Saia do modo automático

 
Uma das minhas categorias favoritas do NTR é “A Origem”, onde são apresentadas as histórias por trás da criação de grandes clássicos, aquele tipo de coisa que pouco paramos para pensar quando estamos ouvindo a maioria das músicas. E é uma favorita pois sempre tive interesse na origem de certas músicas, o que o compositor estava pensando, o que estava sentindo, quem foi que fez isso, ou se é verdade ou não.

Acredito que este interesse se deva principalmente a esse fato: eu ouço boa música.

Não vou dizer que TODA música que eu escute seja do nível técnico ou tão marcante e atemporal como a música de Mozart ou Beethoven (argumento típico de haters), mas essencialmente é boa música. Também não pretendo entrar nos méritos do que é bom ou ruim aqui, mas não venha me falar que “gosto não se discute”. Tudo é discutível, dependendo dos interlocutores. O que me obrigo a fazer com a afirmação acima é, no mínimo, justificar-me.

Me baseio exclusivamente em um critério para defender a minha visão sobre a música: repetição.
A repetição, a meu ver, age de duas formas diferentes sobre os músicos e suas músicas. Quando age sobre o músico, de fora para dentro, é uma coisa boa, mas, se acontece o contrário e a repetição tem seu efeito no interior, no conteúdo da música, aí a coisa muda.

A repetição saudável (ou "O esforço dos bravos")

 
Prática, muita prática, aptidão e paixão também, mas eu diria que a prática é um dos principais fatores de sucesso para um musicista. Cantores, guitarristas, bateristas, maestros e até o cara que toca sax de suspensórios, todos tem uma coisa em comum: repetem a mesma nota, os mesmos acordes e os mesmos gestos durante anos, todos os dias, para conseguirem chegar onde desejam na música.

Este lugar desejado pode ser um Grammy de melhor instrumentista de jazz ou apenas conseguir tocar aquele solinho da introdução de Sweet Child O’mine mas, em ambos os casos, a repetição está ali, construindo o caminho e aperfeiçoando e desenvolvendo a técnica e habilidade das pessoas.

Quantas vezes na vida um baterista castiga um bumbo? Quantos aquecimentos de “trrrrrrrrrr” ou “zzzzzzmmm” faz um vocalista? Quantas vezes um guitarrista profissional repete uma escala enquanto estuda? Eu fiz esta última pergunta a um grande amigo, que por acaso vem a ser um dos melhores guitarristas do país, André Nieri. Juntos, fizemos umas contas rápidas. Se liga no resultado.

O André toca violão e guitarra desde os 9 anos de idade. Naquela época, treinava acordes, basicamente, durante cerca de 2 ou 3 horas por dia. Hoje, com 26 anos, passa a maior parte do dia com um violão ou uma guitarra a tiracolo. Podemos dizer que, na média, durante os 17 anos de música o André tocou 6 horas diariamente, contando sábados e domingos. Ok, com 6 horas diárias durante os 17 anos de música, foram tocadas um total aproximado de 36.720 horas. Essas horas, se divididas em dias, nos dão algo em torno de impressionantes 4 anos ininterruptos tocando.

Se quiser tocar assim algum dia, pare de ler e vá praticar, agora.

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Existem casos em que uma repetição bem utilizada transforma faz bem às músicas, transformando-as em uma espécie de hino, quase que um mantra. Um cara que sabe utilizar este artifício com maestria em suas letras é o cantor/guitarrista John Mayer. É difícil uma música de John que não tenha ao menos uma frase repetida cerca de 10 vezes, geralmente o refrão, atingindo picos, por exemplo, em Half Of My Heart, onde a frase título é repetida 25 vezes (até terminar em fade-out) durante os 4 minutos da música.

A partir de agora repare nisso, John Mayer repete muito, mas como tudo tem um sentido e um propósito dentro de cada canção, isso passa despercebido e acaba se tornando uma coisa boa.


 

A repetição prejudicial (ou "Ai, se eu te pego")

 
O ser humano civilizado precisa da repetição. O homem se sente confortável e seguro na sua rotina e a repetição dos mesmos hábitos, dia após dia, faz com que a percepção deste homem seja prejudicada. Vou explicar, dá um play aí embaixo, enquanto isso.

Ernold Same by Blur on Grooveshark
Se você entende um pouco inglês e ouviu a música acima, entendeu a estória, mas, se não entende, pelo menos percebeu que muitas vezes foi utilizada a palavra “same“, que quer dizer “mesmo”.

O personagem ironizado na música do Blur, Ernold Same, vive a mesma vidinha todos os dias. Todos os dias acorda do mesmo sonho na mesma cama, toma o mesmo café, pega o mesmo trem a caminho do mesmo lugar para fazer a mesma coisa de novo e de novo. Pobre Ernold. Você desejaria nunca ser o Ernold, certo? Má notícia: se você tem um emprego e segue uma rotina, você é Ernold e nada vai ser diferente amanhã. Triste, não? Pois é. Dias e ações repetitivas regem a nossa vida civilizada e essa normalidade é muito louca, se formos parar para pensar.

Dirigir, por exemplo, é uma ação extremamente complexa, ainda mais nos dias de hoje, onde centenas de milhares de pessoas fazem isso ao mesmo tempo passando pelos mesmos lugares. Se você parar para pensar na complexidade que é movimentar as duas pernas e os dois braços para direções diferentes, dividir a sua atenção entre os sons do motor e dos outros carros, pontos cegos, outros motoristas, pedestres, motos e tudo que você tem para fazer no trabalho dali a 30 minutos… me parece mais tranquilo tocar bateria no Rush.

Tudo isso é muito complexo, tanto que conheço pessoas que foram reprovadas 4 vezes na prova da baliza, mas através da repetição nos acostumamos e paramos de pensar, entramos em modo automático. Em modo automático nos tornamos seres imbecis que, mesmo diante da complexidade que acabei de descrever, se metem a fazer tudo aquilo enquanto digitam um SMS totalmente dispensável. Que beleza.

