NTR Convida #50 The Madrugas

Hoje o NTR recebe a banda indie-rock The Madrugas, conhecida da comunidade universitária de São Carlos, interior de São Paulo. Conheça um pouco da história dos caras e a seleção que eles fizeram para o NTR para agitar a sexta-feira pós-carnaval!

Primeiros passos e integrantes

A banda foi formada em meados de 2011, na cidade de São Carlos, onde os membros do grupo estudavam na época. Augusto, então estudante de Engenharia da Computação na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), procurava integrantes para montar uma banda quando encontrou Fábio (Fabinho) e Caio, baterista, via Orkut (sente a nostalgia!). Para completar a banda, juntou-se aos meninos o baixista Thomás, que dividia apartamento com o Augusto.

Formação original da banda (2011)

Formação original da banda,  ainda com Thomás (2011)

A proposta era simples: tocar Strokes, Arctic Monkeys, Kings of Leon, Franz Ferdinand e afins, um indie-rock de primeira para o público universitário de São Carlos. “Sempre que íamos a eventos universitários de rock, percebíamos que as bandas tocavam heavy metal e hard rock, mas, mesmo gostando desses estilos também, sempre tivemos preferência pelo indie. Por sentirmos falta de bandas que tocavam esse estilo, resolvemos abraçar a causa”, conta Augusto.

No mesmo ano, a banda já ingressou no circuito universitário da região, tocando em festas organizadas pelos centros acadêmicos de todos os cursos dos campi da USP e UFSCar. Em 2012, Caio saiu da banda, deixando o lugar para Victor Ferrari (vulgo Vitão ou Odalisca).

Com ele, a banda retomou os ensaios e a rotina de shows pelos pubs, bares e festas, mas, com a mudança de outro integrante para o exterior (dessa vez, Thomás),  a banda voltou à ativa com um novo baixista, Guerra.

the madrugas_atual

Formação atual, com Fabinho, Vitão, Augusto e Guerra (2013)

The Madrugas?

O nome da banda foi escolhido no apuro, quando os caras foram chamados para fazer o primeiro show. Sem nome e com a pressão dos organizadores do evento, cogitaram batizar a banda de “Pelicanos” ou “Vizinhos”, mas o nome que vingou foi “The Madrugas”. “Foi um nome que pegou, tipo amor à primeira vista; e caiu na simpatia do público rapidamente! Fora que eu sou mega fã de Chaves (risos)”, conta Augusto. “Nas apresentações, levamos alguns bonecos do Seu Madruga para prendermos nos pedestais dos microfones. São sempre um sucesso!”, completa.

No momento, a banda prepara seu novo repertório para iniciar a temporada de shows de 2014, que começará agora, após o carnaval.

Você confere a playlist ali, no topo do post. Abaixo, as músicas escolhidas pelos nossos convidados:

Victor Ferrari – “Vitão” (bateria e vocal):
1) Arctic Monkeys – Settle for a Draw
Influências: The Beatles, The Libertines, The Velvet Underground, Neil Young e Wilco.

Vitor Guerra – “Guerra” (baixo):
2) Fora Mônica (Vivendo do ócio)

Influência: Blink 182.

Fábio Alexandrino – Fabinho (guitarra e vocal):
3) Spaceman – The Killers
Influências: The Strokes

Augusto Knijnik (guitarra e vocal):
4) Jake Bugg – Kingpin
Influências: Arctic Monkeys, Kings of Leon, Jake Bugg, Beatles, Blink 182, Green Day e Franz Ferdinand

Escolha da Banda:
5) Under the Cover of Darkness (The Strokes)

Gostou da banda? Anote aí os contatos 🙂
www.facebook.com/themadrugas

Metallica: perdemos uma grande chance

Estávamos no meio Carnaval, a maioria na folia ou de folga, então talvez nem tenhamos percebido, mas encerrou-se o prazo para escolher as músicas do show que o Metallica vai fazer em São Paulo, no próximo dia 22. Todos que compraram ingresso para o evento no Morumbi, chamado Metallica by Request, puderam usar o código recebido na operação para acessar um site e votar em 17 das 18 que vão compor o setlist – uma delas será inédita. A conclusão disso é que perdemos uma grande oportunidade. A América Latina, no geral, perdeu.

Perdemos a chance de ver um show do Metallica como nunca seria possível. Como a banda corajosamente abriu a votação todas as músicas já gravadas, poderíamos ter escolhido uma apresentação com pelo menos alguns “lados Bs”, talvez as bem antigas, as desconhecidas pelo grande público, as boas músicas novas. Por quê não? Em vez disso, acabamos formando um setlist relativamente dentro do padrão, com grandes sucessos, ainda que baseado nos primeiros álbuns da banda. Será assim no Brasil, mas também em Bogotá (16 de março), Quito (18), Assunção (24), Santiago (26) e Buenos Aires (29 e 30). Lima (20) é a exceção.

metallica_setlist

Em todos os países, a música mais votada foi Master of Puppets – em Quito, onde teve a maior parcela de votos, alcançou 78%. Além dela, estarão em todos os shows as músicas Enter Sadman, Seek and Destroy, Fade to Black, The Unforgiven, Battery, Creeping Death, …And Fustice For All, Welcome Home (Sanitarium) e Ride the Lightning. É um baita setlist, e talvez seja essa a explicação para a homogeneidade da votação na América Latina: em um continente onde ainda é relativamente raro ver o Metallica, os fãs querem o melhor do melhor, os sucessos e os clássicos.

