy Perry (momento muherzinha: é tudo lindo!), uma voz bacaninha, estilosa e um sotaque britânico que não some na música. Gostei, confesso, muito mais do pacote estilo do que a voz e as letras. A primeira aparição de Cher foi no “The X Factor”, reality-show -modinha, em 2010, quando foi elogiada. De lá pra cá, a mocinha cresceu (mas não muito – 1,57m rá!) e chamou as amigas para encenarem clipes bonitinhos, cor de rosa e com refrão chiclete. É divertido e dá para copiar umas partes para dar um upgrade no seu Instagram – fica a dica!
O oposto de toda essa alegria tem nome e sobrenome: Paloma Faith. Inglesa, de 28 anos, a cantora também é atriz (participou do filme com o saudoso Heath Ledger, O Mundo Imaginário de Dr. Parnassus) e compositora. Dona de uma voz bem bacana e figurinos exuberantes, Paloma é dramática e me fez ter medo no clipe de sua música mais conhecida, “Picking up your Pieces”. Ela é daquele tipo exótico, não estilo Lady Gaga, mas Florence Welch.
Animar seu feriado ela não irá, mas, pode deixá-lo mais interessante e você, com um novo repertório.
Ah!, essa última música é do INXS, banda que quem foi criado a leite com pêra precisa muito conhecer
Animou?
Tá, então… bom feriado!
Ps.: Perceberam o filtro Instagram na imagem de destaque do post, lá em cima? Agora ninguém vai poder dizer que não me diverti no feriado \o/
Conheci Kimbra há mais de um ano, quando o clipe de seu 2° single, “Cameo Lover” acabava de ser lançado. O clipe bem produzido chamou a atenção não só pela qualidade da música e belezura da cantora, mas principalmente porque ela vinha na contramão do eletrônico, hip-hop, indie e principalmente na contramão de Adele.
Kimbra começou a cantar aos 10 anos, quando entrou para o coral da escola. Lá, ela conheceu o som de Ella Fitzgerald e começou a compor suas próprias canções no violão. Aos 14, participou do SmokeFree Rockquest, ficando em segundo lugar. Poucos anos depois, recebeu um prêmio de melhor clipe por “Simply On My Lips”, chamando a atenção de produtoras Australianas. Nessa época, ainda conhecida por Kimbra Johnson, fazia um som mais tradicional e comum aos nossos ouvidos.
Aos 17, Kimbra mudou-se para Melbourne e percorreu um caminho longo com a ajuda de Mark Richardson e François Tétaz – também produtor de Gotye – e culminou no seu álbum de estreia, Vows, lançado em 29 de agosto de 2011. O álbum demorou longos anos para sair do forno, pois para os produtores, Kimbra ainda não estava preparada e precisava de “um bom número de canções realmente sólidas”. A espera valeu tanto a pena que rendeu um contrato com a Warner Music.
Os ares da Austrália fizeram bem a Kimbra, que misturou jazz, soul, black music, música eletrônica e o peso de big bands em Vows. Os até então 4 singles, “Seetle Down” (faixa 1), “Cameo lover” (faixa 2), “Two way street” (faixa 3), e a sexy “Good Intent” (faixa 5), renderam clipes impecáveis. Mais um mérito para esse disco que ainda conta com as ótimas “Call me” (faixa 7), e “Wandering Limbs” (faixa 8). Além das 11 faixas, a versão americana do disco, que saiu do forno apenas em maio desse ano, contou com mais 5 faixas. Dentre as novas, destaque para a frenética “Come into my head” (faixa 9).
Ao vivo, Kimbra é a rainha das caras e bocas, mas nada é fake em suas apresentações. Sua expressão corporal é natural, o jeito com que ela movimenta os braços e entorta a cabeça lembra a nossa brazuca Maria Rita. Em parte das músicas com sua banda completa, ela sempre faz questão de ter uma meia-lua nas mãos.
Todas esses trejeitos não são um mero disfarce para sua voz, como normalmente acontece com outros artistas. O potencial e alcance de sua voz ao vivo é realmente muito grande. Qualquer outra vocalista colocaria 2 pessoas para dar aquela migué uma ajuda durante os shows, mas Kimbra prefere fazer tudo sozinha, e faz muito bem feito.
Em algumas de suas últimas apresentações, Kimbra resolveu inovar e se apresentou usando um Loop Station – nesse caso um aplicativo no Ipad – onde ela grava várias trilhas com a voz. A novidade não fica por conta do Loop Station e sim por ela preferir se apresentar em programas fazendo uma versão de sua própria música sua utilizando a ferramenta.
