Rival Sons | Head Down

 
Estreando hoje, o NTR vai fazer toda semana uma mini-análise de álbuns novos e velhos, bons e ruins, bonitos e feios, para você que é apressadinho. Em 3 minutos, você já conhece um disco novo e, mesmo sem ouví-lo por inteiro, pode sair por aí com uma super frase de efeito.

Começamos com um ROCKÃO BOM, mêu! \m/

Rival Sons, Head Down

Earache Records / 17 de setembro de 2012 / Rock, Blues
Rival Sons - Head Down (2012)

Faixas:
1. Keep On Swinging
2. Wild Animal
3. You Want To
4. Until The Sun Comes
5. Run From Revelation
6. Jordan
7. All The War
8. The Heist
9. Three Fingers
10. Nava
11. Manifest Destiny (Pt. 1)
12. Manifest Destiny (Pt. 2)
13. True

4,5/5

“O Rival Sons joga pela janela o estigma de ser uma cópia de Led Zeppelin e estabelece um novo marco zero para o rock. Nossa geração já tem do que se orgulhar.”

É pra quem gosta de:

Led Zeppelin – The Doors – Jack White

Tem que ouvir:

Keep On Swinging – Run From Revelation – Manifest Destiny (Pt. 1)

Pode pular:

Until The Sun Comes – The Heist

 

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Esse é o país que vai sediar a Copa, Pt. 1

 
Bem, amigos, como já é sabido, o Brasil é o próximo país a sediar os maiores eventos esportivos do planeta: a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Além das centenas de profissionais que atuam dentro e fora dos campos, quadras e ginásios, milhares de pessoas trabalham para que a abertura e o encerramento desses eventos sejam um verdadeiro espetáculo.

Além dos dançarinos, alegorias, fogos e papel picado, temos as esperadas apresentações musicais. Mais recentemente tivemos a oportunidade de assistir Rihanna, Jay Z e Coldplay no encerramento dos Jogos Paraolímpicos, um p*ta show.

Nessa onda dos shows de encerramento, surgiu uma dúvida: quem seriam os possíveis artistas nacionais a tocar em uma cerimônia de encerramento da Copa do Mundo de 14? Pegando o gancho dos Jogos Paraolímpicos, resolvemos dividir os artistas em trios, e a cada semana iremos apresentar um deles a vocês. Quem sabe alguns dos trios não acaba mesmo participando da cerimônia. 🙂

E para começar vamos com o trio mais óbvio:

Trio #1: O óbvio

>> Michel Teló
>> Ivete Sangalo
>> Gilberto Gil

Para compor um trio óbvio, pensei em 3 critérios que seriam indispensáveis: popularidade (1), o que dá vantagem para artistas conhecidos internacionalmente. Estilo (2), que dá vantagem a ritmos mais característicos, leia-se “estereotipados”. E, por último, a conveniência (3), que tira do páreo artistas que gostam de letras mais politizadas, que tenham algum tom de protesto e que não falem sobre as maravilhas do país.

Nos 3 critérios, Teló, Ivete e Gil levam vantagem sobre outros artistas. Provavelmente você não morre de amores por qualquer um dos 3, mas vamos às explicações: Michel Teló simplesmente tem uma das músicas mais executadas dentro e fora do país. Mesmo se ele parar de tocar hoje, o mundo ainda vai cantar e dançar “Ai se eu pego” em 2014.

Ivete é uma unanimidade para o público e entre os próprios músicos; e há muito tempo não se pode dizer que ela simplesmente canta axé. Basta assistir qualquer vídeo do seu Live at Madison Square Garden, que contou com participações como Juanes e Nelly Furtado.

Gilberto Gil, uma unanimidade assim como Ivete, tem o extra de ser uma figura pública que vai além da música. Ícone do tropicalismo, ex-ministro da Cultura e pai da Preta Gil (!). Provavelmente um dos ápices do show seriam “Aquele abraço” e “Vamos Fugir”.

Discorda? Então comente e nos deixe sugestões para os próximos trios.

 

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Batalha de shows: Maroon 5 vs. Dream Theater

Começando os trabalhos na seção “Batalha de Shows” (calma, ninguém vai brigar aqui) do NTR, dois tipos de música, aparelhagem, público e banda muito – mas muito – diferentes: Dream Theater e Maroon 5.

