Adeus, Peu da Pitty

 

A música acima, instrumentalmente, simboliza muito do estilo de Peu Sousa, guitarrista encontrado morto na manhã desta segunda-feira em seu apartamento em Salvador. “Vício”, da banda Nove Mil Anjos, tem levada extremamente melódica, com acordes misturados a frases curtas, diretas. O timbre tem um pequeno drive, provavelmente causado por um amplificador valvulado ou simulador. Lembra John Frusciante. É uma das provas do talento que lamentavelmente se foi em um suicídio praticamente confirmado pela Polícia.

Peu de Sousa nasceu em 22 de julho de 1977, em Salvador. Aos dois anos, foi adotado por Luiz Galvão, membro dos Novos Baianos. Não se sabe o tipo de influência que isso causou em sua formação. A adoção aconteceu na época do fim da banda, após o lançamento do álbum “Farol da Barra” (1978). O auge veio antes, com clássicos como “Acabou Chorare” (1972). Peu, portanto, não viveu a época do “Sítio do Vovô”, do pseudo-anarquismo em plena ditadura militar.

O guitarrista só iria tocar com seu padrasto depois dos 20 anos, já músico formado, acompanhado-o na turnê “Galvão com a Palavra” para dividir palco com nomes como Luiz Melodia, Morais Moreira e Jorge Mautner, entre outros. Antes, fez parte da banda de Carlinhos Brown, mas também trabalhou com  Marisa Monte, Caetano Veloso, Arnaldo Antunes, Ivete Sangalo, entre outros. Apesar do ecletismo, bem ao estilo Novos Baianos, Peu sempre foi roqueiro.

Sua primeira banda de grande relevância foi a Dois Sapos e Meio, que sem presença na mídia movimentava a cena roqueira baiana. Em 2002, ele gravaria seu maior sucesso com a cantora Pitty. “Admirável Chip Novo” (lançado em 2003) estourou com hits como “Equalize”, que instrumentalmente tem assinatura do guitarrista: construções em cima de acordes, riffs valvulados e peso no refrão. Foram seis singles lançados, com outras duas músicas fazendo parte de trilhas sonoras de novelas.

peusousa-materiaNa grande imprensa, Peu foi identificado como “ex-guitarrista da Pitty” na maioria das manchetes sobre sua morte. Sem dúvida esse foi seu trabalho mais relevante; e foi por isso que, quando deixou a banda, em 2005, a notícia foi recebida com tamanha surpresa. De repente, Pitty perdeu um guitarrista de fortíssima presença de palco. Ela chegou a postar comunicado na internet esclarecendo: “divergências de opinião com relação a caminhos, atitudes e projetos” causaram a mudança. “Ninguém saiu na mão, ninguém brigou, ninguém expulsou ninguém”.

Eu diria que sua principal manifestação artística veio com o Nove Mil Anjos, banda formada com o baixista Champignon (ex-Charlie Brown), o baterista Junior Lima (irmão da Sandy) e o vocalista Pericles Carpigiani. Juntos, lançaram apenas um álbum, “9MA” (2008). Nele, Peu demonstra toda sua criatividade, em linhas e levadas extremamente originais, sempre com inúmeros efeitos no som, principalmente de modulação.

Por que não estourou? Difícil dizer. O single “Chuva agora” não empolgou e os vocais de Peri foram muito contestados – e com razão.

É por isso que Peu de Sousa é o “Peu da Pitty”. Parecia que estava em um caminho promissor, sempre esperando para estourar. Foi elogiado por muita gente importante da indústria musical. De acordo com Luiz Galvão, foi um dos artistas da nova geração que transportou consigo algum legado da rica história dos Novos Baianos. Tinha talento e contatos para ir muito além. Só não teve tempo.
 
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NTR Convida #27 Felipe Canário (Radar Quatro)

Toda sexta-feira (toda MESMO, dessa vez é sério) o NTR traz a seção “NTR Convida”, onde músicos convidados vão ditar o som para você começar o final de semana na pegada.

O NTR Convida hoje está debutando em um campo ainda não muito explorado aqui. Banda de axé nascida no interior de São Paulo (Mogi Mirim), a banda Radar Quatro mistura em seus sons vários estilos que vão do poprock ao reggae, passando inclusive pelo tão tocado e popular sertanejo universitário. A base do repertório abrange do axé tradicional ao que há de mais atual nas micaretas mais agitadas do país.

