Algumas bandas despertam um tipo de bullying imediato. É só admitir que gosta para ser zoado. Aquele papo de “guilty pleasure”, sabe? The Pretty Reckless, dos EUA, é um bom exemplo disso. Apesar de pouca gente conhecer o grupo, a reação é sempre a mesma: é só começar a explicar que é a banda da Taylor Momsen, aquela loirinha que fez a Jenny Humphfrey no seriado Gossip Girl, que as pessoas imediatamente passam a achar péssimo! Mas não é bem assim. A banda é realmente muito boa e a Taylor sabe cantar de verdade. Tudo bem que existe muita imagem, grana, marketing, produção, pose e a malandragem de usar a fama que conquistou na TV a seu favor. Mas isso tudo não anula seu talento musical.
O Pretty Reckless foi montado em 2009, quando a Taylor tinha só 16 anos e estava cansada de atuar. Ela começou como modelo e atriz aos 2 anos de idade. Além de ter participado de Gossip Girl, ela aparece no filme “O Grinch”, em um monte de comercial dos EUA e quase foi a protagonista da série Hannah Montana, da Disney (justamente porque sabia cantar). Mas perdeu o papel nas seletivas finais pra Miley Cirus (!).
Taylor compõe suas próprias canções e sabe tocar violão e guitarra. Quando apareceu a oportunidade de gravar um disco, a coisa deu certo porque ela arrumou um produtor e músicos MUITO bons, que não tentaram fazer tudo soar pop demais. Todas as canções do Pretty Reckless são assinadas por ela, pelo guitarrista Ben Phillips e pelo produtor Kato Khandwala (que já trabalhou com bandas como Blondie, Paramore e Breaking Benjamin).
Juntando tudo isso ao auge da fama de Momsen, principalmente entre o público adolescente e jovem, deu no que deu: hoje a banda já tem dois EPs e um álbum lançados, já tocou em todos os grandes festivais de música dos EUA e da Europa e fez extensas turnês pelo mundo todo, tendo dividido o palco com o Paramore, o Evanescence, o Marilyn Manson, a Kesha e o Guns’n’Roses (!). Um dos maiores sucessos do grupo, “Make Me Wanna Die”, fez parte da trilha sonora do filme Kick-Ass e de um desfile da grife Victoria’s Secret. A banda também compôs “Only You” para a trilha sonora do filme Frankenweenie, do Tim Burton. Eles vieram tocar no Brasil em agosto de 2012, passando por Curitiba, Rio e São Paulo. Hoje, estão preparando um novo álbum e acabaram de lançar um single muito bom chamado “Kill Me”.
Assisti ao show deles em São Paulo, no HSBC Brasil (antigo Tom Brasil). Os ingressos esgotaram semanas antes do evento e, no dia, a casa estava tão lotada que ficou difícil enxergar o palco direito. A maioria do público eram garotas adolescentes histéricas, que berravam o tempo inteiro, conversavam sem parar, tiravam zilhões de fotos e ficavam constantemente olhando pro celular ao invés do palco – típicas “roqueiras de boutique”. Tanto que, quando a banda tocou um cover de “Like a Stone” (do Audioslave), eu me senti uma tia velha porque era a única que conhecia a música e sabia cantar junto. O Pretty Reckless também fez um cover de “Seven Nation Army”, dos White Stripes, que ficou bem legal. Embora a gritaria e a tietagem tenham sido muito irritantes (em alguns momentos chegaram até cobrir o som da banda completamente!), incluindo um faniquito geral causado pela ilustre presença de Pe Lu e Koba, do Restart, o Pretty Reckless fez um show impecável, provando que são realmente bons ao vivo.
Confira os vídeos abaixo para ter uma ideia de como foi esse show:
Muitos ainda criticam a Taylor pelo seu visual, que mudou drasticamente quando ela comecou a trabalhar oficialmente como musicista. Ela usa roupas e maquiagens bem exageradas, misturando glam, gótico, grunge e punk com plataformas maiores do que as das Spice Girls e tanto lápis de olho que poderia ser confundida com um urso panda. Esse visual se alia a uma exploração também exagerada da sua sensualidade: ela aparece no palco só de lingerie ou com figurinos minúsculos enquanto faz mil poses, dancinhas, caras e bocas. Sem contar os videoclipes, onde surge fazendo tudo isso e ainda fuma, bebe e insinua o uso de drogas. Como a Taylor ainda é muito jovem, isso gera muitas críticas. E, realmente, essa pose toda acaba sim parecendo muita forçação de barra e apelação. Os clipes de “Miss Nothing” e “My Medicine” (minha preferida da banda) são exemplos perfeitos disso:
Mas nem assim o talento musical de Taylor e sua banda são anulados. As canções são boas, as letras têm inteligência e a produção e os músicos são impecáveis. Por isso, meu amigo, não se acanhe! Pode ouvir Pretty Reckless. E pode admitir que achou legal. Sem vergonha!