A repetição é prejudicial quando nos torna esses seres que não pensam mais no que estão fazendo, nem no porquê estão fazendo alguma coisa, e este, na minha opinião, é o maior trunfo das músicas que fazem sucesso com as grandes massas. As pessoas estão acostumadas a pegarem a rota mais curta mesmo sabendo do congestionamento, a escolherem o PF porque já vem pronto e a consumirem música porque é o que toca na TV.

Sucessos dos ritmos que mais vendem, como o sertanejo, o axé e tantos outros que seguem essa fórmula do repetitivo chiclete, se aproveitam da preguiça da maioria, da falta de espaço que a boa música tem na grande mídia e, principalmente, de todo o foco disperdiçado do brasileiro. É tanto tempo gasto com futebol, novela e carnaval, que fica muito fácil para os “universitários” que ganham milhões emplacaram sucesso atrás de sucesso, com propaganda em dancinhas de jogadores de futebol ou pagando um tema de novela aqui e outro ali. Para entender melhor, leia sobre o Fenômeno da Exaltarepetição.

Não estou querendo que todos parem de ouvir os sucessos da Transamérica, nem dizendo que isso faz de você uma pessoa pior e de mim uma pessoa melhor. Há, é claro, lugar para essa categoria de música. Duvido, por mais que eu goste de rock, que um churrasco ou festa com amigos seria animado ao som de Radiohead ou The Smiths, por exemplo.

Sempre vão existir lugares e situações que pedem os ritmos rápidos e repetitivos, onde aquela coletânea do É O Tchan é melhor aceita do que o Nevermind do Nirvana, mas é aí que eu faço meu ponto. Esse tipo de música é aceita por todas as pessoas (incluindo os mais radicais) somente nestas situações específicas, onde você não vai parar para ouvir letra ou melodia, onde sua atenção está voltada para coisas mais importantes, como uma conversa com seus amigos, o nível do estoque de cerveja ou o flerte com um broto.

A gente só precisa sair do automático depois que a festa acabar e a ressaca passar.

Ps. 1: Este texto foi escrito ao som do álbum “The Great Escape”, do Blur.
Ps. 2: Este texto não leva em consideração nenhum tipo de música eletrônica, fato observado após conversa sobre o assunto com um dos músicos convidados do NTR Convida, Guilherme Pires.

 
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Bom mesmo era no primeiro disco

 
Quem nunca na vida, ao discutir sobre música, se deparou com algum saudosista e ouviu alguma indigesta afirmação do tipo: “essa banda era legal, depois ficou muito pop”. Nas entrelinhas dessa, bom mesmo era naquele tempo, quando só o saudosista e uma meia dúzia de gatos pingados ouviam. Depois popularizou, tornou-se comercial demais, “puseram umas batidas”. Resumindo, pra ele “virou uma bosta”.

Acontece que que grande parte das maiores bandas da atualidade tiveram mudanças consideráveis na musicalidade ao longo da carreira. Já vi muita gente malhando bandas exatamente pelo motivo citado no primeiro parágrafo. “Ai, bom mesmo era quando o Green Day era punk”. Punk? São contra qualquer tipo de evolução ou amadurecimento que o artista possa ter. O legal pro “saudosista-musichato-meio-hype-meio-alternativo é citar a comercialização. Como se fosse ruim tudo o que é comercializado. E como se fosse um argumento válido.

O Coldplay teve uma evolução vertiginosa, hoje um monstro, uma banda de show impecável. O trabalho de hoje não é o mesmo trabalho de 2000. Progrediu, floresceu, aprendeu. Claro que ninguém vai ser bobinho o suficiente de pensar que isso aconteceu simplesmente pelo fato romântico de eles quererem um trabalho mais maduro. Não, pô! Óbvio que existe também um interesse comercial e toda a parafernália que contém o showbiz. Mas não dá pra falar que ficou pior, independente se massificou ou não.

Eu sou a favor do baião com o rock, o jazz com o dance. Pra outros, parece que o que é bom, é o imutável, o mais-do-mesmo. Ainda na faculdade, recordo de muitos estudantes de música que defendiam com unhas (bem grandes pra tocar violão) e dentes o jazz intocável, o blues puritano. E a bossa nova então? Ai de quem mexesse na queridinha. Ai de quem fizesse uma releitura um pouquinho mais ousada. Tudo bem, poucas coisas contribuíram pra música no Brasil como ela fez. Mas poderíamos ter evoluído muito mais se não houvesse esse engessamento lamentável.

Basta sair do sonzinho cômodo ali para que alguém já comece a choramingar nostalgias. Ás vezes, a impressão que tenho é de que há uma certa preguiça ao tentar compreender a música, a obra, o disco. Ou seria uma certa vaidade, fugindo do que foi popularizado? Ou até uma aversão a um sistema capitalista onde é feio o artista pensar no dinheiro? Mil possibilidades.

Mas sempre vai ter um desse na rodinha do violão, contribuindo para a estagnação.

Gu Sobral é Ilustrador e Diretor de Arte, canta blues na Mr. Brown e 90’s na The Sexy Lobster. Já é velho conhecido aqui no NTR.