O Radar Quatro participa das principais festas no estado de São Paulo e no sul de Minas Gerais, onde a cena do Axé sempre foi forte. Sendo responsável também por diversas aberturas de bandas como Jammil e Uma Noites, Banda Eva, Chiclete com Banana, Inimigos da HP e Cheiro de Amor. Recebeu também o convite para agitar a arena do Carnalfenas e para gravar seu show no Rodeio de Americana, dois eventos de grande porte no cenário nacional.

Felipe Canário, vocalista da banda e convidado de hoje é uma pessoa com muita história pra contar: já cantou em bandas de Pop Rock, fez versões de “Play that funky music”, “Isn’t she lovely”, praticou muito a exaltarepetição em frente à faculdade e ajudou playba-cowboys a laçarem garotas em festas universitárias. Se você estava esperando uma playlist com os últimos sucessos do carnaval, não é isso que vai acontecer. Confira a playlist:

As músicas escolhidas pelo Canário estão no player acima. É só clicar para ouvir todas na sequência.

A playlist:

1) Michael Bublé – Lost
“Vocalmente falando, meu ídolo! Técnica e classe, sempre.”

2) Queen – Innuendo
“Primeiro LP que ganhei na minha vida foi o Greatest Hits II e esse som é genial! Uma viagem da música clássica a solos flamencos!”

 3) U2 – Ultraviolet
“U2 não poderia faltar! A sensação ao ouvir este som ao vivo em 2011, em meio a todos os efeitos psicodélicos do palco em 360º, foi simplesmente mágica… lembro de viajar alto com “Ultraviolet” e cair ao som da clássica “With or Without You”…inesquecível!”

4) Wilson Sideral – Hollywood Star
“Uma das melhores letras que já ouvi, por representar tudo que tenho vontade cada vez que subo no palco… afinal de contas, quem náo quer “trabalhar e se dar bem em Hollywood”??”

5) Carlinhos Brown – Tantinho
“E é claro que teria que fechar com um Axé! E nada melhor do que ser uma do mestre Carlinhos Brown! Rítmica perfeita, letra sensacional… amor e swing! Recentemente gravada pelo cantor Daniel. (Porque faz isso Daniel!? kkkkkkk)”

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Os meninos do One Direction são mais punks que você

Ou não.

Tudo começou quando tomei um susto ao assistir TV. Zapeando aleatoriamente, caí na MTV e ouvi uma música muito familiar, mas vi um clipe irreconhecível com uma boy band. WTF?

Acontece que o grupo inglês One Direction, mais comercial impossível, gravou um cover mesclando as excelentes canções “One Way Or Another”, do Blondie; e “Teenage Kicks”, do Undertones. E acontece que essas duas músicas são clássicos do rock do fim dos anos 70 e moldaram toda a estética do punk rock que surgiria na época. Coincidentemente, as duas canções originais foram lançadas em 1978.

E, acredite ou não, a versão do One Direction não ficou (tão) ruim.

Roqueiros, tremei:

O mais incrível e surpreendente dessa história toda é que os meninos do One Direction não fizeram o cover à toa. Muito pelo contrário. Como eles mesmos explicam no começo do clipe, a canção foi gravada como um single especial para arrecadar doações para a Comic Relief, instituição britânica muito popular que combate a pobreza beneficiando comunidades carentes na África e no Reino Unido (pois é, existem pessoas passando necessidade na Inglaterra também).

A Comic Relief nasceu em 1985 para combater a fome na África e foi fundada por comediantes (daí o nome) que procuravam uma maneira divertida e positiva de arrecadar doações e mobilizar a sociedade – sem apelar para dramas ou pena.

Todo o dinheiro arrecadado com a venda do single do One Direction será revertido para a Comic Relief, assim como o dinheiro poupado pela banda por não produzirem um clipe profissional para esta canção. Ao invés disso, eles fizeram um vídeo “caseiro” durante sua última turnê, com imagens deles na estrada, no palco, viajando por lugares como Londres, Nova Iorque, alguma cidade do Japão, hotéis e aeroportos.

one-direction-red-nose-dayEles também aparecem em uma comunidade africana e usam narizes de palhaço – uma marca da Comic Relief, que inclusive promove o “Red Nose Day”, ou “Dia do Nariz Vermelho”, espécie de Teleton ou Criança Esperança realizado a cada dois anos na TV britânica, sempre em março. A boy band participou intensamente da última edição do evento,  não apenas com o cover e o vídeo, como também com várias outras ações de marketing para aumentar o número de doações e o alcance da campanha.