Sexo, drogas e rock’n’roll. Impossível desmembrar essa antiga tríade que influenciou e ainda influencia tantos músicos. As drogas, aliás, roubam espaço já que são tantas as composições a seu respeito (e sobre seus efeitos) indiretas ou diretamente. Quase que, no quesito musical, nos resta a velha pergunta do ovo e da galinha devido à linha tênue da agressividade/transgressão e autodestruição que o taking drugs to make music to take drugs… pode levar. Afinal, até quando um sobrevive sem o outro? Ou ainda: até quando um vive com o outro? A relação perigosa entre genialidade e loucura continua no ar e é inegável a participação explícita ou não das substâncias ilícitas em algumas canções. E é sobre ela o nosso Top 7,5:
7. Bob Dylan | Mr. Tambourine Man
Bob Dylan, o então poeta norte-americano, já fazia a sua apologia à maconha, mesmo que de forma metafórica, em Mr. Tamborine Man, lançada em 1965 no álbum Bringing It All Back Home. A canção foi escrita em uma viagem que ele fez com amigos de Nova York para São Francisco. Eles fumaram muita marijuana durante o percurso, reabastecendo o suprimento de maconha nos correios, onde haviam enviado potes com a erva ao longo do caminho. A canção tem uma melodia que tornou-se famosa pelo seu imaginário surrealista, influenciada por artistas como o poeta francês Arthur Rimbaud e cineasta italiano Federico Fellini. A letra chama o personagem-título para tocar uma música que o narrador vai seguir, e é interpretada como um hino para as drogas como o LSD. Vale ressaltar que o mesmo Dylan foi quem apresentou a marijuana aos 4 rapazes de Liverpool.
6. The Beatles | Lucy in the Sky with Diamonds
Os Beatles têm várias músicas que fazem alusão às drogas como Got To Get You Into My Life e Day Tripper, mas a canção que mais ficou conhecida e mais gerou polêmica, com certeza, foi Lucy in the Sky with Diamonds, gravada em 1967 no álbum Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band. Apesar de John Lennon jurar de pés juntos que a música nada tem a ver com drogas, já que ele escreveu a letra baseada em um desenho que seu filho Julian fez de sua colega Lucy – o qual explicou ao pai como sendo “Lucy no céu com diamantes” – a canção foi composta já numa fase onde o LSD (ou ácido lisérgico) fazia parte de grandes festas ou simples eventos que o Fab4 frequentava. A atmosfera psicodélica, onírica, surrealista e as imagens de alucinações na canção foram inspiradas pelo capítulo “Lã e água” de Através do espelho, de Lewis Carroll, em que Alice é levada rio abaixo em um barco a remo pela Rainha, que de repente se transforma em um carneiro. Apesar de ser improvável que John tivesse escrito essa fantasia sem nunca ter experimentado alucinógenos, a música foi igualmente afetada pelo seu amor pelo surrealismo, pelos jogos de palavras e pela obra de Carroll.
5. The Rolling Stones | Sister Morphine
Os Stones ressaltaram os atributos da morfina em Sister Morphine, lançada no álbum Sticky Fingers, de 1971:
Please, Sister Morphine, turn my nightmares into dreams Oh, can’t you see I’m fading fast? And that this shot will be my last
A canção foi escrita por Marianne Faithfull, namorada de Jagger, durante as sessões de gravação de Let It Bleed e é sobre um cara que sofreu um acidente de carro e morreu no hospital suplicando por morfina. Um pouco da letra foi inspirada em Anita Pallenberg, namorada de Keith, que estava hospitalizada e recebendo tratamento com a droga. A composição também foi influenciada pelo Velvet Underground, que na época estava escrevendo várias canções obscuras sobre drogas, especialmente heroína.
4. Eric Clapton | Cocaine
O mestre da guitarra, Eric Clapton, sem cerimônias, afirmou: She don’t lie, she don’t lie, she don’t lie;Cocaine. A canção foi escrita e lançada por JJ Cale em 1976, mas alcançou o sucesso quando foi gravada por Clapton em seu álbum Slowhan em 1977. A letra sobre o vício em drogas é algo que Clapton conhece muito bem. Como ele mesmo explicou em sua autobiografia, quando gravou essa canção ele tinha largado um sério vício em heroína e compensado a abstinência com álcool e cocaína. Ele acreditava que poderia controlar o vício e largá-lo quando quisesse, mas ele simplesmente não queria, e é por isso que conseguia cantar tão objetivamente sobre uma droga que o consumia. Quando Clapton finalmente largou as drogas e o álcool, teve que reaprender a fazer música sóbrio, o que foi uma grande transição, já que tudo parecia ser muito difícil. Ele também percebeu como o seu vício prejudicou ele mesmo e as pessoas ao seu redor, e passou a ajudar os outros a superarem seus vícios – em 1998, abriu o centro de reabilitação Crossroads, em Antigua. Clapton chegou a remover essa música de seu setlist porque acreditava que ela passava a mensagem errada sobre o uso de cocaína. Com o passar dos anos, o músico adicionou à letra o trecho “that dirty cocaine” ao refrão e voltou a apresentá-la ao vivo.
