Passaram-se 18 anos desde que o CPM 22 deu os primeiros acordes já ouvidos no palco do Hangar 110, templo do rock underground paulistano. Naquela noite, local e banda ainda não tinham o sucesso que alcançaram com a explosão do rock nacional nos anos 2000. Para o Hangar, a história chegará ao fim: Alemão e Cilmara, casal de donos do local, anunciaram 2017 como última temporada, o que tem gerado uma grande reflexão sobre o que se chama de “a cena”.
A justificativa dada para a decisão é simples: os tempos mudaram. Em comunicado postado na página do Hangar 110 no Facebook, os donos explicaram como a internet, apesar de aproximar as pessoas, acabou distanciando-as fisicamente. A consequência é acabar com o tipo de espírito que marcou o começo da casa. “Hoje, não conseguimos ver uma luz no fim do túnel em relação a isso, pois as bandas estão acabando, e poucas bandas novas seguem esse espírito rock’n roll”.
Alemão montou o Hangar depois de ir à loja de discos de um amigo e ver uma parede lotada de álbuns de bandas brasileiras, todas sem lugar para tocar. Com a chegada dos anos 2000, ficou mais fácil gravar, e as bandas independentes aumentaram consideravelmente. Quando elas começavam a alçar voo, o Hangar apareceu como o local para ajudar a projetá-las. Ou nem isso. Simplesmente o lugar para poder ver um show em companhia dos amigos.
“A relevância que o Hangar 110 tinha no ínicio para as bandas e público, já não existe mais. Há shows em inúmeros lugares e por incrível que pareça, esse também foi um complicador”, explicaram.
Oras, que diabos de “cena” é essa então, que acaba por derrubar o lugar onde ela se fortaleceu?
A cena somos nós. Nós indo ao Inferno, na Augusta, ou ao Carioca Club, em Pinheiros, assistir às bandas que, antigamente, não tocariam em lugar algum. Ou nós aproveitando o Rock na Praça, com shows de graça no centro, ou ainda eventos no Sesc mais próximo ou em casas menores. A cena são os shows pesados no Aquarius Bar, nos confins da Zona Leste, casa que foi inaugurada em 2011 onde, antigamente, não havia tanta opção.
Não é a cena que está morrendo, ela se fortaleceu. Pior para o Hangar, que já não atrai tanta gente ali pra perto do Metrô Armênia.
A cena é o Dead Fish abarrotando a Audio Club pra gravar DVD, é o Eminence vindo de BH para tocar com o Seasmile no Inferno ou o John Wayne e o Worst – dois exemplos de bandas novas – agitando o centrão. É o Sampa Music Fest, na Penha, colocando quatro bandas consagradas e outras 16 – muitas ainda em início de carreira – para tocar no mesmo dia, nos mesmos palcos, com o mesmo equipamento (basicamente).
E a cena, principalmente, somos nós saindo de casa para ir a todos esses lugares, inclusive ao Hangar 110 ao longo de todo 2017. Nós comprando merchandising de bandas que conhecemos no Youtube ou nas sugestões do Spotify. Nós participando ativamente. Isso sim é cena. Você faz parte?
É muito interessante a maneira como o Fresno encontrou para variar seu som nos últimos anos. Da banda emo adolescente que ninguém aguenta mais falar ao estágio atual, a banda passou por álbum poderoso (Revanche, 2010), um EP pesado e com letras obscuras (Cemitério das Boas Intenções, 2011), um álbum coeso e com sucessos radiofônicos (Infinito, 2012) e um EP que parecia consolidar essa fase “adulta” da banda (Eu Sou a Maré Viva, 2014). Totalmente diferente, agora lança o A Sinfonia de Tudo Que Há.
Trata-se de um álbum épico, influenciado justamente pela ideia de fazer alguma coisa diferente. Talvez por ter sido feito com calma e sem alarde – só se soube de sua existência dois meses antes de seu lançamento, quando já estava em fase de mixagem -, parece soar exatamente como um produto isolado de qualquer interferência, influência mercadológica ou expectativa. É uma Fresno nova, que causou estranhamento em parte dos fãs e, sinceramente, que deu um passo largo em uma direção pouco explorada antes.