Eu não suporto a música do One Direction, mas meu respeito por eles aumentou uns 800% depois disso. E não importa se você for muito cético e não acreditar que a boa ação foi ideia deles, ou se achar que foi uma estratégia apelativa só para aparecer e fazer média. Porque, veja bem, a base de fãs deles é tão gigantesca que uma campanha como essa pode levar conscientização a centenas de milhares de pessoas em todo o mundo, divulgar o trabalho da Comic Relief e beneficiar um monte de gente que realmente precisa de ajuda – sem contar a possibilidade de fazer menininhas de 12 anos aprenderem o que é Blondie, quem é a Debbie Harry, o que é rock’n’roll e punk rock (enfim, coisas muito importantes).

E pelo menos agora eles podem ficar conhecidos por regravarem boas canções e realizarem uma bela ação de responsabilidade social – e não apenas como “aquela boy band do X Factor” ou “aquele grupo do menino que namorou a Taylor Swift”.

Fórmula musical: Nirvana

Craig Montogmery, engenheiro de som do Nirvana, ouviu o álbum Nevermind pela primeira vez em uma van. Estava então viajando com a banda para oito apresentações na costa oeste do Estados Unidos, onde as novas músicas seriam testadas. Quando ouviu a introdução arrematadora de “Smells Like Teen Spirit” e depois a queda abrupta que prepara o verso, comentou: “nossa… Pixies”. “Você acha que está muito parecido com o som do Pixies?”, perguntou Kurt Cobain. “Não, a música parte de lá”, respondeu Craig. Ele havia acabado de identificar a fórmula música da banda-simbolo do movimento grunge.

Pixies e Sonic Youth, mais precisamente, são as grandes influências quanto à forma como o Nirvana desenvolveu suas músicas. No documentário Back and Forth, que conta a história do Foo Fighters, Dave Grohl cita Cobain como um compositor extremamente simples e direto, e o estilo dessas duas bandas ajudou-o a fazer de suas canções algo mais pesado, como gostaria. Antes da gravação de Nevermind, Kurt deu apenas uma indicação ao produtor Butch Vig: “quero que esse álbum seja pesado”. E assim foi, alternando com passagens realmente tranquilas como em “Teen Spirit”.

A influência do Pixies no Nirvana é citada em diversos momentos da biografia de Dave Grohl, This is a Call, escrita por Paul Brannigan – inclusive o episódio que introduz esse texto. Mais do que isso, ela é absolutamente proposital. Antes do Nevermind, a banda ensaiava em Tacoma, cidade próxima a Washington. “Na época, estávamos experimentando a dinâmica, os versos calmos/refrão alto. Muito disso pegamos do Pixies e do Sonic Youth”, cita Dave Grohl. Foi assim que foi moldado o melhor período da banda.

Com Black Francis, Joey Santiago, Kim Deal e Dave Lovering, o Pixies foi formado em 1986 e fez muito sucesso especialmente no Reino Unido. As letras são enigmáticas e frequentemente baseadas em temas pesados como violência, religião e incesto. As músicas têm certo peso sem perder a forte melodia, uma das características do Nirvana – “Where’s my mind”, “Bone machine” e “Dig it for fire” são bons exemplos. A pedido da revista Melody Maker em 1992, Kurt Cobain elencou 10 discos que haviam mudado sua vida. Surfer Rosa (1988), do Pixies, foi colocado em segundo lugar (por curiosidade: o primeiro foi Pod, do The Breeders).

Por divergência entre os músicos, a banda acabou em 1993, retomando a formação em 2004. Em 1991, quando foi gravado o Nevermind, o Pixies já havia lançado quatro álbuns, incluindo Doolitle (1989), o de maior sucesso. Além de em “Smells Like Teen Spirit”, a fórmula musical aparece em outras canções como “In Bloom”, “Lithium”, “Drain You” e “Stay Away”. Ela é ainda mais evidente em “You Know You’re Right”, lançada em 2004. No entanto, se tornou cansativa conforme os anos passavam e o Nirvana se tornava cada vez mais refém de seu sucesso mundial.