Basta olhar o exemplo da Argentina, a única a receber dois shows, e entre eles apenas uma música varia: Blackened dá lugar a Orion da primeira para a segunda noite. One foi a segunda música mais votada em todos os países, exceto na Colômbia, onde surpreendentemente sequer foi incluída no repertório – isso porque One foi o primeiro videoclipe feito pelo Metallica. Além de Blackened e Orion, outras músicas que aparecem em algumas listas são Whiplash e Fuel, a mais recente de todas, do álbum ReLoad, de 1998. Ao todo, a banda colocou mais de 200 músicas para votação. A América Latina reduziu tudo a 23 delas.

jameshettfield

Metallica toca em São Paulo no Morumbi

Brasileiros e argentinos foram os únicos a escolher uma música que não é do Metallica: Whiskey In The Jar, canção folclórica irlandesa. Os brasileiros elegeram uma canção que ninguém mais quis: Wherever May I Roam. Nada disso se compara, no entanto, ao que fez o Peru. Foram eles os que melhor aproveitaram a votação, e definitivamente Lima receberá um show único.

Os peruanos abriram mão de sucessos como Nothing Else Matters, Sad But True e For Whom The Bell Tolls para incluir músicas da fase mais trash do Metallica. Serão os únicos que vão ouvir The Four Horseman (Kill ’em All, 1983), Fight Fire With Fire (Ride The Lightning, 1984) e Disposable Heroes (Master of Puppets, 1986). Eles ainda quase incluíram duas músicas do último álbum da banda, Death Magnetic (2008): All Nightmare Long e The Day That Never Comes. O Peru foi o país em que Master of Puppets teve o menor índice de votação, com 50%.

Não há explicação óbvia para esse cenário diferente. Talvez os fãs de lá sejam mais engajados com os primeiros álbuns. O que há é um caso de amor dos headbangers do país com o Metallica, banda que protagonizou o maior show da história do Peru, com 50 mil pessoas no Estádio Nacional de Lima, em 2010. Quatro anos depois, são definitivamente um ponto fora da reta sul-americana pela qual passarão James Hettfield e cia. Para o brasileiro, não há dúvida de que não restará lamento pelas músicas não escolhidas. O show será cantado do início ao fim. Vai ser, em grande medida, como nas outras vezes em que a banda esteve por aqui.

NTR Invites #49 Gwyn Ashton (english version)

Today’s “NTR Invites” session has a special guest and a bilingual edition. Click here to read the portuguese version / clique aqui para ler a versão em português.

Robert Plant, Led Zeppelin’s vocalist, says he’s the king of feeling and tone. Don Airey, Deep Purple’s keyboardist, says he’s one of the big blues heroes. And Johnny Winter says he is someone who knows how to play real blues. Gwyn Ashton is a legend of blues rock and guitar playing. He has a solid career, has played all over the world and been praised by rock legends. Even though, his talent seemed to be out of the spotlight – he’s unfortunately not as famous as he deserves, at least among brazilians.

1903029_10203371504954799_1527309319_n

But, lucky us, that’s all about to change: Gwyn will be visiting Brazil with a special tour next may. The dates, cities and venues are yet to be defined, but Gwyn intends to visit as much places as possible, including more than 15 cities, smaller towns and the countryside – São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Florianópolis and Brusque, among other locations.

Gwyn was born in Australia and started playing guitar when he was only 12 years old. In the 60s, he formed his very first band – he was 16. He recorded two albuns and than moved to England with his group. He still lives in England and has been playing all over the world for the past 20 years, headlining festivals and playing with big artists like the british band Wishbone Ash – including a historical show at the Wembley Arena, for a 10 thousand people crowd.

He’s an authority in guitar playing and he has his own guitar model, made by the italian company LiutArt. He’s also sponsored by Fender, Dunlop Strings, Busker Guitars and lots of other companies. And we are pleased to have Gwyn as our special guest today, with a complete interview and 5 tunes he thinks you all should listen to. Check it out!

Playlist (press play on the video on the top of this post to listen all songs in sequence):

1) Ry Cooder – Boomer’s Story
“It’s from his first solo album. It’s a very funky, bluesy thing, great guitar, great song, lyrics and vocals. I love everything about it, it’s a very good feeling song. It makes me feel happy everytime I hear it.”

2) Little Feat – Rock’n’Roll Doctor
“He’s one of my favorite slide guitar players, I love him. They were a very unique band, and that song determines the band. It’s one of their best songs, I love hearing them.”

3) Rory Gallager – Mississipi Sheiks
“He was a big influence on my playing and that particular track was one of my favorite tracks. That was one of the first albums I listened from him. You can hear the Delta Missispi Blues infuence in this song, it was really filthy and bluesy. Ted McKenna played with me and he was the drummer in this album. And it is his favorite song from this album. I agree with him. He’s a a fantastic drummer.”

4) Les Paul – The World Is Waiting For The Sunrise
“It’s a fantastic track. He was a great inventor and he was an innovator. He has changed the course of pop music and guitar. The way the guitar was became different after he came along, and he invented tape delay and multi-track recording. There wouldn’t be Jimi Hendrix or Buddy Holly if it weren’t him.”

5) Minus Swing – Django Reinhardt
“I really like that gipsy jazz thing. I can’t play it, but I love to listen to it. He had an accident and his fingers were melted together. But he continued to play! It’s amazing.”

 

Interview:

1) There are some famous musicians quotations about you, like Robert Plant and Don Airey. What do you think about this?
It’s very nice. I met Robert Plant a few years ago, in a small gig, where his son saw me playing. The venue was really empty, I guess there were only Plant, his son and our drummer’s mom in the crowd. It was a very small pub in England, we were sort of rehearsing.

1932115_10203371509354909_164289066_n2) You have been in Brazil before. How was your first time here?
I played at the first Rio Blues Festival, with Alamo Real and Big Gilson, two local masters of blues. We went swimming at the beach. I love swimming! It was very nice.