 
 
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Top 7,5: Dorgas no róquenrou

 
Sexo, drogas e rock’n’roll. Impossível desmembrar essa antiga tríade que influenciou e ainda influencia tantos músicos. As drogas, aliás, roubam espaço já que são tantas as composições a seu respeito (e sobre seus efeitos) indiretas ou diretamente. Quase que, no quesito musical, nos resta a velha pergunta do ovo e da galinha devido à linha tênue da agressividade/transgressão e autodestruição que o taking drugs to make music to take drugs…  pode levar. Afinal, até quando um sobrevive sem o outro? Ou ainda: até quando um vive com o outro? A relação perigosa entre genialidade e loucura continua no ar e é inegável a participação explícita ou não das substâncias ilícitas em algumas canções. E é sobre ela o nosso Top 7,5:

7. Bob Dylan | Mr. Tambourine Man

 

Bob Dylan, o então poeta norte-americano, já fazia a sua apologia à maconha, mesmo que de forma metafórica, em Mr. Tamborine Man, lançada em 1965 no álbum Bringing It All Back Home. A canção foi escrita em uma viagem que ele fez com amigos de Nova York para São Francisco. Eles fumaram muita marijuana durante o percurso, reabastecendo o suprimento de maconha nos correios, onde haviam enviado potes com a erva ao longo do caminho. A canção tem uma melodia que tornou-se famosa pelo seu imaginário surrealista, influenciada por artistas como o poeta francês Arthur Rimbaud e cineasta italiano Federico Fellini. A letra chama o personagem-título para tocar uma música que o narrador vai seguir, e é interpretada como um hino para as drogas como o LSD. Vale ressaltar que o mesmo Dylan foi quem apresentou a marijuana aos 4 rapazes de Liverpool.

6. The Beatles | Lucy in the Sky with Diamonds

 

Os Beatles têm várias músicas que fazem alusão às drogas como Got To Get You Into My Life e Day Tripper, mas a canção que mais ficou conhecida e mais gerou polêmica, com certeza, foi Lucy in the Sky with Diamonds, gravada em 1967 no álbum Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band. Apesar de John Lennon jurar de pés juntos que a música nada tem a ver com drogas, já que ele escreveu a letra baseada em um desenho que seu filho Julian fez de sua colega Lucy – o qual explicou ao pai como sendo “Lucy no céu com diamantes” – a canção foi composta já numa fase onde o LSD (ou ácido lisérgico) fazia parte de grandes festas ou simples eventos que o Fab4 frequentava. A atmosfera psicodélica, onírica, surrealista e as imagens de alucinações na canção foram inspiradas pelo capítulo “Lã e água” de Através do espelho, de Lewis Carroll, em que Alice é levada rio abaixo em um barco a remo pela Rainha, que de repente se transforma em um carneiro. Apesar de ser improvável que John tivesse escrito essa fantasia sem nunca ter experimentado alucinógenos, a música foi igualmente afetada pelo seu amor pelo surrealismo, pelos jogos de palavras e pela obra de Carroll.

5. The Rolling Stones | Sister Morphine

 

Os Stones ressaltaram os atributos da morfina em Sister Morphine, lançada no álbum Sticky Fingers, de 1971:

Please, Sister Morphine, turn my nightmares into dreams
Oh, can’t you see I’m fading fast?
And that this shot will be my last

A canção foi escrita por Marianne Faithfull, namorada de Jagger, durante as sessões de gravação de Let It Bleed e é sobre um cara que sofreu um acidente de carro e morreu no hospital suplicando por morfina. Um pouco da letra foi inspirada em Anita Pallenberg, namorada de Keith, que estava hospitalizada e recebendo tratamento com a droga. A composição também foi influenciada pelo Velvet Underground, que na época estava escrevendo várias canções obscuras sobre drogas, especialmente heroína.

 4. Eric Clapton | Cocaine

 

O mestre da guitarra, Eric Clapton, sem cerimônias, afirmou: She don’t lie, she don’t lie, she don’t lie; Cocaine. A canção foi escrita e lançada por JJ Cale em 1976, mas alcançou o sucesso quando foi gravada por Clapton em seu álbum Slowhan em 1977. A letra sobre o vício em drogas é algo que Clapton conhece muito bem. Como ele mesmo explicou em sua autobiografia, quando gravou essa canção ele tinha largado um sério vício em heroína e compensado a abstinência com álcool e cocaína. Ele acreditava que poderia controlar o vício e largá-lo quando quisesse, mas ele simplesmente não queria, e é por isso que conseguia cantar tão objetivamente sobre uma droga que o consumia. Quando Clapton finalmente largou as drogas e o álcool, teve que reaprender a fazer música sóbrio, o que foi uma grande transição, já que tudo parecia ser muito difícil. Ele também percebeu como o seu vício prejudicou ele mesmo e  as pessoas ao seu redor, e passou a ajudar os outros a superarem seus vícios – em 1998, abriu o centro de reabilitação Crossroads, em Antigua. Clapton chegou a remover essa música de seu setlist porque acreditava que ela passava a mensagem errada sobre o uso de cocaína. Com o passar dos anos, o músico adicionou à letra o trecho “that dirty cocaine” ao refrão e voltou a apresentá-la ao vivo.

3. Black Sabbath | Sweet leaf

 

Uma apaixonada declaração de amor. Essa descrição soaria estranha para uma canção do Black Sabbath, ainda mais com direito a súplicas como: When I first met you, didn’t realize, I can’t forget you or your surprise. Mas, como a declaração de amor em questão é feita para a Cannabis Sativa, tudo faz sentido – engana-se quem achava que a letra era uma homenagem à Sharon. Sweet Leaf é uma canção do álbum de 1971: Master of Reality. A canção é um hino ao uso recreativo da maconha, o nome vem de um maço de cigarros que o baixista Geezer Butler comprou em Dublin, que chamava o tabaco como “a erva doce”. A banda usava muita marijuana e outras drogas naquela época, e todos os membros da banda participaram da composição de “sweet leaf”, que mais tarde se tornaria uma nova gíria para maconha. A tosse inicial presente na gravação de estúdio é de Tony Iommi após engasgar-se com a fumaça. Há quem diga que esta é a música precursora do Stoner Rock acho que é por isso que sou tão apaixonada por ela. O riff de guitarra foi tirado de Hungry Freaks, Daddy de Frank Zappa & The Mothers of Invention. Este riff também pode ser ouvido no final de Give It Away do Red Hot Chili Peppers e também é a base para a música Rhymin’ and Stealin dos Beastie Boys.