[pullquote_right]“Kimbra é uma artista de verdade, e prevejo que ela tenha uma carreira de 15 a 20 anos. Ela tem potencial para ser como o Prince. É o quanto sua musicalidade é forte” – Rob Cavallo, presidente da WM.[/pullquote_right]
Kimbra também é muito bem quista entre os colegas de trabalho. Sua primeira participação foi em “I Look To You” do Miami Horror. A sua segunda e mais famosa parceria foi com o Gotye, na bacana e pegajosa “Somebody that I use to know”, que dispensa apresentações. Por último, Kimbra formou um trio com Mark Foster (Forter the People) e o dj A-Trak, numa ação bancada pela Converse All Star para gravar “Warrior”, que entrou na versão americana do disco.
Sua parceria com Gotye a levou aos 4 cantos do mundo, porém, até agora ela é apenas uma sombra frente ao belga. Kimbra foi vencedora do último ARIA Awards – uma espécie de Grammy Australiano – na categoria Melhor Cantora, o que a deixou ainda mais paparicada pela gravadora e bem perto de deixar o grupo das grandes promessas.
O que eu mais gosto no Não Toco Raul são as editorias irônicas e bem humoradas. Por isso, quis estrear escrevendo na minha preferida delas: a “Todos menos eu”. Não sei quem inventou essa seção, mas é genial!
O Best Coast é a banda mais bairrista que existe. A começar pelo nome: a “melhor costa” é uma analogia à clássica rixa entre os litorais leste e oeste dos EUA. O Best Coast é Califórnia até o talo. Então já dá pra sacar sua auto afirmação. Não que eles sejam metidos ou arrogantes. Mas é uma postura de paixão pela terra natal que nem os gaúchos conseguem bater. Quase tudo o que eles fazem exalta o Estado de alguma forma e as capas dos seus discos são quase “ufanistas”:
O álbum de estreia,“Crazy For You” (2010), traz o nome da banda escrito com recortes de um mapa da Califórnia e o contorno das divisas do estado estampado no canto esquerdo, em cima do gato. Isso além da praia com palmeiras e um belo sol se pondo.
Já o segundo disco, “The Only Place” (2012), lançado no fim de março, traz uma bela ilustração em preto e branco de um grande urso abraçando um mapa da Califórnia. Pra quem não sabe, o urso é o animal símbolo do Estado e estampa sua bandeira. A canção que dá nome ao disco, então, só fala como Los Angeles é o melhor lugar do mundo e como o Best Coast é sortudo por ter nascido e por viver lá, com o calor, o oceano Pacífico, o sol, as ondas, as gostosas da praia e muita diversão. E olha essas jaquetinhas:
Os clipes do Best Coast, aliás, são sempre incríveis: todos muito ensolarados, coloridos e divertidos, como se estivessem em férias de verão permanentes. As letras das canções falam sobre relacionamentos amorosos ou Los Angeles e a Califórnia. Eles também têm uma fixação por gatos e coisas meio kitsch, sem medo de parecerem bregas. Aliás, o Snacks, gato de estimação da vocalista, aparece na capa do primeiro disco e em vários clipes deles. O vídeo da canção “Crazy For You”é estrelado por vários gatos atores (!). Também tem um clipe brega em uma festa de 15 anos. Mas nada ganha do vídeo de “When I’m Whith You”, que mostra a vocalista namorando o…Ronald McDonald:
O som da banda é claramente influenciado pelos Beach Boys e surf music. Mas eles juntam umas distorções sujinhas meio anos 90 e refrãos grudentos à essa sonoridade dos anos 60. O Best Coast é, na verdade, uma dupla – formada em 2009 por Bethany Cosentino, que canta, toca guitarra e compõe todas as músicas; e Bobb Bruno, que toca vários instrumentos. Mas eles são acompanhados por músicos de apoio – leia-se: bateristas – em suas apresentações ao vivo. A baterista Ali Koehler, do power trio formado só por garotas “Vivian Girls” (que ironicamente vem do Brooklin, Nova Iorque – a rival “costa oeste” – e também toca surf music anos 60), tocou no Best Coast por um bom tempo, tendo aparecido em alguns clipes e programas de TV com eles. Depois de lançar um EP e vários compactos, a banda estourou de Los Angeles para o mundo em 2010, com seu disco de estreia.
O sucesso se deve, em grande parte, ao segundo clipe oficial do Best Coast: a canção “Our Deal”, uma das mais sem graça do disco, acabou ganhando uma super produção dirigida pela Drew Barrymore (sim, ela mesma, a ruivinha das Panteras e do filme ET). Para completar, o clipe é estrelado por vários jovens atores bem famosos dos EUA, com destaque para a protagonista Chloë Moretz, de “(500) Days of Summer” e “Kickass”; e para Miranda Cosgrove, que estrelou o seriado “I Carly”, participou da série “Drake & Josh” e do filme “Escola do Rock”. Além de tudo isso, o vídeo é praticamente um curta Romeu e Julieta entre gangues de Los Angeles, todo cult, inspirado em filmes como “Juventude Transviada”, do James Dean. Ímã para hipsters. Aí bombou na MTV e em todos os blogs de música moderninha do planeta.