3) Why did you move to the UK?
I played all over Australia for a long time, and it’s a big place. I recorded an album in 1993 and my manager said that we were selling more records in Europe than in our home country, so he recommended us – me and my band – to come over to Europe. Back than I was ready to change my life and I really like adventures, so I decided it was a big idea. I was 35 years old. Since than, I have been living in England. I live in the countryside, near Birmingham. London is too expansive. And I like where I live, south Birmingham, cause lots of good bands have originated here – such as Led Zeppelin and Black Sabbath.

4) You play since you were 12. What are your major influences?
My first guitar influences were Chuck Berry, Buddy Holly and George Harrison. I like music from 30s and 40s, the Delta Blues guys, like Robert Johnson, and the Chicago Blues, like Muddy Waters. I also like Lionel Hopkins, Mississipi hill country stuff. I love the Black Crowes and mainly 70s rock’n’roll. I don’t really get into the indie thing. Today I listen to pre-war things and also Jerry Write, Ben Harper and Tony Jo White.

5) You have already travelled the whole world playing. What were the best experiences playing abroad?
There are still lots of places I’d like to go play, like Japan and China. Wembley Arena was great, we played for 10 thousand people, so it was really cool. But that doesn’t matter so much. You can play to thousands of people in an arena, it’s still not going to make you have a great night. Sometimes playing at little venues and pubs makes you feel better than arenas and big crowds. It gets also a better guitar sound. Small rooms sound fantastic, it’s more intimate. Big gigs also comes with big pressures.

6)  You have your own guitar model, right?
Yes! It’s an italian guitar from LiutArt. I have designed it. I have chosen the pickups configuration and the head from my favorite slide guitar. It’s a pretty cool slide guitar. There are certain things about a guitar that I like, the playability, the shape of the neck, so I have made a combination of my favorite guitars and I’m very happy with that.

radio7) You have recorded 6 records. Tell us more about them.
I have six albuns and an EP, and they’re available on iTunes and Amazon. I have recorded with some of my heroes, people I admire which are great musicians, and people that were on records I used to buy as a kid. I think each one of my albuns are special, I like to think my songwriting and playing developded in each album and I like to see this growing. I did the best that I could at the time. It’s not about flash guitar playing, it’s about songs. I like to think my last album, “Radiogram”, is the best performance I’ve done. I recorded that in my mobile studio and I was the engineer. Having your own studio helps you not worrying about time, deadlines etc. You can work just like you want to. Nowadays, anyone can make a record. New technologies allow us to do anything. I have recorded a song in the back of my van, once – and e-mailed it to my master engineer half  hour later. Thecnology allow us to create without strings. But I’m also a very analog sort of guy. I like old fashioned records, tape recorders and that kind of stuff.


1780887_569293913167733_1528424493_nMore Gwyn Ashton:

Official website

Brazilian Tour hotsite

Official Facebook fanpage

Official Facebook group

Listen to some of Gwyn’s music

NTR Convida #49 Gwyn Ashton (em português)

O NTR Convida de hoje é especial e bilíngue! Clique aqui para ler a versão em inglês / click here to read the english version.

O vocalista do Led Zeppelin, Robert Plant, disse que ele é o rei do feeling e do timbre. O tecladista do Deep Purple, Don Airey, disse que ele é um dos grandes heróis do blues. E o Johnny Winter disse que ele é alguém que realmente sabe como tocar blues de verdade. Gwyn Ashton é uma lenda viva do blues rock e da guitarra. Ele tem uma sólida carreira, já tocou em todo o mundo e foi elogiado por verdadeiras lendas da música. Ainda assim, seu talento parece estar escondido – infelizmente, ele não é tão famoso quanto merece. Pelo menos não no Brasil.

1903029_10203371504954799_1527309319_nMas, para a nossa sorte, tudo isso está para mudar: Gwyn vem nos visitar com uma turnê especial no próximo mês de maio. As datas, cidades e locais dos shows ainda serão divulgados, mas Gwyn pretende visitar a maior quantidade de lugares possível, incluindo shows em mais de 15 cidades, cidadezinhas pequenas e o interior do Brasil – principalmente nos estados de São Paulo e Minas Gerais. A turnê deve incluir cidades como São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Florianópolis e Brusque, entre outros locais.

Gwyn nasceu na Austrália e começou a tocar guitarra ainda cedo, quando tinha só 12 anos. Nos anos 60, formou sua primeira banda – ele tinha apenas 16 anos. Mais tarde, gravou dois discos e aí se mudou para a Inglaterra com a sua banda. Ele ainda mora lá e tem passado os últimos 20 anos se apresentando por todo o mundo, fazendo shows em festivais e tocando com grandes artistas, como a banda inglesa Wishbone Ash – incluindo um show histórico na Wembley Arena para mais de 10 mil pessoas.

Ele é uma autoridade em guitarra e tem seu próprio modelo do instrumento, fabricado pela companhia italiana LiutArt. Ele também é patrocinado por marcas como Fender, Dunlop Strings e Busker Guitars, entre muitas outras. E nós temos a honra de apresentar o Gwyn como o nosso convidado especial de hoje, com uma entrevista completa e a indicação de 5 músicas que ele acha que vocês deveriam escutar. Confira!

 

Playlist (aperte o play no vídeo do topo do post para ouvir todas as músicas na sequência):

1) Ry Cooder – Boomer’s Story
“Essa música é do primeiro álbum solo dele. É cheia de funk e blues, ótima guitarra, ótima música, letras e vocais. Eu adoro tudo nela, é uma música que traz uma sensação muito boa. Faz com que eu me sinta feliz toda vez que a escuto.”

2) Little Feat – Rock’n’Roll Doctor
“Ele é um dos meus guitarristas de slide favoritos. Eu o amo! Eles foram uma banda muito única, e essa música é a cara do grupo. É uma de suas melhores canções, e adoro ouvi-los.”