Ambas se apresentaram no último domingo, 26, em São Paulo, e é sobre estes shows que iremos falar, fazendo leves comparações sobre alguns fatores. Fique ligado, tá tudo ali embaixo.

What Makes You Beautiful-Eu sou Nissim Ourfali

 
Curiosamente, muitas vezes o cover é melhor do que a versão original de uma canção. No caso que vamos contar agora, isso não é diferente. A última sensação da internet no Brasil é o Nissim Ourfali, um garoto de 13 anos que fez um vídeo especial para o seu Bar Mitzvá:


 
Mas você sabia que a canção tema do Nissim é, na verdade, um cover disso?

Sim, amigos, o agora famoso Nissim Ourfali fez uma versão para a música “What Makes You Beautiful”, da boy band One Direction. Esse grupo é formado por 5 meninos que são versões britânicas do Justin Bieber. Um é irlandês (o Niall Horan) e os outros quatro são ingleses (Harry Styles, Liam Payne, Louis Tomlinson e Zayn Malik). Eles formaram o grupo (me recuso a chamar de banda, já que eles não tocam instrumentos e não compõem suas próprias músicas) depois de participarem do reality show X-Factor, uma coisa entre o Fama e o American Idol. Ultra produzidos e esteticamente bonitinhos e perfeitinhos demais (quase versões humanas do boneco Ken), obviamente fizeram muito sucesso com canções sem sal, numa levada pop inofensiva, mas muito irritante. O One Direction é tão chato que nem a minha irmãzinha de 10 anos aguenta. Sou mil vezes o Nissim!
 
Nissim Ourfali: nasce uma web celebridade
Se você estava passeando pelo mundo de Nárnia nos últimos três dias e nunca tinha ouvido falar do Nissim Ourfali ou da baleia, eu explico: o vídeo foi feito para comemorar o Bar Mitzvá do garoto, que completou 13 anos e agora é considerado um adulto responsável dentro da comunidade judaica. As meninas, por sua vez, comemoram o Bat Mitzvá quando completam 12 anos. Os jovens costumam receber uma grande festa nessa ocasião; e é uma prática comum fazer videos como esse no mundo todo. Assim como muitas garotas fazem fotos e vídeos para suas festas de 15 anos e casais apostam em retrospectivas em seus casamentos – na maioria das vezes, de gosto bastante duvidoso.

A verdade é que estes vídeos acabam parecendo muito bregas, mesmo, por mais que tenham sido feitos em uma produtora. E com o pobre Nissim não foi diferente. Além de o garoto dublar a letra (que é cantada por um vocalista super afetado), ele parece bastante desconfortável e tímido em todo o filme. Para completar, a produtora usou montagens de fotos muito toscas e forçou uma atuação precária da família e, principalmente, do garoto. O ponto alto é a imagem de Nissim de pé em cima de uma baleia orca (pensa na Free Willy ou na Shamu), quando na verdade a letra se referia à Praia da Baleia, local que o garoto frequenta com sua família, no litoral norte de São Paulo. Estava feita a piada.

 
O vídeo foi publicado no Youtube e, por algum acaso curioso, acabou sendo compartilhado compulsivamente por pessoas que sequer conhecem o garoto na última sexta-feira. O vídeo foi se espalhando durante o final de semana, recebendo cada vez mais visualizações, comentários e compartilhamentos. Apareceu no Twitter e no Facebook de todo mundo e recebeu destaque de um grande portal de humor: o “Não Salvo”. Deu no que deu: virou um meme.

Sim, a música ficou melhor do que a original. A letra é ruim, mas é muito cativante e gruda na cabeça por horas (até dias) a fio. Para vocês terem uma ideia do seu potencial pop, o vídeo do Nissim estourou há apenas 3 dias, mas um amigo meu que é DJ tocou a canção em uma festa nesse mesmo fim de semana e a pista bombou – todo mundo sabia cantar!

A essa altura do campeonato, o vídeo de Nissim foi bloqueado pela produtora responsável, a Noemy Lobel. Mas já era tarde demais: dezenas de outros usuários copiaram o vídeo e o publicaram de novo em seus perfis, tornando o acesso ao conteúdo muito fácil. É só procurar no Google ou no Youtube. E o Nissim já virou “web celebridade”: ganhou evento falso no Facebook convidando a todos para o seu Bar Mitzvá na praia da Baleia; teve seu perfil verdadeiro no site divulgado a torto e a direito; virou um monte de cartaz “Keep Calm” e montagem de foto; chegou a ser comparado a um jogador de futebol – e, seu pai, ao Maurício de Souza. Pensa só o que a família dele deve estar passando e o que ele não ouviu quando foi para a escola hoje. Haja bullying!
 
