“American Boy” é o maior hit da carreira de Estelle, cantora britânica nascida em Londres, filha de mãe senegalesa e pai granadino. A influência caribenha e o reggae dominaram sua formação musical até ser apresentada ao hip hop por um de seus tios. Lançou 18th Day, seu primeiro álbum, em 2004. O sucesso veio com American Boy, de Shine (2008). A música conta com participação do rapper Kanye West e foi produzida por will.i.am, do Black Eyed Peas.
O álbum é todo construído nesta fórmula: rappers convidados e produtores de renome. Estelle, no entanto, não usa batida ao estilo “balada” – tecno, house, etc. Toques de dub, reggae e R’nB se mesclam ao hip hop sem firulas e à bela e melodiosa voz da cantora.
“American Boy”, que atingiu o topo das paradas na Grã-Bretanha, Estados Unidos e muitos outros países, é uma música extremamente simples, com base de hip hop e alguns sintetizadores marcando o refrão. Na versão do VersaEmerge, a vocalista Sierra Kusterbeck vai direto ao ponto – começa já na parte cantada por Estelle, ignorando as rimas. O mais legal é que continua contagiante e, principalmente, dançante.
VersaEmerge – American Boy
Os franceses do Cocoon também gravaram American Boy, em uma versão um pouco diferente, mais linear.
Os australianos do Tame Impala participaram de um programa de rádio em sua terra natal e fizeram ao vivo um cover inusitado de… Outkast! Pra quem não sabe, a dupla americana formada por Andre 3000 e Big Boi fez muito mais do que “Hey Ya!” (de 2003), incluindo a música que ganhou uma versão mais acústica e roqueira com o Kevin Parker e sua turma – e bem psicodélica e viajandona, como é o jeito da banda.
Kevin deixa de lado o vocal “John Lennon” para fazer uma voz tão aguda que, por vezes, acaba desafinada. Mas o cover ficou muito bom mesmo assim – e ainda conta com os belos vocais de Nick Albrook (o baixista, que canta bem, apesar de não soltar a voz no Tame Impala; e tem uma outra banda chamada Pond, onde canta e toca guitarra com mais 2 caras do grupo “maior”). Bem legal:
O programa de rádio que aparece no vídeo se chama “Like A Version” e é veiculado pela estação de rádio australiana Triple J, que parece ser bem grande no país. Acho engraçado o locutor do programa se espantando com a escolha do cover e brincando com os caras da banda, dizendo que é “uma música para fazer bebês” – sim, amigos, é uma fuck music romântica.
A versão original de “Prototype” faz parte do famoso álbum duplo do Outkast, “Speakerboxxx/The Love Below”, que também tem o hit “Hey Ya!”.
“Prototype” está no disco 2, The Love Below, do Andre 3000. E tem esse clipe aí, “mó brisa”, com extraterrestres descobrindo o amor.
Tudo começou quando tomei um susto ao assistir TV. Zapeando aleatoriamente, caí na MTV e ouvi uma música muito familiar, mas vi um clipe irreconhecível com uma boy band. WTF?
Acontece que o grupo inglês One Direction, mais comercial impossível, gravou um cover mesclando as excelentes canções “One Way Or Another”, do Blondie; e “Teenage Kicks”, do Undertones. E acontece que essas duas músicas são clássicos do rock do fim dos anos 70 e moldaram toda a estética do punk rock que surgiria na época. Coincidentemente, as duas canções originais foram lançadas em 1978.
E, acredite ou não, a versão do One Direction não ficou (tão) ruim.
Roqueiros, tremei:
O mais incrível e surpreendente dessa história toda é que os meninos do One Direction não fizeram o cover à toa. Muito pelo contrário. Como eles mesmos explicam no começo do clipe, a canção foi gravada como um single especial para arrecadar doações para a Comic Relief, instituição britânica muito popular que combate a pobreza beneficiando comunidades carentes na África e no Reino Unido (pois é, existem pessoas passando necessidade na Inglaterra também).