“Eu comecei a escrever músicas em 2013. Tem músicas desse disco que inclusive são de antes. Daí um amigo meu falou em escrever um musical, eu quis escrever um musical, escrevi muitas músicas loucamente e, a partir daí, fiquei com vontade de fazer músicas que contem uma história. Isso não precisa ficar claro, mas eu queria contar uma história, e o disco conta uma história, em ordem”, explicou o vocalista Lucas Silveira, em entrevista ao jornal Zero Hora, de Porto Alegre.
Como em um musical, as faixas têm bastante presença de orquestra. Algumas delas – como O Ar – são minimalistas, com poucos instrumentos e clima intimista. Em outras, não há sequer refrão. Entre os destaques estão Poeira Estelar, Axis Mundi e Hoje Eu Sou Trovão, esta com a participação especial de Caetano Veloso. Até a forma de cantar é mais épica, em alguns momentos com um lirismo que lembra uma ópera-rock e muitos falsetes.
A impressão que se tem é que foi um álbum composto inteiramente no piano, sem dúvida um dos instrumento mais presentes. Apesar disso, essencialmente, o velho Fresno está lá, com letras com temática profunda, contestando a insignificância humana diante de um universo que nos reserva sabe-se lá o quê. O melancolia inerente nas letras de Lucas dá as caras constantemente, agora com outra roupagem. Vai ser interessante ver como a banda vai reproduzir tudo isso ao vivo. E se essa nova fase vai se mesclar bem com o restante da obra – essa sim uma peça com contornos épicos em sua história.
Como é difícil gostar de um estilo musical que mais ninguém do seu círculo social gosta. O Djent – e o metalcore, no geral – é motivo de piadas entre mim e meus amigos, que sempre citam “aquelas músicas lá que você curte” para falar sobre o lado mais extremo da meu ecleticíssimo gosto musical. Eu, por outro lado, me divirto colocando sons pesadíssimos enquanto eles estão no carro, só para ver as caras de espanto e susto. “Não dá pra entender o que ele canta” é normalmente o primeiro comentário. Aí eu tento explicar o que é Djent.
Como é difícil fazer isso por texto. Talvez porque o estilo seja quase onomatopéico: os break-downs do metalcore, marcados pelo pedal duplo da bateria, ficam mais intensos e marcados, ritmados ao longo de toda a canção. Guitarra e baixo trabalham especialmente com a mão que segura a palheta – sem chance de tocar essas músicas no finger picking – e a afinação é baixíssima.
O nome Djent é, em si, uma espécie de onomatopéia: diz respeito ao som da guitarra quando as cordas são tocadas ao mesmo tempo em que são abafadas com a palma da mão. Os maiores expoentes internacionais são Meshuggah, Born of Osiris e Vildhjarta, mas há também boas bandas brasileiras que incorporaram as características, como John Wayne e Sea Smile – ambas cantam em português e fazem trabalho que nada deve ao resto do mundo.
A verdade é que Djent é uma denominação muito curiosa e que é encarada com extremo bom-humor, como você pode ver nos vídeos ao redor desse texto. A onda do Djent é também impulsionada por memes e piadas que circulam nas redes. Eu sempre tento fazer essas piadas com meus amigos, mas ninguém me entende.
Temos uma playlist de Djent no Spotify. Siga o Não Toco Raul!
A noticia, anunciada pela organização do festival durante a semana, causou certo estranhamento nos fãs, acostumados a ver o festival, nas duas últimas edições, cada vez mais indie e afastado de rock stars absolutos – principalmente metaleiros – como a banda de Los Angeles. Ao mesmo tempo, levou a uma chuva de comentários nas redes sociais ao melhor estilo “o ingresso é muito caro e eu só quero ver Metallica”. De fato, além do grupo de James Hettfield, apenas o Rancid encarna esse estilo especifico no lineup da edição 2017. Mas, historicamente, essa união não pode ser considerada estranha.
