Gorilla é uma música sobre sexo – muito sexo. Extremamente sensual, é a promessa de uma noite insana cantada por Bruno Mars no álbum Unorthodox Jukebox (2012), o terceiro do músico havaiano. Ela virou single e ganhou muitos covers pelo youtube. Joselyn Rivera, só com voz e violão, consegue fazer talvez o mais interessante deles, mantendo o peso dessa música tão sensual.
Nem todo mundo sabe disso, no entanto. O vídeo tem pouco mais de 33 mil visualizações, enquanto que o canal da cantora americana tem apenas 5 mil inscritos. Joselyn é um prodígio que ainda não embalou. Aos 14 anos, assinou contrato para trabalhar com Emilio Stefan, produtor com 19 Grammys no currículo e marido da cantora cubana Gloria Stefan. Não rendeu.
Aos 17, integrou o time de Adam Levigne, do Maroon 5, no reality show The Voice, mas caiu na primeira semana de apresentações ao vivo. Como era menor de idade, precisou ser acompanhada pela mãe, que largou tudo em Pembroke Pines, na Califórnia, para acompanhá-la em Los Angeles. Terminaram cheias de dívidas e precisaram vender a casa em que moravam.
Dá pra acreditar?
E agora ela tem esse incrível cover, acompanhada pelo DJ e produtor Steven Spence. É uma versão nada ortodoxa, com alguns elementos que a tornam interessantíssima.
1) O timbre bizarro do violão de Spence e, principalmente, a forma despojada como toca a música, às vezes marcando as notas com uma corda só, às vezes usando power chords, e com muitos harmônicos.
2) Reverb, muito reverb. No som do violão, na voz de Jocelyn e, principalmente, nos backing vocals de Spence.
3) A interpretação de Jocelyn, apesar dos trejeitos típicos do The Voice, com dedinhos levantados. Ela faz poucas firulas – menos até do que o próprio Bruno Mars -, mas usa a potente voz pra ressaltar os pontos fortes da música. Repare na expressão e no sorrisinho que ela deixa escapar ao cantar I got your body trembling like it should (2min30 no vídeo).
4) O ambiente “insalubre” onde o vídeo foi gravado. Parece ser um estúdio, mas há um sofá atrás da dupla, Jocelyn canta sentada numa cadeira de computador e Spence, sabe se lá no que, está escuro pra caramba. Pela roupa dele, parece estar calor. Pela dela, não. Quem sabe? É como se eles simplesmente tivesse apertado o play e mandado ver para a câmera.
5) A imitação de Gorilla feita por Spence no final do vídeo. Até ele perceber que o som era mais parecido com o de macacos.
Hallelujah é uma das canções mais carismáticas e famosas da história da humanidade, gravada e interpretada por mais de cem artistas dos mais diversos estilos. Foi composta pelo canadense Leonard Cohen e gravada no álbum Various Positions (1984). Sua criação levou cerca de dois anos; e o perfeccionista Cohen criou mais de 80 versos para ela. Isso fez com que ele próprio tenha executado-a com diferentes letras e interpretações ao longo dos anos. Dependendo do intérprete, a música pode ter entonação depressiva, exultante, sexy. Ela pode se tornar uma música nova a cada dia: depende do estado de espírito de quem a executa. É uma canção incrível em todos os sentidos.
Com esse poder transformador, seria no mínimo leviano expor aqui a origem definitiva da música. Há um livro feito apenas em torno dos versos de Cohen (The Holy and the Broken, de Alan Light). Neste texto, o NTR mostra a sua interpretação para Hallelujah, desenvolvida a partir de muita leitura, diferentes versões e, é claro, visão pessoal. A letra usada é a do cover mais consagrado, de Jeff Buckley, no álbum Grace (1994) – essa que você vê no topo do post. Fala sobre amor e a imperfeição problemática que é a experiência de amar.