3) Rory Gallager – Mississipi Sheiks
“Ele foi uma grande influência no meu jeito de tocar e essa faixa em particular é uma de minhas músicas preferidas. Esse foi um dos primeiros álbuns que eu ouvi. Você pode perceber a influência do Delta Missispi Blues nessa música, é bem suja e blues. O Ted McKenna, que já tocou comigo, era o baterista desse disco. E essa é a música preferida dele no álbum. Concordo com ele. Ele é um baterista fantástico.”

4) Les Paul – The World Is Waiting For The Sunrise
“é uma canção fantástica. Ele era um grande inventor e também um  inovador. Ele transformou o curso da música pop e da guitarra. A guitarra mudou, se tornou algo diferente depois que ele apareceu. Não teríamos Jimi Hendrix ou Buddy Holly se não fosse por ele.”

5) Minus Swing – Django Reinhardt
“Eu realmente adoro essa coisa meio cigana e jazz. Não consigo tocar essa música, mas adoro ouvi-la. Ele sofreu um acidente e teve seus dedos queimados e grudados um no outro. Ainda assim, continuou a tocar! É incrível.”

 

Entrevista:

1) Alguns músicos famosos, como Robert Plant e Don Airey, falaram muito bem de você. O que você pensa sobre isso?
É muito legal, claro. Eu conheci o Robert Plant há alguns anos, em um show bem pequeno onde seu filho foi me ver tocando. O lugar estava bem vazio, acho que só tinha o Plant, o filho dele e a mãe do nosso baterista na plateia (risos). Foi em um pequeno pub na Inglaterra, a gente estava meio que ensaiando.


1932115_10203371509354909_164289066_n2) Você já esteve no Brasil antes. Como foi sua primeira vez aqui?
Eu toquei na primeira edição do Rio Blues Festival, com o Alamo Real e o Big Gilson, que são dois mestres de blues locais. Depois, a gente foi nadar na praia. Eu amo nadar! Foi muito legal.

3) Por que você se mudou da Austrália para o Reino Unido?
Eu toquei em toda parte da Austrália por um bom tempo, e é um lugar grande. Gravei um disco em 1993 e meu empresário disse que o álbum estava vendendo mais na Europa do que em nosso país natal. Então ele nos recomendou – a mim e à minha banda – que fôssemos para a Europa. Naquela época eu estava pronto para mudar de vida e realmente gosto de aventuras, então achei uma grande ideia. Eu tinha 35 anos. Desde então, moro na Inglaterra. Hoje, moro no interior, perto de Birmingham. Londres é muito cara! E gosto de onde moro, ao sul de Birmingham, porque muitas bandas boas nasceram aqui: como o Led Zeppelin e o Black Sabbath.

4) Você toca guitarra desde os 12 anos. Quais são suas maiores influências?
Minhas primeiras influências na guitarra foram Chuck Berry, Buddy Holly e George Harrison. Eu gosto de música dos anos 30 e 40, dos caras do Delta Blues, como o Robert Johnson, e do Chicago Blues, como Muddy Waters. Também gosto do Lionel Hopkins  coisas do Mississipi hill country. Eu amo os Black Crowes e principalmente o rock dos anos 70. Não curto muito essa parada de indie.  Hoje ouço muito coisas da época pré-guerra; e Ben Harper, Jerry Write e Tony Jo White.

5) Você já viajou o mundo todo tocando. Quais foram suas melhores experiências na estrada?
Ainda tem muitos lugares onde eu gostaria de tocar, como Japão e China. O show na Wembley Arena foi incrível, tocamos para mais de dez mil pessoas, então foi muito legal. Mas isso na verdade não importa tanto assim. Você pode tocar para milhares de pessoas em um estádio, não importa, isso não vai fazer com que você tenha uma noite legal. Às vezes tocar em pequenos clubes e bares acaba rendendo shows melhores do que plateias enormes. Além disso, lugares pequenos têm um som melhor pra guitarra. Casas pequenas soam fantásticas, e são mais intimistas; E grandes shows sempre trazem grande pressão, também.

6)  Você tem seu próprio modelo de guitarra, né?
Sim! É uma guitarra italiana da LiutArt. Eu desenhei o modelo e escolhi as configurações dos captadores e a cabeça da minha guitarra de slide favorita. É uma guitarra de slide bem legal! Há algumas coisas que me fazem gostar de uma guitarra, como o toque ao tocar, o formato do pescoço e tal, então eu fiz uma combinação dos meus modelos de guitarra preferidos – e fiquei muito feliz com o resultado.

radio7) Você gravou 6 discos. Conte-nos mais sobre eles.
Eu tenho seis álbuns e um EP. Está tudo disponível no iTunes e na Amazon. Tive a sorte de poder gravar com alguns de meus heróis, pessoas que eu admiro que são grandes músicos, e que tocaram em discos que eu comprava quando era jovem. Acho que cada um dos meus discos é especial. Gosto de pensar que minhas composições e minhas habilidades com a guitarra evoluíram a cada álbum e gosto de ver este crescimento. Eu fiz o melhor que pude na época. E não é firula de guitarra para aparecer e se exibir, é sobre canções. Acho que meu último disco, “Radiogram”, é a melhor performance que eu já fiz. Ele foi gravado no meu estúdio móvel e eu fui meu próprio engenheiro de som. Ter seu próprio estúdio facilita demais, ajuda você a não se preocupar com tempo, prazos etc. Você pode trabalhar como achar melhor. Hoje em dia qualquer pessoa pode fazer um disco. As novas tecnologias nos permitem fazer qualquer coisa. Eu gravei uma música no banco de trás da minha van uma vez, e meia hora depois já estava mandando o arquivo para o meu engenheiro de masterização. A tecnologia nos permite criar sem amarras. Mas eu também sou um tipo de cara bem analógico, curto discos feitos à moda antiga, gravadores de rolo de fita e esse tipo de coisa.