A Comic Relief nasceu em 1985 para combater a fome na África e foi fundada por comediantes (daí o nome) que procuravam uma maneira divertida e positiva de arrecadar doações e mobilizar a sociedade – sem apelar para dramas ou pena.
Todo o dinheiro arrecadado com a venda do single do One Direction será revertido para a Comic Relief, assim como o dinheiro poupado pela banda por não produzirem um clipe profissional para esta canção. Ao invés disso, eles fizeram um vídeo “caseiro” durante sua última turnê, com imagens deles na estrada, no palco, viajando por lugares como Londres, Nova Iorque, alguma cidade do Japão, hotéis e aeroportos.
Eles também aparecem em uma comunidade africana e usam narizes de palhaço – uma marca da Comic Relief, que inclusive promove o “Red Nose Day”, ou “Dia do Nariz Vermelho”, espécie de Teleton ou Criança Esperança realizado a cada dois anos na TV britânica, sempre em março. A boy band participou intensamente da última edição do evento, não apenas com o cover e o vídeo, como também com várias outras ações de marketing para aumentar o número de doações e o alcance da campanha.
Eu não suporto a música do One Direction, mas meu respeito por eles aumentou uns 800% depois disso. E não importa se você for muito cético e não acreditar que a boa ação foi ideia deles, ou se achar que foi uma estratégia apelativa só para aparecer e fazer média. Porque, veja bem, a base de fãs deles é tão gigantesca que uma campanha como essa pode levar conscientização a centenas de milhares de pessoas em todo o mundo, divulgar o trabalho da Comic Relief e beneficiar um monte de gente que realmente precisa de ajuda – sem contar a possibilidade de fazer menininhas de 12 anos aprenderem o que é Blondie, quem é a Debbie Harry, o que é rock’n’roll e punk rock (enfim, coisas muito importantes).
E pelo menos agora eles podem ficar conhecidos por regravarem boas canções e realizarem uma bela ação de responsabilidade social – e não apenas como “aquela boy band do X Factor” ou “aquele grupo do menino que namorou a Taylor Swift”.
Tennessee Waltz é uma canção extremamente popular nos Estados Unidos, especialmente no estado homenageado, unidade federativa do sudeste do país com pouco mais de 6 milhões de habitantes e nove hinos oficiais (sendo o último deles a música “Tennessee”, de John R. Bean). A música-tema deste post foi a quarta a ser escolhida digna de representar o 16° estado norte-americano, admitido pela União em 1796. Em sua versão original, é realmente uma valsa:
Há controvérsias sobre o compositor da música, mas oficialmente a letra foi feita por Redd Stewart, sendo musicada por Pee Wee King, ambos músicos da cena country da década de 40. Os dois estariam a caminho de um show em Nashville, capital do Tennessee, quando ouviram no rádio a música “The Kentucky Waltz”, de Bill Monroe, considerado o inventor do Bluegrass, estilo tipicamente sulista derivado do country e que tem raízes britânicas, mas conta com influência do jazz pelo uso da improvisação. A versão tennessiana foi feita a caminho da apresentação e gravada por Cowboy Copas, outro representante do country, em 1947.
A canção foi regravada inúmeras vezes ao longo de seis décadas por músicos de renome e destaque. A versão que primeiro fez sucesso, no entanto, foi feita em 1950 por Patti Page, cantora pop que a levou ao topo das paradas e a tornou um dos maiores sucessos da década. Um dos registros mais interessantes – e recentes – foi feito por Norah Jones, em DVD gravado em 2002 (a música aparece nos “extras”).
Tocando junto de Adam Levy (guitarra), Andrew Borger (bateria) e Lee Alexander (baixo), Norah muda o andamento da canção sem perder o sentimentalismo. “Tennesseee Waltz” fala de uma desilusão amorosa: o sujeito está dançando a tal de “Valsa do Tennessee” quando encontra um velho amigo; ele pede para dançar com a acompanhante do sujeito, que concede, mas, quando se dá conta, o amigo conquista a amada, deixando o protagonista apenas com as mágoas restantes. É uma história triste, amigos.