Hallelujah
Ao que tudo indica, o próprio Leonard Cohen vem tentando, ao longo dos anos, compreender o uso da expressão Allelujah (Aleluia). Trata-se de uma palavra hebraica composta por Hallelu – “louvem, glorifiquem” assim no plural mesmo, um chamado a todos – e Jah – uma espécie de diminutivo para Jehovah, um dos nomes bíblicos para Deus. Cohen inicialmente queria manter a tradição milenar de canções com esse termo, mas desvirtuando-o do sentido religioso, como se o seu Hallelujah pudesse ir além disso. Pense nessa palavra como uma forma de exaltar tudo – tudo que é perfeito e o que não é; a vida. Nos versos, isso é permeado pelo sentimento de amar.
“A música explica que existem vários tipos de Hallelujah. Eu digo: todos os Hallelujahs, perfeitos e errados, têm o mesmo valor. É um desejo de afirmar minha fé na vida, não de uma forma religiosa, mas com entusiasmo, com emoção”, explicou Cohen, em entrevista de 1985. Nos versos, o imperfeito transparece, e apesar de tudo o que ele expõe, há sempre um Hallelujah, sempre o louvor, sempre a fé. O caminho que encontrou para mostrar isso foi justamente usando passagens bíblicas. Em cada verso cabe uma explicação histórica, religiosa e política que não será aprofundada neste texto. O NTR foi extremamente sucinto nesse aspecto. O leitor terá que nos perdoar.
Davi de Israel, Betsebá, Sansão e Dalila
Davi era um humilde pastor escolhido por Deus para suceder Saul como rei de Israel. Tinha muitos dons, dentre os quais a música – e é isso que fica evidente no primeiro verso. É dele o “acorde secreto” que agradava ao Senhor – Davi, integrado à corte de Saul, acalmava o espírito do monarca com sua harpa. Aí entra a genialidade de Cohen. Quando cita and it goes like this, the forth, the fifth, os acordes casam com a letra: as notas tocadas são exatamente do quarto e quinto graus da escala em que a música foi composta. O mesmo vale para the minor fall – um acorde menor que ‘derruba’ a melodia – e major lift – novamente um acorde maior.
The minor fall and the major lift é também uma referência de juízo: as pessoas pequenas caem, enquanto os grandes se erguem. Pela narrativa bíblica, Davi é escolhido por Deus como o sucessor de Saul. Ele governaria a Tribo de Judá e, depois, o reino de Israel. Cohen encerra a estrofe com “o rei desnorteado compondo o Hallelujah“. Isso já dialoga com a próxima estrofe, que aborda o episódio em que Davi, já rei, observa do alto do telhado Betsabá, mulher de Urias, se banhando – e é seduzido. Ele então a seduz e comete pecado aos olhos de Deus. Grávida, Betsebá torna-se mulher de David após a morte do marido no campo de batalha, mas seu filho morre por juízo divino. Punição.
Na sequência, Cohen evoca a história da gananciosa Dalila, que faz chantagem emocional para descobrir a força de Sansão e o faz adormecer sobre seu colo para que os filisteus cortem seus cabelos – tudo em troca de moedas de prata. Quando Cohen canta “e dos seus lábios ela desenhou um Hallelujah“, encerra um trecho da música que mostra como o amor pode levar a situações trágicas. No Livro dos Juízes da Bíblia, Sansão tem os olhos arrancados e é mantido prisioneiro dos filisteus, mas recupera a força com ajuda divina para pôr abaixo um templo, matando seus inimigos e também a si próprio.
Davi foi acometido pela luxúria ao ver Betsebá e pagou por isso. Sansão abriu seu segredo mais íntimo à mulher que amava e também pagou por isso. E, apesar da dimensão dessas ações e do amor envolvido, ouve-se de novo entoar: Hallelujah.