 

1780887_569293913167733_1528424493_nMais Gwyn Ashton:

Site oficial

Hotsite da turnê brasileira

Página oficial no Facebook

Grupo oficial no Facebook

Escute algumas músicas do Gwyn

We are Carnaval, a origem

Raquel Sheherazade, âncora do Jornal do SBT e autora de diversos comentários polêmicos nas bancadas por onde passou, dedicou ao Carnaval uma de seus primeiros desabafos que ressoaram nacionalmente. Há três anos, ainda pela TV Tambaú, da Paraíba, falou sobre os festejos que se iniciam nesta sexta-feira, em discurso com referências históricas, exemplos atuais e um aviso: essa não é uma festa popular. “Balela”, diz Raquel: “o Carnaval virou um negócio dos ricos”. Talvez o mundo não seja trágico como diz a jornalista, mas é de se pensar: Carnaval é business, assim como é business o seu grande hino.

Só o rótulo de hino do Carnaval baiano diz muito sobre a importância mercadológica da música We are Carnaval. Ela foi composta por Nizan Guanaes, um dos maiores publicitários do Brasil e do mundo. Nizan é um monstro do mundo publicitário, criador da agência DM9 (que depois se fundiu e virou DM9DD9), participou da fundação do iG (internet gratuita) e é presidente do Grupo ABC de comunicação. Já foi incluído pelo jornal Financial Times como um dos homens mais influentes do mundo (em 2010) e obteve destaque mundial em outras oportunidades.

foto_nizan_guanaesDá para imaginar o cuidado com que escolheu as palavras de We Are Carnaval em sua composição? Isso porque trabalhar com música tem sido rotineiro para Nizan no mundo publicitário. Ele é o autor, por exemplo, da propaganda do Guaraná Antarctica que virou hit nacional (pipoca na panela começa a arrebentar…). Também participou de campanhas presidenciais, e nelas compôs jingles e mais jingles. Não há como mensurar a contribuição comercial de We Are Carnaval para o festejo na Bahia. Comercial mesmo: com seus trios, abadás, pacotes de viagens, passaportes da alegria…

A música já começa em tom de propaganda oficial: “Ah que bom você chegou, bem-vindo a Salvador, coração do Brasil. Vem, você vai conhecer a cidade de luz e prazer correndo atrás do trio”. Milhões de pessoas, ano após ano, pagam caro para poder fazer isso. “Vai compreender que o baiano é um povo a mais de mil. Ele tem Deus no seu coração e o diabo no quadril”. Genial, Nizan. Para fechar com chave de ouro, vem o refrão internacionalizado, mas de fácil compreensão. “We are Carnaval, we are folia. We are the world of Carnaval, we are Bahia”.  Se isso não servir para business – ainda mais em ano de Copa…

Na verdade, Margareth Menezes cantou essa música acompanhada do Olodum no sorteio dos grupos da Copa do Mundo, realizado na Costa do Sauípe, na Bahia, em dezembro de 2013, e transmitido para o mundo todo. É de se perder a conta da quantidade de artistas consagrados que gravaram o sucesso: Ivete Sangalo, Jammil e uma noites, Asa de Águia e muitos outros. O responsável pelo sucesso dela foi Netinho, em 1996. Curiosamente, We Are Carnaval não foi veiculada como um jingle. Nizan compôs a música, e Ricardo Chaves gravou em 1991, sem grande alarde.

A melhor parte é que antes de ser o hino do Carnaval baiano, a canção foi usada como forma de arrecadar verbas para as obras de Irmã Dulce. Beatificada em 2011 e indicada ao Prêmio Nobel da Paz em 1998, a “beata dos pobres” lutou contra as desigualdades até sua morte, em 1992. Em honra a isso, ainda em 1988, mais de cem artistas se reuniram e gravaram um clipe cantando We Are Carnaval. Nenhuma parte da letra foi suprimida – nem “prazer“, nem “diabo no quadril“. Essa é a origem da música: a campanha realizada pela DM9 de Nizan Guanaes.

A pegada publicitária não tira a relevância nem a importância da música. E também não a deixa menos divertida. Mas que bom é saber que em cada “we are the world of Carnaval” temos também muito de business – mesmo com as melhores das intenções.

Cool Covers: A Gente Nós

Talvez programas como Ídolos e The Voice tenham criado em todo nós a sensação de que há um padrão pra música cover de qualidade, de que bons intérpretes têm potência vocal e esbanjam técnicas de vibratto, sustain, etc. Boa parte das estrelas do Youtube – artistas com milhões de assinantes em seus canais – segue essa fórmula. O A Gente Nós, dupla formada em Blumenau, foge um pouco desse estilo. São versões simples, diretas, honestas e interessantes.

Tay Galega canta – altos dreads e um baita carisma – e Marlon Heimann toca, além de ajudar nos vocais. Os vídeos são muito bonitos também, bem ao estilo dos covers: bem acabados e sem frescura. Tay tem um “canal solo” no Youtube, com vídeos mais… for fun, mais do it yourself.

A Gente Nós toca de tudo, de Lenine a Chimaroots a Charlie Brown e Daft Punk. Também tem algumas músicas próprias. O quê exatamente são eles? Sei lá, estamos todos começando a descobrir. Na quinta-feira eles se apresentam ao vivo no Estúdio Showlivre. Enquanto isso, dá pra ir curtindo alguns cool covers.