“Krist, Dave e eu temos trabalhado com uma fórmula – essa coisa de passar do silencioso para o barulho – há tanto tempo que está, literalmente, ficando chato para nós. É como se disséssemos: ‘certo, temos esse riff. Vou tocar baixinho, sem uma caixa de distorção enquanto canto o verso. E agora vamos ligar a caixa de distorção e bater nos tambores com mais força'”, afirmou Cobain, em 1994, à revista Rolling Stone. Meses depois, em 5 de abril, ele se matou com um tiro de espingarda na garagem de sua casa em Seattle. Quase 20 anos depois, a fórmula musical continua fazendo perfeito sentido para os fãs.

NTR Convida #26 Érika Martins

Toda sexta-feira (toda MESMO, dessa vez é sério) o NTR traz a seção “NTR Convida”, onde músicos convidados vão ditar o som para você começar o final de semana na pegada.

O NTR tem a honra de apresentar a vocalista, compositora e guitarrista Érika Martins, que ficou conhecida por integrar o grupo de rock Penélope e por participar do grande hit “A mais pedida”, dos Raimundos – sim, ela é aquela mocinha que quer quebrar o nariz do locutor da rádio.

Depois de o Penélope lançar três discos (o incrível “Mi Casa, Su Casa”, em 1999; “Buganvilia”, em 2001; e “Rock, Meu Amor”, em 2003), tocar pelo Brasil inteiro e até participar do Rock in Rio, Érika partiu para carreira solo e lançou um disco homônimo em 2009, que tem a canção “Sacarina”  e uma versão muito legal da canção “Lento”, da cantora americana/mexicana Julieta Venegas, com participação da própria. A parceria rendeu um clipe muito bonitinho e engraçado, com direito a uma guerra de cupcake entre Érika e seu marido, o carioca Gabriel Thomaz (dos excelentes Autoramas). A melhor parte do clipe é quando ela sai de casa arrumadinha para fazer show e deixa a bagunça da cozinha pro maridão limpar.

Ela também fez uma versão para a canção “In Between Days”, do The Cure, em parceria com o Herbert Vianna (precisa dizer que é dos Paralamas do Sucesso?), que foi aprovada pessoalmente pelo vocalista do grupo, Robert Smith.

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Hoje,  Érika está finalizando seu segundo disco solo, o “Modinhas”, e acabou de voltar de uma turnê pela Europa, onde apresentou as canções que compõem esse novo álbum. Ela gosta de pesquisar músicas antigas e regravá-las em versões repaginadas, mais modernas. Foi assim com “Namorinho de Portão”, lançada por Tom Zé nos anos 60, que no começo dos anos 2000 fez sucesso como cover do Penélope.

“Eu amo garimpar. Passar um dia inteiro numa feira de antiguidades, num mercado de pulgas, brechós ou sebos, não existe nada mais prazeroso pra mim. E é assim com a música também”, escreveu ela em seu blog. No “Modinhas”, ela resgatou o gênero musical de dois séculos atrás, que nasceu da troca cultural entre Portugal e Brasil nos tempos coloniais –  tocado na viola, com temas românticos e chorosos.

Érika também continua revisitando o passado em um projeto musical chamado “Lafayette & os Tremendões”, que toca canções da Jovem Guarda e é integrado por ela, seu marido e o próprio Lafayette – organista que gravou com Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Wanderléa e outros artistas da época.

Mas ela nunca deixa o Rock’n’Roll de lado, munida de sua guitarra Flying V branca; e nos deu boas dicas roqueiras para agitar o fim de semana:


As músicas escolhidas pela Érika estão no player acima. É só clicar para ouvir todas na sequência.
A playlist:

1) David Bowie – Space Oddity
“Sei que essa é super batida, eu mesma não consigo mais escutar (risos). Mas lembro perfeitamente a sensação que me deu quando a ouvi pela primeira vez. Foi realmente uma viagem no tempo e no espaço, me transportei pro meio do universo… inesquecível… quantas músicas tem esse poder?”

2) Perrosky – Luz
“Essa eu não canso de escutar! Gosto tanto que convidei os chilenos para gravarem uma faixa comigo no meu disco novo, o ‘Modinhas’. Quem produziu esse álbum deles foi o Jon Spencer, acho impecável!”

 3) Teenage Fanclub – The Concept
“Marcou muito uma época pra mim, é a cara dos anos 90, adoro até hoje!”