Problemas de relacionamento
Nos dois versos seguintes, Cohen é mais direto e mais amargo. Ele fala sobre experiência com relacionamentos quando diz: baby I`ve been here before, I`ve seen this room and I`ve walked this floor. E mostra que sabe como é ser sozinho também. Então faz referência ao Marble Arch, arco de mármore erguido em Londres para dar acesso ao Palácio de Buckingham (hoje ele fica em um lugar diferente da cidade). Apenas a realeza podia passar pelo arco. Quando canta I`ve seen your flag on the Marble Arch, ele avisa que o amor não é uma marcha da vitória, algo que se domina e faz seguir um caminho determinado, sempre triunfante e organizado. Não. É um Hallelujah frio e quebrado.
A estrofe seguinte é ainda amarga, mas extremamente erótica. Começa com Cohen reclamando: houve um tempo em que o outrém o deixava ver o que rolava “por baixo”, mas agora essa pessoa não mostra mais nada. É um verso ambíguo: fala de expor sentimentos, mas também de ver o corpo nu, de se entregar ao sexo. Prova disso é o verso seguinte: se lembra quando eu entrei em você?. O termo holy dove – pomba sagrada – é um dos mais controversos. A palavra dove é constantemente substituída nas versões da música. É novamente ambíguo: pode significar paz – entre esses dois indíviduos, algo que já não há -, mas traz um toque de sacrilégio, como se o sexo fosse algo digno de adoração, sagrado.
No último verso, outra referência extremamente erótica: e cada suspiro que dávamos era um Hallelujah. O relacionamento claramente desandou, a forma de amar não é mais a mesma, mas ainda assim surge um Hallelujah.
Conclusão
Leonard Cohen de certa forma conclui tudo ao falar: “talvez exista mesmo um Deus, mas tudo que aprendi sobre o amor foi como atirar em alguém que desarmou você“. Ele usa duas imagens belíssimas: um choro no meio da noite ou alguém que “viu a luz”. Amar não é isso. É apenas um Hallelujah frio e quebrado. Hallelujah, Hallelujah.
PS.: Eis a versão de Rufus Wainright, que aparece no filme Shrek.
Slow dancing in a burning room é a oitava música do álbum Continuum (2006), o terceiro na carreira de John Mayer e aquele em que ele redefiniu seu som, adicionando elementos de blues e soul music. Ela sequer foi explorada como single, mas está entre as preferidas do público e foi incluída em DVDs e outras compilações. John Mayer tocou-a nos dois shows que fez no Brasil, em 2013. Além de tudo isso, trata-se de uma belíssima metáfora.
Pintar essa incrível imagem – dançando lentamente em um cômodo em chamas – foi a forma que John Mayer encontrou para definir um relacionamento problemático que se encaminha para um fim dolorido, mas do qual os envolvidos continuam se aproveitando. O mundo está desabando ao redor e não há como escapar, mas eles seguem juntos, dançando lentamente, olhando nos olhos um do outro. A origem dessa música é também sua consequência: dor.
John primeiro avisa que a coisa é séria, não apenas mais uma briga seguida por um período de calmaria. Trata-se de um “último e profundo suspiro desse amor em que estivemos trabalhando” – a hora é essa, portanto. A explicação vem na segunda estrofe, em que mostra que não tem mais o controle da situação e que essa relação já deu alarmes falsos demais. Como na parábola do menino e do lobo, ninguém mais leva a sério o perigo, diante de tantas ameaças que se mostraram infundadas.
Ou seja, slow dancing in a burning room.
Esse quadro ruim é melhor descrito na terceira e quarta estrofes. John reconhece: eles eram tudo o que sonharam para si mesmo. E aí começam os problemas. “Eu vou tirar o máximo dessa tristeza”, diz ele, prometendo se reerguer. “E você vai ser uma vaca, porque você sabe ser assim. Você vai tentar me acertar para me machucar, então vai me deixar me sentindo mal porque não consegue entender”. Ela, portanto, não reconhece essa situação como tão grave.