Raimundos: acabou a nostalgia

Raimundos, aquela banda foda com som pesado, letras de duplo sentido e divertidas, influência nordestina e um jeito ímpar de falar sobre questões sociais – essa banda está mais viva do que nunca. Ela lançou álbum novo, Cantigas de Roda (2014), com 12 músicas para acabar de vez com a tristeza e a nostalgia que a perseguem desde 2001, quando o grupo se desmembrou no auge do sucesso, com saída do vocalista Rodolfo Abrantes, convertido em evangélico.

A questão aqui não é o ex-vocalista. Afinal de contas, já fazem 13 anos que ele deixou a banda – são dez anos sem sequer sua sombra no mainstream, desde o fim do Rodox. Aquele Rodolfo nem existe mais (o NTR falou sobre isso aqui). Ele recusou, por exemplo, participar do álbum acústico do CPM 22 porque a igreja “não permite“. O Raimundos com ele não é, há muito tempo, uma opção. Sem ele, agora voa com as próprias asas.

montagemraimundosNão que a boa fase da banda seja novidade, com a formação incluindo o baterista Caio e o guitarrista Marquim consolidada. Em 2010, vi a banda tocar na Virada Cultural em São Paulo surpreendida e instável diante do mar de gente que se reuniu na Avenida São João. Meses depois, em festas de faculdade já se mostrava cada vez melhor. Voltou aos grandes festivais – em 2011 tocou no SWU, em 2012 voltou ao Planeta Atlântida, em 2013 fez o Circuito Banco do Brasil e 2014 reserva a ela o Lollapalooza, entre outros. Do Rio de Janeiro a Fortaleza a Goiânia e Curitiba, toca no Brasil inteiro.

Seu público não guarda mágoas, o que ficou provado com o sucesso da arrecadação da campanha de crowdfunding para a produção do disco novo. O objetivo inicial era chegar a R$ 55 mil. O resultado final, mais de R$ 120 mil – mais que o dobro, portanto. E esse sequer é o primeiro trabalho pós-Rodolfo: lançaram o Kavookavala em 2002, além do DVD Roda Viva (2010) e singles esporádicos como Jaws (2011). Todos esses aspectos contribuíram para quem a banda chegasse ao Cantigas de Roda em alta. A expectativa em torno desse álbum não poderia ser falsa.

Com dinheiro em mãos, o Raimundos gravou sem precisar se restringir, com produção de Billy Graziadei, vocalista do Biohazard, em seu estúdio em Los Angeles (Estados Unidos), e participação especial de Sen Dog, do Cypress Hill, entre outras.

raimundos-cantigas-de-rodaA primeira música é representativa em relação ao disco. Cachorrinha é um hardcore em que a porrada come solta com vocal cantado na velocidade da luz no melhor estilo Lapadas do Povo. Isso nunca vai tocar nas rádios. Quando Digão dizia, nos últimos meses, “vocês podem esperar tudo dessa banda, menos ela amansar”, não mentiu. É claro que há músicas com potencial radiofônico (Baculejo e Cera Quente, por exemplo), mas, em suma, o que se ouve é um passeio por todas as fases da banda – incluindo as baladinhas já citadas.

Tem reggae com arranjo de metais (Dubmundos), letras divertidas e sacanas (Importada do Interior e Gordelícia), contestação social (Politics) e o forró-core, com Gato da Rosinha, música de Zenílton, o compositor de tantas outras versões eternizadas pelo Raimundos, como Pão da Minha Prima e Tá Querendo Desquitar. Tem “piada interna” interna também. Em BOP, Digão pede “chame o José Pereira“, nome de Canisso. Em Nó Suíno, canta “vacilou os dente voa, mas o Caio bota cola“: baterista, Caio é também dentista em Brasília.

Cantigas de Roda é o álbum mais Raimundos desde que as pessoas passaram a se perguntar “isso ainda é Raimundos?”. Em BOP, Digão avisa: “enquanto os doido pedir, vamo continuar“. Em Politics, que fecha o disco, grita: “isso é Raimundos, caralho! Muito respeito!“. Não dá para ignorar: acabou a nostalgia.

Bônus: versão original de O Pão da Minha Prima, do disco O Cachimbo da Mulher (1981), nome de outro sucesso do forró que foi hardcorizado pelo Raimundos

NTR Convida #48 Coletivo Pé No Chão

Os convidados de hoje são os quatro DJs integrantes do Coletivo Pé No Chão, grupo paulistano que promove festas com som 100% vinil – isso mesmo, eles só tocam no analógico, com vitrolas, LPs e compactos, resgatando a cultura do disco – o que é muito mais trabalhoso mas, segundo eles, muito mais legal também.

Vitor Alves, Nilo de Freitas, André Ras e Fabio Passos são amigos e colecionadores de vinil. Todos já amavam as bolachas e já as colecionavam antes de montarem o coletivo. Vitor e Nilo se juntaram para “tirar uma onda” tocando seus discos. Chamaram o Ras para somar e fizeram a primeira festa juntos em dezembro de 2012. Foi tão bacana que, no ano seguinte, chamaram o Fabio, que também colecionava discos e já tocava em alguns eventos como DJ, e montaram o coletivo.

Os quatro se reuniam toda semana na casa do Fabio, na Lapa, para conversar, dar risada, beber, tocar discos, mostrar as novidades adquiridas em sebos e planejar festas. “No começo nossa meta era fazer uma festa por mês. Mas tudo deu muito certo, conseguimos tocar bastante e, neste primeiro ano de coletivo, perdemos as contas de quantas festas rolaram”, comemora Vitor.