4) Belle & Sebastian – Get Me Away From Here, I’m Dying
“A cara de quando eu morava em Salvador, pegava minha bike e andava horas escutando esse disco.”

5) Joan Jett & The Blackhearts – I Love Rock n Roll
“Pra sair pulando na pista de dança! Toco em todas as minhas discotecagens!”

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Backstreet’s back, alright!

Todas chora de alegria nesse momento!

Para completar 20 anos (isso, vinte!) de carreira, os meninos, não mais tão meninos, da banda Backstreet Boys reuniram-se para gravar um CD inédito comemorativo!

De novidade nessa história toda, só que Kevin voltou! Da última vez que a banda ensaiou seu retorno, ele recusou o convite. As músicas estão com os elementos que a gente já conhece, aquela batidinha, letra catchy e aquelas brechas sonoras para as coreografias.

É Rouge voltando, BSB… Quem será o próximo a ressurgir das cinzas pop?

*Lembrando que tem os ex-cabeludinhos irmãos, Hanson, em julho no Brasil!

NTR Convida #25 Sávio Azambuja (Tereza)

Toda sexta-feira (toda MESMO, dessa vez é sério) o NTR traz a seção “NTR Convida”, onde músicos convidados vão ditar o som para você começar o final de semana na pegada.

 
Estamos em abril, é outono, mas o Brasil está pouco se lixando para isso, e faz calor o tempo todo. Foi pensando nisso e no nosso eterno verão que o guitarrista Sávio Azambuja, da banda Tereza, fez a playlist desta semana pra gente.

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A banda Tereza foi contemplada com o Prêmio Multishow de Música Brasileira 2012 na categoria “Experimente”, e foi um dos destaques do palco “Acesso” do festival Lollapalooza 2013 (uma pena que eu não estava lá), mas ganhou mesmo a atenção deste que vos tecla em janeiro, quando lançou o sensacional clipe da música “Sandau”, que utiliza fotos do Google Street View de pessoas e situações na praia, mescladas com clipes dos integrantes da banda tocando e cantando. Na mesma hora me deu vontade de ouvir mais da banda, e não me arrependi.

O som da Tereza é uma mescla de rock, pop e eletro-indie com muito boa vibe e alto astral. Consigo ouvir o álbum dos caras, o “Vem Ser Artista Aqui Fora”, inteiro, sem ver o tempo passar e sempre me encontro mais tranquilo e contente quando termina, achando que faltaram mais músicas.

As músicas escolhidas pelo Sávio estão no player acima. É só clicar para ouvir todas na sequência.

A playlist:

1) Pet Shop Boys – Se A Vida E
“A música com refrão em português do pet shop boys é a melhor pedida para qualquer churrasco pós praia.”

2) Kassin – Sorver-te
“Refrescante como um romance de verão.”

3) Dirty Gold – California Sunrise
“A música tranquila é uma ode ao verão. Só escutando para entender.”

4) Caetano Veloso – Nine Out Of Ten
“Essa é pra ouvir no carro indo pra búzios, de preferência sem trânsito.”

5) Mahmundi – Se Assim Quiser
“O embalo suave dessa música descreve como boas férias devem ser.”

Se nem o som da banda Tereza e nem as músicas escolhidas pelo Sávio te deixaram mais animado, espero que este gif do vocalista Vinícius dançando consiga.

Mais Tereza:

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Cool covers: Tennessee Waltz

 
Tennessee Waltz é uma canção extremamente popular nos Estados Unidos, especialmente no estado homenageado, unidade federativa do sudeste do país com pouco mais de 6 milhões de habitantes e nove hinos oficiais (sendo o último deles a música “Tennessee”, de John R. Bean). A música-tema deste post foi a quarta a ser escolhida digna de representar o 16° estado norte-americano, admitido pela União em 1796. Em sua versão original, é realmente uma valsa:

Há controvérsias sobre o compositor da música, mas oficialmente a letra foi feita por Redd Stewart, sendo musicada por Pee Wee King, ambos músicos da cena country da década de 40. Os dois estariam a caminho de um show em Nashville, capital do Tennessee, quando ouviram no rádio a música “The Kentucky Waltz”, de Bill Monroe, considerado o inventor do Bluegrass, estilo tipicamente sulista derivado do country e que tem raízes britânicas, mas conta com influência do jazz pelo uso da improvisação. A versão tennessiana foi feita a caminho da apresentação e gravada por Cowboy Copas, outro representante do country, em 1947.