Aí ele sugere: “vá chorar, vá”. E avisa: “querida, estamos dançando lentamente em um cômodo em chamas”.
A música termina com John Mayer fazendo perguntas retóricas. “Você não acha que já deveríamos saber disso? Você não acha que deveríamos ter aprendido?” Talvez. Talvez ela tenha falhado em perceber todos esses problemas. Eles certamente falharam em deixar tudo chegar a esse ponto. Mas assim é fácil falar. Com o clima que ele cria na música e essa letra, até o ouvinte se sente dançando lentamente em um cômodo em chamas.
O rapper Black Alien – aquele que cantou no Planet Hemp e tem um único e excelente disco solo, Babylon by Gus – canta na música Timoneiro: “cai o muro de Berlim e as rádios tupiniquins ainda amarelam de tocar algo assim”. Este ano, o fim da divisão da Alemanha completou 25 anos. Quando caiu o muro, o mundo mudou – acabou a Guerra Fria, o capitalismo venceu e os Estados Unidos se tornaram potência hegemônica. A ditadura estava no fim no Brasil, a tecnologia avançava a passos largos. E, mesmo assim, o rap ainda não tocava nas rádios. Vamos a 2014. A coisa começou a mudar, mas ainda não há uma cena rapper no mainstream. Quem capitaneia, nesse momento, esse nicho é Projota, o romântico.
Projota lançou esse ano seu primeiro álbum por uma grande gravadora, Força, Foco e Fé. Mesmo que você não tenha ouvido um acorde dessas músicas, provavelmente já conhece a voz do rapper. Ele está estourado nas rádios com o hit Cobertor, ao lado da funkeira Anitta, mas também já cantou em Deixo Você Ir, do Onze20, e Se Joga, do Strike. Mais conhecido do que ele no mundo pop mainstream, só se for algo do Marcelo D2 ou a música Vagalume, que tem o rap do Pollo, mas faz sucesso pelo refrão de Ivo Mozart. Em todos esses trabalhos, Projota rima de forma descontraída, divertida e romântica. E isso é bem o estilo dele.
Não que não tenha o lado mais pesado em seu trabalho. Pelo contrário. Basta ouvir Samurai, Pra Não Dizer que Não Falei do Ódio e Fatality, para dar um exemplo de cada mixtape lançada de forma independente por ele até hoje. Na última delas, Muita Luz (2013), ele já dava o tom que acabaria por se destacar com a música Mulher, com participação de Marlos Vinícius, do Onze20: o refrão e a ponte têm melodia marcante que contrasta com o verso, no qual o flow e a raiva de Projota estão bem suavizados. Funciona, e essa fórmula ele levou para o novo trabalho.
Três músicas do disco novo são marcantemente românticas. Enquanto Você Dormia mostra um homem apaixonado, curtindo esse momento enquanto observa a namorada dormir. O Vento é mais uma declaração de um cara que encontrou “a paz pro Oriente Médio do meu coração”. Foi Bom Demais, por outro lado, é quase um pedido de desculpas para uma relação que acabou, mas deixou boas lembranças depois das mágoas iniciais. Elas vêm uma em sequência da outra no disco, nessa exata ordem, o que provavelmente não é coincidência nenhuma. Isso sem contar Mulher, que foi incluída de novo em Força, Foco e Fé.
Em entrevista ao portal Terra, Projota declarou que o objetivo do novo álbum é mesmo bater de frente no mainstream, tocar na rádio. Provavelmente, essas músicas cumpram um papel importante nesse plano. De quebra, ele consegue cada vez mais público feminino. “Elas gostam, principalmente quando eu faço musica romântica, e aí agrega, porque elas começam a ouvir o meu trabalho e conhecem o resto, as outras musicas mais pesadas, e gostam, e isso é muito louco”, comentou. Sobre a preocupação com o romantismo, ele foi sincero: “eu nao posso ficar me policiando, porque eu não me policiei para chegar aonde eu cheguei. Se eu começar agora, talvez seja um problema“.