Primeiro porque o próprio Metallica já foi headliner do Lollapalooza antes: em 1996, nos Estados Unidos, edição que, por coincidência (ou não) também contou com o Rancid no palco principal, ao lado de nomes como Soundgarden e Ramones. Pesado, certo? Além da versão brasileira do festival, a banda ainda vai liderar as atrações das edições na Argentina e Chile em 2017.
Segundo porque, no Brasil, especialmente, o festival tem essa tradição de colocar rockstars no palco principal: Foo Fighters e Artic Monkeys em 2012, The Killers, The Black Keys e Pearl Jam em 2013 e Muse em 2014. Além de nomes de grande peso que integraram o evento, como Joan Jett, Queens of the Stone Age e Soundgarden.
Ok, é verdade que o Metallica faz destoar um pouco em relação às duas últimas edições, capitaneadas por Jack White e Pharrel Williams, em 2015, e Eminem e Florence + The Machine, no ano passado. Colocar a banda de James Hettfield para tocar é a chance de trazer para o evento um público diferente do que tem sido visto, ainda mais em um ano em que não há edição do Rock in Rio. Não que o Lollapalooza precise disso. O público se mantém agradavelmente alto nos últimos anos, de 160 mil em 2014 para 135 mil em 2015 e novamente 160 mil na última edição – todas realizadas em dois dias de shows.
Vai valer a pena ver o Metallica, é claro. A banda tem colocado o Brasil constantemente em sua agenda, com shows em 2010, 2011, 2013, 2014 e 2015. Desta vez, no entanto, estará em turnê com o novo álbum, Hardwire… to self-destruct, que será lançado em novembro.
Por fim, o que não se pode negar é o preço abusivo do ingresso: R$ 920 (inteira) pelo pass para dois dias de festival. Como ainda não foi definido em quais dias as bandas tocam, os ingressos separados não foram colocados à venda, mas devem sair com valor acima de R$ 460 – e ainda tem taxa de conveniência e de entrega de ingresso, se for o caso. Mais uma vez, o festival será realizado no Autódromo de Interlagos, em São Paulo, em 25 e 26 de março.
Lucas Silveira, vocalista e principal compositor da Fresno, tem hoje 30 anos de idade e já vivenciou muita coisa nessa vida. Viveu tanto que lançou, só com a banda, seis álbuns e dois EPs – sem contar os projetos paralelos chamados Visconde, Beeshop e SirSir. Suas letras são desde sempre carregadas de emoção, potencialmente inspiradas em situações reais, provavelmente pessoais, além de conter uma espécie de visão de vida. Isso significa que nada na obra da Fresno é superficial, dos amores adolescentes às temáticas de auto-ajuda. Um dos aspectos menos evidentes e mais recentes é o ódio pela “televisão” – ou seja, a imprensa.
Há diversas menções diretas a ela nos últimos trabalhos da Fresno, assim como referências à imprensa de modo geral. Em alguns casos, dá pra entender a televisão como uma entidade reguladora, que julga a todo tempo e controla sua vida pública. Em outras, ela é aquele vilão clássico, alienador e manipulador. É impossível não fazer ligação direta com a velha polêmica do som emo, dos rótulos distribuídos a esmo e da maneira depreciativa que a banda foi encarada em um período da carreira, mas que reverbera até hoje. (Pra entender melhor, há o documentário Do Underground ao Emo, que conta como a forte cena do hardcore foi traduzida meramente em estética pelo mainstream com ajuda da grande imprensa nos Anos 2000).