A canção foi regravada inúmeras vezes ao longo de seis décadas por músicos de renome e destaque. A versão que primeiro fez sucesso, no entanto, foi feita em 1950 por Patti Page, cantora pop que a levou ao topo das paradas e a tornou um dos maiores sucessos da década. Um dos registros mais interessantes – e recentes – foi feito por Norah Jones, em DVD gravado em 2002 (a música aparece nos “extras”).

Tocando junto de Adam Levy (guitarra), Andrew Borger (bateria) e Lee Alexander (baixo), Norah muda o andamento da canção sem perder o sentimentalismo. “Tennesseee Waltz” fala de uma desilusão amorosa: o sujeito está dançando a tal de “Valsa do Tennessee” quando encontra um velho amigo; ele pede para dançar com a acompanhante do sujeito, que concede, mas, quando se dá conta, o amigo conquista a amada, deixando o protagonista apenas com as mágoas restantes. É uma história triste, amigos.

Norah Jones – Tennessee Waltz

Há também a versão “jovem guarda” da britânica Alma Cogan, com direito a “shalalala” nos backing vocals:

Alma Cogan – Tennessee Waltz

 
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NTR Convida #24 Ricardo Nisiyama (Jenni Sex)

Toda sexta-feira (toda MESMO, dessa vez é sério) o NTR traz a seção “NTR Convida”, onde músicos convidados vão ditar o som para você começar o final de semana na pegada.

 
Esta semana o convidado é Ricardo Nisiyama, também conhecido como Dinho, baterista e vocalista do power trio paulistano Jenni Sex. Façam o favor de guardar piadinhas e comparações com o Japinha do CPM 22, porque, além da cidade natal, da ascendência nipônica e do instrumento, os dois não têm nada a ver.

Dinho forma a Jenni Sex ao lado do baixista Lucas Krotozinsky (na foto, à esquerda) e do guitarrista Helder Oliveira (no centro). O trio lançou um excelente EP chamado “She’s Gone” no fim de fevereiro. E o Dinho tem a proeza de cantar e tocar bateria muito bem e ao mesmo tempo. Haja fôlego e coordenação motora! O som da Jenni Sex remete ao fim dos anos 70 e ao começo dos 80 e muitas vezes me lembra o Joy Division e, principalmente, o Gang Of Four – o que é um baita elogio. Apesar de ser um rock meio melancólico, mais calcado em melodias e não tão acelerado nem pesado, ao mesmo tempo tudo soa muito dançante e sexy. Suas canções não são nada óbvias e, apesar de não serem comerciais nem pop, grudam na cabeça.

Conversei com o baterista/vocalista e pedi para ele nos indicar cinco músicas. “Só pra lembrar, como eu não toco um instrumento harmônico, as músicas que eu costumo ouvir não exercem muita influência sobre o produto da banda (risos). Mas, apesar disso, dá pra assimilar algumas levadas, vozes ou convenções nas músicas próprias”, disse ele, antes de me indicar as canções abaixo – algumas de suas preferidas da vida.

As músicas escolhidas pelo Ricardo estão no player acima. É só clicar para ouvir todas na sequência.

A playlist:

1) The Strokes – Under Cover of Darkness
“Minha banda favorita. Sou declaradamente fã deles. Quase uma fan girl! Essa música pode não ser instrumentalmente a mais ousada deles, mas tem tudo no pacote. Guitarras que se completam, um baixo que sustenta e uma bateria comandando o ritmo que acompanha a melodia. Pra dar mais gosto, tem também harmonias vocais. Tudo isso dá aquela vontade de pular, dançar e gritar junto, porque é Strokes; e é isso o que eles fazem.”

2) Psapp – The Monster Song
“Todo mundo gosta de um vocal feminino. Eu, pelo menos, amo. Particularmente gosto ainda mais de uma voz macia, com um teor melódico, seja alegre ou triste. O álbum dessa música difere um pouco do som da banda em geral, mas o som todo vale a pena ouvir.”

3) Queens of the Stone Age – Misfit Love
“Dave Grohl é um dos melhores bateristas de rock da atualidade, com certeza. Mas o que o Joey Castillo faz nessa música é fantástico. Falando como baterista, ele leva a música numa levada simples, ao se ouvir, sem muitas viradas ou quebras de ritmo; o que acontece é ele conduzir o tempo com a mão esquerda, sendo destro, numa levada que parece não mudar muito, mas tem cada compasso contadinho.”

4) Dr. Dog – Old News
“Essa é uma das bandas que a gente gosta demais, mas não tem um amigo que goste. É um som acessível, gostoso. Tenho amigos que acham isso sem graça. Eu acho esses caras demais, todo o lado instrumental, (o baixista é muito bom), como as melodias vocais e os backing vocals, que eles trabalham muito bem. É uma daquelas bandas que tem fases (como as melhores): que começou com um som meio underground, meio lo-fi; e, conforme foi obtendo sucesso, foi (e continua) mudando um pouco.”

5) Regina Spektor – Daniel Cowman
“Eu ia citar ‘Trains to Brazil’, do Guillemots, mas a Regina Spektor tem uma música que parece uma obra de arte. O arranjo do piano com a voz tem uma intensidade tão grande que parece orquestrado como música clássica. Não me refiro à qualidade teórica, nem à virtuose, mas, sim, à maneira com que a música leva o ouvinte. Começa tensa, com uma letra densa (como muitas das músicas dela, principalmente no começo de carreira) e, com uma convenção, parece explodir do nada e muda todo o ambiente. Fica bonita, calmante, melódica… Mais uma mudança de ‘ambiência’: sshhhhhhh…um final gostoso, sereno, bonitinho pra música, pra letra, pro mundo, para mim e para você. Ela é linda.”

Mais Jenni Sex:

Bandcamp com o EP “She’s Gone” completo
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 Clipe: Lost Forever
Vídeo: Take Me To The Stars (ao vivo)

Entrevista de Lucas e Helder sobre o EP de estreia da banda

 

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NTR Convida #23 Paulo Sampaio (The Leprechaun)

Toda sexta-feira (toda MESMO, dessa vez é sério) o NTR traz a seção “NTR Convida”, onde músicos convidados vão ditar o som para você começar o final de semana na pegada.

 
A playlist da semana é do responsável pelo violão na banda The Leprechaun, Paulo Sampaio. A banda que mistura rock, folk, bluegrass e dá uma passada pela música típica irlandesa, tem diversas – e diferentes – influências, passando inclusive pelo punk rock dos anos 80/90.

The Leprechaun faz um belo trabalho com o vocal feminino marcante e manda muito bem, tanto num cover de Girls Just Wanna Have Fun, como – e principalmente – nos sons próprios. O primeiro disco do grupo “The Years Are Just Packed”, tem ótimas músicas e clipes bem feitos, como Black Dove.

As músicas escolhidas pelo Paulo estão no player acima. É só clicar para ouvir todas na sequência.

A playlist:
1) Ben Kweller – Full Circle
“Do disco mais recente do Ben Kweller (fevereiro de 2012), é um exemplo de música simples mas muito bem escrita e executada. Pianinho, vilão, harmonia vocal, talvez uma sanfoninha de fundo, tudo de muito bom gosto.”

2) Mötley Crüe – Kickstart My Heart
“Depois de ler o ‘The Heroin Diaries’ é impossível não voltar a ouvir Motley Crue! Do excelente album “Dr. Feelgood”, essa música fala sobre o famoso caso em que Nikki foi oficialmente declarado morto mas depois “ressuscitado” por uma injeção de adrenalina. Farofa, mas farofa da boa!”

3) Infant Sorrow – Just Say Yes
“Para o filme ‘Get Him to the Greek’, o ator e comediante Russel Brand se juntou com membros do Libertines e do Pulp para, ao invés de lançar uma trilha sonora convencional, lançar um album de inéditas para a banda de seu personagem! Uma grande piada, mas o disco inteiro é MUITO bom!”

4) Kiss – Hell or Hallelujah
“Primeiro single do surpreendentemente bom disco novo do Kiss! Eu sinceramente não esperava mais nada inédito deles, mas o disco Monster (do final de 2012) vale muito a pena ser ouvido!!”

5) Autoramas – Hotel Cervantes
“Todo mundo sabe que Autoramas é muito bom. A guitarra do Gabriel Thomaz é sempre diferenciada, gorda e referência para procurar novos timbres, ritmos e barulhinhos. Quem não conhece pelo amor de Deus escute agora!”

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