3. Black Sabbath | Sweet leaf
Uma apaixonada declaração de amor. Essa descrição soaria estranha para uma canção do Black Sabbath, ainda mais com direito a súplicas como: When I first met you, didn’t realize, I can’t forget you or your surprise. Mas, como a declaração de amor em questão é feita para a Cannabis Sativa, tudo faz sentido – engana-se quem achava que a letra era uma homenagem à Sharon. Sweet Leaf é uma canção do álbum de 1971: Master of Reality. A canção é um hino ao uso recreativo da maconha, o nome vem de um maço de cigarros que o baixista Geezer Butler comprou em Dublin, que chamava o tabaco como “a erva doce”. A banda usava muita marijuana e outras drogas naquela época, e todos os membros da banda participaram da composição de “sweet leaf”, que mais tarde se tornaria uma nova gíria para maconha. A tosse inicial presente na gravação de estúdio é de Tony Iommi após engasgar-se com a fumaça. Há quem diga que esta é a música precursora do Stoner Rock acho que é por isso que sou tão apaixonada por ela. O riff de guitarra foi tirado de Hungry Freaks, Daddy de Frank Zappa & The Mothers of Invention. Este riff também pode ser ouvido no final de Give It Away do Red Hot Chili Peppers e também é a base para a música Rhymin’ and Stealin dos Beastie Boys.
2. Neddle in the hay – Elliot Smith
Em uma entrevista para a Q magazine, Elliott Smith disse que Neddle in the hay “é uma canção sobre fazer sexo com a sua mãe”. Apesar da afirmação irônica, a faixa de abertura de seu segundo disco – o autointitulado Elliott Smith, lançado em 1995 – pode ser interpretada como uma reflexão de como as drogas tiveram um impacto sobre sua vida. Elliott abusava do álcool e outras substâncias chegando a gastar até R$1.500 reais por dia com heroína e crack e também apresentava sinais psiquiátricos graves, como paranoia, falando frequentemente sobre suicídio e overdoses. O som entorpecedor e repetitivo do violão, a voz frágil e confessional, overso you ought to be proud that I’m getting good marksss cantado por Smith com um “s” prolongado, imitando o sibilar da heroína cozinhando em uma colher, tudo torna a canção agonizante e ao mesmo tempo bela. Neddle in the hay ficou na 27ª posição da lista do Pitchfork das 200 melhores faixas dos anos 90, e também entrou na trilha sonora do filme The Royal Tenenbaums (2001), em uma cena de suicídio. Vale lembrar que Elliott foi encontrado morto, aos 34 anos, em seu apartamento com duas facadas em seu peito. Aparentemente suicídio, mas sabe como morte de rockstar é tudo mistério.
1. The Velvet Underground | Heroin
Heroin, be the death of me Heroin, it’s my wife and it’s my life, ha-ha Because a mainer to my vein Leads to a center in my head And then I’m better off than dead
Sem condenar ou fazer apologia à droga, a canção descreve o ponto de vista de alguém que está se drogando. A letra narra um usuário que, na tentativa de fuga de uma cidade e realidade que só oprimem, encontra na heroína a única alternativa melhor que a morte. Lançada em 1967 no álbum de estreia The Velvet Underground & Nico, a letra foi composta por Lou Reed em 1964. Sobre ela, Reed afirmou: “Eu quis escrever essa música para exorcizar qualquer tipo de escuridão ou elemento auto-destrutivo dentro de mim”. A melodia hipnótica é em total sincronia com a letra: ela começa lenta e vai aumentando gradualmente seu ritmo conforme o narrador tem o pico da droga, pontuado pela guitarra de John Cale e a bateria apressada e mais alta. A música, então, diminui ao ritmo original e repete o mesmo padrão antes de terminar. Heroin entrou na 455ª posição no ranking da Rolling Stone, em 2004, das 500 Melhores Canções de Todos os Tempos. O Velvet Underground tem outras canções sobre drogas, como I’m Waiting For The Man, que narra um junkie, em Harlem, esperando por seu drug dealer de heroína com 26 dólares na mão. “The Man” é o traficante. Reed já declarou que “tudo sobre essa canção é verdade, exceto o preço”.
Bônus. E-Talking | Soulwax
Encabeçado por David e Stephen Dewaele, o Soulwax é uma banda belga de rock alternativo/eletrônica cuja canção E Talking, presente no álbum Any Minute Now de 2004, alcançou a 27ª posição na Parada de Singles do Reino Unido em 2005. O clipe da canção se passa em um clube noturno e mostra o ponto de vista de vários frequentadores da boate sob o efeito de diferentes tipos de substâncias, passando por um verdadeiro “alfabeto de drogas“: começando com A para Ácido e terminando em Z para Zoloft. A circulação do vídeo foi restrita ao horário noturno – não preciso comentar o porquê.
Toda sexta-feira (toda MESMO, dessa vez é sério), o NTR te traz a seção “NTR Convida”, onde músicos convidados vão ditar o som para você começar o final de semana na pegada.
O convidado de hoje é André Micheloni, guitarrista da banda de rock nacional de São Carlos – SP, Ponto 50.
A Ponto 50, já com 10 anos de música, manda seu rock n’ roll por todo o estado de São Paulo, principalmente, e onde forem chamados. Além da estrada, a banda acaba de lançar seu primeiro disco de inéditas “Nunca Entregue os Pontos” e, junto com ele, clipes MUITO bons dos singles. Vale a pena conferir!
As músicas escolhidas pelo André estão no player acima. É só clicar para ouvir todas na sequência!
A playlist:
1) Rival Sons – Get What’s Coming “Pesquisando alguns sons para o programa da rádio que apresento (programa MOFO da rádio UFScar, de São Carlos), descobri essa banda com uma pegada hard rock lembrando bem os anos 70.”