Projota é romântico mesmo e é bom no que faz. Não vai surpreender se muitas de suas músicas tocarem em novela, propagandas e rádios. É assim, também, que o rap conquista seu espaço.
EXTRA
Você já ouviu, então, a música do Projota com a Anitta, Cobertor. Sugiro que ouça, também, a versão que parece ser a embrionária. Ela está como faixa extra no Foco, Força e Fé. É mais swingada, mais agitada e menos solene. Mais divertida, portanto.
O cover de Royals, da Lorde, é um exemplo da mistura louca que o Walk Off The Earth faz nos vídeos que popularizaram a banda no Youtube. O canal dessa banda canadense tem quase 2 milhões de inscritos e 436 milhões de visualizações, números bombados pela complexidade e criatividade de alguns dos vídeos. Com uso de instrumentos incomuns e muito ‘looping’ – gravação de trechos que são repetidos e controlados digitalmente -, eles ainda são extremamente divertidos e carismáticos.
“Nós queremos levar a música, qualquer que seja, a uma direção diferente e fazer as pessoas ouvirem isso”, explicou Gianni Luminati, o cabeludo cantor que constantemente usa tranças, em entrevista ao site Outline. “O uso de objetos para criar sons é mais uma mentalidade infantil, é coisa de criança. É quando você vê algum objetivo e imagina que som ele faz”, disse Sarah Blackwood, a cantora loura que de vez em quando faz as vezes também de cameraman.
O Walk Off The Earth não faz só covers, obviamente. Gianni e Sarah, junto com Ryan Marshall, Mike Taylor e Joel Cassady, têm dois álbuns lançados – o último deles chamado R.E.V.O, de 2013. O som, como pode se imaginar baseado nos covers, é de difícil definição, já que os elementos usados nos vídeos seguem nas músicas autorais, embora menos excêntricos. É uma boa banda. Com cool covers. Eles têm muitos. Separamos os mais interessantes.
A última vez, a última chance, o último adeus. Uma playlist para despedidas e os derradeiros acontecimentos da vida. Só não é a última playlist.
Jeff Buckley – Last Goodbye
Bon Jovi – Last Man Standing
Rolling Stones – The Last Time
Pearl Jam – Last Kiss
Aerosmith – Last Child
The Strokes – Last Nite
Papa Roach – Last Resort
E para coroar a lista, um bônus nacional. Uma triste história de amor contada da forma poética que era de costume de uma das bandas que mais fazem falta no Brasil.
Olá amiguinhos. Nessa edição da categoria de Tops mais original das internets, vamos ensinar vocês, jovens gafanhotos, a serem pessoas melhores. Melhor dizendo, a serem “Better Men”. Rá!
Pearl Jam – Better Man
Paolo Nutini – Better Man
Sivu – Better Man Than He
Oasis – Better Man
Marc Scibilia – Better Man
Slow Leaves – Life Of A Better Man
Frances Cone – Better Man
0,5. The Kinks – A Well Respected Man
E já que todas as músicas aqui anseiam pelo melhor nas pessoas, o bônus da vez vai para esta canção de 1965, da banda The Kinks. Um homem muito respeitado.
Mais legal do que o gingado que o Exaltasamba coloca nesse clássico da Disney é o fato de o cover feito pelo grupo de pagode ter Thiaguinho, com sua ousadia e alegria, no papel de Simba, justo em uma música em que ele inocentemente sonha com poder – se vocês viram o filme, sabem que pouco depois ele estaria “rindo do perigo”. Zazu, o conselheiro real, é encarnado por Péricles. Então é claro que a versão do Exaltasamba para “O que eu quero mais é ser Rei” é divertidíssima. Mas não é de graça, claro.