Isso fica evidente porque as primeiras referências não são exatamente negativas. Elas estão primeiro em Quebre as Correntes, música do álbum Ciano (2006), aquele que popularizou a banda. “E o quê dizer quando sua vida não é igual à da TV?”, canta Lucas. Depois, aparece de novo no álbum Redenção (2008), o primeiro da banda por uma grande gravadora (Universal Music). Na música-título, ele avisa: “desligue o rádio e a TV porque no seu domingo vou aparecer”, enquanto que em Europa relaciona a TV a “imagens do passado”, a um pesadelo do qual não há como acordar. Nada muito grave, portanto.
Mas foi com o Redenção (2008) que chegou ao auge a rotulação da Fresno, que deixou de ser vista como uma banda cool para fazer parte de uma estética vazia e afetada. Isso foi potencializado com um disco que a banda, hoje em dia, enxerga com ressalvas. O álbum seguinte, não por acaso chamado Revanche, foi escrito pra provar que a banda era rock suficiente. Lucas admitiu, no documentário feito na gravação do EP Maré Viva, que, por mais doido que pareça, Revanche se destinou àqueles que não gostavam de Fresno.
A TV, essa entidade que conta as histórias do dia-a-dia e influencia milhões de pessoas, não foi poupada, e a partir daí as referências à imprensa aumentaram exponencialmente. Em Deixa o Tempo, Lucas canta: “Queria tanto estar em casa vendo mentiras na televisão”. Em Relato de um Homem de Bom Coração, ele desabafa: “de que adianta abrir os olhos se sei que os flashs são pra me cegar”. Em A Minha História Não Acaba Aqui, a mais representativa do álbum, elenca: “vão te vender sem saber o que há por dentro e vão achar que com alguns trocados podem te comprar, vão encontrar mil maneiras de rotular”.
Do Revanche para frente, todas as referências são negativas. Como, por exemplo, na música A Gente Morre Sozinho, do inexplicável EP Cemitério das Boas Intenções (2011): “enquanto pintavam os muros de sangue pra vender jornais”. Ou como em Farol (Infinito, 2012): “mas saiba que o teu olho me emburrece mais que as mentiras que eu li nos jornais de ontem”. No mais recente EP, Maré Viva (2014), o mesmo ocorre em À Prova de Balas: “sente o veneno que sai da tua televisão, eles vão dar uma festa pra nossa extinção. Quem muito mostra, esconde e engana quem vê de longe”.
O NTR é imprensa? Sei lá. Só sei que aqui estamos mais uma vez tentando interpretar as músicas do Fresno, dando significado a algumas coisas que, como temos a humildade de admitir neste momento, podem nem ser isso mesmo. Mas que esse ódio pela televisão faz sentido, faz. Talvez seja uma espécie de bode-expiatório, uma forma de canalizar esse incômodo que, se não é culpa da “televisão”, foi amplificado e popularizado por ela – de qualquer maneira, eu ainda acho que, sim, é culpa da televisão como principal componente do mainstream.
Diz um ditado americano: those who tell the stories rule the world. Isso tudo é o Fresno brigando para poder contar a sua própria história, em vez de amplificá-la por outros meios.
Toda sexta-feira (toda MESMO, dessa vez é sério) o NTR traz a seção “NTR Convida”, onde músicos convidados vão ditar o som para você começar o final de semana na pegada.
A convidada dessa semana é praticamente a mulher maravilha da música independente brasileira. Ou uma das personagens de X-man. Porque o tanto de coisa que ela faz vai te deixar cansado só de ler. Tão hiperativa e workaholic como Dave Grohl e Josh Homme, Liege Milk toca mais de um instrumento e integra mais de uma banda, além de realizar trabalhos voluntários voltados à música, ter um emprego ligado às artes visuais e gostar de cozinhar. Acho que ela não dorme muito.
Loomer
A catarinense passou a maior parte da vida morando no Rio Grande do Sul e, de lá, saiu tocando pelo Brasil com as bandas Loomer, Hangovers e Medialunas. Cada uma com um estilo diferente, mas coerentes entre si. A Loomer é total anos 90, shoegaze e grunge, aliando momentos mais agressivos com a distorção no talo a melodias mais doces e vocais casados. My Bloody valentine é uma das referências mais marcantes. Liege tocava baixo e cantava no grupo até maio deste ano.
“Terminei de gravar meus baixos e vocais no disco que está para sair – e que está muito bonito. A Loomer é uma baita banda. Eu sou fã. Os guris são músicos incríveis. Mas é aquela coisa…banda é que nem casamento; e casamento cê sabe bem como é: tem que ter muita paciência, tolerância, respeito, carinho, dedicação, amor. Amor de verdade. Eu já não estava mais tendo tanta dedicação, tanto carinho…acho que esse disco, bem como um filho, pra mim, é o fruto do amor que dediquei à banda nestes 5 anos. Penso que agora a banda merece alguém que possa se dedicar muito mais do que eu e renovar as energias, dando AQUELE GÁS que a banda merece, que eu já não sou mais capaz de dar”, explica ela.
Hangovers
Mas Liege continua a tocar no Hangovers desde a sua formação, em 2009. Até este ano o grupo era um power trio do capeta com bateria, duas guitarras e nenhum baixo, tocando apenas canções instrumentais pesadíssimas, com muitas referências do grunge, mas também com muito mais peso e sujeira – e influências de Helmet, Sepultura e outras bandas mais pauleira. É propositalmente tosco, estupidamente alto e agressivo. E genial. Um de seus EPs se chama “Academia Brasileira de Tretas” e o trio batizou seu som de “grunge universitário”. Andrio Maquenzi, que era vocalista do Superguidis, entrou para a Hangovers em 2013, transformando a banda em um quarteto com três caras na guitarra (sim!) e a Liege descendo a mão na bateria para conseguir equilibrar essa barulheira toda. Eles estão gravando um novo EP, o terceiro do grupo, que terá quatro músicas, deve ser lançado ainda este ano e, prometem, soará “mais pesado que o céu” – em uma clara referência a Kurt Cobain. “Deixamos de ser um power trio, nos formamos na Academia de Tretas e deixamos de ser grunges universitários. Creio que estamos entrando pra turma dos veteranos… doutorados em tretas. Daqui pra frente é só passar o conhecimento adiante”, brinca Liege.
Medialunas
Ela e Andrio, aliás, são namorados, moram juntos e vivem praticamente como se fossem casados. Eles também começaram a compor e a tocar juntos e criaram o duo Medialunas – minha banda preferida da Liege. Os dois cantam, ela toca bateria e Andrio toca guitarra. E, por mais piegas que soe, preciso escrever isso aqui: a música deles é simplesmente apaixonante. Talvez porque tenha nascido justamente do amor dos dois, que são um dos casais mais bacanas e talentosos que já conheci. O som é mais “limpo” do que o das outras bandas de Liege, com vocais harmônicos e algumas melodias mais tranquilas, mas sem deixar de lado a guitarra distorcida e a bateria marcada – e às vezes até os miados da gata Yoshimi, um dos bichinhos de estimação do casal. Depois de irem soltando músicas na internet que geraram muita repercussão, os dois lançaram um álbum cheio (e com uma capa linda sensacional, toda desenhada à mão) chamado “Intropologia” no ano passado. “Estamos em processo de composição do novo disco, com cerca de 5 músicas novas, que não estão no Intropologia. E seguimos viajando por aí, com tour programada para Rio de Janeiro e Nordeste ainda este ano. Mas sem pressa. Fazendo as coisas à medida em que podemos…sem atropelos”, diz ela.
Meninas na Batera
Além das bandas, Liege ainda faz trabalho voluntário ensinando bateria para meninas de 6 a 17 anos no Rio Grande do Sul. É o projeto “Meninas na Batera”.
“Tenho me dedicado muito ao meu trabalho artístico (desde 2008 me dedico quase exclusivamente à música e senti falta do mundo em que vivia antes: o das artes visuais) e ao projeto Meninas na Batera, que escrevi logo após minha experiência no fantástico Girls Rock Camp Brasil e tenho desenvolvido desde março deste ano aqui no RS, para a minha comunidade”, explica Liege, que foi uma das instrutoras de bateria da primeira edição brasileira do Girls Rock Camp, realizada em janeiro em Sorocaba (SP).