2) The Muggs – Slow Curve “Com as linhas de baixo feitas num teclado Fender Rhodes, esse power trio de blues-rock e hard-rock tem um som bem consistente e cheio de riffs pesados, para um bom rock n’ roll.”
3) The Black Keys – She’s Long Gone “Faixa 5 do álbum BROTHERS. Esse som eu curto muito e tenho ouvido bastante esse disco do THE BLACK KEYS, esse álbum venceu o Grammy na categoria “Best Alternative Music Album”, bem como na categoria “Best Recording Package”. A canção “Tighten Up” venceu o Grammy na categoria “Best Rock Performance By A Duo Or Group With Vocals”.”
4) Jet – Cold Hard Bitch “Do disco GET BORN, essa sonzeira lembra bastante a pegada AC/DC, porém com os vocais mais rasgados.”
5) The Hellacopters – Better Than You “Uma banda que infelizmente acabou, mas deixou uma sonzeira pra galera curtir. Eu, particularmente, ouço muito esse disco BY THE GRACE OF GOD.”
Sempre brinco que sou da cota “pop music” do NTR, mas, vez ou outra, meu coração bate mais forte por outros gêneros, sim. Me considero, por exemplo, uma grande admiradora de soul e R&B, ritmos que, geralmente, nos presenteiam com vozes poderosas, aquelas que arrepiam. Nesse ano que passou, conheci uma dessas que me chamaram a atenção. Pode parecer heresia, mas já que a Adele está de licença-maternidade e só nos deu um gostinho de novidade com Skyfall, Lianne La Havas tem estado nos meus fones de ouvido como cantora britânica da vez.
Seja lá a simpatia que a cantora fez na virada do ano passado, funcionou. Em 2012, lançou seu álbum de estreia “Is your love big enough?”, considerado o “The iTunes Album of the Year”, foi indicada ao BBC´s Sound of 2012 e entrou para a lista da Rolling Stone em “Bands to watch”. Com roupas e sapatos que eu adoraria ter, um vozeirão e instrumentos de verdade, Lianne ganhou uma fã – eu aqui! Aos 23 anos, a ex-backing vocal de Paloma Faith (que, aliás, já indiquei aqui no NTR, lembra?), tem canções fortes, muito bem interpretadas vocal e instrumentalmente.
Um dos destaques é o single que dá nome ao álbum, “Is your love big enough?”, com uma pegada animada, que contagia e dá vontade de dar uma dançadinha e cantar o refrão. Com linhas de guitarra e um baixo bem marcantes, é uma das minhas preferidas.
Outra que vale a pena prestar atenção é “Lost and Found”, um pouco mais calma e melancólica, mas muito bonita! Se eu fosse sonoplasta da novela das oito, colocaria facilmente como tema dos protagonistas naquelas cenas de choro. Essa música saiu de um EP e tornou-se hit no CD de estreia.
Enfim, mas minha favorita é “Forget”. Diferente, alta, cheia de vida, sei lá, ou o “Forgeeeeeeeeet” bacana que ela canta. Impõe respeito, sabe? Eu curti.
Com o fim do ano chegou uma enxurrada de listas dos melhores e piores discos de 2012, mas percebi um fenômeno bastante curioso: muitos discos lançados este ano têm capas horrorosas! Mesmo entre os eleitos como os melhores lançamentos e mesmo entre artistas já muito consagrados. Eu simplesmente não entendo… se a ideia é que as pessoas gostem da sua música e queiram comprar o seu disco, para que raios você vai fazer uma capa tão repugnante? O pior de tudo é que, em muitos casos de embalagem zoada, o conteúdo musical é lindo. Confira a seguir as capas de disco mais feias de 2012:
Graham Coxon, A+E
Pra mim, é a pior de todas. Me dá muita aflição ver o sangue e o joelho estrupiado da menina. Me dá uma vontade louca de sair correndo pra pegar uns band-aids e merthiolate. E que perna feia, hein, minha filha?! Toda torta e mais branquela que pão de queijo cru congelado. Isso sem falar do fundo, com cor de vômito; e do texto, com a pior fonte possível e as cores mais erradas. Nada se salva!
Spiritualized, Sweet Heart Sweet Light
Parece um layout pronto de power point tosqueira ou então uma imitação simplista de marca de remédio. “Preguiça” define. É a capa mais chata e sem graça do ano.
Actress, R.I.P.
Pode mandar seu designer descansar em paz mesmo, viu…parece um stencil mal feito do logo das Olimpíadas de Londres.
Animal Collective, Centipede Hz
Nem sei por onde começar. Se eu olho pra essa capa por muito tempo, me dá dor de cabeça. Exagero é apelido pra isso aí.
How to Dress Well, Total Loss
“Perda total” deveria se referir à noção e ao bom senso de quem fez essa arte; e não ao nome do disco. Uma cabeça de estátua que já é muito feia é colocada deitada, de perfil, olhando pro nada em cima de uma tábua de madeira – como se um menino pestinha tivesse acabado de quebrar um enfeite brega da mãe na sala. Se fosse meu disco, definitivamente não era isso que eu ia querer mostrar na capa.