2. Neddle in the hay – Elliot Smith

 

Em uma entrevista para a Q magazine, Elliott Smith disse que Neddle in the hay “é uma canção sobre fazer sexo com a sua mãe”. Apesar da afirmação irônica, a faixa de abertura de seu segundo disco – o autointitulado Elliott Smith, lançado em 1995 – pode ser interpretada como uma reflexão de como as drogas tiveram um impacto sobre sua vida. Elliott abusava do álcool e outras substâncias chegando a gastar até R$1.500 reais por dia com heroína e crack e também apresentava sinais psiquiátricos graves, como paranoia, falando frequentemente sobre suicídio e overdoses. O som entorpecedor e repetitivo do violão, a voz frágil e confessional, o verso you ought to be proud that I’m getting good marksss cantado por Smith com um “s” prolongado, imitando o sibilar da heroína cozinhando em uma colher, tudo torna a canção agonizante e ao mesmo tempo bela. Neddle in the hay ficou na 27ª posição da lista do Pitchfork das 200 melhores faixas dos anos 90, e também entrou na trilha sonora do filme The Royal Tenenbaums (2001), em uma cena de suicídio. Vale lembrar que Elliott foi encontrado morto, aos 34 anos, em seu apartamento com duas facadas em seu peito. Aparentemente suicídio, mas sabe como morte de rockstar é tudo mistério.

1. The Velvet Underground | Heroin

 

Heroin, be the death of me
Heroin, it’s my wife and it’s my life, ha-ha
Because a mainer to my vein
Leads to a center in my head
And then I’m better off than dead

Sem condenar ou fazer apologia à droga, a canção descreve o ponto de vista de alguém que está se drogando. A letra narra um usuário que, na tentativa de fuga de uma cidade e realidade que só oprimem, encontra na heroína a única alternativa melhor que a morte. Lançada em 1967 no álbum de estreia The Velvet Underground & Nico, a letra foi composta por Lou Reed em 1964. Sobre ela, Reed afirmou: “Eu quis escrever essa música para exorcizar qualquer tipo de escuridão ou elemento auto-destrutivo dentro de mim”. A melodia hipnótica é em total sincronia com a letra: ela começa lenta e vai aumentando gradualmente seu ritmo conforme o narrador tem o pico da droga, pontuado pela guitarra de John Cale e a bateria apressada e mais alta. A música, então, diminui ao ritmo original e repete o mesmo padrão antes de terminar. Heroin entrou na 455ª posição no ranking da Rolling Stone, em 2004, das 500 Melhores Canções de Todos os Tempos. O Velvet Underground tem outras canções sobre drogas, como I’m Waiting For The Manque narra um junkie, em Harlem, esperando por seu drug dealer de heroína com 26 dólares na mão. “The Man” é o traficante. Reed já declarou que “tudo sobre essa canção é verdade, exceto o preço”.

 Bônus. E-Talking | Soulwax

 

Encabeçado por David e Stephen Dewaele, o Soulwax é uma banda belga de rock alternativo/eletrônica cuja canção E Talking, presente no álbum Any Minute Now de 2004, alcançou a 27ª posição na Parada de Singles do Reino Unido em 2005. O clipe da canção se passa em um clube noturno e mostra o ponto de vista de vários frequentadores da boate sob o efeito de diferentes tipos de substâncias, passando por um verdadeiro “alfabeto de drogas“: começando com A para Ácido e terminando em Z para Zoloft. A circulação do vídeo foi restrita ao horário noturno – não preciso comentar o porquê.

 

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Lianne La Havas, pra começar 2013

 
Sempre brinco que sou da cota “pop music” do NTR, mas, vez ou outra, meu coração bate mais forte por outros gêneros, sim.  Me considero, por exemplo, uma grande admiradora de soul e R&B, ritmos que, geralmente, nos  presenteiam com vozes poderosas, aquelas que arrepiam. Nesse ano que passou, conheci uma dessas que me chamaram a atenção. Pode parecer heresia, mas já que a Adele está de licença-maternidade e só nos deu um gostinho de novidade com Skyfall, Lianne La Havas tem estado nos meus fones de ouvido como cantora britânica da vez.

Seja lá a simpatia que a cantora fez na virada do ano passado, funcionou. Em 2012, lançou seu álbum de estreia “Is your love big enough?”, considerado o “The iTunes Album of the Year”, foi indicada ao BBC´s Sound of 2012 e entrou para a lista da Rolling Stone em “Bands to watch”. Com roupas e sapatos que eu adoraria ter, um vozeirão e instrumentos de verdade, Lianne ganhou uma fã  – eu aqui! Aos 23 anos, a ex-backing vocal de Paloma Faith (que, aliás, já indiquei aqui no NTR, lembra?), tem canções fortes, muito bem interpretadas vocal e instrumentalmente.

Um dos destaques é o single que dá nome ao álbum, “Is your love big enough?”, com uma pegada animada, que contagia e dá vontade de dar uma dançadinha e cantar o refrão. Com linhas de guitarra e um baixo bem marcantes, é uma das minhas preferidas.

Outra que vale a pena prestar atenção é “Lost and Found”, um pouco mais calma e melancólica, mas muito bonita! Se eu fosse sonoplasta da novela das oito, colocaria facilmente como tema dos protagonistas naquelas cenas de choro. Essa música saiu de um EP e tornou-se hit no CD de estreia.

Enfim, mas minha favorita é “Forget”. Diferente, alta, cheia de vida, sei lá, ou o “Forgeeeeeeeeet” bacana que ela canta. Impõe respeito, sabe? Eu curti.