Eles tocam Samba, Partido Alto, Samba Rock, Hip Hop, Jazz, Funk, Groove, Soul, Reggae, Dub, Ska e o que mais der na telha, de forma muito livre e descontraída, mas sempre em discos de vinil. O primeiro lugar que deu oportunidade para os meninos foi o bar Mahôe, em Moema. “O dono é nosso amigo e vários outros amigos nossos também frequentam e tocam no bar. Em 2013, fizemos em média duas festas por mês lá, projeto que batizamos de ‘Quartas de Vinil’, conta Vitor.

“Outro lugar que sempre nos recebeu muito bem é o Boteco Prato do Dia, na Barra Funda. Pra gente é como se fosse o quintal de casa, é um bar que costumamos frequentar sempre e acabamos tendo a oportunidade e a honra de tocar também. Fizemos umas festas muito boas lá, bem cheias e animadas; e sempre que tem um tempo na agenda o Julião chama a gente”, diz Vitor.

431884_119631224911924_485582206_n

A convite de Julião, um dos responsáveis pelo Boteco Prato do Dia, o Coletivo Pé no Chão fez uma festa diferente que marcou a carreira do grupo em 2013: eles tocaram em uma ocupação na região da Luz, no centro de São Paulo. “Era uma ocupação por moradia em um hotel abandonado, onde viviam várias famílias sem teto. A prefeitura queria tirá-los de lá, então fizemos uma festa ao ar livre na frente do prédio para arrecadar alimentos e mostrar a situação daquelas famílias que não tinham para onde ir. Foi muito legal!”, lembra ele.

Para o NTR, os DJs indicaram duas músicas cada um, para embalar o final de semana dos nossos leitores. Para ouvir todas as músicas na sequência, aperte o play no vídeo do topo do post.

 

faFabio:

1) Daft Punk – Lose Yourself To Dance
“Porque é um mix de música eletrônica e do groove dos anos 70. E não deixa de ser atual.”

2) Paul McCartney – Check My Machine
“É um som muito interessante. Quem não conhece nunca vai pensar que é do Paul.”

 

rasAndré Ras:

1) Jorge Ben –  Velhos, Flores, Criancinhas e Cachorros
“Escolhi essa do Jorge Ben Jor porque esse disco, pra mim, tem uma certa importância pois foi um dos primeiros discos que comprei. E escolhi esta música pois acredito que ela representa o que precisamos salvar no mundo: a sabedoria dos mais velhos, a  saúde de nosso mundo, suas árvores e flores; a inocência das crianças, pois elas são o futuro para um mundo melhor; e a amizade verdadeira representada por um cachorro. É apenas uma viagem maluca minha sobre esta música (risos).”

 

2) Johnny Osbourne – Purify Your Heart
“O Johnny Osbourne é jamaicano –  motivo da escolha desta música, além da batida baixo e bateria ROOTS. E a letra que diz para você purificar o seu coração, pois dessa forma você conhecerá você mesmo. Em outro trecho da música ele diz assim: ‘Você vai à igreja no domingo, mas na segunda não há amor em seu coração. O tolo diz em seu coração: não há Deus. Mas, se essa é a sua crença, meu amigo, é muito triste.’ Acho esta letra muito forte e esse é outro motivo da escolha. Música é informação!”

 

niloNilo:

1) The Del Vickings – Whispering Bells
“Essa música pode representar a ideia de que, quando menos esperamos, a vida nos dá um rumo que faz mudar nossa visão sobre o mundo.”

2) Jackson do Pandeiro – Dezessete na Corrente
“Além de ter sido a primeira que me veio em mente, Jackson é um narrador de histórias nato. Traz o drible em suas melodias de desenho animado e faz o povo rir contente. Dotado de um cérebro inteligente, não se assusta quando sai do suingado, deixando o zagueiro desolado, tentou a sorte sempre olhando pra frente. Representa o Nordeste, minha gente: dança aí dezessete na corrente!”

 

vitorVitor:

1) Big L – MVP
“Esse foi um dos primeiros raps que eu ouvi. Lembro que era uma das músicas que vinham na mixtape da Dinamite, em fita K7. Desde criança gosto muito dessa música e sempre quando posso a toco nas festas.”

2) Michael Jackson – Rock With You
“Acabei escolhendo essa, mas poderia ser qualquer uma do ‘Off the Wall’. Meus pais frequentavam bailes de black music antigamente e são muito fãs do Michael Jackson. Eu herdei esse gosto; e este álbum é o meu preferido dele. Escuto faz 20 e poucos anos o disco todo e nunca enjoo!”

 

 

coletivo-pe-no-chao

 

Mais Coletivo Pé No Chão

Os meninos estão procurando novas oportunidades para fazer festas 100% vinil. Para saber mais sobre eles, chamá-los para tocar e entrar em contato, confira a página oficial do grupo no Facebook ou mande um e-mail para coletivopenochao@hotmail.com.

 

Cool Covers: We Can’t Stop

Palmas para o Bastille, banda inglesa que, em apresentação à BBC Radio, conseguiu transformar a música We Can’t Stop, da Miley Cirus, em um legítimo MINDFUCK.

Por partes, o Não Toco Raul explica:

1) We Can’t Stop é o primeiro single do álbum Bangerz (2013). Fez grande sucesso e chegou ao 2˚ lugar das paradas americanas. A música defende o estilo porra-louca da cantora, que chocou o mundo ao ligar o foda-se em suas atitudes e canções – principalmente porque ela era, antes, a queridinha da América, estrela da Disney e ídolo adolescente.
2) A versão do Bastille é cheia de referências, e todas elas fazem sentido. Eles não dão ponto sem nó. A primeira, bem explícita, é a introdução com o riff the Lose Yourself, do rapper Eminem. Lose Yourself pode ser traduzido como “entregue-se” ou “perca a si mesmo”. Interessante…