Bobby Womack, The Bravest Man in the Universe
Essa capa me dá ainda mais aflição do que a do Graham Coxon. Parece que só de olhar já dá para ouvir os dedos estalando e o dedão a ponto de quebrar. As veias saltadas e as unhas sujas não ajudam.
Santigold, Master of my Make-Believe
Estupidamente brega. Pressinto uma louca necessidade de se afirmar como muito rico e poderoso, encarnar o Napoleão Bonaparte ou ter morado no castelo de Versailles nos tempos áureos.
Mika, The Origin of Love
Tirando o que parece ser mostarda derramada acidentalmente bem na cabeça do Mika, a capa se salvaria e seria facilmente uma das mais bonitas do ano.
Gaby Amarantos, Treme
Esse disco chegou a receber prêmio de “melhor capa do ano”. Aham, Cláudia… adoro a Gaby Amarantos, mas não dá. A floresta, que era provavelmente pra exaltar as belezas de sua terra natal paraense, não convence de jeito nenhum e só me lembra um monte de plantas de plástico mal feitas compradas na rua 25 de março. A cobra e a pantera até enganam, mas essa coleira de luzinhas de natal e os peitões pra fora da roupa com jatos de laser foram o limite para mim. Podiam ter escolhido mil outras formas melhores para fazer referência ao Pará e às festas de aparelhagem.
Pulled Apart By Horses, Tough Love
Eu gosto das letras enormes em branco por cima do fundo vermelho. Mas…um bibelô feioso de louça em forma de gatinho?! Sério mesmo? Sendo martelado na cabeça, ainda por cima?! Vocês juram? É a pior foto do ano.
Gossip, A Joyful Noise
Parece um filme de terror! A Beth Ditto tá a cara do demônio com esse olho verde de gato e a sobrancelha limitada a dois risquinhos finos. Pior ainda é que aparece só a cabeça dela voando, com os cabelos esvoaçantes, como se tivesse acabado de ser decaptada e jogada ao chão. Pra arruinar ainda mais a capa, por cima de tudo vem uma mão gigantee bem gordinha, com unhas de Zé do Caixão pintadas com o esmalte rosa cintilante que a minha avó usa e uma pulseira exagerada. Eu, hein.
Cee-Lo Green, Cee Lo’s Magic Moment
O cara pirou que era o Papai Noel gangsta-rap, né? Um carro vermelho conversível voador, puxado por cavalos brancos também voadores e cheio de presentes, dirigido pelo Cee Lo num exuberante casaco de pele. Tudo com muito brilho, num fundo rosa e roxo. Minha nossa senhora da falta de noção.
Die Antwoord, Ten$ion
Essa é uma das piores, hein…um anjo branco com cara de mau, uma testa gigante e um cabelo-que-tá-na-cara-que-é-peruca todo estranho, à la cacatua/Neymar albino, olho que é só pupila, asas abertas e um bocão vermelho – mas não é de batom, é de sangue! E esse coração gigante que o anjo/anja tá comendo? É de boi? Eca! E o nome do disco escrito com um cifrão no lugar do “S” e quase sumindo no fundo da mesma cor? Afe.
Thee Oh Sees, Putrifiers II EP
Um cachorro com cara de homem. Sem mais.
Ariel Pink & R. Stevie Moore, Ku Klux Glam
Essa capa é tão, mas tão errada que eu nem sei por onde começar. Por que raios uma mulher estaria só de tanguinha num cemitério?! E a imagem toda em negativo? E o nome dos artistas em Times New Roman com um Yin-Yang no meio? E o vermelho super apagado no meio dessa foto horrenda? Cruzes!
Twoo Door Cinema Club, Beacon
O lustre é a bunda de uma garota. Com belas pernas e um salto alto. Ou então a menina estava no apartamento de cima, o chão/teto quebrou, abriu um buraco, ela caiu pro apartamento de baixo e, do nada, fez-se luz?! É feio e é muito non-sense.
Bob Dylan, Tempest
Poderia ser um caso de “simples e bonito”. Mas acabou que é simples e feio. Sem graça, sem sal – e qual é a da estátua?
Cidade Negra, Hei, Afro!
O que é esse fundo? Uma aldeia colorida? E por que TANTA coisa por cima de tudo? Sombras de pessoas nas laterais, sombreado laranja e cinza geral,um leão de Judá (?) e o trio que aparece esquisitíssimo. É feio. Sem mais.
Chelpa Ferro, Chelpa Ferro 3
Parece que tiveram apenas 5 minutos para fazer a capa do disco. Aí pegaram uma folha de sulfite e as canetas BIC que tinham na mesa e desenharam isso aí. A banda é do Brasil, aliás.
Tratak, Agora Eu Sou o Silêncio
Que raios de capa é essa? O cara me bota um bonsai (!!!) na frente da porta, em cima de uma pilastra de concreto toscamente pintada que ele arrancou da varanda. Ainda por cima tem a fechadura, a tomada e o interruptor ali. E acha que é uma bela capa de disco? Que pobreza.
Bemônio, Serenata
Essa capa até que é legal, mas a máscara de Fofão (da Augusta) me dá medo, ainda mais quebrada. E a parede de azulejo é muito feia.