Norah Jones – Tennessee Waltz
Há também a versão “jovem guarda” da britânica Alma Cogan, com direito a “shalalala” nos backing vocals:
Se você assim como eu é um pouco infeliz, por nunca ter ido a um show do Bon Jovi, pode ir se preparando para tirar esse peso das costas. Com o anúncio da vinda da banda ao Brasil, muitos de nós terão a chance de se redimir. Bon Jovi se apresenta no Rock in Rio, dia 20/09, mesmo dia do Nickelback. Para alegria de muitos, não vai ser necessário ouvir How you remind me, Far Away ou Photograph, pois também haverá um show em São Paulo, dia 21/09.
Pegando esse gancho, o Cool Cover de hoje é uma excelente versão de Livin’ On a Prayer, feita pelo homem-banda Alex Goot. Alex já fez parte do elenco de Glee, o que já garante a alta qualidade de produção. Sem mudar a estrutura da música, Alex consegue fazer um cover notório, com exceção do vocal. Porém, chega a ser injusto julgar o vocal quando falamos da banda que até hoje faz muito marmanjo chorar, não é mesmo?
Fiquem com a versão de Alex, e em seguida um pequeno e já conhecido Bônus: “Ismailai”.
Tá aí um cover criativo! Em plena semana na qual David Bowie apresenta o segundo single – o primeiro você pode ver aqui – do CD “The next day”, temos a sorte de conferir o americano Beck (Beck Hansen, o nome artístico completo) em uma releitura da gostosa de ouvir “Sound and Vision” de Bowie.
A apresentação aconteceu em um evento da Lincoln, marca de automóveis, parte do projeto “Hello Again”.Para conferir a performance do rapaz e mais uma orquestra bacana, só dar o play logo abaixo:
Te deu saudade do David Bowie? Dá um play no trailer de “Labirinto”, aquele filme estranho (ah vá), depois do cover. 😉
A banda Scalene deu um jeito no nosso enjoo da música do Gotye e mandou muito bem, aprontando um mashup finíssimo com “Rosemary”, do Foo Fighters.
A Scalene tem músicas próprias e um CD independente lançado, o Cromático (que você pode baixar aqui, se quiser), palmas para a capa do disco. A banda se define como “um duelo amigável entre o Rock pesado e a música Pop” e define bem, é um som bem feito que merece ser ouvido.
Este post foi uma descarada e sem vergonha chupinhada da nossa parceira Ana Unplugged. Olha lá o blog, que é muito legal. Claro, senão ela não seria nossa amiga.
O Cool Cover de hoje traz uma ótima versão de Reptilia, do The Strokes. Confesso não ser o maior admirador da banda, mas partilho do sentimento de muitos dos fãs de que “antes eram mais legais”, tema discutido recentemente por aqui. “One Way Trigger” é o primeiro single do novo disco, ainda sem nome ou data de lançamento.
Parece ruim, mas é só na primeira vez.
O novo single já causa estranhamento logo de cara. A levada da bateria acompanhada pelas guitarras “tecnobregas” e pelo falsete de Julian não deixaram os fãs muito animados.
Se hoje em dia The Strokes não soa mais como The Strokes, o cover de Reptilia soa menos ainda. Mas é essa a proposta aqui, e a dupla “Eta Pô”, inspirados pelo já conhecido Pomplamoose fez um ótimo trabalho. Para ver outras versões da dupla, é só dar uma checada no Youtube.
Não é apenas uma música sobre superar dificuldades. É um hino feminino (a la Girl Power e também da comunidade gay) sobre juntar os caquinhos depois do término de um relacionamento, erguer a cabeça e seguir em frente. É aliás um hino universal: já foi reproduzido em 20 línguas, inclusive árabe. Um hino premiado: ganhou em 1979 o Grammy de Best Disco Recording, e foi a primeira e última vez que o Grammy premiou essa categoria. É também uma das canções mais populares cantadas em Karaokê.