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Todos menos eu: Kimbra

 
Conheci Kimbra há mais de um ano, quando o clipe de seu 2° single, “Cameo Lover” acabava de ser lançado. O clipe bem produzido chamou a atenção não só pela qualidade da música e belezura da cantora, mas principalmente porque ela vinha na contramão do eletrônico, hip-hop, indie e principalmente na contramão de Adele.

Kimbra começou a cantar aos 10 anos, quando entrou para o coral da escola. Lá, ela conheceu o som de Ella Fitzgerald e começou a compor suas próprias canções no violão. Aos 14, participou do SmokeFree Rockquest, ficando em segundo lugar. Poucos anos depois, recebeu um prêmio de melhor clipe por “Simply On My Lips”, chamando a atenção de produtoras Australianas. Nessa época, ainda conhecida por Kimbra Johnson, fazia um som mais tradicional e comum aos nossos ouvidos.

Aos 17, Kimbra mudou-se para Melbourne e percorreu um caminho longo com a ajuda de Mark Richardson e François Tétaz – também produtor de Gotye – e culminou no seu álbum de estreia, Vows, lançado em 29 de agosto de 2011. O álbum demorou longos anos para sair do forno, pois para os produtores, Kimbra ainda não estava preparada e precisava de “um bom número de canções realmente sólidas”. A espera valeu tanto a pena que rendeu um contrato com a Warner Music.

Os ares da Austrália fizeram bem a Kimbra, que misturou jazz, soul, black music, música eletrônica e o peso de big bands em Vows. Os até então 4 singles, “Seetle Down” (faixa 1), “Cameo lover” (faixa 2), “Two way street” (faixa 3), e a sexy “Good Intent” (faixa 5), renderam clipes impecáveis. Mais um mérito para esse disco que ainda conta com as ótimas “Call me” (faixa 7), e “Wandering Limbs” (faixa 8). Além das 11 faixas, a versão americana do disco, que saiu do forno apenas em maio desse ano, contou com mais 5 faixas. Dentre as novas, destaque para a frenética “Come into my head” (faixa 9).

Ao vivo, Kimbra é a rainha das caras e bocas, mas nada é fake em suas apresentações. Sua expressão corporal é natural, o jeito com que ela movimenta os braços e entorta a cabeça lembra a nossa brazuca Maria Rita. Em parte das músicas com sua banda completa, ela sempre faz questão de ter uma meia-lua nas mãos.
Todas esses trejeitos não são um mero disfarce para sua voz, como normalmente acontece com outros artistas. O potencial e alcance de sua voz ao vivo é realmente muito grande. Qualquer outra vocalista colocaria 2 pessoas para dar aquela migué uma ajuda durante os shows, mas Kimbra prefere fazer tudo sozinha, e faz muito bem feito.
Em algumas de suas últimas apresentações, Kimbra resolveu inovar e se apresentou usando um Loop Station – nesse caso um aplicativo no Ipad – onde ela grava várias trilhas com a voz. A novidade não fica por conta do Loop Station e sim por ela preferir se apresentar em programas fazendo uma versão de sua própria música sua utilizando a ferramenta.

[pullquote_right]“Kimbra é uma artista de verdade, e prevejo que ela tenha uma carreira de 15 a 20 anos. Ela tem potencial para ser como o Prince. É o quanto sua musicalidade é forte” – Rob Cavallo, presidente da WM.[/pullquote_right]

Kimbra também é muito bem quista entre os colegas de trabalho. Sua primeira participação foi em “I Look To You” do Miami Horror. A sua segunda e mais famosa parceria foi com o Gotye, na bacana e pegajosa “Somebody that I use to know”, que dispensa apresentações. Por último, Kimbra formou um trio com Mark Foster (Forter the People) e o dj A-Trak, numa ação bancada pela Converse All Star para gravar “Warrior”, que entrou na versão americana do disco.

Sua parceria com Gotye a levou aos 4 cantos do mundo, porém, até agora ela é apenas uma sombra frente ao belga. Kimbra foi vencedora do último ARIA Awards – uma espécie de Grammy Australiano – na categoria Melhor Cantora, o que a deixou ainda mais paparicada pela gravadora e bem perto de deixar o grupo das grandes promessas.