Além de uma oficina de musicalização, o projeto é uma iniciativa sócio-cultural que não exige prática ou conhecimento prévio das meninas, além de fortalecer. sua a auto-estima e empoderamento através da música, nesta fase de formação de caráter e auto-conhecimento, visando a formação de cidadãs mais conscientes, auto confiantes e sem medo de se expressar de forma alguma.
Quando convidei a Liege para participar do NTR Convida, ela disse que fazer listas não era nada fácil. Mas acabou escolhendo canções que marcaram sua adolescência e a influenciaram. “Nessa fase atual da vida ando ouvindo essas músicas de novo, de novo e de novo, como se ainda tivesse 18 anos”.
A playlist:
1) Mayonaise – Smashing Pumpkins
“É a All You Need Is Love dos anos 90. Nunca tive uma fase beatlemaníaca. Mas sou pumpkinmaníaca até hoje.”
2) Going Inside – John Frusciante
“É a melhor trilha pra gente se encontrar com a gente mesmo, limpar o brejinho interior e analisar com o coração o que realmente é um problema externo e o que é problema nosso, que, por muitas vezes, a gente acaba projetando nos outros. Olhar pra dentro é fundamental. A paz mora aqui dentro, cê só tem que organizar tudo bonitinho nas gavetinhas dentro de você.”
3) Silver Rocket – Sonic Youth “Porque um pouquinho de caos e ‘despirocamento’ são necessários pra gente agir, reagir, se sentir vivo.”
4) Heart of Gold – Neil Young
“O véio sabe das coisas. E dispensa comentários.”
5) Right Through You – Alanis Morisette
“Para muitas meninas da minha idade e convivência próxima, a Alanis foi a primeira Riot Grrrl com quem se teve contato. Não sei se pela nossa faixa etária (27 anos), mas You Oughta Know foi a primeira bomba que escutei completamente carregada de raiva e, ao mesmo tempo, de uma sensibilidade única e transparente. Um bagulho duro e translúcido, que nem um diamante. Right Through You é a minha preferida do Jagged Little Pill – meu diamante, pequeno remedinho amargo que curou muitas e muitas dores de cotovelo, confusões mentais e existenciais na minha adolescência. Alanis pra mim foi um portal: depois tomei conhecimento e adoração à Kathleen Hanna, Kim Deal, Kim Gordon e tantas outras musas!”
Continuando o papo iniciado no NTR Convida #31, Wilson Sideral falou um pouco sobre o novo disco. Confesso que, como fã, fiquei ainda mais na expectativa de seu lançamento após a conversa. Sideral sempre teve o feeling para balancear seus discos com hits românticos e pops sem esquecer do lado mais funk e mais rock, dançante e suingado.
Os últimos projetos já mostravam uma evolução nas composições e na variação das fórmulas, tanto de gravação quanto na distribuição e venda. Seu último trabalho, o Projeto #SINGLES, foi uma edição limitada lançada exclusivamente em pendrive. Com 5 músicas inéditas e mais um kit, com os respectivos videoclipes, bastidores das gravações, letras, cifras e fotos. Confira “Quase Um”, que foi o carro-chefe do projeto e, logo após, a entrevista.
NTR – Bem Sideral, “Foi preciso você”, esse é o primeiro single do seu novo álbum, certo? Sideral – Isso, o disco tem 15 faixas, e uma coisa bem legal sobre ele é que ele vai contar com 15 clipes, onde vou explorar várias técnicas de gravação, vai ficar muito bacana, vários amigos, cada um produzindo, dirigindo um dos clipes, tem muita gente boa nesse projeto.
NTR – Sobre o “Canções de Computador”, você já tem uma data de lançamento? Sideral – Ainda não, a ideia inicial era lançar de forma independente, porém surgiu uma oportunidade e estamos negociando a distribuição. Ainda não posso dar muitos detalhes sobre.