Nessa levada, o Best Coast começou a aparecer na TV e a tocar em grandes festivais e a Bethany até lançou uma linha de roupas para a marca Urban Outfitters. O sucesso veio tão de repente que, até o ano passado, o site da banda era uma página no Blogspot (!). Agora, eles viajam fazendo shows pelo mundo todo e já têm um site oficial bonitão.
O Best Coast vai tocar em São Paulo, em outubro, no Festival Planeta Terra – com o Kings of Leon e o Garbage. Eles também participaram recentemente de uma coletânea em tributo ao Fleetwood Mac, de quem são fãs, com uma porrada de bandas e artistas (como MGMT, The Kills, Marianne Faithfull, Tame Impala e Likke Li). O disco-homenagem se chama “Just Tell Me That You Want Me”, será lançado em setembro e é a continuação de uma série de tributos que começou com “Rave On”, disco em homenagem a Buddy Holly com participações de Lou Reed, Paul McCartney, Fiona Apple e Black Keys.
Em “Todos menos eu eu” vamos falar daquele artista/banda que é hype e está em todos os blogs, na programação da MTV, Multishow e na Rolling Stone. Vamos fazer o trabalho sujo para você não ficar sem assunto com seus amigos hipsters.
Sou fã de revistas. Desculpem-me os defensores da sustentabilidade ambiental, mas não há prazer maior para mim do que encontrar uma edição novinha esperando-me para ser lida e rabiscada. E foi numa dessas minhas tantas idas às bancas de jornal que me deparei com a Deidre Muro, cantora nova-iorquina que virou a musa das redações de revistas como Vogue e Gloss. Com voz delicada e jeito meio alternativo (não aquele mainstream hipster, tá?), Deidre vem conquistando seu espaço e conta que suas referências são o pop dos anos 60 e o blues.
Com tanta meiguice, Deidre foi convocada para uma campanha da Forever 21 (marca californiana com DNA meio coreano, superpopular) para ser tema da linha especial da marca dedicada à Hello Kitty com a música “Classic Girl”, cuja melodia tem o combo pegada sintética e voz aguda, que não pede muitos esforços. Além disso, Deidre é camarada: quem quiser copiar a coreografia não vai ter muitas dificuldades. O clipe é, como o nome da música, bem clássico.
Além disso, a cantora tem opiniões fortes e não gosta de ser titulada como cantora-compositora. “Às vezes apenas cuspo as músicas”, diz, sem se preocupar com o rótulo que gostam de dar. “Minhas músicas não são sobre mim, são sobre coisas abstratas. É muito fácil interpretá-las, pois finjo que vivi essas situações enquanto canto”, completa.
Quando questionada sobre a possibilidade de vir ao Brasil, a senhorita Muro responde na lata: “Venho quando me convidarem”.
É, a moça meiga das canções é, na verdade, uma mulher de língua afiada – e afinada.
Em “Todos menos eu eu” vamos falar daquele artista/banda que é hype e está em todos os blogs, na programação da MTV, Multishow e na Rolling Stone. Vamos fazer o trabalho sujo para você não ficar sem assunto com seus amigos hipsters.
“Bem, a noite chegou ao fim. Eu me diverti também, mas, isso não precisa terminar aqui. Eu sei que a gente acabou de se conhecer, que não conhecemos um ao outro muito bem ainda. Mas eu não consigo evitar a sensação de que existe algo especial entre nós. Eu realmente quero te conhecer melhor”.
O trecho inicial da música “Get to know you”, a primeira faixa do álbum How Do You Do (2011), mostra toda a lábia aplicada por Mayer Hawthorne em suas letras, que segundo ele mesmo, tem muita inspiração de um dos mestres da Arte do Gratino: Barry White.
Mayer Hawthorne é um dos novos ícone do soul – ou new soul, se preferir – que nos últimos anos teve suas atenções voltadas para Amy Winehouse. Ele faz parte do time composto por Janele Monáe, Joss Stone, Duffy, Aloe Blacc e John Legend and The Roots.
Andrew Cohen (esse é o seu verdadeiro nome), tem um pai que é um grande baixista e uma mãe que canta e toca piano. Aos 6 anos, ele já estava aprendendo a tocar esses instrumentos e durante o colegial tocou em várias bandas. Mais tarde, ele passou a investir no hip-hop, atuando como como produtor dos coletivos Now On e Athletic Mic League, usando o nome de DJ Haircut.
Entre a gravação de um beat e outro, ele adotou o nome de Mayer Hawthorne afim de batizar seus experimentos caseiros onde tocava todos os instrumentos e fazia as gravações de forma totalmente analógica. Pouco tempo depois, seu EP com apenas 2 músicas já estava sendo deixado de lado em razão da gravação do seu primeiro disco.