 

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Cool Covers: 16 toneladas

 
Provavelmente, se você já foi a algum show de qualquer artista que tenha uma pitada de samba-rock no repertório, já deve ter ouvido “16 toneladas”, popularizada na versão alvi-negra-paulistana do Funk Como Le Gusta. A versão faz parte do disco Roda de Funk (1999), e é tiro certo em qualquer repertório.

Quem compôs a versão brasileira foi o carioca Noriel Vilela. O homem da voz grave era integrante do grupo vocal de samba Cantores de Ébano, nos anos 50. Noriel criou uma letra despretensiosa, difícil de esquecer e que se transformou em um hino com o passar dos anos.

A versão original, um country composto por Merle Travis, foi difundido principalmente por Tennessee Ernie Ford, que a levou ao topo da parada na Billboard. Depois dele, até Johnny Cash chegou a gravar a música. A letra, fala basicamente sobre o trabalho escravo e foi inspirada pelo pai de Travis, que constantemente utilizava a frase: “another day older and deeper in debt” do mais famoso trecho:

[biglines]You load sixteen tons, what do you get?
Another day older and deeper in debt.
Saint Peter, don’t you call me, ’cause I can’t go;
I owe my soul to the company store…

[/biglines]
 
Fiquem então com a versão de Tennessee Ernie Ford:

 
 
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Todos menos eu: Best Coast

 
O que eu mais gosto no Não Toco Raul são as editorias irônicas e bem humoradas. Por isso, quis estrear escrevendo na minha preferida delas: a “Todos menos eu”. Não sei quem inventou essa seção, mas é genial!

O Best Coast é a banda mais bairrista que existe. A começar pelo nome: a “melhor costa” é uma analogia à clássica rixa entre os litorais leste e oeste dos EUA. O Best Coast é Califórnia até o talo. Então já dá pra sacar sua auto afirmação. Não que eles sejam metidos ou arrogantes. Mas é uma postura de paixão pela terra natal que nem os gaúchos conseguem bater. Quase tudo o que eles fazem exalta o Estado de alguma forma e as capas dos seus discos são quase “ufanistas”:

O álbum de estreia,“Crazy For You” (2010), traz o nome da banda escrito com recortes de um mapa da Califórnia e o contorno das divisas do estado estampado no canto esquerdo, em cima do gato. Isso além da praia com palmeiras e um belo sol se pondo.

Já o segundo disco, “The Only Place” (2012), lançado no fim de março, traz uma bela ilustração em preto e branco de um grande urso abraçando um mapa da Califórnia. Pra quem não sabe, o urso é o animal símbolo do Estado e estampa sua bandeira. A canção que dá nome ao disco, então, só fala como Los Angeles é o melhor lugar do mundo e como o Best Coast é sortudo por ter nascido e por viver lá, com o calor, o oceano Pacífico, o sol, as ondas, as gostosas da praia e muita diversão. E olha essas jaquetinhas:


Você pode baixar o MP3 de “The Only Place” de graça no site oficial da banda.

Os clipes do Best Coast, aliás, são sempre incríveis: todos muito ensolarados, coloridos e divertidos, como se estivessem em férias de verão permanentes. As letras das canções falam sobre relacionamentos amorosos ou Los Angeles e a Califórnia. Eles também têm uma fixação por gatos e coisas meio kitsch, sem medo de parecerem bregas. Aliás, o Snacks, gato de estimação da vocalista, aparece na capa do primeiro disco e em vários clipes deles. O vídeo da canção “Crazy For You” é estrelado por vários gatos atores (!). Também tem um clipe brega em uma festa de 15 anos. Mas nada ganha do vídeo de “When I’m Whith You”, que mostra a vocalista namorando o…Ronald McDonald:

O som da banda é claramente influenciado pelos Beach Boys e surf music. Mas eles juntam umas distorções sujinhas meio anos 90 e refrãos grudentos à essa sonoridade dos anos 60. O Best Coast é, na verdade, uma dupla – formada em 2009 por Bethany Cosentino, que canta, toca guitarra e compõe todas as músicas; e Bobb Bruno, que toca vários instrumentos. Mas eles são acompanhados por músicos de apoio – leia-se: bateristas – em suas apresentações ao vivo. A baterista Ali Koehler, do power trio formado só por garotas “Vivian Girls” (que ironicamente vem do Brooklin, Nova Iorque – a rival “costa oeste” – e também toca surf music anos 60), tocou no Best Coast por um bom tempo, tendo aparecido em alguns clipes e programas de TV com eles. Depois de lançar um EP e vários compactos, a banda estourou de Los Angeles para o mundo em 2010, com seu disco de estreia.