Ah, feliz 2013! 🙂

 
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As capas de disco mais feias de 2012

Com o fim do ano chegou uma enxurrada de listas dos melhores e piores discos de 2012, mas percebi um fenômeno bastante curioso: muitos discos lançados este ano têm capas horrorosas! Mesmo entre os eleitos como os melhores lançamentos e mesmo entre artistas já muito consagrados. Eu simplesmente não entendo… se a ideia é que as pessoas gostem da sua música e queiram comprar o seu disco, para que raios você vai fazer uma capa tão repugnante? O pior de tudo é que, em muitos casos de embalagem zoada, o conteúdo musical é lindo. Confira a seguir as capas de disco mais feias de 2012:

Graham Coxon, A+E

Pra mim, é a pior de todas. Me dá muita aflição ver o sangue e o joelho estrupiado da menina. Me dá uma vontade louca de sair correndo pra pegar uns band-aids e merthiolate. E que perna feia, hein, minha filha?! Toda torta e mais branquela que pão de queijo cru congelado. Isso sem falar do fundo, com cor de vômito; e do texto, com a pior fonte possível e as cores mais erradas. Nada se salva!

Spiritualized, Sweet Heart Sweet Light


Parece um layout pronto de power point tosqueira ou então uma imitação simplista de marca de remédio. “Preguiça” define. É a capa mais chata e sem graça do ano.

Actress, R.I.P.


Pode mandar seu designer descansar em paz mesmo, viu…parece um stencil mal feito do logo das Olimpíadas de Londres.

Animal Collective, Centipede Hz


Nem sei por onde começar. Se eu olho pra essa capa por muito tempo, me dá dor de cabeça. Exagero é apelido pra isso aí.

How to Dress Well, Total Loss


“Perda total” deveria se referir à noção e ao bom senso de quem fez essa arte; e não ao nome do disco. Uma cabeça de estátua que já é muito feia é colocada deitada, de perfil, olhando pro nada em cima de uma tábua de madeira – como se um menino pestinha tivesse acabado de quebrar um enfeite brega da mãe na sala. Se fosse meu disco, definitivamente não era isso que eu ia querer mostrar na capa.

Bobby Womack, The Bravest Man in the Universe


Essa capa me dá ainda mais aflição do que a do Graham Coxon. Parece que só de olhar já dá para ouvir os dedos estalando e o dedão a ponto de quebrar. As veias saltadas e as unhas sujas não ajudam.

Santigold, Master of my Make-Believe


Estupidamente brega. Pressinto uma louca necessidade de se afirmar como muito rico e poderoso, encarnar o Napoleão Bonaparte ou ter morado no castelo de Versailles nos tempos áureos.

Mika, The Origin of Love


Tirando o que parece ser mostarda derramada acidentalmente bem na cabeça do Mika, a capa se salvaria e seria facilmente uma das mais bonitas do ano.

Gaby Amarantos, Treme


Esse disco chegou a receber prêmio de “melhor capa do ano”. Aham, Cláudia… adoro a Gaby Amarantos, mas não dá. A floresta, que era provavelmente pra exaltar as belezas de sua terra natal paraense, não convence de jeito nenhum e só me lembra um monte de plantas de plástico mal feitas compradas na rua 25 de março. A cobra e a pantera até enganam, mas essa coleira de luzinhas de natal e os peitões pra fora da roupa com jatos de laser foram o limite para mim. Podiam ter escolhido mil outras formas melhores para fazer referência ao Pará e às festas de aparelhagem.

Pulled Apart By Horses, Tough Love


Eu gosto das letras enormes em branco por cima do fundo vermelho. Mas…um bibelô feioso de louça em forma de gatinho?! Sério mesmo? Sendo martelado na cabeça, ainda por cima?! Vocês juram? É a pior foto do ano.

Gossip, A Joyful Noise


Parece um filme de terror! A Beth Ditto tá a cara do demônio com esse olho verde de gato e a sobrancelha limitada a dois risquinhos finos. Pior ainda é que aparece só a cabeça dela voando, com os cabelos esvoaçantes, como se tivesse acabado de ser decaptada e jogada ao chão. Pra arruinar ainda mais a capa, por cima de tudo vem uma mão gigantee bem gordinha, com unhas de Zé do Caixão pintadas com o esmalte rosa cintilante que a minha avó usa e uma pulseira exagerada. Eu, hein. 

Cee-Lo Green, Cee Lo’s Magic Moment


O cara pirou que era o Papai Noel gangsta-rap, né? Um carro vermelho conversível voador, puxado por cavalos brancos também voadores e cheio de presentes, dirigido pelo Cee Lo num exuberante casaco de pele. Tudo com muito brilho, num fundo rosa e roxo. Minha nossa senhora da falta de noção.

Die Antwoord, Ten$ion


Essa é uma das piores, hein…um anjo branco com cara de mau, uma testa gigante e um cabelo-que-tá-na-cara-que-é-peruca todo estranho, à la cacatua/Neymar albino, olho que é só pupila, asas abertas e um bocão vermelho – mas não é de batom, é de sangue! E esse coração gigante que o anjo/anja tá comendo? É de boi? Eca! E o nome do disco escrito com um cifrão no lugar do “S” e quase sumindo no fundo da mesma cor? Afe.

Thee Oh Sees, Putrifiers II EP


Um cachorro com cara de homem. Sem mais.

Ariel Pink & R. Stevie Moore, Ku Klux Glam


Essa capa é tão, mas tão errada que eu nem sei por onde começar. Por que raios uma mulher estaria só de tanguinha num cemitério?! E a imagem toda em negativo? E o nome dos artistas em Times New Roman com um Yin-Yang no meio? E o vermelho super apagado no meio dessa foto horrenda? Cruzes!

Twoo Door Cinema Club, Beacon


O lustre é a bunda de uma garota. Com belas pernas e um salto alto. Ou então a menina estava no apartamento de cima, o chão/teto quebrou, abriu um buraco, ela caiu pro apartamento de baixo e, do nada, fez-se luz?! É feio e é muito non-sense.

Bob Dylan, Tempest


Poderia ser um caso de “simples e bonito”. Mas acabou que é simples e feio. Sem graça, sem sal – e qual é a da estátua?

Cidade Negra, Hei, Afro!


O que é esse fundo? Uma aldeia colorida? E por que TANTA coisa por cima de tudo? Sombras de pessoas nas laterais, sombreado laranja e cinza geral,um leão de Judá (?) e o trio que aparece esquisitíssimo. É feio. Sem mais.

Chelpa Ferro, Chelpa Ferro 3


Parece que tiveram apenas 5 minutos para fazer a capa do disco. Aí pegaram uma folha de sulfite e as canetas BIC que tinham na mesa e desenharam isso aí. A banda é do Brasil, aliás. 

Tratak, Agora Eu Sou o Silêncio


Que raios de capa é essa?  O cara me bota um bonsai (!!!) na frente da porta, em cima de uma pilastra de concreto toscamente pintada que ele arrancou da varanda. Ainda por cima tem a fechadura, a tomada e o interruptor ali. E acha que é uma bela capa de disco? Que pobreza.

Bemônio, Serenata


Essa capa até que é legal, mas a máscara de Fofão (da Augusta) me dá medo, ainda mais quebrada. E a parede de azulejo é muito feia.

Jair Naves, E Você Se Sente Numa Cela Escura, Planejando A Sua Fuga, Cavando O Chão Com As Próprias Unhas


Esse álbum compete com o novo da Fiona Apple como “o disco com o nome mais comprido do mundo”. Mas a capa é fraquinha, hein? Tá no pique da do Bob Dylan.Uma cabeça sem rosto toda vermelha, num fundo também todo vermelho, ficou muito apagada. Gosto do título e do nome dele na capa. Mas ficou sem graça.

Muse, The 2nd Law

O que é essa coisa colorida? Um brócoli mutante? Um buquê de fibra ótica? Afe.


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Até a última ponta?

O Planet Hemp está de volta. Ressurgiu após uma década de hiato com turnê de 12 shows pelo Brasil e pelo menos mais uma apresentação agendada para 2013, no festival Lollapalooza. Isso não quer dizer que as atividades serão definivamente retomadas, e é bem provável que não sejam, já que os principais integrantes têm projetos simultâneos como as carreiras solo de Marcelo D2 e B Negão. Não há planos para gravação de material inédito. Então qual é o sentido deste retorno?

Essa pergunta surge não porque o Planet Hemp foi uma das bandas mais expressivas dos anos 90, mas sim porque ia além, com um engajamento que normalmente não vence os filtros do mainstream, e quando vence – como fez o Dead Fish, por exemplo – não costuma durar. Do sucesso do álbum Usuário (1995), passando pela prisão por apologia às drogas em 1996, ao derradeiro MTV Ao Vivo (2001) e o fim, em 2003, foram oito anos, um período de forte politização que, agora, não sabemos se pode renascer.

Basta buscar, nos arquivos, relatos de 2001, na reta final da banda em sua primeira fase. A Polícia fazia batida em fãs na porta dos shows e impedia a entrada de menores de idade. No palco, o Planet Hemp contestava tudo isso, enquanto defendia a legalização da maconha e falava mais. Em um show no DirecTv Music Hall (atual Citibank Hall), em São Paulo, por exemplo, D2 e BNegão leram um manifesto contra o governo de Fernando Henrique Cardoso, então presidente da República, e mostraram vídeo de massacre da PM contra os Sem-Terra no Paraná.

Antes de gravar o disco ao vivo, Marcelo D2 declarou, diante da então recente saída de Black Alien e do DJ Zé González: “vou continuar falando e falar até mais que antes. Agora, somos só nós que respondemos a nossos atos e ao que dissermos. Não vamos mudar uma vírgula”. Onze anos depois, no anúncio do retorno, em entrevista ao jornal O Dia, o discurso foi: “o Planet fez um trabalho do caralho, ainda bem que a gente voltou para relembrar isso e deixar clara a importância da banda, principalmente para nós mesmos”. O que se vê é um ode merecido a uma carreira de sucesso e, provavelmente, nada além disso.

Para 2012, nenhuma vírgula das músicas polêmicas mudou, e o discurso da maconha continua diluído nas letras de sucessos antigos como “Legalize Já”, “Mantenha o Respeito”, “Contexto” e “Queimando Tudo”. Pés de maconha crescem no telão enquanto a banda toca, e a apresentação começa com um vídeo de Gil Brother falando sobre a necessidade da descriminalização da erva. Mas parece pouco para uma banda com potencial incendiário, capaz de levar adiante a discussão cada vez mais urgente sobre a questão das drogas – principalmente da maconha.

Nos últimos 10 anos, quais foram os avanços legais da luta pela descriminalização no Brasil? Poucos. O último é de agosto de 2006, com a promulgação da Lei nº 11.343, que cria o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas (SISNAD) e, entre outros efeitos, deixa a legislação mais severa para traficantes e menos para usuários. Mas o momento é propício. O Uruguai lançou projeto de lei para descriminalização, a França e alguns estados americanos cogitam o mesmo. O Brasil viu FHC lançar o documentário “Quebrando Tabus” (2011). E o Planet Hemp? Sequer vai participar do debate?

Independentemente da postura atual, é inegável a contribuição corajosa que o Planet deu à questão. Acontece que, há muitos anos, a banda prometia queimar tudo “até a última ponta”. Os fãs torcem para que ela ainda esteja acesa.

Black Alien se recusou a participar da reunião porque renega o discurso de apologia à maconha, entenda:

 

11 razões por que o QotSA é a banda mais foda do mundo

Som pesado, guitarras distorcidas, jam sessions no deserto e clima de chapação definem de cara o Queens of the Stone Age. A banda, formada em Palm Desert (Califórnia) em 1997, ajudou a popularizar o stoner rock e é conhecida por seu frontman, o vocalista/guitarrista/compositor Josh Homme – o único integrante original, já que o grupo passou por constantes mudanças de integrantes.  Antes de fundar o QotSA, Josh e o baixista Nick Oliveri (da formação original) passaram a adolescência tocando nos desertos dos EUA com o Kyuss (banda seminal para a geração stoner), o que influenciou muito as experimentações e sonoridade do QotSA. A banda já tocou no Brasil em 2001, no Rock in Rio; em 2010, no SWU; e volta em 2013 para uma aguardadíssima apresentação no Lollapalooza. Abaixo listo pra vocês as 11 razões pelas quais o QotSA é a banda mais badass do mundo!

1) Eles têm uma música que se chama I was a teenage hand model.

2) São expoentes do stoner rock e adoram fazer referências às coisas boas da vida como drink wine and screw.

3) O então baixista Nick Oliveri subiu ao palco peladão no Rock in Rio III. Foi aplaudido, vaiado, preso e solto. A apresentação da banda ainda não havia acabado quando oficiais de justiça tentaram entrar no palco para prender o baixista em flagrante. Enquanto isso, a produção do festival tentava contornar a situação – inclusive arranjando uma calça nos bastidores para o músico vestir. Mas Nick não conseguiu se livrar de uma audiência imediata no juizado de menores montado dentro da Cidade do Rock. A desculpa/indagação dele: “Ué, no carnaval de vocês não é assim? Pensei que em show de rock também pudesse”.

4) Eles fizeram uma música que é a repetição eterna da seguinte sequência de palavras: nicotine, valium, vicodin, marijuana, ecstasy and alcohol… c-c-c-c-c-cocaine! Sobre a famosa letra, o ex-baixista Oliveri disse: “É uma música com refrão colante; e não o tipo de música que diz ‘faça isso ou faça aquilo’. Mas ouça e faça o que quiser, que cada um aproveite sua própria vida”.

5) Foram expulsos do próprio show, em 2007, quando tiveram a brilhante ideia de tocar para internos de uma clínica de reabilitação, em Los Angeles. O motivo: abriram a gig com a música do item anterior (c-c-c-c-c-cocaine). O plano de Josh Homme de fazer um show de seis músicas teve um fim abrupto e caótico quando a banda foi interrompida antes de terminar a primeira canção e retirada à força pelos seguranças. A equipe da clínica ficou tão impressionada com o som de abertura que desplugou os equipamentos e convocou os seguranças para removê-los de imediato, sem negociação. Ironicamente, Feel good hit of the summer é usada pelo Departamento de Polícia do Colorado como trilha sonora de seus vídeos institucionais, demonstrando as consequências de dirigir sob efeito do álcool.

6) Seus álbuns são geralmente recheados de contribuições e participações de um monte de nomes fodões, como o Jesse Hughes do Eagles Of Death Metal, Trent Reznor do Nine Inch Nails, Julian Casablancas do Strokes, Billy Gibbons do ZZ Top e, é claro, o Dave Grohl do Foo Figthers, que já gravou com eles o cultuadíssimo Songs from The Deaf e também participa do sexto álbum da banda.

7) Eles tem uma ~love song~ que, apesar de ser bonitinha, é bem direta e toca no ponto: “Eu quero comer você”. Como o próprio Homme já disse, this song is about fucking:

8) Eles incentivam idiotices e não têm limites quando estão em estúdio. O próprio Grohl entrega: “Se você por acaso resolver fazer algo absurdo, eles mandam você fazer mais. Nesse último disco eu fiz algo tão ridículo que pensei que o Josh jamais me deixaria gravar, mas quando mostrei pra ele, me mandou repetir por 45 segundos – o que acabou virando uma grande parte de uma música. Eles trabalham assim”.

9) Eles fazem música no deserto, literalmente. O deserto fica por conta do estúdio Rancho de la Luna, em Joshua Tree, localizado no deserto de Mojave. Fundado em 1993 por Fred Drake e David Catching, o estúdio é bem caseiro mesmo, do tipo em que a bateria é gravada na sala de estar, os amplificadores empilhados no banheiro e Catching cozinha para a galera. Segundo o vocalista: “É um bom lugar para tocar. No deserto, no escuro, com orgias na nossa cabeça. Podemos fazer um churrasco, tomar uns drinks e talvez fazer música”. Aliás, o próximo álbum da banda é descrito por Homme como “uma orgia no escuro do deserto”.

10) Eles pedem para os fãs montarem o seu setlist. Para o Glastonbury deste ano, a banda pediu aos fãs que elegessem suas 10 canções favoritas, que eles tocariam no festival. Bastava acessar um site e escolher as suas favoritas entre um catálogo de 50 canções do QotSA e voilá!

11) Seus clipes também são fodões. Tipo o vídeo para 3’s and 7’s, que poderia facilmente ser um trecho retirado de algum filme do Tarantino:

 

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Toda a discografia dos Beatles em vinil

 
Hoje em dia, o vinil já voltou à moda e virou objeto de desejo entre os amantes da música. E olha que custa caro, hein… tirando grandes achados usados em sebos, um disco novo custa em média R$ 80 nas grandes livrarias e megastores brasileiras.

Então, se você adora vinil e ainda por cima é beatlemaníaco, recomendo que pare de ler esse texto por aqui, em prol do bem estar do seu décimo terceiro salário. É sério!

Abaixo, uma foto do Ringo comendo uma maçã, para provar que eu estou falando sério.

Ok, eu tentei… foi lançada uma caixa especial com a discografia completa dos Beatles em vinil de alta qualidade 180 gramas. A discografia completa já havia sido relançada em CDs com áudio remasterizado em 2009 e, agora, chega em discos.

O box especial de vinis inclui os 12 álbuns originais britânicos, mais o norte-americano Magical Mistery Tour e os lados B e raridades da coletânea Past Masters (volumes 1 e 2). A caixa com a discografia completa em vinil tem tiragem limitada, com apenas 50 mil cópias em todo o mundo. As capas e encartes são reproduções fiéis dos originais, a embalagem é linda e, ainda por cima, vem com um livro especial de capa dura, ilustrado com muitas fotos legais da banda, que conta detalhes da criação e da gravação dos discos.

Dá uma espiadinha e vai babando com essa belezura:

Já dá para comprar o box pela Amazon dos EUA e da Inglaterra. A versão norte-americana custa 319 dólares (cerca de R$ 680) e a inglesa, 300 libras (cerca de R$ 930). Aproveite se tiver um amigo ou parente viajando pela gringa para encomendar, porque, se resolver comprar pela internet, ainda vai ter de arcar com custos de frete e impostos de importação. Sim, amigos, é uma pequena fortuna. Nos EUA, os discos também poderão ser comprados separadamente. Um presente de natal dos sonhos para qualquer fã de Beatles ou colecionador de vinis.

Ah, e tem mais uma coisa super legal: lançaram um site com a coleção toda para você “testar”. O site é lindo e funciona como uma vitrola de verdade, você escolhe o disco na prateleira, manda tocar e pode ver o vinil girando sob a agulha. Demais! Tem todos os discos do box na íntegra para conferir. Infelizmente, as músicas não tocam inteiras – só o comecinho de cada uma, como se fosse uma “amostra”. Mas já vale a pena para lembrar dos clássicos sucessos do Fab Four e, escutando os discos na sequência, de acordo com sua data de lançamento, é muito interessante perceber a evolução da banda – que é, provavelmente, a mais importante e influente do mundo.

Sinceramente, o site me chamou mais a atenção do que o próprio box. Passei horas brincando com isso aqui:

Acesse e divirta-se: http://beatles.com/vinyl/

 
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Intimismo agridoce

 
Noite de sábado no Tom Jazz, em São Paulo. Pitty anuncia a música “Ne Parle Pas” e explica que um dos grandes desafios do projeto Agridoce, no qual toca ao lado do guitarrista Martin Mendezz, é cantar em francês. Acompanhados de dois percursionistas – um deles com samplers e sequenciadores -, ela começa a canção, mas não vai além do refrão depois de seguidos erros. “Para que eu errei, errei tudo aqui”, pede a cantora, aos risos. O público aplaude e vibra, e ali se estabelece uma forte ligação entre os fãs e a cantora. É possível sentir o intimismo do Agridoce.

Pitty chant en français (Pitty cantando em francês, segundo o Google)

Dezenas e dezenas de bandas e músicos já lançaram projetos intimistas, mas é difícil entender a dimensão que isso tem na obra de um artista. Intimismo, na definição artística, é a expressão dos mais íntimos sentimentos da alma. Com o Agridoce, a coisa parece funcionar exatamente nesse sentido: Pitty e Martin fizeram tudo o que não se encaixaria no projeto principal, que leva o nome da cantora. No palco, eles transbordam feeling, e é impressionante o peso da figura da Pitty. Até quando erra.

“Eu acho que se a gente errou era porque não tinha que tocar essa música. É sério, eu acredito nessas coisas”, afirma depois de paralisar a música. A plateia encara o discurso como uma desculpa esfarrapada e bem-humorada. “Eu acredito no poder da superação”, rebate Martin. “Então vamos fazer um negócio ninja: vamos pegar direto do refrão. É um, dois, três e…”. E aí tudo se encaixa, o público se cala e a música vai até o final, cada vez mais intimista, como se os poucos presentes no Tom Jazz pudessem sentir a dificuldade de cantar em francês.

Pitty, com Agridoce, no Tom Jazz em maio de 2012 – foto de Leo Mascaro

A conclusão é que o intimismo do Agridoce funciona perfeitamente. O Tom Jazz é pequeno, e o público se dispõe confortavelmente sentado em mesas consumindo e acompanhando a apresentação em um palco bem pequeno. São 30 mesas, com mais alguma em um mezanino com visão não tão privilegiada. Onde quer que você esteja, consegue sentir a intensidade de músicas como “Say”, “130 anos” e da mais conhecida “Dançando”, por exemplo. Em momento algum há referência à Pitty de “Máscara”, “Admirável Chip Novo” e “Equalize”, e isso é muito bom.

Um ponto curioso é o fato de boa parte do som ser feito por samplers e sequenciadores – backing vocals, inclusive, o que não chega a dar a sensação de playback. Fora do repertório, apenas a música “Lágrimas Pretas”, de outro projeto intimista, o 3 na Massa, no qual Rica Amabis (Instituto), Dengue e Pupilo (Nação Zumbi) compuseram músicas para serem cantadas por mulheres. Ela se encaixa bem no repertório. O show do Agridoce é curto, pouco mais de uma hora, o que causa lamentações da platéia. “Pois é, eu também acho. Mas por enquanto essas são as músicas que a gente tem”, diz Pitty. Na verdade, não há como reclamar, vale muito a pena.

 
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John Lennon, Imagine | Música ilustrada

 
Não somos do tipo que publicam estes posts rápidos, mas esta semana, sei lá, estou inspirado e por que não?
Vi isso por aí na rede mundial de computadores (não lembro onde mesmo), salvei as imagens aqui há algumas semanas, acabei esquecendo o que eu ia fazer com elas e aqui estão. A sequência de imagens ilustra o que pode ser uma das mais bonitas mensagens de paz já feitas em forma de música.