Seu disco de estreia, Strange Arrangement (2009), conta com 14 faixas na qual relembra os clássicos da Motown, com letras e arranjos retrô somados a uma pegada contemporânea vinda de sua origem no hip-hop. Os destaques desse disco ficam para as ótimas “Maybe so, maybe no” (faixa 4), “Your Easy Lovin’ Ain’t Pleasin’ Nothin” (faixa 5),” I Wish It Would Rain” (faixa 6) e “Just ain’t gonna work out” (faixa 3), que teve uma versão em LP em formato de coração, que gerou uma boa repercussão na época.
Em How Do You do (2011), além do convite já feito no início desse post, em “Get To Know You” (faixa 1), os destaques ficam para a festeira “Long Time” (faixa 2), “Can’t Stop” (faixa 3), que conta com a participação de Snoop Dogg, que canta de verdade (!), e para o single “The Walk” (faixa 5), que que rendeu 2 clipes: uma versão “Sr. e Sr.a Smith” e uma versão com os Rizzle Kicks.
Um outro destaque do nerd-retrô-soulman-skatevibration-eu-vim-de-santos é a qualidade dos videoclipes. Sempre bem produzidos, eles costumam fugir do tradicional “banda tocando em algum lugar inóspito”. Mesmo quando ele se rende ao clichê, acaba fazendo com maestria.
Skatistas, Djs, Rappers e Hipsters, várias tribos de Mayer Hawthorne
“Your Easy Lovin’ Ain’t Pleasin’ Nothin”, filmado em plano sequência
Ao vivo, Hawthorne se mostra bem mais confiante em relação a sua voz hoje do que no início da carreira, onde recebeu críticas em função do seu pouco alcance. Em recente entrevista ao site Dcist , ele diz que chegou a aprender muito com Bruno Mars, com quem chegou fazer uma turnê inteira. Essa confiança já foi mostrada no Brasil em 2011 no Summer Soul Festival e também em fevereiro desse ano, no Rio de Janeiro e São Paulo. Sempre com sua banda impecável, nos instrumentos, vocais e vestimentas.
Hawthorne posta sempre em sua Fanpage uma foto de cada show. Sorte de quem fica na frente!
Mayer Hawthorne vem ganhando destaque a cada dia. Não é difícil encontrar uma matéria que crava “Esse é o artista que ocupará o lugar deixado por Amy Winehouse”, isso não vale só para ele, mas para todos os nomes do new soul. Por enquanto, ele passa longe disso, não pela sua qualidade, mas pelo seu bom-mocismo e discrição fora dos palcos, característica essa que muitas vezes é o ponto de ligação entre “Esse é o cara” e “Esse é só mais um cara”. Que continue bonzinho e prefira continuar levando seu Iphone ao palco do que uma garrafa de Whisky.
Em “Todos menos eu eu” vamos falar daquele artista/banda que é hype e está em todos os blogs, na programação da MTV, Multishow e na Rolling Stone. Vamos fazer o trabalho sujo para você não ficar sem assunto com seus amigos hipsters.
The Internet: Dupla prodígio do OFWGKTA faz síntese entre eletrônico e hip-hop.
Dentro do coletivo OFWGKTA (Odd Future Wolf Gang Kill Them All) existem projetos musicais diversos. Um dos mais interessante é o duo The Internet, formado pela DJ, cantora e produtora Syd The Kid e Matt Martians, produtor e vocalista. Diferentemente dos temas abordados pelo Odd Future, o The Internet se baseia menos em insanidades e mais em situações rotineiras como
relacionamentos, amigos e desavenças familiares.
O primeiro álbum do The Internet foi lançado 2010 pela rede e alcançou alguma notoriedade. Tanto que, no dia 30 de janeiro deste ano, “Purple Naked Ladies” foi re-lançado em cópia física. Este foi o primeiro registro físico da Odd Future Records que, até então, só lançava o material de seus integrantes pela internet. O trabalho foi bem recebido por público e crítica e colocou a dupla em
contato com pessoas influentes do meio artístico, como o diretor de Videoclipes Matt Alonzo, que está a frente de “Fastlane”. Confira!
Ainda que seja formado pelos membros mais tímidos do Odd Future, o The internet é uma das partes mais ativas desse coletivo. Em pouco mais de 2 anos de carreira, Syd é responsável pela maioria das bases do Odd Future. Matt Martians, que também faz parte do Jet Age of Tomorrow, projeto formado por ele e Hal Willians. Este é o primeiro vídeo do The Internet. “Cocaine”conta com a participação de Left Brain.
Post escrito pela equipe da página Originais e Samples. O Originais e Samples é um canal aberto para o debate e conhecimento de alguns exemplos de samples e a influência que exercem no meio musical. Entre e sinta-se em casa!