Jair Naves, E Você Se Sente Numa Cela Escura, Planejando A Sua Fuga, Cavando O Chão Com As Próprias Unhas
Esse álbum compete com o novo da Fiona Apple como “o disco com o nome mais comprido do mundo”. Mas a capa é fraquinha, hein? Tá no pique da do Bob Dylan.Uma cabeça sem rosto toda vermelha, num fundo também todo vermelho, ficou muito apagada. Gosto do título e do nome dele na capa. Mas ficou sem graça.
Muse, The 2nd Law
O que é essa coisa colorida? Um brócoli mutante? Um buquê de fibra ótica? Afe.
Toda sexta-feira (toda MESMO, dessa vez é sério), o NTR te traz a seção “NTR Convida”, onde músicos convidados vão ditar o som para você começar o final de semana na pegada.
O convidado da semana é Fernando Dotta, vocalista e guitarrista do grupo paulistano Single Parents.
A banda começou como um trio em 2009 e, um ano depois, lançou o excelente EP “Could You Explain?| – que rendeu clipe bacana e chegou até a MTV. Em março deste ano lançaram “Unrest”, seu disco de estreia, gravado em Nova Iorque com o produtor e também músico Roger Paul Mason (que já trabalhou com o Holger, o Dirty Projectors e o Mike Patton). “Unrest” foi lançado pelo próprio selo independente da banda, o Balaclava Records, em parceria com a Popfuzz Records e a Trama Virtual, dentro do projeto Álbum Virtual.
Ainda este ano, o baixista Anderson Lima deixou a banda, que ganhou dois novos integrantes: o baixista Martim Batista, que tocava no Zefirina Bomba; e o guitarrista Zeek Underwood, que fez parte do Ludovic e também toca no Fire Driven. O baterista Rafael Farah também integra a banda, desde a sua formação original. O agora quarteto está trabalhando em algumas músicas novas e fazendo DJ sets em festas de São Paulo. Eles prometem maiores novidades para o primeiro semestre de 2013 – tanto para a banda quanto para o selo deles, Balaclava Records, que recentemente lançou o primeiro disco do Medialunas (que se chama Intropologia e é uma belezura). Enquanto isso, divulgaram na internet os EPs “B-Sides Unrest”, divididos em Parte 1 e Parte 2. Os EPs trazem remixes, lados B e covers do disco de estreia e contam com participação de convidados como o Roger Paul Mason, o Gabriel Guerra, do Dorgas; e as bandas Team.Radio (Recife) e Câmera (Belo Horizonte).
As músicas escolhidas pelo Fernando estão no player acima. É só clicar para ouvir todas na sequência!
A playlist:
1) Wild Nothing – Shadow “O Nocturne do Wild Nothing foi o álbum que eu mais ouvi esse ano, disparado. Achei que atingiram um dream pop perfeito, todas as músicas funcionam e têm influenciado em novas composições minhas.”
2) Lee Ranaldo – Off The Wall “A primeira vez que ouvi Off The Wall, do Lee, já criou muita expectativa em mim sobre o que seria o disco. Achei que ele acertou demais em convidar o Nels Cline do Wilco e outros caras incríveis para produzirem esse disco que, sinceramente, gosto muito mais do que muito material do Sonic Youth e do Thurston Moore solo. E achei que foi a chance de provar ainda mais, para quem não acompanha tanto o Sonic Youth, que ele é um excelente compositor e sabe fazer hits.”
3) Arctic Monkeys – R U Mine “O Arctic Monkeys sempre foi uma banda de excelentes B-Sides, mas “R U Mine” foi tiro certeiro na direção que eles parecem querer seguir, e acho incrível a capacidade deles de sempre amadurecerem o som mas permanecerem facilmente reconhecíveis. O lado bad boy do Alex Turner deve vir com tudo no próximo disco.”
4) Tame Impala – Apocalypse Dreams “Apocalypse Dreams não parece material gravado pós anos 2000. O Tame Impala não era pra ser dos nossos tempos, mas graças a deus é. Toda vez que eu escuto me impressiono de novo. Destaque pro momento em que a música tem um corte brusco e entram os sintetizadores, é como tomar LSD por tabela.”
5) Medialunas – Memorabilia “O Medialunas, para quem não conhece, é um duo de Guaíba (RS) formado por Andrio Maquenzi (ex-Superguidis) e Liege Milk (Loomer e Hangovers). Com muito orgulho, o segundo lançamento da gravadora Balaclava Records, que iniciei este ano, foram os gaúchos. Orgulho não só pelo belo currículo de ambos e pela forte amizade desde que iniciei o Single Parents, mas principalmente por saber o enorme potencial deste projeto e saber que podem conquistar muita coisa se mantiverem firme o Medialunas. Esta música escolhida mostra a capacidade da dupla de fazer uma letra simples, em português, com sentimento e, de quebra, um sampler de My Bloody Valentine. Como não curtir?”
O Planet Hemp está de volta. Ressurgiu após uma década de hiato com turnê de 12 shows pelo Brasil e pelo menos mais uma apresentação agendada para 2013, no festival Lollapalooza. Isso não quer dizer que as atividades serão definivamente retomadas, e é bem provável que não sejam, já que os principais integrantes têm projetos simultâneos como as carreiras solo de Marcelo D2 e B Negão. Não há planos para gravação de material inédito. Então qual é o sentido deste retorno?