O sucesso se deve, em grande parte, ao segundo clipe oficial do Best Coast: a canção “Our Deal”, uma das mais sem graça do disco, acabou ganhando uma super produção dirigida pela Drew Barrymore (sim, ela mesma, a ruivinha das Panteras e do filme ET). Para completar, o clipe é estrelado por vários jovens atores bem famosos dos EUA, com destaque para a protagonista Chloë Moretz, de “(500) Days of Summer” e “Kickass”; e para Miranda Cosgrove, que estrelou o seriado “I Carly”, participou da série “Drake & Josh” e do filme “Escola do Rock”. Além de tudo isso, o vídeo é praticamente um curta Romeu e Julieta entre gangues de Los Angeles, todo cult, inspirado em filmes como “Juventude Transviada”, do James Dean. Ímã para hipsters. Aí bombou na MTV e em todos os blogs de música moderninha do planeta.

Nessa levada, o Best Coast começou a aparecer na TV e a tocar em grandes festivais e a Bethany até lançou uma linha de roupas para a marca Urban Outfitters. O sucesso veio tão de repente que, até o ano passado, o site da banda era uma página no Blogspot (!). Agora, eles viajam fazendo shows pelo mundo todo e já têm um site oficial bonitão.

O Best Coast vai tocar em São Paulo, em outubro, no Festival Planeta Terra – com o Kings of Leon e o Garbage. Eles também participaram recentemente de uma coletânea em tributo ao Fleetwood Mac, de quem são fãs, com uma porrada de bandas e artistas (como MGMT, The Kills, Marianne Faithfull, Tame Impala e Likke Li). O disco-homenagem se chama “Just Tell Me That You Want Me”, será lançado em setembro e é a continuação de uma série de tributos que começou com “Rave On”, disco em homenagem a Buddy Holly com participações de Lou Reed, Paul McCartney, Fiona Apple e Black Keys.

 

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Açaí, Djavan

Desde 15 de março de 2012, o programa Comédia MTV é apresentado ao vivo, com direito a sketches recheados de improvisação. Na edição de 19 de abril, o humorista Paulinho Serra começou uma brincadeira envolvendo o músico Djavan que traz referências imediatas a qualquer um que tenha ouvido, pelo menos, suas canções nas principais novelas da Globo. Ele se dirige a uma garota da plateia e pede uma palavra bonita: “coração”. Para o cara ao lado, uma palavra triste: “feio”. E assim vai variando, recebendo em troca “amor”, “botão”, “camiseta”, “cadeira”, “palito”, “pudim”, “lavanderia”, “felicidade”, “dentadura”, “azul” e “merda”. Com esses termos, Marcelo Adnet se transforma no cantor alagoano.

A sátira envolve as letras de Djavan, difusas, indiretas, enigmáticas e confusas – pelo menos à primeira vista. É o perigo da falta de referência. O que acontece no palco do programa é que as únicas referências são as letras difíceis de entender e que levam a situações engraçadas como quando “Amar é um deserto/E seus temores” se torna “Amarelo deserto e seus temores” na canção Oceano. É assim que Adnet faz uma paródia engraçada de “Nem um dia”, arrancando risos verdadeiros da plateia e, certamente do telespectador. Djavan parece nem ligar mais para esse tipo de coisa. Mas quando fala sobre o assunto, a mensagem é clara: “não há nada na minha letra que não faça sentido”.

Adnet e sua equipe não são os primeiros a satirizar Djavan por essa característica: o jornalista Artur Xexéo, colunista e editor do jornal O Globo, usou a música “Açaí” para nomear um prêmio pelo melhor do nonsense na música brasileira, o que deixou o cantor muito irritado.

Açaí by Djavan on Grooveshark

Djavan falou sobre isso em uma edição do programa Som do Vinil, do Canal Brasil, depois de ser provocado sobre o assunto por Charles Gavin. O baterista dos Titãs elogia o swingue de Djavan e diz que isso permite que ele use as palavras como bem entender, escolhendo-as antes pelo som do que pelo significado. “Sim ou não?”, complementa Gavin. A explicação o deixa claramente desconfortável.

Para acabar com o mito, Djavan usa o refrão justamente de Açaí: “Açaí, guardiã/Zum de besouro, um imã/Branca é a tez da manhã”. Vamos à explicação.

“Não há nenhuma pessoa que viva no norte do Brasil que não entenda que o açaí é a fruta que faz com que a subsistência daquelas pessoas esteja garantida, porque é uma fruta abundante, barata, muito nutritiva e com ela se faz tudo. Por isso açaí guardiã. Todo nortista entende esse verso”, conta Djavan, que nasceu e cresceu em Maceió, Alagoas, um estado do nordeste. Agora o verso faz sentido, não é mesmo? A lógica extremamente simples é a mesma para os outros versos do refrão.

“Zum de besouro, um imã” é explicado assim: “todo mundo que gosta da natureza, é impossível ouvir um zunido qualquer e não se interessar por quem o está produzindo; por isso, um imã”. E, por fim, “branca é a tez da manhã”: “se você acordar às 5 horas da manhã em um dia nublado, a vida está branca”. Quando Djavan anuncia que “não há nada de nonsense nesses versos”, Charles Gavin já está balançando a cabeça entre sorrisos descompassados. Artur Xexéo, que também é citado no programa, já foi criticado em público pelo cantor por essa visão rasa de uma obra que pende, sim, para o lado subjetivo, mas que não é sem sentido.

“Não há nada de nonsense nesses versos. O que há é a falta de alcance de alguns críticos que nos punem pela sua ignorância. E eu não posso fazer nada. O verso está ali, é lindo, e não há nada na minha letra que não faça sentido”, complementa Djavan. Não é por isso que devemos deixar de rir com o sketche do Comédia MTV, pelo contrário. Mas é de se admitir: a música Açaí acabou de ficar muito mais bonita. E menos ignorante frente aos nossos olhos.

Thiago Castanho, o capitão

 

Chorão estourou duas champagnes no palco, molhando parte do público do MixFest! no último sábado (21/07), no Anhembi, em São Paulo. O Charlie Brown Jr. foi a terceira banda a se apresentar no festival da rádio e canal de televisão e fez um show emocionado: apesar de não ser o primeiro na capital paulista desde a volta dos integrantes Champignon e Marcão, firmada no final de 2011, a reunião foi muito celebrada com discursos emocionados de quase todos os músicos. O guitarrista Thiago Castanho foi um dos mais exaltados.

“Se tem um cara que tem a cara dessa banda mesmo, que tem o Charlie Brown na veia, é esse cara”, disse Chorão, batendo no braço como quem indica “na veia” e arrancando aplausos do público. “Esse é o Thiago, o nosso capitão”, complementou. Mas quem é esse cara que impediu que o Charlie Brown Jr. se desfizesse no momento mais difícil da carreira de 20 anos da banda?

O capitão

Thiago Castanho nasceu em Santos em 8 de fevereiro de 1975 e começou a tocar com 13 anos, mesma época em que comprou seu primeiro vinil: Led Zeppelin IV (1971). Influenciado pela irmã, dona de um violão, e pelos sucessos “Black Dog”, “Rock ‘n Roll” e “Stairway to Heaven”, investiu no instrumento e desenvolveu grande habilidade. Entrou para o Charlie Brown em 1992, depois de abandonar a faculdade de administração com apenas um semestre completado.

Thiago Castanho é tão habilidoso quanto Marcão, com quem divide palco no Charlie Brown, mas seu estilo bem definido fez com que se destacasse com seus solos ágeis recheados por efeitos como wah-wah, chorus e delay – “Aquela Paz” (Transpiração Contínua Prolongada, 1998), “Zóio de Lula” e “Não deixe o mar te engolir” (Preço curto… prazo longo, 1999) são bons exemplos. Foi o primeiro a desintegrar a banda, ao sair em 2001 por “divergências musicais”. Participou dos três primeiros álbuns.

Se era outra identidade musical que Thiago buscava quando deixou o Charlie Brown, é bem possível que não tenha encontrado nos anos em que passou afastado da grande mídia. Montou o estúdio Digital Grooves, onde produziu uma demo para o Aliados 13 (hoje se apresenta apenas como Aliados). Passou a tocar com a banda, mas deixou o posto quando as coisas começavam a engrenar, em 2002, com direito a contrato com gravadora e a música “Sem sair do lugar” tocando na MTV.