NTR – Esse novo disco vai ter uma pegada mais Rock, ou algo mais dançante. E quanto as baladas? Sideral – O disco vai ter um pouco de tudo. Pra mim, o Groove e o Rock sempre andam juntos. E vão ter sim algumas baladas. Não tem jeito rapaz, sempre quando você vai ver depois quais as mais pedidas, as mais tocadas e baixadas, são sempre as baladas, aconteceu assim com “Fugindo de mim” e “Maria”, bons exemplos disso.
NTR – Algo novo para o disco? Conta com participações? Sideral – Nesse disco tem 2 pontos diferentes pra mim. Primeiro, é o “ousar mais”. Fiz como ainda não havia feito. Várias experimentações e faixas “malucas”. Segundo, a utilização de metais. Já havia utilizado metais na banda em outras oportunidades, mas agora eles estarão presentes em 6 faixas. Todas com arranjos maravilhosos dos maestros Otávio de Morais e Ed Costa. O disco também vai contar com participações do Rap n’ Hood, num rap/ska, do Max de Castro e do Galdino, que também é violinista do Teatro Mágico.
NTR – Bem, vamos aguardar o disco ansiosamente, eu principalmente, pelo uso dos metais. Muito Obrigado pelo tempo e atenção e boa sorte para o seu Galo Mineiro! Sideral – (Risos), valeu! Agora todo o Brasil tem que estar junto com o Galo. O time está jogando muito, se não for campeão esse ano, não sei não! Um abraço forte para você e para a equipe do Não Toco Raul. Muita paz e muita música!
Toda sexta-feira (toda MESMO, dessa vez é sério) o NTR traz a seção “NTR Convida”, onde músicos convidados vão ditar o som para você começar o final de semana na pegada.
Mais uma vez o NTR Convida traz uma playlist gringa: a convidada da vez é a inglesa Charlotte Cooper, baixista e vocalista dos Subways (e NÃO, não é aquela lanchonete, pode guardar a piadinha!).
A banda é um power trio inglês formado por ela e pelos irmãos Billy Lunn (vocalista e guitarrista) e Josh Morgan (baterista). Eles ficaram famosos no mundo todo com o hit “Rock’n’Roll Queen” (de seu álbum de estreia “Young for Eternity”, lançado em 2005). A canção chegou a ser usada na trilha sonora de comerciais, seriados e filmes (como “The OC”, “Rock’n’Rolla” e o excelente longa alemão “A Onda”). Eles estouraram quando ainda eram adolescentes.
Com vinte e poucos anos, já tinham rodado o mundo todo fazendo shows e ganharam notoriedade com apresentações muito intensas, enérgicas e explosivas em grandes festivais (viraram praticamente residentes do Reading Festival). Hoje ainda nem chegaram nos 30 anos e já têm 3 álbuns lançados – o segundo deles, “All or Nothing (de 2008), foi produzido por Butch Vig, que também fez o seminal “Nevermind”, do Nirvana.
Apesar de tocar em uma banda de rock bem purista, a Charlotte é bastante eclética e nos indicou as cinco músicas que mais tem ouvido ultimamente:
As músicas escolhidas pela Charlotte estão no player acima. É só clicar para ouvir todas na sequência.
A playlist: 1) Bat For Lashes – All Your Gold “Eu sempre me inspiro ouvindo e assistindo a artistas femininas que realmente detonam e dominam o palco. E a Natasha Khan definitivamente é um exemplo disso. Essa é a minha canção preferida do último álbum dela.”
2) Blood Red Shoes – Heartsink “Nós tocamos com os Blood Red Shoes em alguns festivais no último verão; e foi tão incrível vê-los tocando ao vivo de novo! Me fez querer ouvir os álbuns deles mais uma vez; e “Heartsink” é provavelmente a minha música preferida deles.”
3) Reverend & the Makers – Bassline “Meu marido está tocando bateria com a banda, então eu vi muitos shows deles no ano passado. A plateia sempre pula e se agita quando eles tocam essa música; e eu adoro isso.”
4) Kylie Minogue – BPM “Essa música é um lado B do single “I Believe In You” e é uma das minhas canções preferidas da Kylie. Ela tem sido minha artista favorita desde que eu tinha 5 anos…e é surpreendente ter um lado B tão incrível quanto esse!”
5) Hundred Reasons – I’ll Find You “Os caras dessa banda eram heróis para todos os jovens roqueiros quando eu era adolescente. Recentemente eles se reuniram para alguns shows e foi tão legal poder ouvir todas as pessoas do lugar cantando cada palavra de suas músicas de novo.”
Toda sexta-feira (toda MESMO, dessa vez é sério), o NTR vai trazer a seção “NTR Convida”, onde músicos convidados vão ditar o som para você começar o final de semana na pegada.
O convidado dessa semana é Tiago Morelli, mais conhecido como Titi. Ele é vocalista, guitarrista e compositor da banda Libre – que, apesar de ter apenas um ano, possui um currículo invejável.
Titi é o segundo da esquerda para a direita, de camisa xadrez
O grupo paulistano, que hoje conta com uma formação clássica de banda de rock (com vocal, baixo, bateria e duas guitarras), começou como um projeto solo caseiro do Titi – que gravava músicas próprias em seu quarto. Com a parceria do amigo e também guitarrista Luan Duarte, a Libre virou dupla e lançou um EP com 5 músicas em 2011, intitulado “No quarto”. Hoje, tem dois novos integrantes (o baixista Felipe Bedani e o baterista Rafael Cruz), mais um EP (Tribo) e anda fazendo vários shows por São Paulo (incluindo apresentações na Livraria Cultura, no CEU Feitiço da Vila, no parque Villa Lobos e em casas tradicionais da Rua Augusta), além de já ter tocado com o Móveis Coloniais de Acajú e A Banda Mais Bonita da Cidade e lançado dois clipes (para as canções “Bem-Vindo” e “E Agora?”). Eles também fizeram um vídeo ao vivo da canção “Carta para os idiotas”, um protesto contra os políticos na época das eleições, que conta com a participação de Teco Martins, vocalista da banda Rancore.
As músicas escolhidas pelo Titi estão no player acima. É só clicar para ouvir todas na sequência!
A playlist:
1. Laid Back – People “Putz, isso é lindo!” 2. Bessie Smith – St. Louis Blues “Escuto todas desse álbum (que se chama “Martin Scorsese Presents The Blues: Bessie Smith”) quase todos os dias, são muito boas.” 3. Jelly Roll Morton – Jungle Blues “Gosto de todas desse álbum também, “Jazz King New Orleans”” 4. Manu Chao – Me Gustas Tu 5. Arcade Fire – The Suburbs “Quando escuto essa música, me sinto caminhando por aí.”
As últimas novidades da Libre são a gravação de músicas novas para um terceiro EP, um destaque no site da MTV Brasil e a participação na final do São Judas Music Festival, competição realizada pela rádio Metropolitana, de São Paulo, e patrocinada pela Universidade São Judas. Quem vencer a final vai tocar com o Capital Inicial e ganhar a gravação do show produzida em CD.
Por onde ele anda: Facebook, Twitter, Youtube Trama Virtual – Confira uma faixa bônus do segundo EP, Tribo, chamada “Irreal”. Soundcloud – Aqui você pode ouvir e baixar de graça os dois EPs da banda, na íntegra. Aproveite!
“É como se jovens Beatles, nascidos na Carolina do Norte, formassem uma banda de Folk Rock inspirados pela genialidade de Bob Dylan e com a energia dos Ramones.”
É pra quem gosta de:
Bob Dylan – Mumford And Sons – The Beatles
Tem que ouvir:
Live and Die – Pretty Girl From Michigan – Down With the Shine