Essa pergunta surge não porque o Planet Hemp foi uma das bandas mais expressivas dos anos 90, mas sim porque ia além, com um engajamento que normalmente não vence os filtros do mainstream, e quando vence – como fez o Dead Fish, por exemplo – não costuma durar. Do sucesso do álbum Usuário (1995), passando pela prisão por apologia às drogas em 1996, ao derradeiro MTV Ao Vivo (2001) e o fim, em 2003, foram oito anos, um período de forte politização que, agora, não sabemos se pode renascer.
Basta buscar, nos arquivos, relatos de 2001, na reta final da banda em sua primeira fase. A Polícia fazia batida em fãs na porta dos shows e impedia a entrada de menores de idade. No palco, o Planet Hemp contestava tudo isso, enquanto defendia a legalização da maconha e falava mais. Em um show no DirecTv Music Hall (atual Citibank Hall), em São Paulo, por exemplo, D2 e BNegão leram um manifesto contra o governo de Fernando Henrique Cardoso, então presidente da República, e mostraram vídeo de massacre da PM contra os Sem-Terra no Paraná.
Antes de gravar o disco ao vivo, Marcelo D2 declarou, diante da então recente saída de Black Alien e do DJ Zé González: “vou continuar falando e falar até mais que antes. Agora, somos só nós que respondemos a nossos atos e ao que dissermos. Não vamos mudar uma vírgula”. Onze anos depois, no anúncio do retorno, em entrevista ao jornal O Dia, o discurso foi: “o Planet fez um trabalho do caralho, ainda bem que a gente voltou para relembrar isso e deixar clara a importância da banda, principalmente para nós mesmos”. O que se vê é um ode merecido a uma carreira de sucesso e, provavelmente, nada além disso.
Para 2012, nenhuma vírgula das músicas polêmicas mudou, e o discurso da maconha continua diluído nas letras de sucessos antigos como “Legalize Já”, “Mantenha o Respeito”, “Contexto” e “Queimando Tudo”. Pés de maconha crescem no telão enquanto a banda toca, e a apresentação começa com um vídeo de Gil Brother falando sobre a necessidade da descriminalização da erva. Mas parece pouco para uma banda com potencial incendiário, capaz de levar adiante a discussão cada vez mais urgente sobre a questão das drogas – principalmente da maconha.
Nos últimos 10 anos, quais foram os avanços legais da luta pela descriminalização no Brasil? Poucos. O último é de agosto de 2006, com a promulgação da Lei nº 11.343, que cria o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas (SISNAD) e, entre outros efeitos, deixa a legislação mais severa para traficantes e menos para usuários. Mas o momento é propício. O Uruguai lançou projeto de lei para descriminalização, a França e alguns estados americanos cogitam o mesmo. O Brasil viu FHC lançar o documentário “Quebrando Tabus” (2011). E o Planet Hemp? Sequer vai participar do debate?
Independentemente da postura atual, é inegável a contribuição corajosa que o Planet deu à questão. Acontece que, há muitos anos, a banda prometia queimar tudo “até a última ponta”. Os fãs torcem para que ela ainda esteja acesa.
Black Alien se recusou a participar da reunião porque renega o discurso de apologia à maconha, entenda:
Som pesado, guitarras distorcidas, jam sessions no deserto e clima de chapação definem de cara o Queens of the Stone Age. A banda, formada em Palm Desert (Califórnia) em 1997, ajudou a popularizar o stoner rock e é conhecida por seu frontman, o vocalista/guitarrista/compositor Josh Homme – o único integrante original, já que o grupo passou por constantes mudanças de integrantes. Antes de fundar o QotSA, Josh e o baixista Nick Oliveri (da formação original) passaram a adolescência tocando nos desertos dos EUA com o Kyuss(banda seminal para a geração stoner), o que influenciou muito as experimentações e sonoridade do QotSA. A banda já tocou no Brasil em 2001, no Rock in Rio; em 2010, no SWU; e volta em 2013 para uma aguardadíssima apresentação no Lollapalooza. Abaixo listo pra vocês as 11 razões pelas quais o QotSA é a banda mais badass do mundo!
2) São expoentes do stoner rock e adoram fazer referências às coisas boas da vida como drink wine and screw.
3) O então baixista Nick Oliveri subiu ao palco peladão no Rock in Rio III. Foi aplaudido, vaiado, preso e solto. A apresentação da banda ainda não havia acabado quando oficiais de justiça tentaram entrar no palco para prender o baixista em flagrante. Enquanto isso, a produção do festival tentava contornar a situação – inclusive arranjando uma calça nos bastidores para o músico vestir. Mas Nick não conseguiu se livrar de uma audiência imediata no juizado de menores montado dentro da Cidade do Rock. A desculpa/indagação dele: “Ué, no carnaval de vocês não é assim? Pensei que em show de rock também pudesse”.
4) Eles fizeram uma música que é a repetição eterna da seguinte sequência de palavras: nicotine, valium, vicodin, marijuana, ecstasy and alcohol… c-c-c-c-c-cocaine! Sobre a famosa letra, o ex-baixista Oliveri disse: “É uma música com refrão colante; e não o tipo de música que diz ‘faça isso ou faça aquilo’. Mas ouça e faça o que quiser, que cada um aproveite sua própria vida”.