Também tocou com a banda Power S.A. até que, em 2003, foi convidado por Rick Bonadio, produtor do Charlie Brown, a fazer parte do projeto que se tornaria o Acústico MTV Ira! (2004). Sem qualquer alarde, tocou na gravação completando a banda de apoio do grupo paulistano e com eles excursionou nos oito meses seguintes. Então, começou a manifestar a intenção de voltar ao Charlie Brown, chegando a fazer um show com a banda antes da traumática dissolução, com a saída de Chapignon, Marcão e Pelado. No palco do MixFest!, Chorão relembrou o período.

“No momento em que esses caras saíram e foram viver a vida deles, com todo direito, e eu estava totalmente confuso, pintou o Thiago na minha casa. Troquei ideia com ele e falei: “meu, vai ser muito difícil”. Ele falou: “velhão, vamo fazer na prática o que as nossas letras dizem na teoria.” E continuou: “se não fosse esse cara aqui, sinceramente, eu não estaria aqui hoje, nem Chapignon, nem Bruno nem Marcão, porque se esse cara não tivesse dado pra mim musicalidade, uma segurança a mais de que eu tinha alguém com DNA da banda mesmo (…), um cara que corria sangue do Charlie Brown na veia do cara, a gente não estaria aqui”.

Enquanto falava, Chorão batia no braço como quem diz “na veia”, emocionando Thiago. O vocalista ainda completou com a deixa: “é por isso que eu digo: existem pontes indestrutíveis”. E aí tocou a música de mesmo nome. A volta do guitarrista surpreendeu a todos e, com o álbum Imunidade Musical (2005), a dupla, auxiliada por André Ruas “Pinguim” na bateria e Heitor no baixo, conseguiu manter com êxito a relevância do Charlie Brown Jr.

Além de exímio guitarrista, Thiago Castanho também é artista plástico: segundo o site oficial do Charlie Brown Jr., já se dedicou à pintura e agora faz esculturas, além de ter criado a marca Urban Safari – a qual não há registros no mundo virtual, por sinal. Estreitou tanto os laços com Chorão a ponto de ajudá-lo a fazer um jantar para Grazi, a mulher do cantor (homenageada com a música “Proibida pra mim”, primeiro sucesso), episódio mostrado no programa Família MTV.

Desde que impediu o fim do Charlie Brown Jr., Thiago Castanho contribuiu em três álbuns de inéditas. Como anunciado no MixFest!, a banda agora prepara um novo registro, programado para servir como apoteose da formação quase que original – só Renato Pelado não voltou ao grupo, sendo Bruno Graveto o baterista atual. Durante o show em São Paulo e entre declarações de amor ao baixista Champignon e elogios a Marcão, Chorão falou com confiança sobre a nova fase e pediu: “uma salva de palmas pro salvador, capitão: Thiago Castanho”.

Confira o Show Completo:

Rahma Projekt

 
Design também é uma das paixões dos autores do NTR, tá aí a nossa seção Right Track que não nos deixa mentir. Quando se une qualquer tipo de arte visual com música, somos apresentados a projetos como os bem-humorados Logomúsica e Exaltumblr. E também aos minimalistas Music Philosophy e Rahma Projekt, do catarinense Rafael Hoffmann, que é o assunto de hoje.

Rafael Hoffmann, morador de Criciúma e torcedor do time que usa o nome da cidade, é designer há mais de 10 anos e professor de design há 5. No Rahma Projekt, Hoffmann diz que “cria simplesmente pelo prazer de criar, sem briefing e sem pressão e opinião de clientes”. A marca principal de seu trabalho é a simplicidade das composições: um trecho curto da música escolhida seguida de dois ou três ícones pra representá-la.

Entre as bandas que mais aparecem entre os mais de 100 posters, temos Coldplay, U2, Aerosmith e Red Hot Chili Peppers.

Não consegui escolher apenas um entre os do U2

Os posters do Rahma Projekt podem ser facilmente adquiridos pelo site Urban Arts. Também rolam outros produtos estampados por Hoffman no site Uzinga. Vale dar aquela conferida e seguir o Rahma Projekt para ver de perto cada peça nova.

 

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