3) O Bastille usa a introdução de I Just Can’t Wait To Be King (em português, O Que Eu Quero Mais É Ser Rei) no trecho entre o final do refrão e os versos restantes. A música é trilha do filme Rei Leão – da Disney, assim como Miley no começo da carreira – e mostra a pretensão descabida e a ousadia juvenil de Simba. Hmmm…

4) Na segunda estrofe, o Bastille substitui a palavra GOD (Deus) por DAD (Pai) no verso “only God can judge us” (apenas Deus pode nos julgar). Essa foi uma sacada cruel e perspicaz…

5) Depois do segundo refrão, o Bastille inclui um trecho de Achy Breaky Heart, grande sucesso de Billy Ray Cyrus, o pai de Miley. A música, de autoria de Don Von Tress, virou sucesso mundial em 1992. A banda inglesa, no entanto, muda a letra original. Em vez de “Don’t tell my heart, my achy breaky heart“, canta “Don’t break his heart, his achy breaky heart” (“não parta o coração dele, seu dolorido e quebradiço coração”). Quase não dá para conter a ironia. Sabe-se que Miley e seu pai, grande ícone da música country, tiveram desentendimentos por conta da forma como a cantora leva sua carreira – ou seja, ele não gosta dessa porra-louquice toda. Billy chegou a contracenar com Miley em Hannah Montana, programa da Disney que fez dela um ícone infantil.

6) Pra fechar com chave de ouro, o Bastille muda o sujeito do último refrão, do pronome we (nós) para she (ela). Fica assim: “but she can’t stop and she won’t stop” (“mas ela consegue parar e ela não vai parar”). Aparentemente, Miley está incontrolável…

Está aí uma bela versão: tem mashup com três outras músicas, e a banda alterou o formato e o sentido. MINDBLOWING.

Achou mais alguma referência? Avise a gente nos comentários!

Fuck you (Forget you), a origem

Fuck You (Forget you) é o primeiro single do terceiro álbum de estúdio de Cee Lo Green, The Lady Killer (2010). Foi lançado em 19 de agosto de 2010 e se tornou um hit instantâneo, apesar dos palavrões (é claro que há uma versão tosca suprimindo as palavras fuck, shit nigga). Aparentemente, é uma música de lamento sarrista do ponto de vista de um sujeito que foi trocado pela namorada por outro bem abastado. Ok, mas não é só isso. A origem dela está em Bruno Mars, no início de sua carreira e na admiração por Cee Lo. Vamos ao background da questão.

Bruno Mars lutou muito para vingar como músico, a ponto de cogitar voltar ao Havaí, onde nasceu, por dificuldades financeiras. Ele então vivia em Los Angeles exclusivamente em busca desse sonho e insistia em conseguir alguma faixa em parceria com outros produtores, algo que o fizesse estourar. Antes, chegou a ser contratado pela grandiosa Motown Records, companhia que fechou as portas em 2005 e que, no passado, foi casa de grandes nomes como Jackson 5, Steve Wonder, Marvin Gaye e The Temptations, entre outros. Acontece que a Motown não soube o que fazer com Bruno Mars. A questão era a seguinte: qual é o seu público alvo?

Mars foi dispensado da gravadora Motown

Mars foi dispensado da gravadora Motown

Analisando pelas músicas de Mars hoje em dia, dá pra notar a dúvida da gravadora: ele produziu baladinhas românticas (Just the way you are), reggaes (The lazy song), hip hops (Nothin’ on you), tem uma pegada oitentista (Treasure) e até músicas com batida mais pesada, densa (Granade). Para uma gravadora que está prestes a apostar em um desconhecido e investir tempo e dinheiro, essas questões parecem justas. Mars foi deixado de lado. Isso ocorreu em 2004. Dois anos depois, o Gnarls Barkley, com Cee Lo Green à frente, estourou com Crazy em seu álbum de debute, St. Elsewhere.

“Quando o Gnarls Barkley apareceu usando todos esses estilos diferentes de música e quando Crazy foi lançada, essa é uma música que eu gostaria de ter escrito“, disse Bruno Mars, durante uma feira promovida pela ASCAP, a associação americana de compositores, autores e publishers. De repente, o projeto de Mars recusado pela Motown estourou com o Gnarls Barkley. Enquanto isso, sua carreira começava finalmente a andar, mas com trabalho para outros. Ao lado de Philip Lawrence e Ari Levine, grupo de produção chamado The Smeezingtoons, começou a chamar a atenção com sucessos como o feito para o rapper B.o.B., com Billionaire.

Foi assim que surgiu o convite de Cee Lo Green para uma parceria com os Smeezintoons. Ele queria uma música, Mars criou uma a partir do verso: “I see you driving ’round town with the girl I love and I’m like fuck you”. Não é difícil perceber que trata-se de um desabafo bem humorado feito para Cee Lo Green. A história está bem explicada na divertida participação de Mars e seus companheiros de Smeezingtoons no evento da ASCAP. A parte abordada por esse texto começa aos 4min20s. Philip Lawrence, sentado à direita, é como o beatmaker do trio. Já Ari Levine, à esquerda, faz as vezes de letrista.

A partir do primeiro verso, os quatro criaram o riff de piano que marca a introdução e desenvolveram a letra. “Quanto mais trabalhávamos nela, menos brincadeira a letra se transformava”, disse Lawrence. Foi ideia de Cee Lo Green, por exemplo, dizer “fuck you” também para a garota na música, e assim o diálogo é travado com ele – o novo namorado – e ela – a ex-namorada – durante toda a canção. Cee Lo já disse, em entrevistas, que não teve ajuda para escrever a letra. Sabemos que isso é mentira. E se alguém não acredita, segue uma mensagem dos Smeezingtoons: “fuck you”.

Bônus: versão estilosa da Eliza Doolitle (com direito a dois dedinhos levantados pra dizer “fuck you”, estilo britânico)