Apesar de toda a sua aura de canção-espanta-dor-de-cotovelo, I Will Survive originalmente não se tratava de um homem específico na vida Gloria Gaynor. Ela estava muito bem casada quando a gravou. Na verdade, os produtores de Gaynor, Freddie Perren e Dino Fekaris, escreveram a letra para a cantora depois que ela sofreu uma lesão nas costas e ficou seis meses no hospital. Gaynor havia passado por uma cirurgia e ainda usava colete ortopédico quando gravou a música. E é por isso que ela vê essa canção como uma lição de sobrevivência, independentemente do que você tenha que superar: “É uma letra atemporal que aborda uma preocupação atemporal”, disse.
Se você está cantando-a por causa de um coração ou de uma coluna partida, não importa, garanto que quando escuta o pianinho inicial e os primeiro versos At first I was afraid I was petrifiiied você também bate o pézinho, levanta a mão com o microfone imaginário e faz a diva dando a volta por cima no salão enquanto declama o hino – não importa se é a versão original de Gloria Gaynor:
A versão indie mais lenta e menos arrasa bee, do Cake:
Ou a versão pin up, fofinha, retrô, gal group com The Puppini Sisters:
Dá pra ver por este, e pelo meu último post, que estou ouvindo pouco Radiohead. É uma das bandas na minha lista “Bandas favoritas de todos os tempos que nunca me canso de ouvir”, ainda faço um Top 7,5.
A música Creep foi a estreia do Radiohead, primeiro single e maior sucesso do álbum Pablo Honey, de 1993. Platéias dos primeiros shows da banda apresentavam pouco interesse nas outras músicas da banda, fato que fez com que Creep começasse a ser renegada pelo Radiohead, até ser excluída de vez do repertório da metade para o final dos anos 90, só sendo tocada ao vivo novamente em 2001. Quase uma Anna Julia, não é verdade? Mas só quase.
Assim como o clássico-amado-e-odiado Anna Julia, centenas de milhares de versões da música circulam por aí desde os primórdios da internet, sempre carregadas de muita emoção dos intérpretes. Nenhuma das versões ganha da original, na minha opinião, mas mesmo assim selecionei as minhas preferidas.
A cantora Daniela Andrade tem o dom de fazer covers que muitas vezes deixam as canções originais no chinelinho, só com a voz doce e viciante e um violão. Lindo!
Eliza Doolittle faz cover de qualquer coisa, em qualquer lugar. Yellow (Coldplay) na van, Fuck You (Cee-Lo Green) no camarim e tantas outras. Belo cover de Creep no Hyde Park em Londres.
O vocalista Lukas Rossi participou do reality show Rock Star: Supernova, de 2007, que tinha como objetivo escolher um lead singer para o super grupo de mesmo nome formado por Tommy Lee (Mötley Crüe), Jason Newsted (ex-Metallica) e Gilby Clarke (ex-Guns N’ Roses). A apresentação de Creep ficou reduzida, devido ao formato das músicas no programa, mas ainda assim é uma das minhas preferidas. Ah, o Lukas venceu o reality e gravou um disco bacaninha com o Supernova.
Esta não é a melhor versão, não tem o melhor vídeo, está meio desencontrada e confusa, mas adorei o esforço coletivo junto da banda Weezer para gravar esse cover. Weezer, que fez um cover fantástico de Paranoid Android também.
O vídeo a seguir não se encaixa na categoria em questão no post, mas eu tinha que colocá-lo aqui. Trata-se de uma homenagem da fantástica série de desenhos depressivos Low Morale, utilizando uma versão acústica de Creep, pelo próprio Radiohead (ou Thom Yorke sozinho). O vídeo capta muito bem a agonia e tristeza presentes na música. Um dos melhores clipes-que-não-são que eu já vi.