A música faz parte de uma coletânea lançada pela Disney em 2010 chamada “Disney Adventures in Samba”, que reúne os maiores nomes do samba brasileiro para recriar as músicas temas dos maiores filmes da empresa. E essa não é a única ação feita nesse sentido: há também Disney Adventures in Bluegrass, Jazz, Country, Reaggae e Bossa Nova – essa, com mais vários outros brasileiros. São muitos Cool Covers, alguns deles muito interessantes. O Não Toco Raul separa para vocês os melhores.
O rock de Brasília ainda vive, e não somente de Capital Inicial (grazadeus). A banda Scalene vem fazendo cada vez mais bonito e entrou para as minhas bandas nacionais preferidas de todos os tempos com o álbum “Real/Surreal”, o mais recente da banda, lançado em 2013.
Formada pelos irmãos Gustavo e Tomás Bertoni, Lucas Furtado e Philipe Nogueira, a banda nascida em 2009 já apareceu por aqui com um cover muito firmeza de “Somebody That I Used to Know” e “Rosemary” e, desde então, venho acompanhando o excelente trabalho deles.
Gustavo Bertoni é o frontman da banda, cantando e tocando guitarra e violão, e é ele o nosso convidado de hoje. O critério utilizado por ele para a playlist foi de grandes influências musicais de sua vida. Ouça a playlist de Gustavo e confira as dicas, o rapaz sabe o que está fazendo.
1) Thrice – Promises “Thrice é do tipo de banda que se faz necessário conhecer toda a discografia para compreender a grandeza de seu trabalho. Versatilidade e originalidade os definem. A capacidade de soarem originais em cada vertente do rock que exploraram é extraordinária. Letras maravilhosas repletas de referências mitológicas, questionamentos universais, inconformismo…hora berradas com guitarras Drop A incendiando sua cara, hora cantadas suavemente com um mundo de texturas remetendo a um “Digital Sea”. Rock experimental com um pouco de indie rock, blues, grunge, post-rock, tocado por uma banda que começou hardcore melódico, revolucionou o post-hardcore e criou seu próprio estilo. Fonte inesgotável de inspiração. E o melhor de tudo, o som é completamente acessível, não perderam a mão nas composições mais experimentais. Ouço sempre, motivação diária.”
2) Matt Corby – Brother “Ele é desses que são tão bons, que tornam quase tudo que você conhece um pouco menos impressionante. É muita musicalidade, controle e bom gosto pra um cara de 23 anos. Um vídeo ao vivo e pronto, te ganhou. Alguns o chamam de “Jeff Buckley da nossa geração” e apesar de não ser fã dessas comparações, é por aí. Sua virtuose vocal e seus trabalhos com loop são impressionantes, mas é sua sensibilidade genial como singer/songwriter que o coloca em outro nível – passa uma paz hipnotizante. Ouviremos muito dele ainda.”
3) City and Colour – Thirst “Agora munido de uma banda com músicos consagrados, suas músicas estão melhores que nunca. O interessante do Dallas Green é que ele não é o melhor no que faz, mas é muito bom em tudo que se propõe a fazer. Suas composições possuem um grande equilíbrio, tudo acontece na medida certa e no momento certo. Isso traz uma elegância pro seu som que é rara de encontrar. Nos dias de hoje, um cara que critica a “pressa” e superficialidade em que vivemos, lembra a importância do amor e vive em busca de sabedoria é uma relíquia.”
4) O’Brother – Perilous Love “Ensurdece e acalma. É sujo, porém agradável. É tosco e rebuscado. Só consigo pensar em antíteses para descrever a banda. Mas a maior delas é o tanto que eles são talentosos, e o tanto que são desconhecidos.”
No último dia 11 de maio, Dia das Mães, a banda lançou o clipe da música “Amanheceu”, escrita por Gustavo para sua mãe, que teve a participação de vários fãs e este que vos escreve included. Assiste aí embaixo: