Fórmula musical: Nirvana

Craig Montogmery, engenheiro de som do Nirvana, ouviu o álbum Nevermind pela primeira vez em uma van. Estava então viajando com a banda para oito apresentações na costa oeste do Estados Unidos, onde as novas músicas seriam testadas. Quando ouviu a introdução arrematadora de “Smells Like Teen Spirit” e depois a queda abrupta que prepara o verso, comentou: “nossa… Pixies”. “Você acha que está muito parecido com o som do Pixies?”, perguntou Kurt Cobain. “Não, a música parte de lá”, respondeu Craig. Ele havia acabado de identificar a fórmula música da banda-simbolo do movimento grunge.

Pixies e Sonic Youth, mais precisamente, são as grandes influências quanto à forma como o Nirvana desenvolveu suas músicas. No documentário Back and Forth, que conta a história do Foo Fighters, Dave Grohl cita Cobain como um compositor extremamente simples e direto, e o estilo dessas duas bandas ajudou-o a fazer de suas canções algo mais pesado, como gostaria. Antes da gravação de Nevermind, Kurt deu apenas uma indicação ao produtor Butch Vig: “quero que esse álbum seja pesado”. E assim foi, alternando com passagens realmente tranquilas como em “Teen Spirit”.

A influência do Pixies no Nirvana é citada em diversos momentos da biografia de Dave Grohl, This is a Call, escrita por Paul Brannigan – inclusive o episódio que introduz esse texto. Mais do que isso, ela é absolutamente proposital. Antes do Nevermind, a banda ensaiava em Tacoma, cidade próxima a Washington. “Na época, estávamos experimentando a dinâmica, os versos calmos/refrão alto. Muito disso pegamos do Pixies e do Sonic Youth”, cita Dave Grohl. Foi assim que foi moldado o melhor período da banda.

Com Black Francis, Joey Santiago, Kim Deal e Dave Lovering, o Pixies foi formado em 1986 e fez muito sucesso especialmente no Reino Unido. As letras são enigmáticas e frequentemente baseadas em temas pesados como violência, religião e incesto. As músicas têm certo peso sem perder a forte melodia, uma das características do Nirvana – “Where’s my mind”, “Bone machine” e “Dig it for fire” são bons exemplos. A pedido da revista Melody Maker em 1992, Kurt Cobain elencou 10 discos que haviam mudado sua vida. Surfer Rosa (1988), do Pixies, foi colocado em segundo lugar (por curiosidade: o primeiro foi Pod, do The Breeders).

Por divergência entre os músicos, a banda acabou em 1993, retomando a formação em 2004. Em 1991, quando foi gravado o Nevermind, o Pixies já havia lançado quatro álbuns, incluindo Doolitle (1989), o de maior sucesso. Além de em “Smells Like Teen Spirit”, a fórmula musical aparece em outras canções como “In Bloom”, “Lithium”, “Drain You” e “Stay Away”. Ela é ainda mais evidente em “You Know You’re Right”, lançada em 2004. No entanto, se tornou cansativa conforme os anos passavam e o Nirvana se tornava cada vez mais refém de seu sucesso mundial.

“Krist, Dave e eu temos trabalhado com uma fórmula – essa coisa de passar do silencioso para o barulho – há tanto tempo que está, literalmente, ficando chato para nós. É como se disséssemos: ‘certo, temos esse riff. Vou tocar baixinho, sem uma caixa de distorção enquanto canto o verso. E agora vamos ligar a caixa de distorção e bater nos tambores com mais força'”, afirmou Cobain, em 1994, à revista Rolling Stone. Meses depois, em 5 de abril, ele se matou com um tiro de espingarda na garagem de sua casa em Seattle. Quase 20 anos depois, a fórmula musical continua fazendo perfeito sentido para os fãs.

Cool covers: Tennessee Waltz

 
Tennessee Waltz é uma canção extremamente popular nos Estados Unidos, especialmente no estado homenageado, unidade federativa do sudeste do país com pouco mais de 6 milhões de habitantes e nove hinos oficiais (sendo o último deles a música “Tennessee”, de John R. Bean). A música-tema deste post foi a quarta a ser escolhida digna de representar o 16° estado norte-americano, admitido pela União em 1796. Em sua versão original, é realmente uma valsa:

Há controvérsias sobre o compositor da música, mas oficialmente a letra foi feita por Redd Stewart, sendo musicada por Pee Wee King, ambos músicos da cena country da década de 40. Os dois estariam a caminho de um show em Nashville, capital do Tennessee, quando ouviram no rádio a música “The Kentucky Waltz”, de Bill Monroe, considerado o inventor do Bluegrass, estilo tipicamente sulista derivado do country e que tem raízes britânicas, mas conta com influência do jazz pelo uso da improvisação. A versão tennessiana foi feita a caminho da apresentação e gravada por Cowboy Copas, outro representante do country, em 1947.

A canção foi regravada inúmeras vezes ao longo de seis décadas por músicos de renome e destaque. A versão que primeiro fez sucesso, no entanto, foi feita em 1950 por Patti Page, cantora pop que a levou ao topo das paradas e a tornou um dos maiores sucessos da década. Um dos registros mais interessantes – e recentes – foi feito por Norah Jones, em DVD gravado em 2002 (a música aparece nos “extras”).

Tocando junto de Adam Levy (guitarra), Andrew Borger (bateria) e Lee Alexander (baixo), Norah muda o andamento da canção sem perder o sentimentalismo. “Tennesseee Waltz” fala de uma desilusão amorosa: o sujeito está dançando a tal de “Valsa do Tennessee” quando encontra um velho amigo; ele pede para dançar com a acompanhante do sujeito, que concede, mas, quando se dá conta, o amigo conquista a amada, deixando o protagonista apenas com as mágoas restantes. É uma história triste, amigos.

Norah Jones – Tennessee Waltz

Há também a versão “jovem guarda” da britânica Alma Cogan, com direito a “shalalala” nos backing vocals:

Alma Cogan – Tennessee Waltz

 
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Deus salve o Não Toco Raul!

 
12 de março é um dia muito especial, caro leitor: há exatamente um ano entrou no ar o Não Toco Raul, com tudo sobre música – só que ao contrário. Foram 365 dias de muito empenho para abordar um pouco de tudo, mas sem qualquer compromisso de falar sobre nada. Deu pra entender? Aos poucos, vamos compreendendo também, aprendendo a levar para a frente um site que pretende ser interessante e de qualidade. A você, caro leitor, o nosso muito obrigado por contribuir com esse processo. Crescemos muito nesse último ano. Deus salve o Não Toco Raul!

Foram 145 postagens nesse período. Falamos sobre a origem das músicas, explicamos algumas fórmulas musicais, fizemos análises e relatamos shows. Mostramos o que músicos de bandas de todo o Brasil – e até do exterior – costumam ouvir com o NTR Convida; e unimos musicalidade e cinema no Loroza Records e Right Tracks. Fizemos listas temáticas e apresentamos alguns Cool Covers, seção onde está a origem verdadeira do Não Toco Raul. Esse era o nome de um Tumblr, ideia que evoluiu até o lançamento do site, em 12 de março de 2012.

Não há explicação para este nome, caro leitor, ele apenas apareceu em uma lista feita durante o brainstorm – e nós gostamos. Achamos engraçado, claro, mas de certa forma denota personalidade, como a banda que diz “foda-se” para quem exige: “toca Raul!”. Deste jeito mesmo, conseguimos mais de 115 mil visualizações, feitas por quase 30 mil pessoas, a grande maioria do Brasil, mas com acessos vindos dos Estados Unidos, Grã-Bretanha, Espanha, Portugal e países africanos de língua portuguesa como Angola.

“O mundo dá voltas”, já diria Fernando Stéfano Badauí, vocalista do CPM 22 – e com quem o Não Toco Raul partilha aniversário (Parabéns, Badauí!); e aos poucos vamos nos encaixando nessa, encontrando nosso espaço. Se não ficarmos tão loucos quanto Pete Doherty, frontman do Babyshambles e do Libertines, outro que nasceu em 12 de março (Cheers, mate!), talvez a gente consiga melhorar nesse próximo ano. Que tenhamos a determinação de Steve Harris, o único membro original a permanecer no Iron Maiden em quase 40 anos de carreira e que, é claro, faz aniversário hoje (devil horns!).

Curiosamente, nenhum dos nossos Rauls preferidos (Seixas, Castro, Gazola, Gil, Julia…) tem o 12 de março como data especial. Mas neste dia histórias grandiosas tiveram início, podem ter certeza. É o nascimento, por exemplo, de Sir Thomas Arne, em 1710. Compositor inglês, trabalhou à frente da orquestra do Teatro Real Drury Lane de 1734 a 1750. Por isso, é constantemente apontado como autor do hino nacional “God Save The Queen” (ou King, a depender da situação) – oficialmente, autoria e composição são “desconhecidas”.

Em 2013, nós merecemos uma homenagem como esta: God save Não Toco Raul!

 

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Trouble, trouble, trouble

No momento em que escrevo esse artigo, a cantora Taylor Swift se encontra em um relacionamento amoroso. Isso não é novidade. O diferente, agora, é o outrém: o cantor inglês Tom Odell, 22 anos, que ainda não fez a carreira deslanchar – tem apenas um EP chamado “Songs From Another Love” (2012) e prepara o lançamento de um álbum para abril. Essa é a figura menos famosa com quem a cantora de 23 anos se enroscou nos últimos anos. Com os mais conhecidos, a história não terminou bem e virou música.

Taylor Swift é problema, e todos nós sabemos por antecipação: invariavelmente, ela transforma suas crises sentimentais em música. É a fórmula musical dela, a origem de boa parte de seus maiores sucessos. “Para mim, estou apenas escrevendo músicas do jeito que eu sempre fiz. Sou eu sentada na minha cama sofrendo com algo que eu não entendo, escrevendo uma música e desvendando”, contou à revista Elle. “É algo que me faz sentir melhor”, complementou.

Trata-se de uma terapia um tanto quanto egoísta, já que, apesar de não confirmar quais canções foram feitas para quais pessoas, ela admite que são inspiradas em seus ex-namorados. A exposição pública de tudo isso facilita a curiosidade de saber: sobre quem ela canta determinado verso? “I knew you were trouble” (Red, 2012), por exemplo, poderia ser sobre ela própria, mas fala sobre seu último ex, Harry Styles, um dos integrantes da boy band One Direction.

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Os tabloides britânicos vibraram com a história: a cantora americana se apaixona perdidamente por um jovem prodígio cinco anos mais novo (Harry tem 18 anos), leva um fora após breve relacionamento e viaja até a Inglaterra só para tentar reatar, mas recebe um grande “não” como resposta. Então ela volta para casa e grava: “I knew you were trouble when you walked in, so shame on me now” (eu soube que você era problema quando você apareceu, que vergonha de mim).

Dá até para achar que ela é uma coitada. Mas aí vem a lista: desde 2009, outros cinco ex-namorados, sempre famosos, foram homenageados com música. O cantor John Mayer ganhou a menção mais direta, na canção “Dear John” (Speak Now, 2010). “I lived in your chess game, but you changed the rules every day” (eu vivi no seu jogo de xadrez, mas você trocou as regras todos os dias), canta Taylor. O refrão é mais pesado: “don’t you think I was too young to be messed with?” (você não acha que eu era muito jovem para ser ‘bagunçada’ por você?). Em 2009, Taylor tinha 20 anos; John, 32.

Para o ator Taylor Lautner, a americana escreveu “Back to December” (Speak Now, 2010), uma espécie de pedido de desculpas. Para o também ator Jake Gyllenhaal, a música criada tem um tom mais maduro, quase de deboche: “We are never getting back together” (Red, 2012). Joe Jonas, um dos Jonas Brothers, ficou com as reclamações e broncas de “Forever & Always” (Fearless, 2008). Por fim, há Conor Kennedy (da família do ex-presidente John Kennedy), com “Begin Again” (Red, 2012).

Dá pra achar que a Taylor Swift é emocionalmente equilibrada?

paulataylor_montagemPelo menos a fórmula está dando certo: ora rende músicas mais agitadas, que vão tocar na rádio e fazer sucesso; ora surgem canções mais melosas, a grande base do repertório da “Paula Fernandes americana“. Não é à tôa que elas gravaram juntas a música “Long Live”. Ambas têm fama de sertaneja (country), mas na verdade fazem música romântica da mais melosa. Os fãs da brasileira adoram a comparação; os da Taylor, odeiam. Pelo menos a versão tupiniquim é menos dramática.

Os momentos mais tensos de João Gordo

João Gordo é o vocalista do Ratos de Porão, banda “desde 1981 traindo o pseudo-movimento de alguns idiotas”, como ela mesma se define. Por quase 20 anos, Gordo viveu o auge de porra-louquice na trinca sexo-drogas-rock ‘n roll, exageros que lhe renderam, em 2000, um derrame pleural e 22 dias internado na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). João Gordo teve momentos tensos. Alguns deles são dignos de notas. O Não Toco Raul lista abaixo.

Os abusos de João Gordo – e dos membros e ex-membros do Ratos de Porão, no geral – são parte importante da história da banda, com diferentes consequências. Por isso, ao contrário de outros artistas, eles na maioria das vezes não escondem o que ocorreu. Boa parte está no documentário Guidable – A verdadeira história do Ratos de Porão, de Fernando Rick e Marcelo Appezato, lançado em 2010. Gordo aparece em filmagens caseiras fumando maconha e na presença de quilos – literalmente – de cocaína.

Apesar de toda a loucura, Gordo aparenta conservar uma memória incrível, relembrando datas e episódios engraçados não necessariamente relacionados a atos ilícitos com grande precisão. Como banda de grande reputação no cenário underground brasileiro, carreira sólida na Europa e totalmente fora do mainstream, o Ratos de Porão tem muita história para contar. João Gordo, o mais desregrado e intenso, ainda mais.

Produção de Crack

Rock, drogas e sexo. Nessa ordem, primeiro porque, nas palavras de João Gordo, “o movimento punk me entortou a vida de um jeito…”. Foi gravando o primeiro álbum do Ratos de Porão, Crucificados pelo Sistema (1984), que ele cheirou cocaína pela primeira vez, e a partir daí a loucura só aumentou. O sexo quase não aparece na biografia da banda.

Maconha, extasy, cocaína, heroína, speedy, LSD, Gordo experimentou de tudo, até crack. Em 1990, durante uma turnê europeia, aprendeu com uma amiga italiana a fazer a pedra. De volta ao Brasil, a banda entrou em hiato porque Boka, que havia acabado de substituir o ex-baterista Spaghetti, machucou o pé andando de skate. Antes do crack se popularizar no País, os membros do Ratos de Porão já tinham o know-how da produção: faziam a pedra e fumavam. O período viciou alguns membros da banda e causou a expulsão do baixista Jabá. TENSO!

Caganeira

print gordo cagaoClique para ampliar

João Gordo já cagou na calça durante um show. Sem grandes especificações, contou o feito no Twitter e quase se comparou a GG Allin. Este sim era um fenômeno dos momentos de tensão. Tocou em mais de uma dezena de bandas e tem significativo trabalho solo, principalmente no punk rock, mas ficou conhecido por não ter limites em suas atitudes altamente impressionáveis. Já fez coisas como se cortar com cacos de vidro, inserir o microfone no ânus, defecar no palco, passar os excrementos no rosto e atirá-los na plateia, entre outras coisas. Imbatível.

João Gordo tem mais de uma história com caganeira. Certa vez durante as gravações da programação de verão da MTV sentiu uma forte dor de barriga na praia. Correu para um banheiro público, mas notou que a porta não tinha tranca. Mais do que isso: o espaço era grande demais para sentar no vaso e segurar a porta fechada. Para não ser pego de calças arriadas, preferiu segurar a porta e cagar no chão. Gordo se limpou com as mãos e saiu correndo para se lavar no mar. Antes, ainda teve que desviar de Falcão, o “Rei do Brega”. A história foi contada em um dos especiais de bastidores da própria MTV. TENSO!!

Balada com Kurt Cobain (pré-requisito: ver o vídeo neste link)


No especial “Contos do Rock” do canal Multishow, Gordo conta a história de uma forma que leva a crer que é o responsável pelo show do Nirvana no Hollywood Rock de 1993 ter sido um dos piores da banda. Ele manifestou essa opinião mais de uma vez antes. Para os céticos: as versões de Gordo em diferentes entrevistas não contrasta, e há testemunhas que comprovam toda a história nos mais diversos documentários e reportagens feitos sobre o Nirvana na última década.

Há ainda outras histórias que não estão descritas no vídeo acima. Depois do show, por exemplo, Gordo entrou no carro com Kurt, Courtney Love, Flea (baixista do Red Hot Chilli Peppers) e outros e os levou à Der Temple, balada na Rua Augusta. No caminho, Courtney Love pediu para parar o carro para ver um dos travestis da região. Maravilhada, deu 300 dólares ao transexual. João Gordo foi para a balada com um dos mais auto-destrutivos rockstars do século. TENSO!!!

Fome e frio na Europa

O Ratos de Porão tem carreira sólida na Europa, chegando ao ponto de gravar versões de alguns álbuns em inglês. Em uma das turnês internacionais, tiveram uma ideia descrita ironicamente como “brilhante”: viajar de trem. As viagens eram sempre com orçamento reduzido, e a estadia passava por squats – prédios e galpões ocupados por movimentos políticos/sociais. Em um deles, na Itália, Gordo chegou a ser expulso do quarto porque roncava alto demais. Foi viajando de trem que ele passou frio e fome.

Em uma viagem da Itália para a Holanda, onde fariam um show, a banda foi parada na França. O país fazia parte do itinerário do trem, mas os brasileiros não tinham visto para passar por território francês. Foram obrigados a descer e, enquanto tentavam explicar a situação, o trem simplesmente foi embora. Para a sorte deles, uma amiga que estava na viagem e tinha passaporte italiano cuidou de todas as malas e instrumentos. A salvação veio com o baixista Jabá, que tinha dinheiro guardado. Compraram as passagens e com o resto comeram pão. Sem bagagem, pegaram mais 18 horas de viagem até Amsterdã. TENSO!!!

Derrame Pleural

“Em 2000 eu estava doidão”, conta Gordo no documentário “Guidable”. O vocalista usava heroína, fumava quase três maços de cigarro por dia, passou um mês “cagando sangue”, sofria com uma apinéia e, para completar, estava com uma costela quebrada. O osso furou uma membrana que envolve o pulmão chamada pleura enquanto João Gordo estava na van da banda, saindo da MTV para ir para casa. Seu pulmão se encheu de sangue e água, e ele precisou ser internado às pressas. Chegou à UTI com 210 kg e saiu, 25 dias depois, com cerca de 180 kg.

Esse não seria o último episódio em que Gordo colocaria sua vida em risco. Mesmo recuperado, voltou a fumar e a usar drogas. Em dezembro do mesmo ano, por exemplo, voltou à UTI com overdose de speedyball, uma mistura de cocaína e heroína. Gordo usa esses episódios como extremos do estilo de vida que já não leva mais. Fez cirurgia de redução de estômago e parou de comer carne. Agora define cigarro como “pirulito de câncer”. O relatório médico da primeira internação aparece no final da música “Obesidade Mórbida Constitucional“, do álbum Guerra Civil Canibal (2000). O primeiro verso dela é: “Atentado contra a vida/Suicídio, punição”. TENSO!!!!!

O fenômeno da Exaltarepetição, parte II

O leitor do Não Toco Raul há de desculpar pela insistência, mas o fenômeno da Exaltarepetição persiste mesmo após o final da banda. Em 26 de novembro de 2012, publicamos um estudo que concluía que, em 25 anos de carreira, o Exaltasamba registrou 237 músicas em 15 álbuns, entre as quais 50 começavam e terminavam com o mesmo verso/frase/palavra/vocalização. As carreiras solos de Thiaguinho e Péricles, cantores do grupo de pagode, seguem a mesma Fórmula Musical, dando sequência à tradição.

Ambos lançaram álbum ao vivo pouco mais de um ano depois do final do Exaltasamba, em junho de 2011 – o último show foi feito em fevereiro de 2012. Péricles foi o primeiro, com Sensações, em outubro. Em novembro saiu o de Thiaguinho, Ousadia & Alegria. Com o Exalta, a taxa de uso desta fórmula era de 21%. Thiaguinho elevou-a ainda mais, chegando a 42,8% – nove das 21 músicas do cd novo começam e terminam com as mesmas palavras. Péricles praticamente manteve a média, com 28,5% em seu álbum – são seis, em 21 gravadas.

A diferença pode ser explicada no fato de Thiaguinho fazer muitas vocalizações, enquanto que Péricles quase não as usa. De modo geral, o pagode do primeiro é mais agitado, e o título do álbum reflete bem o espírito e a levada das músicas. Já Péricles faz um som de mais “classe”, lembrando muito a primeira fase do Exaltasamba, quando Chrigor dividia com ele os vocais. Mais uma vez, o NTR não faz juízo de valor pela fórmula musical: é apenas uma característica interessante adotada por esses pagodeiros.

Nenhum dos dois álbuns difere tanto do trabalho conjunto no Exaltasamba, o que faz retomar a pergunta: por que o grupo se separou? Segundo Thiaguinho, sua saída já havia sido definida no início de 2011, em reunião com a banda, quando afirmou que gostaria de fazer carreira solo. Depois, Péricles manifestou o mesmo desejo. Quando anunciaram a separação, ao vivo no Domingão do Faustão, da Rede Globo, o discurso foi de que cada um gostaria de investir no trabalho paralelo.

Até o momento, nenhum dos outros integrantes divulgou qualquer projeto. Perguntado por Faustão na ocasião, Brilhantina não escondeu o descontentamento: “Eu, sinceramente, fiquei bastante abalado, mas é a decisão que o grupo tomou e é isso que vai ser… vamos ver o que vai acontecer”. O que já aconteceu, por enquanto, não é tão diferente do que já vinha acontecendo, pelo menos musicalmente. Definitivamente, os fãs do Exaltasamba não estão órfãos. Mesmo separados, as cantores continuam começando e terminando as músicas com o mesmo verso/frase/palavra/vocalização.

Thiaguinho – Ousadia & Alegria (2012)

Música: Buquê de Flores
Verso: “Eu tava pensativo então fui no pagodinho pra te encontrar/Peguei meu cavaquinho fiz um samba bonitinho pra te ver sambar, vem”

Música: Ousadia & Alegria
Verso: “Chego chegando, beijo no canto da boca”

Música: Desencana
Verso: Vocalização – “Lalalaiá”

Música: Ainda bem
Verso: “Ainda bem”

Música: Deixa eu te fazer feliz
Verso: “Deixa eu te fazer feliz”

Música: Eu quero é ser feliz
Verso: “Hoje eu acordei com vontade de cantar pagode”

Música: Tomara
Verso: Vocalização – “êiêiêiê”

Música: Motel
Verso: Vocalização – “Lalaiá Laiá”

Música: Deixa pra mim
Verso: Vocalização – “Êêêêêê”

Péricles – Sensações (2012)

Música: Pedaços
Verso: “Um pedaço de emoção”

Música: Supra Sumo do Amor
Verso: Vocalização – “Ôôôôôô”

Música: Leito de estrelas
Verso: “Te levei pro céu”

Música: Oyá
Verso: “Oyá”

Música: Linda Voz
Verso: “Olá, hoje eu te vi pela televisão”

Música: Cuidado cupido
Verso: “Cuidado cupido”

Azul da cor do mar, a origem

 

Tim Maia estava na merda em 1969. Morava de favor no Rio de Janeiro, dormia em um sofá desconfortável apelidado de “dromedário”, sem dinheiro ou companhia amorosa. Vinha de dois fiascos na tentativa de gravar um compacto de sucesso em São Paulo, um pela CBS e outro pela RGE; nenhuma delas soube mixar o soul pesado do cantor, e o trabalho acabou ignorado pela crítica e pelo público. Voltou ao Rio para uma terceira tentativa, agora pela Polydor, e contou com a ajuda de dois amigos, responsáveis indiretos por um “sonho azul da cor do mar”.