5) Foram expulsos do próprio show, em 2007, quando tiveram a brilhante ideia de tocar para internos de uma clínica de reabilitação, em Los Angeles. O motivo: abriram a gig com a música do item anterior (c-c-c-c-c-cocaine). O plano de Josh Homme de fazer um show de seis músicas teve um fim abrupto e caótico quando a banda foi interrompida antes de terminar a primeira canção e retirada à força pelos seguranças. A equipe da clínica ficou tão impressionada com o som de abertura que desplugou os equipamentos e convocou os seguranças para removê-los de imediato, sem negociação. Ironicamente, Feel good hit of the summer é usada pelo Departamento de Polícia do Colorado como trilha sonora de seus vídeos institucionais, demonstrando as consequências de dirigir sob efeito do álcool.
6) Seus álbuns são geralmente recheados de contribuições e participações de um monte de nomes fodões, como o Jesse Hughes do Eagles Of Death Metal, Trent Reznor do Nine Inch Nails, Julian Casablancas do Strokes, Billy Gibbons do ZZ Top e, é claro, o Dave Grohl do Foo Figthers, que já gravou com eles o cultuadíssimo Songs from The Deaf e também participa do sexto álbum da banda.
7) Eles tem uma ~love song~ que, apesar de ser bonitinha, é bem direta e toca no ponto: “Eu quero comer você”. Como o próprio Homme já disse, this song is about fucking:
8) Eles incentivam idiotices e não têm limites quando estão em estúdio. O próprio Grohl entrega: “Se você por acaso resolver fazer algo absurdo, eles mandam você fazer mais. Nesse último disco eu fiz algo tão ridículo que pensei que o Josh jamais me deixaria gravar, mas quando mostrei pra ele, me mandou repetir por 45 segundos – o que acabou virando uma grande parte de uma música. Eles trabalham assim”.
9) Eles fazem música no deserto, literalmente. O deserto fica por conta do estúdio Rancho de la Luna, em Joshua Tree, localizado no deserto de Mojave. Fundado em 1993 por Fred Drake e David Catching, o estúdio é bem caseiro mesmo, do tipo em que a bateria é gravada na sala de estar, os amplificadores empilhados no banheiro e Catching cozinha para a galera. Segundo o vocalista: “É um bom lugar para tocar. No deserto, no escuro, com orgias na nossa cabeça. Podemos fazer um churrasco, tomar uns drinks e talvez fazer música”. Aliás, o próximo álbum da banda é descrito por Homme como “uma orgia no escuro do deserto”.
10) Eles pedem para os fãs montarem o seu setlist. Para o Glastonbury deste ano, a banda pediu aos fãs que elegessem suas 10 canções favoritas, que eles tocariam no festival. Bastava acessar um site e escolher as suas favoritas entre um catálogo de 50 canções do QotSA e voilá!
11) Seus clipes também são fodões. Tipo o vídeo para 3’s and 7’s, que poderia facilmente ser um trecho retirado de algum filme do Tarantino:
Toda sexta-feira (toda MESMO, dessa vez é sério), o NTR te traz a seção “NTR Convida”, onde músicos convidados vão ditar o som para você começar o final de semana na pegada.
O convidado da semana é Guilherme Pires, integrante do duo de música eletrônica Aesthetische (que se lê “Aestétish”).
A Aesthetishe foi fundada em agosto de 2011 por Guilherme Pires e Fabricio Viscardi. O som é temperado por anos de experiência na música eletrônica, tem raízes no EBM e industrial. Guilherme e Fabricio fundaram no início dos anos 90 uma das bandas mais importantes do cenário industrial no Brasil, a Aghast View, a primeira banda do interior do estado de São Paulo a ter notoriedade de nível nacional e internacional, numa época onde ninguém podia se apoiar muito na tecnologia e na internet, em iMacs, iPads ou autotunes da vida.
As músicas escolhidas pelo Guilherme estão no player acima. É só clicar para ouvir todas na sequência!
A playlist:
1. IAMX – The Unified Field “Vou começar com uma banda que, na minha opinião, é uma das mais interessantes da atualidade. O líder, Cris Corner, era do Sneaker Pimps, banda precursora do Trip Hop. Esse é o seu mais novo single, cada vez que escuto, gosto mais.” 2. Ministry – Watch Yourself (Renholdër Remix) “MINISTRY! Falar o que do Ministry… inspiração em todas as suas fases. Industrial na veia. Esse remix é du c…” 3. RECOIL – The Killing ground/Never let me down again “Aqui já coloco 2 em um, Depeche Mode + Recoil (projeto do Alan Wilder ex-DM). O cara simplesmente estava nos melhores discos do Depeche Mode e ainda continua fazendo um som de tirar o chapéu.” 4. Crystal Castles – Plague “Esse duo é bem legal. Som bem sombrio, low-tech e bem feito eu acho sensacional!” 5. Reizstrom – Winners & Losers “Uma das novas bandas da cena EBM. Música muito poderosa num estilo oldschool, mas modernizado.”
O último disco da dupla, Powerswitch, foi lançado em 2012 pela gravadora belga Alfa Matrix e está disponível para compra pelo iTunes e pela Amazon para download.
Para quem quiser conhecer o som do Guilherme, tao aí a Fan Page e o Soundcloud com previews das músicas do álbum Powerswitch: Facebook da Aesthetische