O cantor paraguaio Fábio (que na verdade se chamava Juan Senon Rolón) e seu empresário Glauco Timóteo hospedaram Tim Maia em Botafogo. Os dois viviam bem, faziam muitos shows – Fábio aproveitava o sucesso de “Stella” – e viviam cercados de menininhas, com as quais Tim Maia sonhava em matar a solidão. “Azul da cor do mar”, um dos maiores sucessos do cantor, surgiu a partir desse cenário: com Tim tentando sem sucesso levar a carreira adiante, enquanto os amigos já colhiam os frutos.

Tim Maia havia tentado acompanhar os sucessos dos amigos cantores na adolescência – entre eles estavam Roberto Carlos, Eramos Carlos e Jorge Benjor; morou nos Estados Unidos, onde foi preso várias vezes até ser deportado; foi a São Paulo tentar a sorte e chegou a passar fome e frio; e, de volta ao Rio, a vida não estava mais fácil. Estava carente, e as gravações de um novo compacto demoravam a sair em meio ao cotidiano disputado do estúdio da Polydor.

Quando Fábio e Glauco viajaram para shows em Salvador e Recife, foi um alívio para Tim Maia poder dormir em um lugar diferente do sofá “dromedário”. Testou a cama de Fábio, mas acabou deitando na de Glauco, onde chamou a atenção, colado na parede, um pôster colorido com uma morena vistosa nua em frente ao mar do Taiti. Ali, Tim compôs uma canção e registrou em um gravador portátil. Tinha uma carga emocional incrível, assim como grande parte de sua extensa obra.

Ah, se o mundo inteiro me pudesse ouvir
tenho tanto pra contar
dizer que aprendi
que na vida a gente tem que entender
que um nasce pra sofrer
enquanto o outro ri

tim_mais_vale_tudo
O disco na Polydor, intitulado Tim Maia, saiu em 1970 e virou sucesso no Brasil inteiro muito por conta de “Azul da Cor do Mar”. Não foram só Fábio e Glauco que alimentaram esse sonho. Tim foi contratado pela grande gravadora sem nunca ter sido ouvido por André Midani, presidente da Phillips. Isso ocorreu por conta das indicações dos Mutantes e de Erasmo Carlos. De acordo com a biografia “Vale Tudo”, de Nelson Motta, Tim pesava 85 kg (chegaria a 142 kg em 1996). Tempos depois, passou a viver melhor, alugou um apartamento, engordou e se consolidou como um dos grandes nomes da música nacional.

Mas quem sofre sempre tem que procurar
pelo menos vir achar
razão para viver
ver na vida algum motivo pra sonhar
ter um sonho todo azul
azul da cor do mar…

 

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Até a última ponta?

O Planet Hemp está de volta. Ressurgiu após uma década de hiato com turnê de 12 shows pelo Brasil e pelo menos mais uma apresentação agendada para 2013, no festival Lollapalooza. Isso não quer dizer que as atividades serão definivamente retomadas, e é bem provável que não sejam, já que os principais integrantes têm projetos simultâneos como as carreiras solo de Marcelo D2 e B Negão. Não há planos para gravação de material inédito. Então qual é o sentido deste retorno?

Essa pergunta surge não porque o Planet Hemp foi uma das bandas mais expressivas dos anos 90, mas sim porque ia além, com um engajamento que normalmente não vence os filtros do mainstream, e quando vence – como fez o Dead Fish, por exemplo – não costuma durar. Do sucesso do álbum Usuário (1995), passando pela prisão por apologia às drogas em 1996, ao derradeiro MTV Ao Vivo (2001) e o fim, em 2003, foram oito anos, um período de forte politização que, agora, não sabemos se pode renascer.

Basta buscar, nos arquivos, relatos de 2001, na reta final da banda em sua primeira fase. A Polícia fazia batida em fãs na porta dos shows e impedia a entrada de menores de idade. No palco, o Planet Hemp contestava tudo isso, enquanto defendia a legalização da maconha e falava mais. Em um show no DirecTv Music Hall (atual Citibank Hall), em São Paulo, por exemplo, D2 e BNegão leram um manifesto contra o governo de Fernando Henrique Cardoso, então presidente da República, e mostraram vídeo de massacre da PM contra os Sem-Terra no Paraná.

Antes de gravar o disco ao vivo, Marcelo D2 declarou, diante da então recente saída de Black Alien e do DJ Zé González: “vou continuar falando e falar até mais que antes. Agora, somos só nós que respondemos a nossos atos e ao que dissermos. Não vamos mudar uma vírgula”. Onze anos depois, no anúncio do retorno, em entrevista ao jornal O Dia, o discurso foi: “o Planet fez um trabalho do caralho, ainda bem que a gente voltou para relembrar isso e deixar clara a importância da banda, principalmente para nós mesmos”. O que se vê é um ode merecido a uma carreira de sucesso e, provavelmente, nada além disso.

Para 2012, nenhuma vírgula das músicas polêmicas mudou, e o discurso da maconha continua diluído nas letras de sucessos antigos como “Legalize Já”, “Mantenha o Respeito”, “Contexto” e “Queimando Tudo”. Pés de maconha crescem no telão enquanto a banda toca, e a apresentação começa com um vídeo de Gil Brother falando sobre a necessidade da descriminalização da erva. Mas parece pouco para uma banda com potencial incendiário, capaz de levar adiante a discussão cada vez mais urgente sobre a questão das drogas – principalmente da maconha.

Nos últimos 10 anos, quais foram os avanços legais da luta pela descriminalização no Brasil? Poucos. O último é de agosto de 2006, com a promulgação da Lei nº 11.343, que cria o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas (SISNAD) e, entre outros efeitos, deixa a legislação mais severa para traficantes e menos para usuários. Mas o momento é propício. O Uruguai lançou projeto de lei para descriminalização, a França e alguns estados americanos cogitam o mesmo. O Brasil viu FHC lançar o documentário “Quebrando Tabus” (2011). E o Planet Hemp? Sequer vai participar do debate?

Independentemente da postura atual, é inegável a contribuição corajosa que o Planet deu à questão. Acontece que, há muitos anos, a banda prometia queimar tudo “até a última ponta”. Os fãs torcem para que ela ainda esteja acesa.

Black Alien se recusou a participar da reunião porque renega o discurso de apologia à maconha, entenda:

 

O fenômeno da Exaltarepetição

Desde a primeira música do primeiro CD até a última gravada em um DVD em São Paulo, 25 anos depois, o Exaltasamba fez uso de uma fórmula musical específica: terminar as canções da mesma forma como começou – seja por uma frase, uma palavra, uma estrofe ou só uma vocalização. Essa característica esteve presente em quase todos os álbuns da banda, especialmente na reta final, quando o grupo fez menos inéditas, lançou mais sucessos e registrou diversos álbuns ao vivo. Pode ser que os Exaltamaníacos não tenham percebido, mas a Exaltarepetição é um fenômeno consolidado.

No DVD de comemoração gravado em 2010, por exemplo, oito das 20 músicas começam e terminam com as mesmas palavras. No DVD anterior, Ao vivo na Ilha da Magia (2009), são outras oito em meio às 22 do álbum. Para entender melhor como a banda fez uso dessa fórmula, o Não Toco Raul analisou a carreira discográfica do Exaltasamba, chegando à conclusão: 21% das canções do grupo começam e terminam com o mesmo verso/frase/palavra/vocalização.

Ao todo, foram analisadas 237 músicas presentes em 15 álbuns, dentre as quais 50 apresentam tal característica. O último sucesso, “Tá vendo aquela lua”, é um bom exemplo: “Te filmando tava quieto no meu canto” é o primeiro e último verso. É claro que essa tática não é exclusividade do Exaltasamba – em 2001, Cássia Eller gravou o Acústico MTV com o marcante verso “Quem sabe eu ainda sou uma garotinha”, que abre e fecha o hit “Malandragem”, por exemplo.

O Exaltasamba faz uso dessa tática em todas as fases, mas muito menos nos primeiros álbuns. Há uma explicação para isso: os primeiros sete CDs foram gravados em estúdio, e a grande maioria das músicas termina com fade out (quando a canção vai perdendo volume até seu final). Na verdade, 100 das 237 músicas analisadas terminam em fade out, totalizando 42,1% da obra da banda. O primeiro ao vivo só veio em 2002, ainda com Chrigor nos vocais.

Aliás, como tinha classe o Exaltasamba nessa época: era tempo de sucessos como “Cartão Postal”, “Me apaixonei pela pessoa errada” e “Megastar”. Chrigor saiu ainda em 2002, com depressão após a morte do pai. No mesmo ano, Thiaguinho participou do reality show “Fama”, da Rede Globo, e apesar de não vencer chamou a atenção. Em 2003 ele entrou para o Exalta para dividir os vocais com Péricles. “Estrela” foi sua primeira composição gravada – ela começa e termina com a palavra-título. As músicas ficaram mais jovens, mais sacanas e quentes, e o Exaltasamba alcançou o auge assim.

Em junho de 2011, o grupo anunciou recesso por tempo indeterminado, e agora Thiaguinho e Péricles seguem carreira solo. Os 25 anos de carreira e os inúmeros sucessos ficarão marcados para sempre na música brasileira. E para os fãs, fica a fórmula musical: se você sabe como começa, há boas chances de saber como termina a canção; e vice-versa.

Para entender os critérios

Foram analisados os álbuns: Eterno amanhecer (1992); Encanto (1994); Luz do Desejo (1996); Desliga e vem (1997); Cartão Postal (1998); Mais uma vez (2000); Bons Momentos (2001); Ao vivo (2002); Alegrando a massa (2003); Esquema novo (2005); Todos os sambas ao vivo (2006); Pagode do Exalta (2007); Ao vivo na Ilha da Magia (2009); Roda de Samba do Exalta (2010); e 25 anos ao vivo (2010). Os álbuns Livre pra voar (2007) e Tá vendo aquela lua (2011) não foram computados por não terem unidade entre as músicas apresentadas – são coletâneas que contêm inclusive versões já presentes em outros CDs.

Vocalizações, muito constantes no samba, foram consideradas na contagem por fazerem parte efetivamente da letra e, tantas vezes, serem inclusive a parte mais marcante. Músicas que fazem parte de pout-pourris entraram na contagem – afinal de contas, é relevante o fato de a banda, apesar de emendar diversas canções, manter o final igual ao início da música referente. Canções que aparecem em mais de um álbum também foram computadas, já que foi opção do Exaltasamba manter a estrutura nas diferentes gravações.

Para ver a lista com todas as músicas, clique aqui.

Intimismo agridoce

 
Noite de sábado no Tom Jazz, em São Paulo. Pitty anuncia a música “Ne Parle Pas” e explica que um dos grandes desafios do projeto Agridoce, no qual toca ao lado do guitarrista Martin Mendezz, é cantar em francês. Acompanhados de dois percursionistas – um deles com samplers e sequenciadores -, ela começa a canção, mas não vai além do refrão depois de seguidos erros. “Para que eu errei, errei tudo aqui”, pede a cantora, aos risos. O público aplaude e vibra, e ali se estabelece uma forte ligação entre os fãs e a cantora. É possível sentir o intimismo do Agridoce.

Pitty chant en français (Pitty cantando em francês, segundo o Google)

Dezenas e dezenas de bandas e músicos já lançaram projetos intimistas, mas é difícil entender a dimensão que isso tem na obra de um artista. Intimismo, na definição artística, é a expressão dos mais íntimos sentimentos da alma. Com o Agridoce, a coisa parece funcionar exatamente nesse sentido: Pitty e Martin fizeram tudo o que não se encaixaria no projeto principal, que leva o nome da cantora. No palco, eles transbordam feeling, e é impressionante o peso da figura da Pitty. Até quando erra.

“Eu acho que se a gente errou era porque não tinha que tocar essa música. É sério, eu acredito nessas coisas”, afirma depois de paralisar a música. A plateia encara o discurso como uma desculpa esfarrapada e bem-humorada. “Eu acredito no poder da superação”, rebate Martin. “Então vamos fazer um negócio ninja: vamos pegar direto do refrão. É um, dois, três e…”. E aí tudo se encaixa, o público se cala e a música vai até o final, cada vez mais intimista, como se os poucos presentes no Tom Jazz pudessem sentir a dificuldade de cantar em francês.

Pitty, com Agridoce, no Tom Jazz em maio de 2012 – foto de Leo Mascaro

A conclusão é que o intimismo do Agridoce funciona perfeitamente. O Tom Jazz é pequeno, e o público se dispõe confortavelmente sentado em mesas consumindo e acompanhando a apresentação em um palco bem pequeno. São 30 mesas, com mais alguma em um mezanino com visão não tão privilegiada. Onde quer que você esteja, consegue sentir a intensidade de músicas como “Say”, “130 anos” e da mais conhecida “Dançando”, por exemplo. Em momento algum há referência à Pitty de “Máscara”, “Admirável Chip Novo” e “Equalize”, e isso é muito bom.

Um ponto curioso é o fato de boa parte do som ser feito por samplers e sequenciadores – backing vocals, inclusive, o que não chega a dar a sensação de playback. Fora do repertório, apenas a música “Lágrimas Pretas”, de outro projeto intimista, o 3 na Massa, no qual Rica Amabis (Instituto), Dengue e Pupilo (Nação Zumbi) compuseram músicas para serem cantadas por mulheres. Ela se encaixa bem no repertório. O show do Agridoce é curto, pouco mais de uma hora, o que causa lamentações da platéia. “Pois é, eu também acho. Mas por enquanto essas são as músicas que a gente tem”, diz Pitty. Na verdade, não há como reclamar, vale muito a pena.

 
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